Espaço urbano brasileiro
O processo de urbanização no território brasileiro iniciou-se, de maneira mais concreta, a partir do final do século XIX, com o início gradativo da industrialização no país. No entanto, foi após os anos 1930 que a presença das indústrias tornou-se mais intensiva e a urbanização começou a intensificar-se. A segunda metade do século XX serviu de incremento graças ao intenso êxodo rural ocasionado pela mecanização das atividades produtivas no meio rural, o que gerou um maior desemprego no campo e a grande leva de migrantes em direção às principais cidades do Brasil.
A década de 1960 foi o período em que o Brasil, pela primeira vez, passou a ter uma população predominantemente urbana, ou seja, a maior parte dos habitantes concentrava-se nas cidades. Atualmente, mais de 80% dos habitantes do Brasil residem em cidades, sendo a maioria desses em grandes centros urbanos e capitais, tais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e outras. Afinal, além de um acelerado êxodo rural, a urbanização brasileira contou com um intensivo processo de metropolização — a concentração das populações nas grandes metrópoles.
Esse foi um dos motivos responsáveis pela desigualdade tanto em tamanho das cidades e número de habitantes quanto em níveis de avanço econômico e ofertas de infraestrutura no espaço urbano brasileiro. A região Sudeste, dessa forma, abrange a maior parte dos habitantes e possui as maiores taxas de urbanização, com destaque para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que contam com mais de 90% de seus habitantes vivendo em cidades.
Por outro lado, a região Norte e algumas áreas da região Nordeste apresentam números mais modestos nesse sentido. Os estados menos urbanizados do Brasil são Pará, Maranhão e Piauí, enquanto outros apresentam números pouco maiores, mas com índices populacionais baixos, o que torna suas cidades menores em termos demográficos, a exemplo do Acre e de Roraima.
Outro exemplo de estado com pouca população e com elevada urbanização é Goiás, graças à grande quantidade de pessoas habitando a região metropolitana de Goiânia e o entorno do Distrito Federal. Assim como os dois estados do Sudeste acima mencionados, o território goiano é cerca de 90% composto por populações urbanas, mas o seu número total de habitantes é de apenas seis milhões e meio de pessoas aproximadamente, bem menos do que a capital paulista, que, sozinha, ultrapassa os onze milhões.
A densidade populacional mais elevada na região Sudeste deve-se às heranças econômicas e estruturais herdadas dos ciclos produtivos anteriores, sobretudo do auge do período cafeeiro da história da economia brasileira. Por esse motivo, é nessa região que se encontram as duas únicas cidades globais do país, São Paulo e Rio de Janeiro, que, juntas, formam uma megalópole, ponto de intensa aglomeração urbana com níveis internacionais de alcance produtivo.
Atrás das duas cidades globais estão as metrópoles nacionais, responsáveis por estabelecer articulações intensivas com praticamente todo o território nacional. São elas: Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Brasília e outras. Enquanto isso, há também as metrópoles regionais, com destaque para Campinas, Goiânia, Manaus, Florianópolis, entre outras.
Fortaleza (CE), uma metrópole nacional
Após os longos ciclos de urbanização, êxodo rural e metropolização vistos ao longo do século XX, o início do século XXI, sobretudo nessa segunda década, demarca um gradativo processo de descentralização, com o crescimento das metrópoles de médio porte e a desmetropolização — quando as cidades médias passam a receber uma maior carga de investimentos, indústrias, empregos e habitantes. No entanto, é errado pensar que as grandes metrópoles do país perderam a importância, pelo contrário, suas estruturas seguem modernizando-se e, de cidades industriais, elas lentamente vão se tornando centros burocráticos, concentrando a maior parte das sedes das grandes empresas nacionais e internacionais.