Keynesianismo

O keynesianismo é uma teoria econômica intervencionista que preconiza a intervenção do Estado por meio do aumento dos gastos públicos.
O keynesianismo surgiu durante as consequências da Crise de 1929.

O keynesianismo é uma teoria econômica que preconiza a intervenção governamental na economia para garantir estabilidade, com foco nos gastos públicos e nos empregos públicos. Originou-se no Reino Unido, durante a Grande Depressão, e foi aplicado globalmente, incluindo o New Deal dos EUA.

Embora suas vantagens incluam o combate a recessões, críticos apontam riscos de inflação e ausência de eficácia no longo prazo. O keynesianismo se contrasta com o liberalismo e o neoliberalismo, que favorecem menor intervenção estatal. A críticas dirigidas a ele incluem preocupações com inflação, expectativas racionais e liberdade individual. Milton Friedman, Robert Lucas e Friedrich Hayek estão entre os críticos proeminentes.

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Resumo sobre o keynesianismo

  • O keynesianismo é uma teoria econômica desenvolvida por John Maynard Keynes, no século XX, cujo enfoque é a intervenção estatal na economia para promover estabilidade.
  • A teoria tem ênfase na demanda efetiva e nas políticas fiscais e monetárias para estimular ou conter a demanda agregada.
  • Preconiza a intervenção do governo, aumentando gastos públicos em recessões e reduzindo-os em alta inflação para estabilizar a economia.
  • Originou-se no Reino Unido, durante a Grande Depressão, com a publicação da obra A teoria geral, por Keynes em 1936.
  • Seu criador, Keynes, economista britânico, nasceu em 1883, estudou em Cambridge e desempenhou papel crucial no desenvolvimento do keynesianismo.
  • Foi aplicado no New Deal dos EUA e em políticas de reconstrução pós-guerra de vários países.
  • Suas vantagens incluem combate a recessões, mas críticos apontam riscos de inflação e ausência de eficácia no longo prazo.
  • Contrasta-se com o liberalismo e o neoliberalismo, uma vez que esses oferecem visões de menor intervenção econômica estatal.
  • As críticas que recebe incluem preocupações com inflação, expectativas racionais e liberdade individual, e desafios perante a estagflação.

Videoaula sobre o keynesianismo

O que é o keynesianismo?

John Keynes em 1933.

O keynesianismo é uma teoria econômica desenvolvida por John Maynard Keynes, no século XX, que enfatiza a intervenção governamental na economia para estabilizar o ciclo econômico.

Essa abordagem defende que, em momentos de recessão, o governo deve aumentar os gastos públicos e reduzir os impostos para estimular a demanda agregada e, assim, promover o emprego e o crescimento econômico. Por outro lado, em períodos de alta inflação, o governo deve adotar políticas de contenção fiscal para evitar o superaquecimento da economia.

Características do keynesianismo

Dentre as principais características do keynesianismo, pode-se destacar:

  1. Intervenção governamental: enfatiza-se a necessidade de intervenção ativa do governo na economia para combater flutuações econômicas, como recessões e depressões. Isso inclui políticas fiscais e monetárias para estimular ou conter a demanda agregada, dependendo das condições econômicas.
  2. Ciclos econômicos: reconhece-se a existência de ciclos econômicos, com flutuações naturais no emprego e na produção. O governo deve intervir para suavizar esses ciclos, evitando altas taxas de desemprego durante as recessões.
  3. Política monetária e fiscal: preconiza-se o uso de políticas monetárias (controle da oferta de dinheiro e taxas de juros) e fiscais (gastos e impostos) como ferramentas para alcançar objetivos macroeconômicos, como o pleno emprego e a estabilidade de preços.
  4. Papel contracíclico: sugere-se que o governo adote políticas contracíclicas, aumentando os gastos durante as recessões e reduzindo-os durante os períodos de alta inflação para manter a estabilidade econômica.
  5. Foco no curto prazo: concentra-se principalmente no curto prazo, na gestão das flutuações econômicas imediatas, em contraste com algumas teorias econômicas mais orientadas para o longo prazo.
  6. Crítica ao laissez-faire: desafiou-se a ideia do laissez-faire, típica do liberalismo, que defende a não intervenção do governo na economia, argumentando que o mercado livre não necessariamente levará a um pleno emprego e à estabilidade econômica.

