Dom Pedro I

D. Pedro I nasceu em Lisboa, em 1798, e era filho de D. João VI e Carlota Joaquina, rei e rainha de Portugal a partir de 1816. Tornou-se regente do Brasil em 1821, quando seu pai foi obrigado a retornar para Portugal. Aqui no Brasil se tornou líder do processo de independência, proclamando-a em 7 de setembro de 1822.

Foi coroado como imperador e reinou até 1831. Seu reinado foi complicado porque ele era autoritário, não aceitava ser contrariado, e isso gerou atritos com parte da elite brasileira. Acumulou problemas pessoais em razão de seu relacionamento extraconjugal com a Marquesa de Santos. Renunciou em 1831 e faleceu em Portugal, em 1834.

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Nascimento e juventude

Dom Pedro I nasceu em Lisboa, no dia 12 de outubro de 1798. Era filho de D. João VI e D. Carlota Joaquina, que, nessa ocasião, eram príncipe e princesa de Portugal. D. João VI ocupava o posto de regente desde 1792, porque sua mãe, D. Maria I, tinha sido considerada mentalmente incapaz de governar o país.

Dom João VI, rei de Portugal a partir de 1816 e pai de D. Pedro.[1]

Eles só se tornaram oficialmente rei e rainha de Portugal em 1816, quando D. Maria I faleceu. Pedro foi o quarto filho desse casal, sendo a segunda criança do sexo masculino. O primeiro filho era D. Antônio, que faleceu em 1801, fazendo de D. Pedro o segundo na linha de sucessão do trono de Portugal.

Do nascimento de D. Pedro, destaca-se o enorme nome que recebeu: Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon. Da juventude, sabemos que ele era relativamente desprezado por sua mãe, D. Carlota Joaquina, que tinha preferência pelo irmão mais novo, D. Miguel. Os biógrafos de D. Pedro falam que seu pai tinha afeição por ele, mas não sabia demonstrá-la muito bem, e o menino cresceu sem muito contato com seus pais.

A educação do futuro imperador do Brasil também deixou a desejar, principalmente porque ele não se esforçava nos estudos. Apesar disso, alguns tutores da infância de D. Pedro mantiveram-se próximo a ele até a sua vida adulta — destaque para D. Antônio de Arábida, René Pierre Boiret e o padre Guilherme Paulo Tilbury, segundo afirmação da historiadora Isabel Lustosa|1|.

Com 9 anos de idade, D. Pedro viu a sua vida ser agitada pela transferência da corte portuguesa para o Brasil, uma consequência da invasão de Portugal por tropas francesas. No final de novembro de 1807, ele e outras quatro mil pessoas embarcaram para o Brasil, chegando aqui em fevereiro de 1808.

A família estabeleceu-se no Rio de Janeiro, e D. Pedro passou a morar no Palácio do São Cristóvão, local que se transformou no Museu Nacional. Do ponto de vista da saúde, Pedro apresentava ser um jovem hiperativo e sabe-se que ele sofria de epilepsia, pois existem registros que informam sobre convulsões do monarca.

Independência do Brasil

Até o começo de 1821, D. João VI tinha mantido D. Pedro afastado da política em partes porque temia perder poder para o filho. Esse afastamento, no entanto, teve que acabar quando as cortes portuguesas, formadas com a Revolução Liberal do Porto, decidiram que D. João VI deveria retornar para Lisboa.

Essas cortes reuniam a burguesia portuguesa, insatisfeita com a situação de Portugal depois que a família real portuguesa mudou-se para o Brasil. Eles se incomodavam porque as principais instituições de poder e a família real estavam no Rio de Janeiro, além da influência inglesa em Portugal e o enfraquecimento de seus negócios, causado pela abertura do comércio no Brasil.

As cortes portuguesas começaram a agir para estabelecer uma Constituição a que D. João VI deveria ser leal e passaram a exigir o retorno do rei. Temeroso de perder o trono de Portugal, D. João decidiu retornar para Lisboa, mas deixou seu filho, D. Pedro, como regente do Brasil. Essa ação fez com que D. Pedro assumisse protagonismo político no Brasil.

O Museu Paulista, em São Paulo, fica próximo ao local onde D. Pedro I declarou a independência do Brasil em 1822.[2]

D. Pedro tornou-se regente no dia 7 de março de 1821 e, no dia 23 de abril de 1821, um decreto de D. João determinou a extensão dos poderes de D. Pedro enquanto regente. Na administração do Brasil, D. Pedro ainda contava com o auxílio de quatro ministérios. Em 26 de abril, D. João VI e Carlota Joaquina partiram de volta para Portugal.

D. Pedro, enquanto protagonista político no Brasil, converteu-se em líder do movimento de independência, sendo apoiado pela elite, que defendia maior autonomia do Brasil em relação a Portugal. No entanto, essa situação levou um tempo para se consolidar, uma vez que, a princípio, a elite e nem D. Pedro pensavam em obter a independência.

O objetivo principal era manter os benefícios e a abertura que tinham sido conquistadas durante o Período Joanino, mas o desgaste na relação entre as cortes e a elite brasileira fez com que a ruptura acontecesse. Em setembro de 1821, por exemplo, as cortes exigiram o retorno de D. Pedro. A esposa do regente, D. Maria Leopoldina, e parte das elites atuaram para convencer o regente a permanecer.

Em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro anunciou sua permanência no Brasil, e esse evento ficou conhecido como Dia do Fico. Daí em diante o processo de ruptura se acelerou, e a hostilidade nas relações entre Brasil e Portugal aumentou.

