Xiitas e sunitas

Xiitas e sunitas são as duas principais vertentes do islamismo. A diferença entre elas está principalmente na crença quanto à sucessão do profeta Maomé.
Xiitas e sunitas são as duas principais vertentes do islamismo. (Créditos: Gabriel Franco | Mundo Educação)

Xiitas e sunitas são as duas principais vertentes do islamismo. A diferença entre xiitas e sunitas está principalmente na crença da sucessão do profeta Maomé, com os sunitas acreditando que o líder deve ser escolhido pela comunidade, enquanto os xiitas defendem que o sucessor legítimo deve ser um descendente de Ali, genro de Maomé. Os xiitas veem o Imã, descendente de Ali, como infalível e líder tanto espiritual quanto político, enquanto os sunitas acreditam que o califa deve ser um líder mais político, com a interpretação religiosa sendo feita por estudiosos.

Geograficamente, os xiitas são maioria no Irã, Iraque e Bahrein, enquanto os sunitas estão amplamente distribuídos, predominando em países como Arábia Saudita, Egito e Indonésia. Essa divisão levou a conflitos históricos e geopolíticos, como as tensões no Iraque e Síria, bem como as disputas entre Arábia Saudita e Irã. A origem dessa divisão remonta à morte de Maomé e foi intensificada pela Batalha de Karbala, que marcou o início da separação definitiva entre as duas correntes.

Leia também: Islamismo — detalhes sobre a segunda maior religião do mundo  

Resumo sobre os sunitas e os xiitas

  • Xiitas e sunitas são as duas principais vertentes do islamismo.
  • A diferença entre xiitas e sunitas reside na crença da sucessão de Maomé, com os sunitas acreditando que o líder deveria ser escolhido pela comunidade, enquanto os xiitas defendem que o sucessor legítimo deve ser um descendente de Ali, genro de Maomé.
  • Os xiitas defendem que o líder da comunidade islâmica deve ser um Imã, descendente de Ali, e acreditam que ele detém autoridade espiritual e política, sendo infalível na interpretação do Alcorão e na liderança da fé.
  • Os sunitas defendem que o califa, líder da comunidade islâmica, deve ser escolhido entre os mais qualificados da comunidade, com a autoridade mais política do que religiosa, e que a interpretação do Alcorão deve ser feita por estudiosos.
  • Os xiitas estão concentrados principalmente no Irã, Iraque, Bahrein e partes do Líbano, enquanto os sunitas estão espalhados amplamente pelo mundo, incluindo a Arábia Saudita, Egito, Indonésia, Turquia e Paquistão.
  • Os principais países de maioria xiita são o Irã, Iraque e Bahrein, enquanto os sunitas predominam em países como a Arábia Saudita, Egito, Turquia e Indonésia, com influências distintas sobre as políticas regionais.
  • Os conflitos entre xiitas e sunitas têm raízes históricas e políticas, sendo exacerbados por disputas geopolíticas modernas, como as guerras civis no Iraque e na Síria e as rivalidades entre Arábia Saudita e Irã.
  • A origem da divisão entre xiitas e sunitas remonta à morte de Maomé em 632 d.C., com a disputa sobre sua sucessão culminando na Batalha de Karbala, em 680 d.C., que solidificou a identidade xiita e as divergências teológicas entre os dois grupos.

Qual a diferença entre xiitas e sunitas?

Xiitas e sunitas divergem principalmente em relação à crença sobre o sucessor do profeta Maomé.

Xiitas e sunitas são as duas principais vertentes do islamismo. A principal diferença entre xiitas e sunitas está na interpretação de quem deveria suceder o profeta Maomé como líder da comunidade islâmica após sua morte. Os sunitas acreditam que o califa deveria ser escolhido pela comunidade, um líder secular que governaria o Estado Islâmico, mas sem reivindicar poder religioso. Por outro lado, os xiitas defendem que o sucessor legítimo de Maomé deveria ser um parente próximo, especificamente Ali, primo e genro do profeta, e seus descendentes.

Os sunitas constituem a maior parte dos muçulmanos no mundo, enquanto os xiitas formam uma minoria, sendo mais presentes em algumas regiões específicas. As diferenças entre eles também abrangem aspectos teológicos e práticas religiosas, como a maneira de realizar certos rituais, interpretações de textos sagrados e o papel de figuras históricas na fé.

O que os xiitas defendem?

Os xiitas defendem que o verdadeiro líder da comunidade islâmica, o "Imã", deve ser um descendente direto de Ali, o genro do profeta Maomé, e sua esposa Fátima, filha de Maomé. Os xiitas acreditam que os Imãs são infalíveis e têm um papel espiritual e político significativo, sendo guias não apenas religiosos, mas também líderes que detêm a interpretação correta do Alcorão e das leis islâmicas.

