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Carta de Pero Vaz de Caminha

A Carta de Pero Vaz de Caminha é um relato detalhado da chegada dos portugueses ao Brasil. Ela foi escrita ao rei Dom Manuel I em 1500.
Primeira página da Carta de Pero Vaz de Caminha.
Primeira página da Carta de Pero Vaz de Caminha.

A Carta de Pero Vaz de Caminha foi escrita ao rei Dom Manuel I em 1500 e é um relato detalhado da chegada dos portugueses ao Brasil, descrevendo as primeiras impressões sobre a terra, os indígenas e a natureza exuberante. A carta, composta em estilo epistolar e com um tom de fascínio, combina narrativa e descrição etnográfica, destacando a inocência e os costumes dos nativos, que andavam nus e adornavam seus corpos.

Além de informar o rei sobre a descoberta, Caminha procurava convencê-lo do valor estratégico e espiritual da nova terra, enfatizando a facilidade para evangelização e colonização. Considerada a “certidão de nascimento” do Brasil, a carta é um documento histórico fundamental, registrando o primeiro contato entre europeus e indígenas e refletindo a mentalidade europeia da época.

Leia também: O que dizem os relatos de Hans Staden e Anthony Knivet sobre o Brasil?

Resumo sobre a Carta de Pero Vaz de Caminha

  • A Carta de Pero Vaz de Caminha é um relato detalhado da chegada dos portugueses ao Brasil em 1500.
  • Ela descreve as primeiras impressões sobre a terra e seus habitantes, destaca a natureza exuberante e os costumes dos indígenas, vistos como pacíficos e vivendo em harmonia com o ambiente.
  • Os trechos mais notáveis da carta incluem descrições detalhadas dos indígenas, suas vestimentas, adornos e costumes, revelando o fascínio dos portugueses pela nudez, inocência e peculiaridades culturais dos habitantes locais.
  • A carta tem um estilo epistolar, mesclando narrativa e descrição, com observações etnográficas e pessoais de Pero Vaz de Caminha, que procurou fornecer um retrato abrangente e atraente da nova terra para despertar o interesse do rei Dom Manuel I.
  • A carta busca informar o rei sobre a descoberta, destacando o potencial da nova terra para conversão religiosa e exploração econômica, apresentando os indígenas como pacíficos e receptivos, facilitando a colonização e evangelização.
  • A carta é considerada a “certidão de nascimento” do Brasil, documentando o primeiro encontro entre europeus e indígenas brasileiros, além de ser um importante registro histórico e etnográfico sobre a visão europeia da época.
  • Pero Vaz de Caminha foi um escrivão português que acompanhou a expedição de Cabral ao Brasil em 1500, sendo lembrado como o autor da primeira descrição detalhada da terra recém-descoberta, o que assegurou seu lugar na história.

O que diz a Carta de Pero Vaz de Caminha?

Pintura retratando a chegada dos portugueses ao Brasil, fato que antecede a escrita da Carta de Pero Vaz de Caminha.
A Carta de Pero Vaz de Caminha descreve a chegada dos portugueses ao Brasil.

A Carta de Pero Vaz de Caminha foi escrita em 1º de maio de 1500 e é o relato da chegada dos portugueses à costa brasileira. Ela descreve as primeiras impressões de Pero Vaz de Caminha sobre a terra, seus habitantes e a natureza ao redor. Caminha detalha como a nova terra se apresentava aos olhos dos exploradores portugueses, destacando sua abundância de recursos naturais e a inocência dos nativos.

Ele descreve os nativos como seres que viviam de forma pacífica e em harmonia com a natureza, sem preocupações com vestimentas ou com a exposição de seus corpos, características que surpreenderam os europeus.

A carta é permeada por um tom de fascínio e curiosidade em relação aos indígenas, e Caminha aponta para as possibilidades espirituais e econômicas que poderiam advir da exploração daquela terra. Ele se preocupa em convencer o rei Dom Manuel I da importância estratégica daquela nova terra, não apenas como um espaço a ser conquistado, mas também como uma possível fonte de riquezas naturais e de novos fiéis a serem convertidos ao cristianismo.