Em 7 setembro de 1822, veio a ruptura definitiva. Dom Pedro estava em viagem para São Paulo e, no trajeto Santos-São Paulo, próximo ao riacho do Ipiranga, recebeu uma carta assinada por sua esposa e por José Bonifácio, seu conselheiro pessoal, com as novas ordens enviadas por Portugal. As cortes exigiam o retorno dele para Lisboa, e D. Pedro aproveitou a situação para declarar a independência do Brasil.

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Primeiro Reinado

Em 1º de dezembro de 1822, D. Pedro foi coroado imperador, passando a ser chamado de D. Pedro I. Enquanto imperador, ele atuou pela montagem da administração do novo país. O processo, no entanto, foi bem longo e passou por uma guerra de independência, pelo reconhecimento internacional e pela elaboração de uma Constituição.

Dom Pedro I foi imperador do Brasil de dezembro de 1822 a abril de 1831.

O reinado de D. Pedro I ficou muito marcado pelo autoritarismo e intransigência do imperador, além do seu caso extraconjugal com Domitila de Castro. A relação de D. Pedro com a população, sobretudo com o círculo da elite que morava na capital, foi piorando ao longo do Primeiro Reinado. Esses conflitos acirraram os ânimos entre brasileiros, defensores da monarquia constitucional, e portugueses, defensores do poder absoluto de D. Pedro I.

O imperador ainda teve ações precipitadas em eventos importantes. Sua ação de barrar a Constituição da Mandioca e fechar a Constituinte em 1823 foi seu primeiro grande erro e a primeira demonstração de que ele não aceitaria opiniões que fossem contrárias à sua vontade.

Uma Constituição do agrado de D. Pedro I foi outorgada em março de 1824. A insatisfação com o imperador permaneceu e, no Nordeste, deu origem a uma revolta de caráter separatista, a Confederação do Equador. A revolta foi contida, e os envolvidos, reprimidos. A situação piorou quando D. Pedro I decidiu declarar guerra contra as Províncias Unidas em virtude de uma revolta em curso na Cisplatina.

Essa guerra, conhecida como Guerra da Cisplatina, afetou a economia brasileira, fez com que o custo de vida aumentasse e ainda resultou em uma derrota moral para o Brasil: a Cisplatina conquistou a sua independência, transformando-se no Uruguai em 1828. O imperador passou a perder o apoio dos militares e da população mais pobre.

O clima político piorou depois que o jornalista italiano Líbero Badaró, grande crítico do imperador, foi assassinado em novembro de 1830, na porta de sua casa, em São Paulo. D. Pedro I foi acusado de proteger os assassinos do jornalista, e a situação ficou insustentável, a ponto de defensores e críticos de D. Pedro entrarem em combate nas ruas do Rio de Janeiro em março de 1831.

Essa briga generalizada nas ruas do Rio de Janeiro recebeu o nome de Noite das Garrafadas. Esse contexto fez com que D. Pedro I renunciasse ao trono em 7 de abril de 1831 para que seu filho, Pedro de Alcântara, pudesse assumir quando completasse 18 anos.

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Vida pessoal

A vida pessoal de D. Pedro I foi tão agitada quanto o seu reinado. Ele se casou duas vezes e ficou conhecido por ser extremamente infiel e ter uma vida sexual bastante ativa. O seu primeiro casamento foi com Leopoldina da Áustria, princesa austríaca, e aconteceu em maio de 1817. Em novembro do mesmo ano, ela se mudou para o Brasil.

Leopoldina, segundo os relatos de cartas escritas por ela, demonstrava ser bastante infeliz com D. Pedro. Ele a traía com Domitila de Castro, mais conhecida com Marquesa de Santos, e não fazia questão alguma de esconder seu caso, dando propriedades e títulos para a amante e forçando a imperatriz a aturar a presença de Domitila na corte.

A imperatriz deu à luz sete filhos, e o mais novo, Pedro de Alcântara, assumiu o trono em 1840. A relação dela com o imperador ainda ficou marcada por uma possível agressão por conta das brigas causadas pelo caso de D. Pedro I com a Marquesa de Santos. A austríaca faleceu em 1826, e as causas são especuladas até hoje. Alguns historiadores acreditam que, em razão de uma agressão de D. Pedro I, ela teria tido um aborto espontâneo, situação que levou à sua morte em dezembro de 1826.

Em 1829, D. Pedro I rompeu seu caso com Domitila para que pudesse se casar com D. Amélia de Leuchtenburg, princesa da Baviera, com quem ele uma filha. Da relação extraconjugal de D. Pedro I com Domitila, nasceram cinco filhos ilegítimos.

Morte

Em 1831, D. Pedro I mudou-se para Portugal com o objetivo de participar da Guerra Civil Portuguesa e defender o direito de sua filha, D. Maria II, de assumir o trono do país. Dom Pedro I lutou diretamente contra o seu irmão, D. Miguel, pelo trono português e venceu esse conflito. Maria foi restaurada no trono de Portugal em 1834, e D. Miguel fugiu em exílio.

Durante a guerra, D. Pedro I contraiu tuberculose, doença que se agravou e o levou à morte em 24 de setembro de 1834.

Notas

|1| LUSTOSA, Isabel. D. Pedro I: um herói sem nenhum caráter. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

Créditos das imagens:

[1] StockPhotosArt e Shutterstock

[2] Marcelo Fernandes Joaquim e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
Matemática do Zero
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Nessa aula veremos como calcular a moda e a mediana de uma amostra. Mosrarei que a moda é o elemento que possui maior frequência e que uma amostra pode ter mais de uma moda ou não ter moda. Posteriormente, veremos que para calcular a mediana devemos montar o hall (organizar em ordem a amostra) e verificar a quantidade de termos dessa amostra.
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