A doutrina xiita dá grande ênfase ao martírio; e a tragédia de Karbala, na qual Hussein, neto de Maomé, foi morto, é um ponto central na sua visão de sacrifício e resistência.

O xiismo é também caracterizado pela espera do retorno do "Mahdi", o último Imã, que está em ocultação e que, segundo a crença xiita, retornará para restaurar a justiça no mundo.

Veja também: Maomé (ou Muhammad) — profeta que deu origem ao islamismo

O que os sunitas defendem?

Constituintes da maioria dos muçulmanos, os sunitas defendem que a liderança da comunidade islâmica não precisa ser hereditária, mas deve ser escolhida entre os membros mais qualificados da comunidade, baseando-se na habilidade e liderança. A figura do califa, na tradição sunita, é mais política do que religiosa.

Para os sunitas, a interpretação do Alcorão e da Sunna (conjunto de ensinamentos e práticas do profeta Maomé) é mais flexível, sendo transmitida e aplicada pelos estudiosos religiosos, os ulama, que têm um papel importante na orientação da vida espiritual e jurídica dos muçulmanos.

O sunismo também tende a ser menos hierárquico que o xiismo e dá mais ênfase à comunidade como um todo, com menos dependência de figuras religiosas específicas.

A jurisprudência sunita é dividida em quatro principais escolas (Hanafi, Maliki, Shafi'i e Hanbali), que variam levemente em suas interpretações e aplicação da lei islâmica.

Localização dos xiitas e dos sunitas

Localização dos xiitas e dos sunitas. [1]

Os xiitas e sunitas estão espalhados por diferentes regiões do mundo, com concentrações distintas. A maioria dos muçulmanos xiitas vive em países do Oriente Médio e Ásia Central, como Irã, Iraque, Bahrein, Líbano e Azerbaijão. O Irã é o único país onde os xiitas são uma maioria esmagadora, e sua influência sobre a política e a religião é profunda. No Iraque, embora tenha havido uma dominação sunita histórica, a maioria da população atual é xiita.

Por outro lado, os sunitas estão amplamente espalhados pelo mundo, formando a maioria em países como Arábia Saudita, Egito, Turquia, Síria, Paquistão e Indonésia. O sunismo é dominante em regiões do Norte da África, como Marrocos, Tunísia e Argélia, bem como no Sudeste Asiático, incluindo a maior população muçulmana do mundo, na Indonésia.

→ Países xiitas e países sunitas

  • Países xiitas: os principais países de maioria xiita são o Irã, Iraque, Bahrein e Azerbaijão. No Irã, o xiismo é a religião oficial do Estado e está profundamente entrelaçado com a política do país. O Iraque, apesar de uma história de dominação sunita, tem uma população de maioria xiita, o que tem gerado tensões sectárias, especialmente após a queda de Saddam Hussein. O Bahrein também tem uma população de maioria xiita, mas o governo é dominado por uma monarquia sunita, o que resulta em conflitos internos. No Líbano, o xiismo também tem uma presença significativa, com o Hezbollah representando os interesses da comunidade xiita no país.
  • Países sunitas: os países de maioria sunita incluem a Arábia Saudita, que se vê como o guardião do islamismo sunita e abriga os locais mais sagrados do Islã, Meca e Medina. O Egito, com sua prestigiada instituição Al-Azhar, é outro centro de liderança sunita. Além disso, outros países como a Indonésia, o Paquistão, a Turquia e a Jordânia também são de maioria sunita. A diversidade dentro do mundo sunita é maior, com diferentes tradições locais e regionais influenciando as práticas religiosas.

Conflitos entre xiitas e sunitas

Os conflitos entre xiitas e sunitas remontam à disputa inicial sobre a sucessão de Maomé, mas ao longo da história, essas diferenças teológicas e políticas se transformaram em rivalidades geopolíticas e guerras. A Revolta Xiita de Karbala e a subsequente perseguição aos xiitas pelos califas omíadas foram eventos cruciais para a consolidação da divisão entre as duas seitas.

Nos tempos modernos, os conflitos sectários têm se intensificado em diversas partes do mundo muçulmano, especialmente no Oriente Médio. A guerra civil no Iraque, após a invasão liderada pelos EUA em 2003, exacerbou as tensões entre as duas comunidades, com confrontos violentos entre milícias xiitas e sunitas. A guerra civil na Síria, onde o governo de Bashar al-Assad (pertencente à seita alauíta, uma ramificação do xiismo) enfrenta a oposição de grupos predominantemente sunitas, é outro exemplo desse conflito sectário.

Além disso, o conflito entre Arábia Saudita e Irã tem uma forte conotação sectária, com os dois países disputando a hegemonia regional. A Arábia Saudita, um dos bastiões do sunismo, e o Irã, a principal potência xiita, têm se envolvido em guerras por procuração em países como o Iêmen, Líbano e Bahrein, fomentando tensões entre as duas correntes do Islã.

