Neonazismo

O neonazismo é uma ideologia que surgiu após a Segunda Guerra Mundial e que tem como base o resgate dos ideais nazistas. Os neonazistas são conhecidos por negar o Holocausto.
Grupo de neonazistas italianos fazendo a saudação nazista.*

O que é o neonazismo?

O neonazismo é um movimento político que surgiu na Europa após a Segunda Guerra Mundial e que tem como inspiração os ideais do nazismo. Os neonazistas utilizam os ideais nazistas para reproduzir sua visão de mundo deturpada e para promover o ódio contra determinados grupos, como negros, judeus, homossexuais, feministas, entre outros.

Os neonazistas são facilmente reconhecidos nos grupos de skinheads, conhecidos no Brasil como carecas, mas não estão presentes somente nesses grupos. A ideologia neonazista atua como um revisionismo histórico, na tentativa de resgatar, a partir da manipulação intencional dos fatos, a história do nazismo.

O neonazismo proliferou-se em muitas organizações clandestinas, como os já citados skinheads, e possui também associações com grupos de supremacistas, como o Ku Klux Klan. Os neonazistas, no entanto, não ficaram reclusos à clandestinidade e passaram a participar da política, criando partidos ou aderindo a partidos conservadores. Neste caso, são caracterizados pela linguagem moderada, que tenta esconder a influência da ideologia nazista.

Em muitos países europeus, como Rússia, Alemanha, Itália, Espanha e Áustria, o neonazismo cresceu consideravelmente, o que é perceptível pela presença desse grupo na política, na internet e, muitas vezes, nas ruas. Atualmente, esse movimento existe em todos os continentes, e muitos países têm percebido seu fortalecimento.

O neonazismo resgata diversos elementos que faziam parte do nazismo, começando pela defesa da supremacia racial, ou seja, da crença na suposta superioridade de determinadas raças humanas em relação a outras. Outro elemento muito importante desses grupos é o antissemitismo, o ódio aos judeus. Os neonazistas também se posicionam contra grupos de orientação comunista e anarquista e perseguem mulheres feministas.

Como parte do discurso revisionista de promover o resgate da ideologia nazista, dois elementos extremamente importantes devem ser levados em consideração: os discursos realizados com o objetivo de exaltar a personalidade de Hitler e os discursos que negam o acontecimento do Holocausto. Muitos grupos neonazistas partem do ponto de que o Holocausto não aconteceu e de que as provas existentes são falsas. Outros, no entanto, afirmam que o número de judeus mortos foi bem menor do que é propagado por historiadores.

Ideologia nazista

Os neonazistas exaltam Adolf Hitler,
o líder do nazismo.**

O nazismo surgiu na Alemanha em 1919, tornando-se um dos grandes partidos alemães no final da República de Weimar (1919-1933). O surgimento do nazismo e o fortalecimento do extremismo da extrema-direita alemã foram resultado dos fatos que aconteceram na Alemanha no começo do século XX.

Os primeiros elementos a serem considerados são a derrota que o país sofreu na Primeira Guerra Mundial e o impacto que essa perda teve para o moral e para a economia do país. Desde o século XIX, a Alemanha exaltava, consideravelmente, o militarismo e a guerra como caminhos para o engradecimento do país. Por isso, a derrota sofrida na Primeira Guerra gerou um abalo muito grande, o que levou uma parcela da sociedade a aderir a ideais extremistas.

Além disso, houve também a crise econômica que atingiu o país em dois momentos: no começo da década de 1920, resultante do impacto do Tratado de Versalhes, e após 1929, resultante do efeito da Grande Depressão. Havia também muita revolta pela humilhação sofrida nos termos do Tratado de Versalhes, que forçou a Alemanha a abrir mão de muita coisa. O resultado disso foi que o discurso populista da extrema-direita ganhou força em um país em colapso.

O Partido Nazista foi criado, oficialmente, em 1919 com o nome de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Adolf Hitler foi o grande líder do partido, mas o austríaco só se tornou, de fato, líder do nazismo a partir de 1921. O crescimento do nazismo estava diretamente relacionado com a capacidade retórica de Hitler.

De maneira resumida, a ideologia nazista incorporava diversos elementos, dos quais listaremos alguns abaixo:

  • Antissemitismo: os nazistas acreditavam que os judeus eram os responsáveis por todo o mal que acontecia com o país e que, por isso, deveriam ser combatidos.

