Copa do Mundo Feminina
A Copa do Mundo Feminina é uma competição de futebol feminino realizada a cada quatro anos e organizada pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). Em 1991, foi realizada a primeira edição oficial da Copa do Mundo Feminina, sediada pela China. A seleção dos Estados Unidos se tornou a primeira campeã do torneio. Ao longo das edições, algumas mudanças ocorreram, como a quantidade de participantes, que passou de 12 (em 1991) para 32 (em 2023).
Leia também: Copa do Mundo — a competição organizada pela Fifa que surgiu em 1930
Resumo sobre a Copa do Mundo Feminina
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É uma competição de futebol feminino que começou a ser realizada em 1991 na China.
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O número de seleções participantes da competição mudou ao longo das nove edições, passando de 12 (em 1991) para 16 (em 1999), 24 (em 2015) e 32 (em 2023).
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Os Estados Unidos são o país com mais títulos na Copa do Mundo Feminino, quatro ao total.
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A Copa do Mundo Feminina 2023 é a primeira que terá dois países sediando o evento: Austrália e Nova Zelândia.
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A melhor campanha da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo Feminina foi em 2007, quando as jogadoras alcançaram o segundo lugar.
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No Brasil, o futebol feminino não foi permitido por muitos anos. A regulamentação da modalidade praticada pelas mulheres ocorreu apenas em 1983.
História da Copa do Mundo Feminina
A primeira edição da Copa do Mundo Feminina foi realizada em 1991, na China. Na ocasião participaram 12 seleções de futebol. Entretanto, esse não foi o primeiro torneio mundial de futebol feminino da Fifa. Em 1988, a China havia sediado um campeonato promovido pela Federação entre os dias 1º e 12 de junho.
Na primeira edição da Copa do Mundo Feminina, as partidas contavam apenas com 80 minutos de duração, diferentemente dos 90 minutos tradicionais da modalidade disputada pelos homens. A padronização para os 90 minutos ocorreu apenas a partir da segunda Copa, realizada na Suécia, em 1995.
Uma mudança significativa se deu em relação à quantidade de seleções participantes. Na edição de 1999, realizada nos Estados Unidos, o campeonato contou com a participação de 16 equipes. Em 2015, o número de participantes subiu para 24. Para a edição de 2023, a quantidade de seleções participantes será a maior da história da Copa Mundo Feminina, 32.
Times campeões da Copa do Mundo Feminina
Veja, a seguir, os times que foram campeões na Copa do Mundo Feminina:
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Copa de 1991: Estados Unidos
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Copa de 1995: Noruega
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Copa de 1999: Estados Unidos
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Copa de 2003: Alemanha
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Copa de 2007: Alemanha
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Copa de 2011: Japão
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Copa de 2015: Estados Unidos
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Copa de 2019: Estados Unidos
Os maiores campeões da Copa do Mundo Feminina são Estados Unidos (4 títulos), Alemanha (2 títulos), Japão (1 título) e Noruega (1 título).
Edições da Copa do Mundo Feminina
Veja, a seguir, quais foram os países que sediaram as edições da Copa do Mundo Feminina, bem como aqueles que ficaram em primeiro, segundo e terceiro lugares:
Copa do Mundo Feminina em números
Veja os rankings que envolvem as seleções de futebol feminino, de acordo com a Fifa|1|:
→ Seleções com mais gols na história da Copa do Mundo Feminina
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Estados Unidos: 138 gols
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Alemanha: 121 gols
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Noruega: 93 gols
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Suécia: 71 gols
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Brasil: 66 gols
→ Seleções com mais gols em uma única Copa do Mundo Feminina
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Estados Unidos: 26 gols (2019)
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Alemanha (2003) e Estados Unidos (1991): 25 gols cada
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Noruega: 23 gols (1995)
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Alemanha: 21 gols (2007)
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Alemanha: 20 gols (2015)
→ Seleções com mais gols em um único jogo da Copa do Mundo Feminina
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Estados Unidos: 13 gols (contra a Tailândia, em 2019)
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Alemanha: 11 gols (contra a Argentina, em 2007)
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Alemanha: 10 gols (contra a Costa do Marfim, em 2015)
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Suíça: 10 gols (contra a Equador, em 2015)
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Noruega: 8 gols (contra Nigéria, em 1995)
→ Seleções com mais vitórias na história da Copa do Mundo Feminina
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Estados Unidos: 40 vitórias
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Alemanha: 30 vitórias
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Noruega: 24 vitórias
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Suécia: 23 vitórias
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Brasil: 20 vitórias
Copa do Mundo Feminina 2023
A Copa do Mundo Feminina 2023 será disputada na Austrália e Nova Zelândia, entre os dias 20 de julho e 20 de agosto. Essa é a primeira vez em que a competição será sediada por dois países.
