Sinestesia (figura de linguagem)

A sinestesia é uma figura de linguagem caracterizada pelo uso de palavras que remetem a diferentes ordens sensoriais (os cinco sentidos do corpo humano) para gerar um efeito no discurso. Seu uso é muito consagrado na língua portuguesa, sendo frequente até mesmo na publicidade.

Leia também: Hipérbato – figura de linguagem caracterizada pela inversão sintática

O que é sinestesia?

A sinestesia é o recurso estilístico no qual se utilizam palavras e expressões associadas às diferentes sensações percebidas pelo corpo humano (visão, audição, olfato, paladar e tato) para gerar um efeito discursivo. Vejamos alguns exemplos bem comuns:

  • cor berrante (visão + audição)

  • perfume doce (olfato + paladar)

  • olhar penetrante (visão + tato)

  • risada gostosa (audição + paladar)

  • cheiro azedo (olfato + paladar)

  • resposta seca (audição + tato)

Note que vocabulários associados tradicionalmente a uma única ordem sensorial são combinados entre si, envolvendo mais de um sentido do corpo humano, o que dá maior efeito à ideia que se quer passar.

A sinestesia é uma figura de linguagem que se caracteriza por fundir mais de um dos sentidos humanos.

Vejamos mais exemplos:

“Era uma vez

Um lugarzinho no meio do nada

Com sabor de chocolate

E cheiro de terra molhada”

Esses versos interpretados pela dupla Sandy e Junior são recheados de sinestesia ao descrever um lugar no meio do nada (visão) com sabor de chocolate (paladar) e cheiro de terra molhada (olfato e tato).

“E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.”

No trecho acima, escrito por Aluísio Azevedo, a formação do cortiço é narrada com o uso da sinestesia, misturando elementos da visão e do tato (“terra encharcada e fumegante”), do tato e do olfato (“umidade quente e lodosa”), da visão e do olfato (“larvas no esterco”).

A sinestesia pode acontecer até mesmo por meio de imagens. Propagandas de bebidas, por exemplo, costumam utilizar bastante esse recurso, estimulando os sentidos da visão, do paladar e do tato ao passar a ideia de “gelado” utilizando uma garrafa.

É comum propagandas utilizarem a sinestesia como apelo visual.

Leia também: Metáfora – figura de linguagem que consiste em fazer comparações implícitas

Exercícios resolvidos

Questão 1 - Assinale a alternativa que contém sinestesia:

A) “Você é o meu sol.”

B) “Tateou o chão procurando os óculos.”

C) “Que beijinho doce que ele tem.”

D) “Verde que te quero rosa.”

E) “O banquete foi servido e estava muito cheiroso.”

Resolução

Alternativa C. Há sinestesia na expressão “beijinho doce”, mesclando o tato e o paladar.

Questão 2

Assinale a alternativa que NÃO contém sinestesia:

A) “A tua voz macia aplaca as dores”

B) “Grifam-me sons de cor e de perfumes”

C) “Seus beijos vermelhos quase me queimam”

D) “Eu me assustei ao ouvir aquele grito rouco”

E) “Vens tateando / O abismo onde uma luz sequer não arde?”

Resolução

Alternativa D. Nas outras alternativas, há sinestesia em “voz macia”, “sons de cor e de perfumes”, “beijos vermelhos” e “uma luz [...] não arde”.

Publicado por Guilherme Viana
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