Pan-eslavismo

O pan-eslavismo foi um movimento político e nacionalista pautado na união dos povos eslavos da Europa Oriental. Defendia os valores, origem e cultura eslavos.
Durante a década de 1920, o pintor tcheco Alfons Mucha representou a história dos povos eslavos por meio da série Slavs epopee (Epopeia eslava).

 O pan-eslavismo foi um movimento político e nacionalista que surgiu, no século XIX, pautado na união dos povos eslavos da Europa Oriental. Ao longo da história, ele foi fundamental para o acirramento da disputa entre o Império Austro-Húngaro e a Áustria pela Bósnia-Herzegovina, o que acabou culminando na Primeira Guerra Mundial e serviu para os interesses políticos e econômicos russos de expansão na Europa Oriental.

Assim como o pangermanismo, o pan-eslavismo pode ser considerado como fator importante para o fortalecimento de movimentos ultranacionalistas no cenário europeu, que resultaram na ascensão de governos autoritários e totalitários.

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Resumo sobre o pan-eslavismo

  • Surgiu no século XIX e foi um movimento político e nacionalista pautado na união dos povos eslavos da Europa Oriental.
  • Defendia os valores, origens e cultura eslavos, era contrário ao contato e influência ocidentais. Buscava a união dos povos pertencentes ao grupo linguístico eslavo, tais como: servos, croatas, russos, poloneses, tchecos, búlgaros, ucranianos e eslovacos. 
  • Serviu para os interesses políticos e econômicos russos de expansão na Europa Oriental.
  • Foi fundamental para o acirramento de disputas envolvendo o Império Austro-Húngaro e a Áustria pela Bósnia-Herzegovina, culminando na Primeira Guerra Mundial.
  • O pan-eslavismo e o pangermanismo se fortaleceram por meio da defesa do expansionismo territorial de seus respectivos povos e estão inseridos em uma política imperialista.
  • O pan-eslavismo pode ser apontado como uma das motivações que desencadearam o estopim da Primeira Guerra Mundial, enquanto o pangermanismo foi fundamental no processo de unificação alemã, ao final do século XIX, e no acirramento das tensões durante a Segunda Guerra Mundial.

O que foi pan-eslavismo?

O pan-eslavismo surgiu no século XIX e foi um movimento político e nacionalista pautado na união dos povos eslavos da Europa Oriental. Os povos eslavos pertencem ao tronco linguístico indo-europeu, são originários da Europa Central e, conforme a lenda, descendem de irmãos que migraram para as regiões de Moscou, Praga e Varsóvia.

Ao longo da história, o pan-eslavismo serviu aos interesses políticos e econômicos russos de expansão na Europa Oriental a fim de conseguir acessar o mar Negro e o mar Mediterrâneo, além da busca pelo domínio do estreito de Bósforo e do estreito de Dardanelos.

Quais eram os objetivos do pan-eslavismo?

O pan-eslavismo defendia os valores, origens e cultura eslavos, era contrário ao contato e à influência ocidentais. Além disso, buscava a união dos povos pertencentes ao grupo linguístico eslavo, tais como: servos, croatas, russos, poloneses, tchecos, búlgaros, ucranianos e eslovacos. 

O pan-eslavismo também defendia a libertação dos povos eslavos do domínio do Império Austro-Húngaro e do Império Turco-Otomano. Assim, ele foi fundamental para o acirramento de disputas envolvendo o Império Austro-Húngaro e a Áustria pela Bósnia-Herzegovina.

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O pan-eslavismo na Primeira Guerra Mundial

O pan-eslavismo foi fundamental para o fortalecimento do sentimento de pertencimento e nacionalismo entre os povos de origem eslava na região balcânica. A crise balcã, associada aos interesses imperialistas russo, austro-húngaro e às lutas pela liberdade dos povos eslavos, foi fundamental para a eclosão da Primeira Guerra Mundial. 

Desejando liberdade, a Sérvia buscou ajuda da Rússia, que defendia o pan-eslavismo. A Sérvia era um reino de origem eslava e, por meio do pan-eslavismo, buscava construir um Estado reunindo todos os povos eslavos na região dos Bálcãs. Nesse sentido, a Sérvia passou a apoiar movimentos e lutas de independência dos povos eslavos que estavam sob o domínio do Império Austro-Húngaro na região dos Bálcãs. Desde a desintegração do Império Turco-Otomano, a região dos Balcãs era espaço de disputas e conflitos nacionalistas envolvendo sérvios, croatas e bósnios

A Bulgária, com o apoio do Império Austro-Húngaro, invadiu a Sérvia, entretanto, não obteve sucesso. Os eslavos da Bósnia-Herzegovina, com apoio da Sérvia, iniciaram uma série de revoltas. Buscando acalmar a situação, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro, foi visitar Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina. Entretanto, durante a visita, o arquiduque austro-húngaro foi assassinado por Gavrilo Princip, estudante sérvio, membro do grupo ultranacionalista Mão Negra, que defendia o pan-eslavismo.

Após o assassinato de Francisco Ferdinando, o Império Austro-Húngaro exigiu que a Sérvia permitisse a participação austríaca nas investigações do ocorrido assim como o estabelecimento de um forte combate aos nacionalistas radicais na região. Sem ter as suas exigências atendidas, o império declarou guerra à Sérvia, ativando a política de alianças e iniciando a Primeira Guerra Mundial. 

O arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa minutos antes do atentado que deu início à Primeira Guerra Mundial. [1]

Pan-eslavismo e pangermanismo

O pan-eslavismo e o pangermanismo foram fundamentais para a ascensão e o fortalecimento de regimes autoritários e totalitários, como o nazismo e fascismo, por meio do ultranacionalismo e da defesa do militarismo. Ambas as teorias se fortaleceram por meio da defesa do expansionismo territorial de seus respectivos povos e estão inseridas em uma política imperialista e neocolonial.

Por meio do pan-eslavismo, a Rússia defendia a independência das minorias locais na região balcânica, indo contra os interesses do Império Austro-Húngaro. O pan-eslavismo pode ser apontado como uma das motivações da Primeira Guerra Mundial, enquanto o pangermanismo foi fundamental no processo de unificação alemã, ao final do século XIX, e no acirramento das tensões durante a Segunda Guerra Mundial.

O pan-eslavismo apresentava a proposta da formação da Grande Sérvia por meio do apoio da Rússia e defendia a união dos povos eslavos, enquanto o pangermanismo era antissemita e buscava a união dos povos germânicos da Europa Central, tendo como principal representante a Alemanha. 

Exercícios resolvidos sobre o pan-eslavismo

Questão 1

(PUC-PR 2017) “O nascimento dos movimentos de unificação não coincidiu com o nascimento do imperialismo; por volta de 1870, o pan-eslavismo já havia se libertado das vagas e confusas teorias dos eslavófilos, e já em meados do século XIX o sentimento pangermânico era corrente na Áustria. Contudo, somente após a triunfal expansão imperialista das nações ocidentais nos anos 80 cristalizaram-se movimentos, seduzindo a imaginação de camadas mais amplas. As nações da Europa central e oriental, que não tinham possessões coloniais e mal podiam almejar a uma presença no ultramar, decidiram então que “tinham o mesmo direito à expansão que os outros grandes povos e que, se não [lhes] fosse concedida essa possibilidade no além-mar, [seriam] forçadas a fazê-lo na Europa.”

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 314.

Acerca dos movimentos do pan-eslavismo e do pangermanismo, assinale a alternativa CORRETA.

a) A Rússia combateu ambos os movimentos, pois tinha interesses imperialistas no Leste Europeu, dificultados pelo nacionalismo de tais grupos, que resistiam a uma possível anexação ao Império Russo.   

b) A chamada Crise dos Bálcãs foi resolvida somente após a assinatura do Tratado de Versalhes, que separou o antigo Império Austro-Húngaro em diversos países e criou a Iugoslávia, unindo os povos eslavos num mesmo Estado.   

c) O pangermanismo criado no século XIX propunha o estabelecimento de um único Estado reunindo os povos de língua alemã, por isso mesmo, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18) a Alemanha tentou anexar territórios entrando em confronto contra o Império Austro-Húngaro.   

d) Movimento nacionalista pela união de todos os povos de origem eslava da Europa oriental, o pan-eslavismo era liderado pelos sérvios e esteve envolvido no estopim da Primeira Guerra Mundial, quando um estudante do movimento assassinou o arquiduque austríaco Francisco Ferdinando e sua esposa.   

e) Tal como o pan-eslavismo, o pangermanismo foi discutido no período pós-guerra, levando à assinatura no Tratado de Versalhes em 1919, quando a Alemanha consegue o direito de anexar territórios a leste, como o Porto de Dantzig.  

Resposta: Letra D. O texto faz referência ao surgimento do pan-eslavismo e ao pangermanismo, destacando como se deu a construção do forte nacionalismo que contribuiu para o estopim da Primeira Guerra Mundial após o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro. 

Questão 2

(CFTCE) É coerente com as razões que levaram à 1ª Grande Guerra Mundial:

a) O processo de imperialismo, promovido pelas grandes potências capitalistas da Europa, principalmente França, Inglaterra e Alemanha, gerou conflitos e até confrontos pela disputa de territórios, ao ponto de desencadear a 1ª Guerra.   

b) O pan-eslavismo defendia a união da Rússia com a Alemanha, objetivando a fusão dos povos germânicos.   

c) Temendo uma ofensiva alemã, Japão, Inglaterra e França formaram a Tríplice Aliança.   

d) O início da guerra se deu quando as tropas alemãs invadiram a Polônia, apresentando ao mundo a famosa guerra relâmpago, deixando marcas desastrosas para os poloneses.   

e) Um dos fatos que contribuíram para o final do confronto foi a entrada da Rússia na Guerra, pois tinha um exército grande e bem preparado, impondo aos alemães derrotas vexatórias.  

Resposta: Letra A. Inserido no contexto de imperialismo e neocolonialismo, as potências econômicas europeias necessitavam de mão de obra, matéria-prima e mercado consumidor. As disputas territoriais, o estabelecimento de alianças e o fortalecimento do nacionalismo foram fundamentais para o desencadeamento do conflito.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

Fontes:

BOULOS JUNIOR, Alfredo. História: sociedade e cidadania, 9° ano. São Paulo: FTD, 2009.

CAMPOS, Flavio de; CLARO, Regina; DOLHNIKOFF, Miriam. História: escola e democracia. 1ª ed. São Paulo: Moderna, 2018.

MELLO, C. A. de, & BERCOVICI, G. (1994). Bósnia-Herzegóvina: uma análise geopolítica. Revista Da Faculdade De Direito, Universidade De São Paulo, 89, 271-284.

RENAN, E. O que é uma nação? Revista Aulas, Campinas, v. 2, n. 2, p. 1-21, 2006. 

Publicado por Vanessa Clemente Cardoso
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