Outra novidade é a participação de 32 seleções de futebol, sendo o maior número de equipes competindo na história do torneio.
As partidas acontecerão em seis arenas localizadas na Austrália e em outras quatro na Nova Zelândia. A abertura do torneio será realizada no Eden Park, em Auckland, na Nova Zelândia. Já a final acontecerá no Estádio Olímpico de Sidney, na Austrália.
As 32 seleções participantes da Copa do Mundo Feminina 2023 são:
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África do Sul
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Alemanha
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Argentina
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Austrália
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Brasil
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Canadá
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China
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Colômbia
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Coreia do Sul
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Costa Rica
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Dinamarca
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Espanha
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Estados Unidos
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Filipinas
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França
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Haiti
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Holanda
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Inglaterra
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Irlanda
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Itália
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Jamaica
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Japão
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Marrocos
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Nigéria
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Noruega
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Nova Zelândia
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Panamá
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Portugal
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Suécia
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Suíça
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Vietnã
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Zâmbia
De forma inédita, nesta edição foi realizado um torneio de repescagem para ocupar três vagas no mundial. Os jogos ocorreram em fevereiro de 2023. Dez equipes concorreram às vagas, que foram ocupadas por Haiti, Panamá e Portugal.
Grupos da Copa do Mundo Feminina 2023
Confira a distribuição dos oito grupos que comporão a primeira fase da Copa do Mundo Feminina 2023:
Atletas da Seleção Brasileira convocadas para a Copa do Mundo Feminina 2023
Confira quem são as jogadoras da Seleção Brasileira convocadas para a Copa do Mundo Feminina 2023:
Futebol feminino no Brasil
A primeira partida de futebol jogada por mulheres no Brasil ocorreu em 1913, de acordo com o historiador José Sebastião Witter, entre as equipes dos bairros Cantareira e Tremembé, de São Paulo.
O futebol feminino foi por muito tempo proibido no Brasil, diante das dificuldades e impedimentos impostos às mulheres na ocupação de determinados espaços.
Nesse contexto, um episódio chamou a atenção. O presidente Getúlio Vargas recebeu uma carta escrita por José Fuzeira contra a prática. O conteúdo do texto dizia sobre os perigos que a prática futebolística poderia causar às mulheres, podendo “destruir sua preciosa saúde e, ainda, a saúde dos futuros filhos delas… e do Brasil”.|2|
Houve uma reação de algumas futebolistas em relação à publicação de Fuzeira. Entre as atletas que foram a público manifestar-se contra a carta, estava Adyragram, capitã de uma equipe do Rio de Janeiro.
Entre as décadas de 1940 e 1970, a prática de futebol entre as mulheres se concentrava no campo recreativo e não havia regulamentação. Com o fortalecimento dos movimentos sociais, os anos finais da Ditadura Militar e as pautas feministas que estavam sendo fomentadas no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, novos rumos foram tomados nessa história.
De forma estratégica, uma partida compactada de mulheres foi realizada em setembro de 1982, antes do clássico entre São Paulo e Corinthians. Na ocasião, houve um movimento de resistência à partida feminina. O jogador Sócrates do Corinthians, no entanto, saiu em defesa das mulheres, dizendo que se elas não entrassem, o Corinthians também não entraria em campo.
Uma das figuras que representam a luta pelo direito das mulheres ao futebol é a jogadora e advogada Rose do Rio. Pioneira e articuladora, Rose chegou a pressionar órgãos e instituições. A atleta já conversou diretamente com Giulite Coutinho, na época presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), João Havelange (presidente da Fifa) e César Montanha (presidente do extinto Conselho Nacional do Desporto), na intenção de regulamentar o futebol feminino.
Foi com a luta de Rose e outras mulheres que o Conselho Nacional do Desporto autorizou a prática feminina do futebol no dia 25 de março de 1983. A decisão veio acompanhada de algumas adaptações recomendadas pela própria Fifa, tais como: redução do tempo de jogo, do tamanho do campo e do peso da bolsa, bem como utilização de protetores para os seios.
