Substantivo derivado

Os substantivos derivados são aqueles que, por meio do empréstimo de radicais já existentes numa dada língua, geram-se como novas palavras, mas mantendo uma relação de contiguidade com a originária. Esses nomes diferenciam-se dos substantivos primitivos, pois estes, além de não possuírem antecessores no mesmo idioma, não importam os afixos da língua originária, por exemplo, o grego e o latim.

A colocação de prefixos ou de sufixos ou mesmo dos dois simultaneamente constitui algumas espécies de derivação conhecidas como prefixal, sufixal e parassintética respectivamente. Além dessas, há a regressiva e a imprópria.

Leia também: O que é o processo de substantivação?

O que é substantivo derivado?

Os substantivos derivados surgem de outros vocábulos já existentes na língua.

Substantivos derivados são os originados de um radical preexistente. Nesse sentido, esses nomes mantêm uma correspondência com o sentido presente na palavra primitiva, mas se diferenciam dela, já que a eles são acrescentados prefixos, sufixos ou mesmo os dois.

Dessa forma, há a economia linguística, pois há um compartilhamento de um radical entre algumas palavras, ao mesmo tempo em que a sofisticação vocabular não é prejudicada, tendo-se em vista que ela é bastante necessária para a devida transmissão de ideias. 

Exemplos:

  • caseiro (derivado) ▯ casa (primitivo)
  • pedreira (derivado) ▯ pedra (primitivo)
  • florista (derivado) ▯ flor (primitivo)

Importante destacar que o uso de determinados afixos nos substantivos desencadeia uma mudança de sentido, que só será compreendida conforme o contexto.

Exemplo:

Aquela mulherzinha me irrita!

Apesar de o sufixo ser usualmente utilizado para expressar um diminutivo, não gerando outra palavra, no contexto, percebe-se que não necessariamente a mulher é pequena, pois o teor da afirmação é pejorativo, isto é, uma tentativa de rebaixar a pessoa de quem se fala.

Tipos de derivação

Inicialmente, faz-se necessário saber o que é o fenômeno da derivação. Dessa forma, derivação constitui um processo pelo qual, com base em um radical (parte da palavra que carrega o núcleo significativo, que não se divide em partes menores e que é comum a um grupo de vocábulos), cria-se, além da palavra original, outras, portanto, tidas como derivadas. Esse sistema pode dar-se de cinco formas diferentes, as quais serão vistas a seguir.

  • Derivação prefixal ou prefixação 

Acontece quando, a um radical ou a uma palavra primitiva, acrescenta-se um morfema no início, ou seja, um prefixo, que pode ser de origem:

  • latina, por exemplo, pre (sentido de anterioridade) + facio = prefácio;
  • ou grega, como anti (oposição) + aéreo = antiaéreo.
  • Derivação sufixal 

Ocorre quando há a junção do radical ou da palavra primitiva com um morfema, o qual estará situado no final da nova construção vocabular (sufixo). Esse tipo de derivação pode gerar novos substantivos, adjetivos, verbos ou advérbios. Em vista disso, classifica-se em:

- Nominal: aglutina-se para formar um substantivo (pont + eira = ponteira) ou um adjetivo (pont + udo = pontudo).

- Verbal: conecta-se a fim de originar um verbo (suav + izar = suavizar).

- Adverbial: acrescenta-se o sufixo -mente a um adjetivo feminino (perigosa + mente = perigosamente).

  • Derivação parassintética 

Parassíntese é uma palavra que deriva do grego pará (posição ao lado de) e synthetikós (que combina) e consiste em um processo no qual há a incorporação simultânea de um prefixo e um sufixo a um radical ou a uma palavra primitiva. Dessa forma, do novo vocábulo formado não se pode retirar o prefixo, deixando o radical e o sufixo, tampouco extrair o sufixo, mantendo o radical e o prefixo, sob pena de incorrer em agramaticalidade.

Exemplos:

 

Prefixo

Radical

Sufixo

Empobrecer

Em-

-pobr(e)-

-cer

Amanhecer

A-

-manh(a)-

-cer

  • Derivação regressiva

Nas derivações anteriores, houve um aumento do tamanho da palavra em virtude da colocação de afixos. No caso da regressiva, acontece o contrário, já que há uma diminuição da forma fonológica (sonora) e gráfica (escrita) do vocábulo derivado em comparação ao primitivo.

