Expressionismo

O Expressionismo foi um movimento estético embalado pela arte moderna do início do século XX e teve expoentes nas artes visuais, no cinema, no teatro, na literatura, na música, na dança, na arquitetura e na fotografia.

Contrapôs-se ao academicismo artístico, à sistematização alienante do mundo industrial e principalmente à representação objetiva do Impressionismo: em vez de captar a realidade, o Expressionismo cria a realidade, em um movimento do interior para o exterior, valorizando aspectos irracionais e instintivos no procedimento artístico.

Engajados em um projeto de crítica social de seu tempo, os expressionistas comumente elegiam temas relacionados à angústia da condição humana, à morte, ao medo, ao sexo, muitas vezes representados de maneira sombria e com figuras deformadas.

Selo alemão com representação de paisagem expressionista de Erich Heckel. [1]

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Contexto histórico

O Expressionismo surge no início do século XX, em tentativa da arte moderna de representar um mundo em constante transformação. As mudanças provocadas pela automatização industrial em larga escala, pelo crescimento acelerado das grandes metrópoles e pelo surgimento de novas tecnologias apresentavam um novo paradigma, transformavam a maneira como o ser humano existe e interage com o mundo.

Assim, a arte precisava também contemplar a vivência humana desses novos tempos. De modo geral, os expressionistas tentaram captar o drama da existência, da tentativa do homem de dominar a realidade, mas ser arrastado por ela.

O advento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) também influenciou profundamente os artistas expressionistas. O combate, que devastou a Europa e ceifou um enorme número de vítimas, trouxe à tona um cenário de sofrimento, fome, recessão econômica e deterioração moral. Os horrores desse longo conflito evidenciaram um mundo caótico, violento, esfacelado e moribundo, dando ao período e aos sujeitos uma sensação de constante aflição e desespero.

Erich Heckel, Dois homens feridos, 1915.

O momento do pós-guerra na Alemanha, país considerado o berço do Expressionismo, trouxe uma sensação ainda maior de derrota e miséria. O país foi à bancarrota, a moeda nacional não tinha mais valor, e os alemães sentiam-se vexados e humilhados, situação que favoreceu o golpe parlamentar de Hitler e a tomada do poder pelo partido nazista. Importante acrescentar também que o Expressionismo sofreu grande repressão do governo nazista, que considerava a arte moderna como “degenerada”.

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Principais características do Expressionismo

O Expressionismo foi um movimento muito diversificado, fundado por dois grupos: A Ponte, de 1905, e O Cavaleiro Azul, de 1911, que reuniram majoritariamente artistas alemães. Em uma segunda fase, monta-se o grupo Nova Objetividade, já de caráter internacional. Embora não houvesse um manifesto ou uma declaração programática dos objetivos e procedimentos da arte expressionista, podem ser apontadas como principais as seguintes características:

  • o entendimento de que a experiência da realidade é subjetiva;
  • a não representação mimética da realidade;

  • a valorização da gravura e da arte primitiva;

  • a deformação das formas e o uso de cores vibrantes para ressaltar o sentimento, a interioridade;

  • a poética do feio, a representação do que é tido como indesejável;

  • a preferência por temas sombrios e mórbidos.

Principais artistas do Expressionismo

Edvard Munch, O grito, 1893.

Nas artes plásticas, destacam-se como precursores da arte expressionista os pintores Edvard Munch e Vincent Van Gogh.

Podem ser considerados como os principais nomes do Expressionismo:

  • Emil Nolde

  • Erich Heckel

  • Ernst Barlach

  • Vassili Kandinsky (antes de sua fase abstracionista)

  • Franz Marc

  • Otto Dix

  • Amadeo Modigliani

Essa vanguarda apresentou seus desdobramentos também na produção dos brasileiros Anita Malfatti e Oswaldo Goeldi, bem como na produção de Lasar Segall.

No cinema, a grande figura é principalmente Fritz Lang, diretor dos clássicos Metrópolis (1927) e M, o vampiro de Dusseldorf (1931), ao lado de Robert Wiene com o icônico O gabinete do Dr. Caligari (1920) e de F. W. Murnau e seu Nosferatu (1922).

Na literatura, os principais nomes são Herwart Walden, Frank Pfemfert e Georg Trakl. Os brasileiros Mario de Andrade e Oswald de Andrade também receberam influências da estética expressionista.

Franz Marc, Cavalo azul II, 1911.

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Expressionismo na literatura

O desdobramento literário do movimento concentra-se na fundação da revista Der Sturm (A Tempestade), editada por Herwart Walden, figura responsável pela popularização do termo “expressionismo”. Foi a mais influente revista do Expressionismo, esteve em circulação entre os anos de 1910 e 1932, e divulgou a obra de diversos escritores — muitos destes acabaram mortos na Primeira Guerra Mundial.

Die Aktion (A Ação), fundado por Franz Pfemfert, foi também um periódico expressionista em circulação entre 1911 e 1932. Era uma publicação mais politizada, elencando temas de preocupação social e alinhada às ideologias de esquerda. Houve, ainda, as revistas expressionistas Die Weissen Blätter (As Folhas Brancas) e Der Stürmer (O Tempestuoso).

São características da poética expressionista:

  • a ênfase na subjetividade do escritor, que projeta nos textos sua percepção da realidade;

  • a linguagem direta e a liberdade formal;

  • a descrição pormenorizada da interioridade das personagens;

  • a inclinação ao grotesco e ao uso de metáforas hiperbólicas.

Crédito de imagem

[1] neftali / Shutterstock

Publicado por Luiza Brandino
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