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Principais trechos da Carta de Pero Vaz de Caminha

Abaixo, estão alguns trechos literais da carta que revelam a visão e as impressões de Caminha sobre os indígenas e a terra que acabara de ser encontrada:

  • “A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam nenhuma coisa cobrir nem mostrar suas vergonhas; e estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.”
  • “Traziam os beiços de baixo furados e, metidos por eles, ossos brancos, do comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como furador.”
  • “Quando o batel chegou à boca do rio, eram ali dezoito ou vinte homens pardos, todos nus, sem nenhuma coisa que lhes cobrisse suas vergonhas.”
  • “Ali veríeis galantes, pintados de preto e de vermelho, e quartejados, assim pelos corpos, como pelas pernas, que, certo, pareciam bem assim.”
  • “Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres moças, assim nuas, que não pareciam mal; entre as quais andava uma com uma coxa, do joelho até ao quadril, e a nádega, toda tinta daquela tintura preta.”
  • “Mostraram-lhes um papagaio pardo que aqui o Capitão traz; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como que os havia ali.”
  • “Ali, por então, não houve mais fala nem entendimento com eles, por a berberia deles ser tamanha que se não entendia nem ouvia ninguém.”
  • “Ali andavam outros, quartejados de escaques. Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha.”

Esses trechos ilustram a surpresa dos portugueses ao se depararem com a cultura e os costumes dos nativos, destacando a nudez natural e sem constrangimentos dos indígenas, o uso de adornos corporais como ossos e pinturas, e o fascínio que as mulheres indígenas causavam nos europeus devido à sua aparência considerada exótica e “graciosa”.

A observação detalhada de Caminha reflete a mentalidade dos portugueses da época, que viam a inocência dos nativos como algo digno de nota, considerando-os quase como figuras pré-cristãs e próximas de um estado de “pureza original”.

A carta pode ser conferida na íntegra clicando aqui.

Composição da Carta de Pero Vaz de Caminha

A Carta de Pero Vaz de Caminha tem uma estrutura que mescla narrativa e descrição, com elementos de um relato etnográfico. Dividida em várias partes, a carta inicia com uma saudação ao rei Dom Manuel I e prossegue com uma descrição detalhada da viagem até o momento da chegada ao que seria a costa brasileira.

Caminha descreve minuciosamente o cenário natural e os habitantes indígenas, além de relatar episódios específicos de interação entre os portugueses e os nativos. A escrita de Caminha é marcada por uma preocupação em transmitir com exatidão o que viu e vivenciou, mas também em despertar no rei o interesse por aquela terra distante e suas possibilidades.

O documento apresenta também um pedido pessoal de Caminha ao rei: que conceda perdão a seu genro, Jorge de Osório, exilado em São Tomé, o que indica uma tentativa de usar a carta oficial para atender a um interesse particular. Essa mistura de interesses pessoais e descritivos mostra a habilidade de Caminha em transformar o relato em algo que transcendesse o simples informe e alcançasse um tom literário e quase poético.

Qual a intenção da Carta de Pero Vaz de Caminha?

A intenção da Carta de Pero Vaz de Caminha vai além de uma simples descrição de terras recém-descobertas. Caminha procura informar o rei Dom Manuel I sobre as características da terra e seus habitantes, buscando despertar nele o interesse por essa nova descoberta. Ele enfatiza a abundância natural e o potencial para a evangelização dos indígenas, que ele vê como facilmente convertíveis ao cristianismo devido à sua “inocência” e ausência de crenças complexas. Dessa forma, a carta também sugere o valor estratégico da nova terra para Portugal, destacando não apenas seu potencial econômico como também o espiritual.