  • Espaço vital: a ideologia nazista concebia uma ideia conhecida como “espaço vital”, a qual defendia que um espaço de terra era destinado para os alemães formarem o novo império.

  • Eugenia: os nazistas defendiam um ideal de pureza racial. A eugenia nazista deu margem para práticas como esterilização de pessoas consideradas “degeneradas” e estabelecimento de um “programa de eutanásia”, que visava à execução de pessoas com deficiências físicas e mentais.

  • Supremacia racial: os nazistas acreditavam que os germânicos, autodenominados “arianos”, eram uma raça superior.

Para ampliar seu conhecimento a respeito da ideologia nazista, recomendamos a leitura do texto “Nazismo”.

Holocausto

Um dos elementos centrais da ideologia nazista era o antissemitismo, uma vez que Hitler utilizou o povo judeu como bode expiatório para justificar os males que a Alemanha enfrentava. Uma parcela da sociedade alemã já manifestava antissemitismo antes mesmo do surgimento do nazismo. Hitler, por exemplo, tornou-se antissemita ainda na sua juventude, no tempo em que morava em Viena (Áustria).

Depois da Segunda Guerra, o antissemitismo de Hitler tornou-se discurso político, e diversas teorias conspiratórias começaram a surgir como forma de demonizar os judeus. Uma delas falava que a derrota da Alemanha na Primeira Guerra tinha sido parte de uma conspiração judaica. Havia também aqueles que afirmavam que os judeus e os comunistas estavam aliados em um plano de dominação mundial.

O discurso de ódio dos nazistas contra judeus transformou-se em práticas discriminatórias contra esse povo. Assim, os nazistas passaram a aprovar leis que restringiam os direitos dos judeus. Essa visão nazista é muito bem expressada pelo historiador Richard J. Evans. Para os alemães nazistas, os judeus

[…] não eram um fardo exaustivo, mas uma tremenda ameaça, não apenas ociosa, ou inferior, ou degenerada – embora a ideologia nazista também sustentasse que fosse tudo isso também – mas ativamente subversiva, engajada em uma imensa conspiração para minar e destruir tudo que fosse alemão, uma conspiração que além de tudo não era organizada apenas dentro do país, mas operava em base mundial1.

Antes mesmo da Segunda Guerra Mundial, a política nazista havia convertido-se em violência contra a comunidade judaica. Isso começou por meio dos pogroms (ataques coordenados contra um grupo) e, com o início da Segunda Guerra Mundial, transformou-se em uma política de extermínio, conhecida como Holocausto.

Hitler planejava exterminar os judeus após a vitória alemã na Segunda Guerra. No entanto, a cúpula nazista, altamente antissemita, convenceu-o da necessidade de se realizarem ações contra os judeus ainda com a guerra em curso. A forma como o Holocausto aconteceu foi resultado direto das ações de Heinrich Himmler e Reinhard Heydrich, membros da alta cúpula do Partido Nazista.

Ambos arquitetaram o plano chamado de Solução Final, que organizou e sistematizou o extermínio dos judeus da Europa. Antes de aprovado o extermínio em massa, os judeus eram aglomerados em guetos e campos de concentração. Nesse momento, debatia-se a respeito da deportação desse povo para fora da Europa.

Com a autorização de Hitler para o extermínio dos judeus, foi iniciado, de fato, a Solução Final. As ações nazistas aconteceram de duas maneiras: primeiro, foram organizadas ações de caça aos judeus no leste europeu, concluídas com fuzilamentos em massa. Essas ações eram realizadas pelos grupos de extermínio conhecidos como Einsatzgruppen. A ação desses grupos levou a fuzilamentos em massa em diversos locais, como na Lituânia e na Ucrânia.

Acesse também: Conheça a história do massacre em que as nazistas assassinaram 33 mil judeus

Quando a ação desses grupos mostrou-se limitada e sem condições de conduzir o extermínio dos judeus com a velocidade necessária, os alemães optaram por modificar sua estratégia. Assim, os nazistas optaram por utilizar câmaras de gás para promover a execução em massa dos judeus. Foram construídos seis campos de extermínio que possuíam câmaras de execução por meio do uso de monóxido de carbono ou Zyklon B.

