Pero Vaz de Caminha

Pero Vaz de Caminha foi um nobre português que ficou marcado na história brasileira como o responsável por escrever o primeiro documento escrito sobre o nosso país.
Pero Vaz de Caminha fez parte da expedição portuguesa que chegou ao Brasil em 22 de abril de 1500.[1]

Pero Vaz de Caminha foi o escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral, por meio da qual os portugueses chegaram ao Brasil em 22 de abril de 1500. Ele era o escrivão da jornada e coube a ele a redação da “Carta a El-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil”, em que é narrada a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500.

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Resumo sobre Pero Vaz de Caminha

  • Pero Vaz de Caminha foi o escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral em 1500.

  • Foi ele quem redigiu o documento conhecido como “Carta a El-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil”.

  • Pertencia a uma família nobre, possuindo cargos de influência desde a década de 1470.

  • Não sabemos muito sobre sua vida privada, mas sabe-se que ele teve uma esposa e uma filha.

  • Morreu em Calicute em dezembro de 1500, durante batalha travada entre portugueses e a população local.

Biografia de Pero Vaz de Caminha

Pero Vaz de Caminha é com frequência lembrado por ter sido o autor do primeiro documento escrito sobre a história do Brasil. Estamos falando da Carta de Pero Vaz de Caminha, também conhecida como “Carta a El-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil”. Essa carta foi escrita por Caminha para d. Manuel I, o rei de Portugal. Seu intuito era relatar a “descoberta” de uma nova terra, que foi nomeada por ele como Ilha de Vera Cruz.

O conhecimento que temos acerca da vida de Pero Vaz de Caminha é extremamente limitado, pois não existem muitos documentos que o mencionam. Quanto à sua origem, sabemos que ele nasceu na cidade do Porto, uma cidade litorânea, em 1450. O dia e o mês em que Pero Vaz de Caminha nasceu são desconhecidos.

Os historiadores, de modo geral, acreditam que Caminha teria sido um homem de boa instrução, por vir de uma família nobre e ter influência com os reis de Portugal do final do século XV. O pai de Pero Vaz de Caminha se chamava Vasco Fernandes de Caminha e ficou conhecido por ter sido cavaleiro do duque de Bragança.

Vasco Fernandes de Caminha também teria sido o recebedor-mor de diversos locais de Portugal, entre quais estão o Porto. O pai de Pero Vaz de Caminha casou-se com Isabel Afonso e com ela teve três filhos, chamados Fernando, Afonso Vaz e o próprio Pero Vaz de Caminha.

O que se sabe a respeito da carreira profissional de Pero Vaz de Caminha é que em 1476 ele foi indicado para o posto de mestre da balança da Casa da Moeda, assumindo essa função em 8 de março de 1476. Especula-se que esse cargo teria sido uma recompensa que Caminha recebeu por ter participado de um conflito entre Portugal e Castela.

Em 1497, foi nomeado pelo rei de Portugal, d. Manuel I, para assumir o posto de vereador na Câmara Municipal do Porto. Lá, ele teria participado da elaboração de um documento chamado Capítulos. Fora isso, os historiadores não sabem o que teria acontecido entre 1497 e 1500 para justificar o fato de Pero Vaz de Caminha ter sido escolhido para participar da expedição de Pedro Álvares Cabral.

De qualquer forma, acredita-se que suas boas relações com o rei foram determinantes para que ele tenha sido escolhido para a expedição. Ele atuou como escrivão da viagem e assumiria o mesmo cargo em uma feitoria que os portugueses planejavam fundar em Calicute, na Índia.

A expedição de Pedro Álvares Cabral partiu de Portugal no dia 9 de março, sendo formada por 13 embarcações que levavam de 1200 a 1500 homens. A expedição tinha dupla missão: verificar as possibilidades de Portugal na América e implantar uma feitoria na Índia. Foi nessa expedição que Pero Vaz de Caminha escreveu a carta que relatou a chegada dos portugueses ao Brasil em abril de 1500.

Como mencionado, os historiadores não sabem quase nenhum detalhe da vida privada de Pero Vaz de Caminha. Sabe-se que ele casou-se com d. Catarina Vaz e juntos tiveram uma filha, Isabel Caminha. Os estudiosos não sabem se Pero Vaz de Caminha teve outros filhos durante o seu casamento.

A carta de Pero Vaz de Caminha foi escrita na passagem de abril para maio de 1500. Poucos meses depois, o escrivão faleceria. Ele morreu em 15 de dezembro de 1500, durante uma batalha travada por indianos muçulmanos e portugueses. Essa batalha foi resultado da violência que os portugueses empregaram contra as populações de Calicute.

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Carta de Pero Vaz de Caminha

O título recebido pela carta escrita por Caminha foi “Carta a El-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil”, tendo sido redigida em português arcaico e possuindo o total de 27 páginas. Os historiadores mencionam que o documento foi muito bem escrito, um indicativo da erudição do escrivão.

O objetivo da carta era relatar ao rei de Portugal as notícias da descoberta de “novas terras”, que poderiam ser ocupadas e exploradas pelos portugueses. Na carta, Caminha dá detalhes de como foi a viagem, da chegada dos europeus ao Brasil, do contato com os índios, da aparência destes e das possibilidades econômicas e religiosas dos portugueses na América.

A carta foi levada a Portugal em uma embarcação liderada por Gaspar Lemos e, depois de entregue ao rei, foi tratada como segredo de Estado. Posteriormente, foi enviada para o Arquivo Nacional da Torre do Tombo e lá permaneceu guardada durante anos. A carta foi redescoberta por José Seabra da Silva, diretor do arquivo, em 1773. Em 1817, ela foi publicada por Manuel Aires do Casal.

  • Trechos da carta de Pero Vaz de Caminha

Vejamos a seguir um trecho da carta na forma escrita do português da época|1|:

Sñor

posto que o capitam moor desta vossa frota e asy os outros capitaães screpuam a vossa alteza a noua do achamento desta vossa terra noua que se ora neesta nauegaçam achou.

Esse mesmo trecho escrito na forma escrita atual diz o seguinte|2|:

Senhor

Posto que o Capitão-mor desta Vossa frota e assim igualmente outros capitães escrevam a Vossa Alteza dando notícias do achamento desta Vossa terra nova, que agora nesta navegação se achou […].

A respeito dos índios, Pero Vaz de Caminha deixou o seguinte relato|3|:

A feição deles é parda, algo avermelhada; de bons rostos e bons narizes. Em geral são bem-feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de cobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso são tão inocentes como quando mostram o rosto. Ambos os dois traziam o lábio de baixo furado e metido nele um osso branco e realmente osso, do comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador […].

Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que verdadeiramente de leve, de boa grandeza e, todavia, raspado por cima das orelhas.

Importante: A descrição realizada por Caminha foi feita por um homem com a mentalidade etnocêntrica dos europeus do final do século XV. Esse documento sempre deve ser lido de forma crítica.

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Notas

|1| CASTRO, Sílvio: A Carta de Pero Vaz de Caminha. O Descobrimento do Brasil. Porto Alegre: L&PM, 2013, p. 43.

|2| Idem, p. 86.

|3| Idem, p. 90.

Créditos da imagem:

[1] NeydtStock / Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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