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Como funciona o keynesianismo?

A principal obra de John Maynard Keynes que fundamenta o keynesianismo é A teoria geral do emprego, do juro e da moeda (The General Theory of Employment, Interest, and Money), publicada em 1936. Nesse livro, Keynes apresenta sua teoria e descreve o funcionamento da economia de acordo com a lógica keynesiana.

Na obra, Keynes argumenta que a economia pode ficar presa em equilíbrios de desemprego involuntário, quando os mercados não conseguem se ajustar rapidamente para atingir o pleno emprego. Ele introduz conceitos-chave, como a “demanda efetiva” — que representa a demanda agregada na economia, composta por consumo, investimentos, gastos públicos e exportações líquidas. Keynes argumenta que a demanda efetiva é fundamental para determinar o nível de produção e emprego em uma economia.

Keynes também discute o conceito de “propensão marginal a consumir” — que se refere à parcela adicional de renda que as pessoas gastam. Ele afirma que a propensão marginal a consumir pode variar e que, em tempos de crise econômica, as pessoas tendem a poupar mais, o que pode levar a uma queda na demanda efetiva. Isso, por sua vez, pode resultar em desemprego e subutilização de recursos.

Além disso, o autor aborda a importância da política fiscal e monetária para a gestão da demanda efetiva. Ele argumenta que, em momentos de recessão, o governo deve aumentar os gastos públicos e/ou reduzir os impostos para estimular a demanda e reverter o desemprego. Ele também destaca a capacidade do banco central de influenciar as taxas de juros e a oferta de dinheiro para afetar o investimento e o consumo.

Origem do keynesianismo

O keynesianismo teve origem no Reino Unido, no contexto da Grande Depressão dos anos 1930, que se seguiu à Crise de 1929 nos EUA. Foi desenvolvido por John Maynard Keynes, um economista britânico, cuja obra A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, publicada em 1936, lançou as bases da teoria.

No auge da depressão, Keynes argumentou que os mercados não se autorregulavam eficientemente e que o desemprego em massa poderia persistir sem a intervenção governamental. Sua teoria enfatizou a importância da demanda efetiva na determinação do emprego e defendeu políticas fiscais e monetárias ativas para estabilizar a economia.

A primeira aplicação prática do keynesianismo ocorreu nos Estados Unidos, durante o governo de Franklin D. Roosevelt, com o New Deal, que incluiu uma série de medidas de estímulo fiscal para combater a Grande Depressão. Essa abordagem também se tornou a base para a política econômica de muitos outros países no pós-guerra e desempenhou um papel fundamental na recuperação econômica do pós-Segunda Guerra Mundial.

Quem foi Keynes?

John Maynard Keynes (1883-1946) foi um economista britânico conhecido por suas contribuições para a teoria econômica e suas políticas econômicas inovadoras. Ele nasceu em Cambridge, Reino Unido, e estudou na Universidade de Cambridge, onde se graduou em matemática e economia.

Posteriormente, lecionou na mesma universidade e ocupou cargos governamentais importantes durante as duas Guerras Mundiais, incluindo a equipe de negociação do Tratado de Versalhes após a Primeira Guerra Mundial. Sua obra mais influente, A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, publicada em 1936, teve grande impacto no pensamento econômico ao destacar a importância da demanda efetiva e da intervenção governamental na economia.

John Keynes, à esquerda, na inauguração do FMI em 1946.

Aplicação do keynesianismo

O keynesianismo foi aplicado em diversos países e contextos ao longo do século XX. Sua influência mais significativa ocorreu durante a Grande Depressão, após a Crise de 1929.