Normalmente, esse fenômeno ocorre para a criação de substantivos deverbais ou pós-verbais (construídos de verbos — em sua maioria, de primeira ou segunda conjugação, ou seja, terminados em -ar ou -er — por meio da supressão da desinência verbal e do morfema modo temporal de infinitivo, além da introdução das vogais -o, -a ou -e nos radicais verbais).

Exemplos:

  • alcançar ▯ alcance
  • debater ▯ debate
  • censurar ▯ censura
  • Derivação imprópria

Essa derivação ocorre quando há uma modificação da classe gramatical da palavra, mas sem uma mudança de sua configuração formal. Tal processo, segundo alguns estudiosos da língua, não deveria constar na parte referente à formação das palavras, uma vez que o vocábulo já existe e não sofre transformação gráfica ou fonética, e sim semântica. Veja alguns casos mais comuns:

- De substantivo próprio a comum: damasco (nome da capital da Síria ▯ fruta);

- De comum a próprio: coelho (animal ▯ sobrenome);

- De adjetivos a substantivos: circular (característica de algo cujo movimento possui a forma de círculo ▯ documento);

- De verbos a substantivos: jantar (ação de comer algo à noite ▯ refeição – antecedido por artigo);

- De verbos e advérbios a conjunções: quer...quer, já...já;

- De particípios a preposições: salvo (particípio do verbo salvar  ▯ preposição cujo sentido é exceção).

Diferenças entre substantivo derivado e primitivo

Os substantivos primitivos diferenciam-se dos derivados no que toca às estruturas e formações de cada grupo. Nesse sentido, os primitivos são aqueles que, apesar de serem reminiscências de uma dada língua, por exemplo, o latim, mantêm apenas o radical (modificado ou não em virtude do tempo) das palavras do idioma originário, não incorporando, portanto, seus afixos. Em contrapartida, os derivados são produtos da junção de um radical já existente na língua atual ora com os prefixos, ora com os sufixos, ora com os dois simultaneamente.

Veja também: O que é o processo de composição de palavras?

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (Unifesp) É melhor que o sujeito comece a ler através de uma adaptação bem-feita de um clássico do que seja obrigado a ler um texto ilegível e incompreensível segundo a linguagem e os parâmetros culturais atuais. Depois que leu a adaptação, ele pode pegar o gosto, entrar no processo de leitura e eventualmente se interessar por ler o Machadão no original. Agora, dar uma machadada em um moleque que tem PS3, Xbox, 1000 canais a cabo e toda a internet à disposição é simplesmente burrice.

(Ronaldo Bressane. http://entretenimento.uol.com.br)

Examine a passagem do texto: “e eventualmente se interessar por ler o Machadão no original. Agora, dar uma machadada em um moleque”. Os dois termos em destaque, derivados por sufixação, reportam a Machado de Assis. Tal recurso atribui aos substantivos, respectivamente, sentido de:

A) pejo e intimidade.

B) ironia e simpatia.

C) humor e reverência.

D) simpatia e ironia.

E) tamanho e humor.

Resolução

Alternativa D, pois o sufixo “ão”, no contexto, carrega uma ideia de proximidade e de descontração ao mencionar Machado de Assis, estabelecendo, consequentemente, uma relação de simpatia entre o autor literário e o leitor.

Além disso, há o uso do sufixo “ada”, que, unido à palavra primitiva machado, assume um significado irônico, pois indica um grau de violência (golpe com machado) para introduzir na cabeça, à força, o conteúdo elaborado da obra.

Questão 2 – Assinale a alternativa que não apresenta um substantivo derivado.

A) cabeleireira

B) portinhola

C) criança

D) felicidade

E) fogueira

Resolução

Alternativa C, pois “cabeleireira” deriva de “cabelo”, “pontinhola” deriva de “porta”, “felicidade” deriva de “feliz”, e “fogueira” deriva de “fogo”, restando apenas “rapaz”.

Publicado por Diogo Berquó
Matemática do Zero
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