A partir da regulamentação, houve, na década de 1980, a criação e promoção de competições de futebol feminino pelo Brasil, como também a profissionalização de atletas mulheres na modalidade.
O primeiro jogo autorizado disputado por equipes femininas de futebol no Brasil ocorreu em 17 de abril de 1983 em Porto Alegre, no estádio do Grêmio. No espaço, cerca de 40 mil acompanharam a partida, que se tornou um marco simbólico e importante para a história do futebol brasileiro. No mesmo ano, surgiu a primeira competição nacional, a Taça Brasil de Futebol Feminino.
De acordo com os dados do Museu do Futebol, em 1987 estavam registradas cerca de duas mil equipes femininas de futebol e 40 mil jogadoras em todo o território nacional.
A Seleção Brasileira foi a vencedora da primeira edição do Campeonato Sul-Americano, realizada na cidade paranaense de Maringá, entre os dias 28 de abril e 5 de maio de 1991.
Veja também: Jogos Olímpicos — o maior evento esportivo do planeta
Campanha da Seleção Brasileira na Copa do Mundo Feminina
Confira o desempenho das campanhas da Seleção Brasileira em todas as edições da Copa do Mundo Feminina:
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Copa de 1991: 9º lugar (eliminada na fase de grupos)
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Copa de 1995: 9º lugar (eliminada na fase de grupos)
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Copa de 1999: 3º lugar
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Copa de 2003: 5º lugar (eliminada nas quartas de final)
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Copa de 2007: 2º lugar (melhor desempenho)
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Copa de 2011: 5º lugar (eliminada nas quartas de final)
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Copa de 2015: 9º lugar (eliminada nas oitavas de final)
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Copa de 2019: 10º lugar (eliminada nas oitavas de final)
Futebol feminino no mundo
O futebol feminino atingiu certa popularidade na Europa no final da década de 1910 e início da década de 1920.
Na Inglaterra, durante a Primeira Guerra Mundial, os homens foram obrigados a ir para os campos de batalha. Com isso, as mulheres tiveram de assumir algumas funções que eram desempenhadas por eles.
Nesse contexto, as mulheres formaram equipes de futebol e realizaram partidas beneficentes para arrecadar dinheiro para os soldados que estavam no front da guerra. Entretanto, com o fim do conflito, o cenário mudou, e elas voltaram a ocupar predominantemente o espaço da arquibancada em vez do campo. Na França, no entanto, houve certa resistência, pois elas formularam regras próprias e conseguiram manter as atividades na modalidade até 1926.
Atualmente, com a realização da Copa do Mundo Feminina, o futebol praticado por mulheres tem se destacado cada vez mais no cenário mundial devido à dimensão do evento. Contudo, os incentivos financeiros e a audiência ainda não tomaram a proporção do torneio praticado pelos homens.
Nota
|1| FIFA. Números da Copa do Mundo Feminina: quais países têm mais vitórias, gols e jogos? Fifa, 2023. Disponível em: https://fifa.com/fifaplus/pt/tournaments/womens/womensworldcup/australia-new-zealand2023/articles/numeros-da-copa-do-mundo-feminina-paises-com-mais-vitorias-gols-e-jogos.
Créditos de imagem
[1] Mikolaj Barbanell / Shutterstock
[2] Allan Patrick / Wikimedia Commons (reprodução)
[3] Jose Breton- Pics Action / Shutterstock
[5] Museu do Futebol / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
GOELLNER, Silvana Vilodre. Mulheres e futebol no Brasil: descontinuidades, resistências e resiliências. Movimento, Porto Alegre. v. 27, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/mov/a/BL3dbSMQpV3KyFcsqhWyQVc/?lang=pt&format=pdf.
FIFA. Números da Copa do Mundo Feminina: quais países têm mais vitórias, gols e jogos? Fifa, 2023. Disponível em: https://fifa.com/fifaplus/pt/tournaments/womens/womensworldcup/australia-new-zealand2023/articles/numeros-da-copa-do-mundo-feminina-paises-com-mais-vitorias-gols-e-jogos.
FIFA. Tudo o que você precisa saber sobre a Copa do Mundo FIFA Feminina de 2023. Fifa, 2023. Disponível em: https://www.fifa.com/fifaplus/pt/articles/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-a-copa-do-mundo-fifa-feminina-de-2023.
FRANZINI, Fábio. Futebol é “coisa pra macho”? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 25, n. 50, p. 315-328, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbh/a/nTrFPPWwPkMTKPMmBmtRwCc/?lang=pt&format=pdf.