Nos Estados Unidos, o New Deal, implementado pelo presidente Franklin D. Roosevelt na década de 1930, foi uma das primeiras aplicações práticas do keynesianismo. Esse programa envolveu uma série de políticas de estímulo fiscal, como a criação de empregos públicos e investimentos em infraestrutura, para combater a depressão econômica.

Na Grã-Bretanha, país de origem de John Maynard Keynes, o keynesianismo também foi adotado como parte das políticas de reconstrução pós-Segunda Guerra Mundial. O governo britânico implementou políticas de bem-estar social, investimento em habitação e serviços públicos, e adotou uma abordagem keynesiana para lidar com o desemprego e promover o pleno emprego.

Além dos Estados Unidos e do Reino Unido, muitos outros países ocidentais, incluindo Canadá, Austrália, França e Alemanha, também adotaram políticas keynesianas após a Segunda Guerra Mundial. Essas políticas incluíam o aumento dos gastos públicos, a regulação do setor financeiro e a promoção do emprego.

O keynesianismo também desempenhou um papel importante em países em desenvolvimento, onde a industrialização e a modernização econômica eram metas cruciais. Por exemplo, no Japão, após a Segunda Guerra Mundial, o governo adotou políticas keynesianas para reconstruir a economia e promover o crescimento industrial.

No entanto, ao longo das décadas, o keynesianismo passou por adaptações e mudanças em resposta a diferentes contextos econômicos, como a estagflação dos anos 1970. A ascensão do neoliberalismo, nas décadas de 1980 e 1990, levou a uma reversão em muitos países para políticas econômicas mais orientadas para o mercado.

Vantagens e desvantagens do keynesianismo

Ao longo da história do pensamento econômico recente, diversos autores se dedicaram a estudar o keynesianismo. Muitos publicaram obras que o defendem e apontam suas vantagens; outros tantos publicaram trabalhos que o criticam, apontando desvantagens. Pode-se resumir essa discussão com os principais pontos abaixo.

→ Vantagens do keynesianismo

  1. Paul Samuelson, em Economia (1948): o economista americano enfatizou a importância do keynesianismo para a estabilização econômica. Ele argumentou que as políticas keynesianas, como o estímulo fiscal, podem ajudar a evitar recessões prolongadas e o desemprego em massa, tornando a economia mais resiliente.
  2. James Tobin, em Liquidity Preference as Behavior Towards Risk (1958) (Preferência pela liquidez como comportamento para o risco, em tradução livre): o economista americano desenvolveu a teoria da preferência pela liquidez, de Keynes. Ele defendeu que a intervenção do governo para reduzir as taxas de juros pode estimular o investimento privado e impulsionar o crescimento econômico, contribuindo para uma economia mais estável.

→ Desvantagens do keynesianismo

  1. Milton Friedman, em A Theory of the Consumption Function (1957) (Teoria da função do consumo, em tradução livre): o economista americano criticou o keynesianismo por seu foco excessivo nas políticas de demanda, argumentando que essas políticas podem levar à inflação se não forem bem calibradas. Ele promoveu a ideia de que o controle da oferta de moeda e a estabilidade dos preços são fundamentais para evitar crises econômicas.
  2. Robert Lucas, em Expectations and the Neutrality of Money (1972) (Expectativas e neutralidade do dinheiro, em tradução livre): o economista americano questionou a capacidade do governo de prever e responder eficazmente às flutuações econômicas. Ele argumentou que as expectativas racionais dos agentes econômicos podem tornar as políticas keynesianas ineficazes, pois as pessoas ajustam seu comportamento antecipando ações do governo, minando assim o sucesso dessas políticas.
Milton Friedman: economista opositor das ideias de Keynes e vencedor do Nobel.

Liberalismo x keynesianismo x neoliberalismo

O liberalismo econômico e o keynesianismo são duas abordagens opostas na economia. O liberalismo defende a não intervenção do governo na economia, enfatizando o livre mercado como o principal mecanismo de alocação de recursos e promovendo a mínima regulação governamental.

