Joana d’Arc

Joana d’Arc foi uma camponesa que liderou tropas francesas durante a Guerra dos Cem Anos. Ela conquistou significativas vitórias para a França, quebrando um ciclo de derrotas desse país. Capturada pelos ingleses, foi julgada e condenada por bruxaria, sendo morta na fogueira aos 19 anos de idade.

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Nascimento

Joana d’Arc, também conhecida como Donzela de Orleans, nasceu no ano de 1412, no vilarejo de Domrémy, atual vilarejo de Domrémy-la-Pucelle, na França. Alguns dizem que ela nasceu no dia 6 de janeiro de 1412, mas não existe comprovação disso. Seus pais — Jacques d’Arc e Isabelle Romée — eram camponeses. 

Joana d’Arc foi uma camponesa que mudou os rumos da França na Guerra dos Cem Anos.

Os pais de Joana d’Arc tiveram cinco filhos, e ela era a caçula da família. Os irmãos dela eram Jacquemin, Jean, Pierre e Catherine. A família de Joana d’Arc era extremamente católica e, portanto, a criação dela foi muito religiosa. Além disso, enquanto camponesa, ela começou a trabalhar cedo nas terras de seus pais.

Guerra dos Cem Anos

A vida de Joana d’Arc esteve inserida no contexto da Guerra dos Cem Anos, conflito dinástico travado entre França e Inglaterra, entre 1337 e 1453. Esse período contou com diversos ciclos de batalha, que foram interrompidos por períodos de paz. O que estava em disputa nesse conflito era o trono francês e territórios na Europa Ocidental.

Tudo começou com a morte do rei francês Carlos IV, no ano de 1328. O rei da França morreu sem deixar descendentes diretos, o que deu margem para que uma disputa se iniciasse pelo trono francês. Essa disputa ganhou contornos quando Eduardo III, rei da Inglaterra, reivindicou direito ao trono francês por ser descendente de Carlos IV.

A possibilidade de Eduardo III assumir o trono francês não agradava à nobreza francesa, porque isso poderia representar a perde da autonomia dos franceses para os ingleses. Assim, a reivindicação de Eduardo III foi negada com base em uma lei que impedia que mulheres e seus descendentes assumissem o trono, a Lei Sálica.

A nobreza francesa apoiou a coroação de Filipe VI como rei da França, o que aconteceu ainda em 1328. Isso criou um desgaste entre as duas coroas, e a rivalidade entre França e Inglaterra levou ao início da Guerra dos Cem Anos em 1337.

A longa duração dessa guerra afetou severamente o desenvolvimento do Reino da França, pois causou morte, destruição, doenças e fome. A guerra afetava a vida de todos e não era diferente com Joana d’Arc, pois ela residia em uma região cercada por terras dominadas pela Borgonha, um ducado que era leal à Inglaterra. A vila de Domrémy, por exemplo, já tinha sido atacada por aliados dos ingleses.

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Joana d’Arc vai à guerra

Como vimos, a criação de Joana d’Arc foi extremamente católica. Ela dizia que desde os 13 anos de idade tinha visões e ouvia vozes que a orientavam a participar da guerra contra os ingleses. Essas vozes, que eram de São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia, diziam que ela deveria liderar os franceses na expulsão dos ingleses, bem como concretizar a coroação do rei da França, Carlos VII.

Aos 16 anos, a jovem se convenceu acerca do que as supostas vozes e aparições diziam a ela e, então, deu início à trajetória que mudou a sua história e a de seu país.

Muitos historiadores estudam para entender a origem das supostas vozes e visões que Joana d’Arc alegava ouvir e ver. Atualmente, trabalha-se com a hipótese de que alguma doença poderia ter causado isso. As duas teorias falam que ela poderia sofrer de esquizofrenia ou de epilepsia idiopática parcial.

Aos 16 anos, ela convenceu um parente a deixá-la em Vaucouleurs, cidade onde estava instalada uma guarnição das tropas francesas. O chefe dessa guarnição era Robert de Baudricourt e foi nele que Joana d’Arc buscou ajuda. Ela pediu que Baudricourt organizasse uma escolta para levá-la a Chinon, local onde ficavam a corte e o rei francês.

Em Chinon ela encontrou o rei francês em uma reunião privada. Não sabemos o teor da reunião e o que foi dito pela camponesa, mas ela conseguiu convencer Carlos VII. Ela recebeu armas, vestimenta e autorização para liderar uma tropa com mais de 7 mil soldados. Joana d’Arc foi fundamental para elevar o moral dos soldados.

Existe um debate sobre a extensão da participação dela nas batalhas. Alguns historiadores acreditam que ela cumpriu um papel mais tático e motivacional nas tropas. Outros sugerem que ela esteve em campo de batalha. Polêmicas à parte, Joana d’Arc liderou duas vitórias cruciais para a França: em Orleans e em Reims.

A vitória em Reims permitiu que Carlos VII pudesse ser coroado nessa cidade, lugar tradicional para a monarquia francesa. A coroação dele aconteceu em 17 de julho de 1429. Joana d’Arc possibilitou que os franceses se reabilitassem numa guerra que estava quase perdida.

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Último anos

Em maio de 1430, durante a Batalha de Compiègne, Joana d’Arc foi capturada e vendida para os ingleses. Os inimigos da França estavam sedentos em descredibilizar o papel dela no conflito e, assim que a prenderam, iniciaram um processo de julgamento com diversas acusações, como heresia e bruxaria.

O julgamento contou com 100 acusadores e teve duração de quatro semanas. A condenação da francesa tinha razões políticas: deslegitimar as vitórias obtidas por ela era deslegitimar a coroação de Carlos VII em Reims (evento que só foi possível pela liderança de Joana d’Arc).

Assim, Joana d’Arc foi condenada por usar roupas masculinas e por bruxaria, sob a alegação de que as vozes que ela ouvia eram demoníacas. Assim, foi condenada à morte na fogueira – uma condenação comum que era dada pela Inquisição aos casos de bruxaria. A execução aconteceu em 30 de maio de 1431, quando ela tinha 19 anos de idade. Joana D’Arc foi queimada viva em Rouen.

Canonização

No século XX, a imagem de Joana d’Arc foi totalmente reabilitada e ela foi beatificada em 1909 e canonizada em 1920.

Durante o processo de julgamento de Joana d’Arc, o rei francês Carlos VII não agiu para salvar a camponesa que lhe garantiu a coroação. No entanto, depois da morte da jovem francesa, ele agiu nos bastidores da Igreja para conseguir o perdão para ela. Desse modo, o papa Calisto III anulou o processo de condenação em 1456.

No início do século XX, foi iniciado o processo para beatificação e canonização de Joana d’Arc. O processo se iniciou em 1909, quando Joana d’Arc foi beatificada, e se estendeu até 1920, quando ela foi canonizada no pontificado de Bento XV. Atualmente, Joana d’Arc é um dos grandes nomes da história francesa, além de ser padroeira do país.

Publicado por Daniel Neves Silva
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