Quilombos
Os quilombos eram comunidades formadas por africanos escravizados e seus descendentes. Essas comunidades eram formadas por escravos que fugiam da escravidão, sendo um local onde viviam em liberdade e resistiam à escravidão. Nos quilombos não viviam apenas africanos escravizados, mas também índios e brancos livres.
O primeiro quilombo de que temos conhecimento é da segunda metade do século XVI, na Bahia, mas o maior quilombo da história brasileira foi o Quilombo dos Palmares, no estado de Alagoas. Nesses locais, os quilombolas produziam tudo o que necessitavam para a sua sobrevivência e realizavam comércio com moradores vizinhos.
Leia também: 20 de novembro — Dia Nacional da Consciência Negra
Resumo sobre quilombos
-
Os quilombos eram comunidades de africanos e seus descendentes que fugiam da escravidão.
-
Nesses locais viviam em liberdade, produzindo o que necessitavam para viver.
-
Eram locais onde tinham a possibilidade de resgatar suas tradições culturais e religiosas.
-
O primeiro quilombo de que se tem registro foi formado na Bahia em 1575.
-
O maior quilombo da história do Brasil foi o Quilombo dos Palmares.
O que é um quilombo?
Os quilombos, também conhecidos como mocambos, foram comunidades formadas no Brasil durante o período colonial por africanos escravizados e/ou seus descendentes. Os quilombos são entendidos como espaços de resistência de africanos, uma vez que eram formados por escravos fugidos.
Essas comunidades se estabeleciam no interior do Brasil, mas muitas surgiram ao redor de grandes cidades, como o caso dos vários quilombos formados nas proximidades do Rio de Janeiro no século XIX. O primeiro registro sobre um quilombo formado no Brasil remonta ao ano de 1575, para um mocambo que surgiu na Bahia.
Os quilombos eram locais onde os escravos fugidos poderiam desenvolver uma vida em liberdade, buscando meios para garantir a própria sobrevivência, estabelecendo laços comerciais com moradores próximos, instigando outros escravos a fugirem e procurando, muitas vezes, reconstruir um estilo de vida parecido com o que possuíam no continente africano.
Esses locais ainda existem no século XXI, mas, atualmente, o seu entendimento é diferente. Os quilombos atuais são comunidades formadas por descendentes de escravos quilombolas que procuram manter suas tradições e culturas vivas, ao mesmo tempo em que lutam pelo acesso à terra e buscam desenvolver um estilo de vida sustentável.
Como surgiram os quilombos e como viviam os quilombolas
Os quilombos, conforme mencionado, surgiram em meados do século XVI e foram resultado da resistência dos africanos escravizados. Esses escravos eram trazidos ao Brasil por meio do tráfico negreiro e usados aqui, principalmente, na produção do açúcar. A crueldade da escravidão, marcada por agressões físicas, trabalho extenuante, má alimentação etc., motivava a resistência escrava.
Aqui no Brasil, os escravos fugiam e escolhiam regiões estratégicas que lhes garantiriam o máximo de proteção contra os portugueses, onde construíam vilas. Essas vilas formadas por escravos ficaram conhecidas como quilombos, um termo no quimbundo que era usado para referir-se a acampamentos militares que eram formados na região de Angola.
Muitos quilombos eram construídos com muralhas de madeira e com armadilhas espalhadas pelo seu redor como forma de garantir a proteção das populações que viviam naqueles locais. Dentro dos quilombos, a população era formada não apenas por africanos e seus descendentes, mas também por índios e homens brancos e livres.
A sobrevivência dos quilombolas era garantida por aquilo que eles retiravam da natureza e também do que eles plantavam e dos animais que eles criavam. O produto mais comum que era produzido pelos quilombolas era a farinha de mandioca, mas as roças dos quilombos também eram formadas por milho, feijão, batata-doce, abóbora, cana-de-açúcar, entre outros cultivares.
Frutos e raízes também serviam para a alimentação dos quilombolas, assim como a caça e a pesca. Criavam-se animais, como galinhas, e produziam-se itens que eram úteis para os colonos portugueses, como cerâmica e cachimbos, além de lenha. Por isso, muitos quilombos estabeleciam relações comerciais amistosas com as fazendas e engenhos nas redondezas.
Os engenhos eram alvos frequentes de ataques das autoridades portuguesas, que não mediam esforços para destruir essas comunidades. Muitos quilombos resistiam aos ataques portugueses, o que forçava as autoridades coloniais a utilizar inúmeros recursos na tentativa de destruí-los.
Culturalmente falando, era um local onde os africanos e seus descendentes tentavam resgatar traços de sua cultura, como as tradições, as festas, as práticas religiosas, as danças, entre outros.
Leia também: Negras forras e o comércio urbano colonial
Quilombo dos Palmares
Entre as centenas de quilombos que se formaram ao longo da história brasileira, o de maior destaque foi, sem dúvidas, o Quilombo dos Palmares. Este ficou conhecido por ter sido o maior quilombo de nossa história, chegando a possuir cerca de 20 mil habitantes espalhados entre os vários mocambos que o formavam.
O Quilombo dos Palmares foi formado na Serra da Barriga, localizada no atual estado de Alagoas. A primeira menção a esse quilombo remonta a 1597, mas acredita-se que tenha se formado antes disso, e, provavelmente, foi formado por escravos que haviam fugido dos engenhos da capitania de Pernambuco.
Palmares foi construído em uma região de difícil acesso e repleta de palmeiras, o que lhe rendeu seu nome. O principal mocambo que formava Palmares era o mocambo Macaco, mas esse quilombo possuía outros mocambos, como Andalaquituche, Osenga, Cucaú e muitos outros. O mocambo Macaco chegou a possuir cerca de 6 mil habitantes.
Em Palmares, era produzido tudo o que os palmaristas necessitavam para sobreviver, e desde muito cedo os habitantes precisaram lutar para garantir a sua sobrevivência e liberdade. Isso porque tem-se notícia de que já em 1602 houve expedições enviadas pelas autoridades coloniais com o intuito de destruir Palmares.
A resistência palmarista contra a repressão portuguesa foi dedicada e estendeu-se durante todo o século XVII. Em meados desse século, o quilombo aproveitou-se dos conflitos travados entre portugueses e holandeses e conseguiu crescer consideravelmente. Houve alguns problemas com os holandeses, mas a partir da expulsão destes, a situação ficou cada vez mais delicada para Palmares.
Em 1678, Palmares ficou dividido com a possibilidade de um acordo com os portugueses. Esse acordo de paz tinha sido aceito pelo líder do quilombo, Ganga Zumba, mas como previa que os palmaristas não nascidos no quilombo teriam de ser devolvidos aos seus antigos donos, se tornou um acordo impopular. Ganga Zumba foi assassinado, e o novo líder, Zumbi, rejeitou o acordo.
Zumbi foi o último líder do quilombo, mantendo sua posição de 1678 a 1695. Resistiu aos ataques portugueses, liderando os palmaristas na luta e expulsando expedições de portugueses diversas vezes. Em 1694, o Quilombo dos Palmares foi destruído, e Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695.
Créditos da imagem:
[1] ThalesAntonio e Shutterstock