Por outro lado, o keynesianismo preconiza a intervenção ativa do governo na economia para combater recessões e promover o pleno emprego, enfatizando o papel das políticas fiscais e monetárias, como gastos públicos e controle de juros, na estabilização econômica.

Enquanto o liberalismo enfoca a confiança no mercado para autorregular a economia, o keynesianismo destaca a necessidade de o governo desempenhar um papel significativo na gestão das flutuações econômicas, priorizando o bem-estar social e a estabilidade macroeconômica.

O keynesianismo e o neoliberalismo representam duas abordagens econômicas contrastantes. Enquanto o keynesianismo preconiza a intervenção governamental na economia para estabilização e promoção do bem-estar social, o neoliberalismo, conforme definido no Consenso de Washington, é uma abordagem que advoga pela minimização da intervenção estatal na economia em favor de mercados livres e desregulamentados, enfatizando a importância da competição e da livre iniciativa.

Em termos práticos, essa diferença é evidente nas políticas econômicas: o keynesianismo busca a gestão ativa do governo durante crises econômicas, enquanto o neoliberalismo defende a redução do papel do governo e a ênfase na liberalização econômica, privatização e minimização das barreiras ao comércio e investimento.

O liberalismo clássico, exemplificado pelas ideias de Adam Smith e David Ricardo nos séculos XVIII e XIX, enfatiza a noção de “mão invisível” do mercado, em que a autorregulação do mercado leva à alocação eficiente de recursos, com um governo mínimo. Por outro lado, o neoliberalismo, que ganhou destaque no século XX, especialmente com a influência de Friedrich Hayek e Milton Friedman, representa uma evolução do liberalismo clássico.

O neoliberalismo, ao defender a minimização da intervenção estatal, dá maior ênfase à liberalização econômica, à privatização e à redução de regulamentações, promovendo uma visão mais radical de mercados livres. Enquanto o liberalismo clássico ainda pode aceitar algum grau de intervenção governamental para garantir justiça e segurança, o neoliberalismo tende a advogar por um Estado ainda menor e uma confiança ainda maior na autorregulação dos mercados.

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Críticas ao keynesianismo

O keynesianismo também enfrentou críticas significativas ao longo do tempo, especialmente de economistas que defendem abordagens econômicas mais orientadas para o mercado. Dentre as principais críticas ao modelo keynesiano, pode-se citar:

  1. Inflação e estagflação: Milton Friedman, em sua obra A Theory of the Consumption Function (1957) e em outros trabalhos, criticou o keynesianismo por sua tendência a gerar inflação quando os governos adotam políticas expansionistas sem controle. Além disso, a estagflação dos anos 1970, caracterizada por alta inflação e estagnação econômica, levou a críticas de que as políticas keynesianas eram inadequadas para lidar com esse cenário.
  2. Expectativas racionais: economistas como Robert Lucas, em Expectations and the Neutrality of Money (1972), argumentaram que as políticas keynesianas eram frequentemente ineficazes devido à capacidade das pessoas de antecipar as ações do governo. Se as expectativas racionais dos agentes econômicos são levadas em consideração, as políticas keynesianas podem ser menos eficazes em afetar o comportamento econômico.
  3. Custo do desemprego: Friedrich Hayek, autor de O caminho da servidão (1944), criticou o keynesianismo por sua ênfase na redução do desemprego a qualquer custo. Ele argumentou que a intervenção governamental excessiva na economia poderia minar a liberdade individual e levar a resultados econômicos ineficientes.
  4. Efeitos de longo prazo: alguns críticos argumentam que o keynesianismo tende a se concentrar demais no curto prazo, ignorando as implicações de longo prazo das políticas de estímulo governamental. Eles alegam que o acúmulo de dívida pública e distorções no mercado podem prejudicar o crescimento econômico sustentável.

Fontes:

SAES, Alexandre; SAES, Flávio. História Econômica Geral. São Paulo: Saraiva, 2013

HEILBRONER, Robert. História do Pensamento Econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1996

KEYNES, John Maynard. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

Publicado por Tiago Soares Campos
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