Dos 9 milhões de judeus que havia na Europa antes da guerra, 2/3 foram mortos. Assim, o Holocausto resultou na morte de 6 milhões de judeus por ação dos nazistas.

Neofascismo

O fenômeno do neonazismo não é recente, surgiu no contexto pós-guerra e foi realizado por pessoas que sobreviveram à derrota na guerra e que eram partidárias da ideologia nazista. O objetivo dos neonazistas é resgatar o nazismo. Mais recentemente, historiadores e cientistas políticos também têm debatido a respeito de um novo fenômeno: o neofascismo.

O debate a respeito do neofascismo é, porém, bem mais complexo em virtude das dificuldades de se definir claramente essa ideologia política. O fascismo é muito maleável e adapta-se a diferentes contextos políticos e sociais, portanto, não tem uma faceta uniforme. Há, no entanto, algumas semelhanças entre os movimentos fascistas que surgem em diferentes locais.

Nesse caso, o neofascismo é a forma como têm sido chamados os movimentos políticos atuais que se aproximam ideologicamente e que utilizam estratégias políticas semelhantes ao fascismo clássico.

Para ampliar seus conhecimentos sobre fascismo e neofascismo, sugerimos a leitura do texto “Fascismo”.

Símbolos neonazistas

Grupos neonazistas podem ser facilmente identificados por conta de alguns símbolos usados por eles. Esses símbolos vão muito além da suástica e de outros símbolos de esquadrões relacionados com o nazismo. Existem, portanto, outras representações que foram criadas ou ressignificadas pelos grupos neonazistas. Seguem alguns exemplos abaixo.

Cruz Celta
(Créditos da imagem: Eugenio Marongiu / Shutterstock)

Cruz Celta

Muitos grupos nacionalistas pegaram a cruz celta, originalmente um símbolo religioso do cristianismo na Irlanda e na Britânia, e transformaram-na em um símbolo que representa movimentos ultranacionalistas e supremacistas vinculados com o neonazismo.

Cruz de Ferro
(Créditos da imagem: Militarist / Shutterstock)

Cruz de Ferro

Era uma honraria militar que a Alemanha concedia aos seus soldados até o final da Segunda Guerra Mundial, mas, após essa guerra, diversos símbolos que possuíam alguma associação com o nazismo foram proibidos na Alemanha. Muitos grupos neonazistas utilizam a cruz de ferro com uma suástica no meio para fazer uma associação imediata com o movimento.

Símbolo da SS

Símbolo da SS

A Schtuzstaffel era conhecida como a polícia de segurança nazista e esteve diretamente ligada com ações realizadas no Holocausto. O símbolo da SS no uniforme nazista utilizava uma letra rúnica (forma de escrita utilizada pelos nórdicos vikings). O símbolo utilizando as inscrições rúnicas era ϟϟ.

88 significa "Heil Hitler"
(Créditos da imagem: Divulgação UOL)

Número 88

Muitos grupos neonazistas têm utilizado o número “88” como forma codificada de referir-se a “HH”, sigla usada para “Heil Hitler”, saudação utilizada pelos nazistas. Muitos também utilizam o número “18” para “AH” ou Adolf Hitler e “28” para “Blood and Honour”, frase utilizada por neonazistas cujo significado é “Sangue e Honra”.

Outros símbolos utilizados pelos neonazistas são o “sol negro” e um outro símbolo rúnico conhecido como Odal.

Grupos neonazistas do Brasil

No Brasil, também existem grupos neonazistas. A concentração desses grupos é muito grande nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, sobretudo nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os neonazistas brasileiros, naturalmente, inspiram-se na ideologia nazista, promovendo o ódio contra negros, homossexuais, mulheres feministas, judeus, entre outros.

Existe nesses grupos também um ódio muito grande contra migrantes internos, sobretudo os da região Nordeste. Muitos manifestam sua xenofobia contra determinadas nacionalidades que migram para o Brasil, como venezuelanos, bolivianos e haitianos. Os neonazistas atuam na clandestinidade e organizam ações de ataque contra pessoas dos grupos citados.

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EVANS, Richard J. O Terceiro Reich no poder. São Paulo: Planeta, 2014, p. 604.

**Créditos da imagem: Everett Historical e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
Química
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