Estado Novo e a marcha para o oeste
A Marcha para o Oeste foi um projeto criado durante a ditadura varguista do Estado Novo com o objetivo de promover a integração econômica e incentivar a povoação de vastas áreas no Centro-Oeste e Norte brasileiros, que eram pouco povoadas e estavam à margem na economia brasileira. Esse projeto contou com o auxílio do poeta Cassiano Ricardo e levou à criação de colônias de habitação em alguns estados do Brasil, além de incentivar a criação de estradas para interligar essas regiões com o litoral brasileiro.
Marcha para o Oeste como propaganda nacionalista
Desde novembro de 1937, Vargas havia instaurado a ditadura do Estado Novo, na qual ocorreu a concentração do poder brasileiro apenas em Getúlio Vargas. O Estado Novo estipulava a censura da opinião pública e a manipulação das informações por meio do jornal veiculado pelo governo. Essa função foi encarregada ao Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Além disso, Vargas utilizou-se do Estado Novo para promover um intenso projeto de industrialização e desenvolvimento econômico do Brasil sob um discurso nacionalista. A marcha para o oeste estava inserida nesse projeto de desenvolvimento econômico e buscava fomentar o desenvolvimento das regiões pouco povoadas do interior do Brasil. A propaganda varguista afirmava ser fundamental:
a incorporação de novas áreas semi despovoadas visando a construção de uma grande nação; uma nação não contaminada com os “vícios do litoral”; uma nação pautada na “originalidade da nossa conformação racial” formada no interior do país nos tempos coloniais|1|.
A função de promover a propaganda da marcha para o oeste foi atribuída a Cassiano Ricardo, poeta que trabalhava como censor no Estado Novo, era o diretor responsável pelo Jornal A Manhã e era chefe do Departamento Político Cultural da Rádio Nacional. Além disso, Cassiano Ricardo produziu um livro chamado “Marcha para o Oeste: a influência da bandeira na formação social e política do Brasil”, que fazia a defesa do projeto do governo ditatorial de Getúlio Vargas.
O livro de Cassiano Ricardo também possuía um forte caráter nacionalista, que, assim como Vargas, demonstrava preocupação com a defesa dos interesses internos a partir da exploração dos recursos nacionais e combatia ideologias que o governo varguista perseguia, como o comunismo.
Características da Marcha para o Oeste
A marcha para o oeste possuía as seguintes propostas:
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integração do interior brasileiro a fim de promover o desenvolvimento nacional;
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estabelecer uma espécie de reforma agrária ao proporcionar o desenvolvimento de pequenos núcleos agrícolas, que enfraqueceriam os latifúndios existentes no interior do Brasil;
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dar incentivos econômicos ao Norte e Centro-Oeste do Brasil para desenvolver as economias dessas regiões, principalmente a partir do crescimento da produção agrícola;
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promover o desenvolvimento populacional das regiões a partir do deslocamento de brasileiros pobres. O governo varguista não via com bons olhos o desenvolvimento da marcha para o oeste a partir de mão de obra estrangeira;
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integração dos grupos indígenas com a economia brasileira;
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desenvolvimento da malha rodoviária para integrar o interior do Brasil, principalmente no estado de Goiás, que estava localizado em uma posição mais central.
A marcha para o oeste atingiu seu objetivo em relação ao desenvolvimento populacional das regiões que foram promovidas. Além disso, registrou o crescimento da malha rodoviária existente e gerou crescimento econômico nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste. Entretanto, o governo não conseguiu desarticular os grandes latifúndios conforme desejava. Além disso, a falta de incentivo do governo fez com que os colonos vivessem em condições muito precárias nas regiões onde foram desenvolvidas as colônias.
|1| CASSIANO, Luiz de Carcalho. Marcha para o Oeste: um itinerário para o Estado Novo (1937-1945). 2002. Dissertação (Mestrado em História). Universidade de Brasília, 2002, p.69.
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