Origem e história dos xiitas e dos sunitas

A origem da divisão entre xiitas e sunitas data da morte do profeta Maomé, em 632 d.C., quando surgiu a questão de quem deveria liderar a comunidade islâmica. Uma parte dos seguidores de Maomé, que se tornaria o grupo sunita, acreditava que o sucessor deveria ser eleito entre os mais capazes, levando à escolha de Abu Bakr, um companheiro próximo do profeta, como o primeiro califa.

Por outro lado, um grupo menor, que mais tarde seria conhecido como os xiitas, acreditava que o verdadeiro sucessor deveria ser alguém da família de Maomé, especificamente Ali, o marido de Fátima, filha do profeta. A tensão aumentou quando Ali não foi inicialmente escolhido como califa, e ele só assumiu a liderança após a morte de três califas sunitas.

A divisão se consolidou definitivamente após a Batalha de Karbala, em 680 d.C., na qual Hussein, o neto de Maomé e filho de Ali, foi morto pelas forças do califa omíada Yazid I. Esse evento marcou profundamente a identidade xiita, sendo lembrado anualmente pelos muçulmanos xiitas durante o evento religioso do Ashura.

Com o tempo, as diferenças políticas evoluíram para divergências teológicas e práticas religiosas, tornando-se a base das divisões entre essas duas principais correntes do Islã.

Acesse também: Qual a diferença entre árabes e muçulmanos?

Exercícios resolvidos sobre xiitas e sunitas

Questão 1

Os conflitos entre xiitas e sunitas têm profundas raízes históricas e teológicas, iniciadas após a morte do profeta Maomé em 632 d.C. Com base no contexto histórico e nas divisões entre xiitas e sunitas, pode-se afirmar que a principal causa da rivalidade moderna entre esses grupos, que continua a gerar conflitos no Oriente Médio, está relacionada a:

A) Disputas territoriais recentes entre o Irã e a Arábia Saudita.

B) Diferentes interpretações sobre o papel da mulher na sociedade islâmica.

C) Divergências sobre a sucessão do profeta Maomé e a liderança da comunidade islâmica.

D) Conflitos religiosos entre o cristianismo e o islamismo no Oriente Médio.

E) Questões sobre o uso de recursos naturais e disputas econômicas locais.

Resolução:

Alternativa C.

A principal causa histórica da divisão entre xiitas e sunitas foi a disputa sobre quem deveria suceder o profeta Maomé após sua morte. Enquanto os sunitas acreditavam que o sucessor deveria ser escolhido pela comunidade, os xiitas defendiam que o sucessor legítimo era Ali, genro de Maomé. Esse conflito inicial evoluiu para divergências teológicas e políticas, que continuam a influenciar a geopolítica no Oriente Médio.

Questão 2

A localização dos muçulmanos xiitas e sunitas no mundo reflete o desenvolvimento histórico e político das duas correntes ao longo dos séculos. Com base na distribuição e influência geopolítica das comunidades xiita e sunita, qual das alternativas abaixo descreve corretamente um fator que intensifica os conflitos regionais entre esses dois grupos no Oriente Médio?

A) O apoio direto do Irã a grupos xiitas em países como o Iêmen, que amplia a influência xiita na região e aumenta as tensões com a Arábia Saudita.

B) A formação de uma aliança militar oficial entre todos os países xiitas do Oriente Médio contra os países sunitas.

C) O controle xiita sobre os locais sagrados de Meca e Medina, que acirra as disputas com os sunitas.

D) A forte presença de maioria xiita em países como Arábia Saudita e Egito, que intensifica os conflitos sectários nesses locais.

E) A inexistência de diferenças políticas e religiosas entre xiitas e sunitas, com os conflitos sendo apenas por questões territoriais.

Resolução:

Alternativa A.

O Irã, sendo uma potência xiita, apoia grupos e facções xiitas em vários países do Oriente Médio, como no caso do Iêmen, onde há uma guerra civil com envolvimento de facções apoiadas por Arábia Saudita e Irã. Esse apoio é um dos fatores que intensificam os conflitos regionais e sectários entre xiitas e sunitas, especialmente na rivalidade entre Irã e Arábia Saudita.

Crédito de imagem

[1] Benutzer:Baba66 / Wikimedia Commons (Imagem editada: A legenda foi inserida na imagem.)

Fontes

AL-MEDINA, Dar. O que é o Islã?: Uma introdução para não-muçulmanos (Coleção O que é o Islã?). Ebook Kindle: Dar Al-Medina, 2022.

PEREIRA, Roslie Helena de Souza. O Islã clássico: itinerários de uma cultura. São Paulo: Perspectiva, 2007.

Publicado por Tiago Soares Campos

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