Além disso, Caminha procura demonstrar a natureza pacífica dos indígenas e a facilidade de estabelecer relações amistosas, algo que poderia favorecer a colonização e a instalação de portugueses na nova terra sem resistência inicial dos habitantes locais. O tom esperançoso de Caminha em relação ao futuro das relações entre os dois povos e à exploração dos recursos naturais reforça o caráter persuasivo do documento.

Para quem Pero Vaz de Caminha escreveu a carta?

Pero Vaz de Caminha escreveu a carta ao rei Dom Manuel I de Portugal, que liderava o reino durante o período das grandes navegações. Caminha direciona o texto ao monarca com um tom respeitoso e reverente, ciente de que sua escrita influenciaria as decisões do rei em relação à nova terra descoberta.

A escolha de detalhes e a maneira como Caminha retrata os indígenas sugerem uma tentativa de agradar ao rei e justificar a importância de investir na nova terra. Ele busca construir uma imagem positiva e atraente do lugar, reforçando seu valor e importância para os interesses econômicos e religiosos de Portugal.

Qual a importância da Carta de Pero Vaz de Caminha?

A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento fundamental na história do Brasil, frequentemente considerada a “certidão de nascimento” do país. Ela é o primeiro registro escrito detalhado sobre a terra e seus habitantes, proporcionando uma visão inicial sobre a geografia e a cultura da região. Além disso, a carta documenta o encontro entre europeus e indígenas brasileiros, simbolizando o início de um processo de colonização e exploração que alteraria para sempre a vida dos habitantes locais.

Historicamente, a carta também é importante como um exemplo de relato etnográfico europeu sobre o Novo Mundo. As descrições de Caminha se tornaram referências para estudiosos e historiadores, que analisam o documento não apenas como uma fonte de informações sobre os primeiros contatos mas também como um retrato da mentalidade europeia em relação à alteridade.

Literariamente, a carta tem um valor próprio, sendo um dos primeiros documentos a combinarem relato de viagem e descrição cultural, influenciando a literatura de viagens e as crônicas dos séculos seguintes.

Quem foi Pero Vaz de Caminha?

Pintura de Pero Vaz de Caminha, que escreveu o primeiro documento descrevendo nosso país.
Pero Vaz de Caminha escreveu o primeiro documento descrevendo nosso país.

Pero Vaz de Caminha nasceu em Portugal por volta de 1450, em uma família de escrivães, o que influenciou sua formação e carreira. Ele foi designado como escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, que tinha como destino inicial a Índia.

Como escrivão, seu papel era registrar os acontecimentos e fornecer um relato detalhado das descobertas feitas durante a viagem. Caminha também exerceu o cargo de vereador na cidade do Porto, indicando seu envolvimento com a administração pública. No entanto, sua fama está associada à carta escrita ao rei Dom Manuel I, que o torna uma figura emblemática na história do Brasil.

Após a expedição de Cabral, Caminha não teve tempo de testemunhar os desdobramentos da colonização, pois faleceu no mesmo ano, em 1500, em Calecute, na Índia, onde cumpria funções de escrivão da feitoria. A carta, contudo, assegurou seu lugar na história, e ele é lembrado como o cronista do descobrimento do Brasil, oferecendo um dos primeiros e mais detalhados relatos sobre a chegada dos europeus a essas terras. Para saber mais sobre Pero Vaz de Caminha, clique aqui.

Fontes

CAMINHA, Pero Vaz de. Carta ao rei Dom Manuel. Versão para o português moderno de Rubem Braga. Rio de Janeiro: Edições BestBolso, 2015.

FONSECA, Luís Adão da. O sentido da novidade na Carta de Pêro Vaz de Caminha. Revista USP, São Paulo, n. 45, p. 38-47, mar./maio 2000.

SEABRA, Augusto. Os debates e mesmo as polémicas que suscitou. Revista Camões, Lisboa, n. 8, p. 64-70, 2000.

Publicado por Tiago Soares Campos
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