Linguagem formal e informal
Linguagens formal e informal são entendidas como variações no uso da língua a depender do contexto. Na primeira tem-se normalmente uma comunicação marcada pelo distanciamento dos interlocutores e o uso de uma pronúncia preconizada ou escrita adequada à norma-padrão. Quanto à segunda, ela é identificada pela maior proximidade entre os interlocutores e uma pronúncia feita com base em marcações, além de uma escrita mais próxima da fala (o chamado uso coloquial), que, assim, evidenciam a identidade de determinados grupos.
Desse modo, a depender do uso, isto é, da situação de comunicação em que estamos inseridos, permanecerá uma ou outra linguagem durante o processo.
Leia também: Funções da linguagem — os papéis que a linguagem cumpre enquanto instrumento de comunicação
Linguagem formal
A linguagem formal é também conhecida por ser a representação padrão da língua e ser dotada de prestígio social por alguns grupos. Ela segue estritamente as regras gramaticais e preza por uma comunicação marcada pela impessoalidade. É a linguagem usada em documentos oficiais de instituições, provas, conversas profissionais etc.
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Exemplos de uso de linguagem formal
- Vossa excelência, solicito a palavra. Peço, por gentileza, a inclusão nas notas taquigráficas sobre o assunto que abordei anteriormente. Ressalto-o como sendo de suma importância para a nação e, por isso, considero extremamente importante o seu registro.
- As teses apresentadas por Michel Foucault, em conferência proferida na École Normale Supérieure, envolvem uma série de conceitos acerca do poder, a saber: a ideia de que o poder é ascendente; e a visão mais ampla das relações de poder não mais como mecanismo de repressão, mas de controle.
Os dois trechos acima envolvem situações em que se faz valer o uso da linguagem formal. O primeiro refere-se a um possível discurso em uma tribuna no Congresso, enquanto o segundo pode ser associado a um ambiente de discussões acadêmicas.
Linguagem informal
A linguagem informal pode ser chamada também de coloquial. Ela corresponde aos usos da língua no cotidiano, isto é, em conversas informais com amigos e familiares.
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Exemplos de linguagem informal
- Mãe, o que cê tem pra cumê!?
- Oi, q c fez hj?
O primeiro exemplo podemos associar a uma fala de um filho para a mãe, e, dados a proximidade e o teor da conversa, o filho não se preocupa com a pronúncia das palavras ou em ter um cuidado maior com as expressões. Já o segundo caso trata-se de uma conversa nas redes sociais. A rapidez da comunicação, aliada à proximidade com quem se fala, permite algumas particularidades, como as abreviações do exemplo.
Leia também: Figuras de linguagem — recursos expressivos que garantem maior expressividade à linguagem
Diferenças entre linguagem formal e informal
A seguir, apresentamos um quadro com as principais diferenças entre ambas.
Linguagem formal |
Linguagem informal |
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Exercícios resolvidos sobre linguagem formal e informal
Questão 1
(Enem) As dimensões continentais do Brasil são objetos de reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema aparece no seguinte poema:
[....]
Que importa que uns falem mole descansado
Que os cariocas arranhem os erres na garganta
Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais?
Que tem se o quinhentos réis meridional
Vira cinco tostões do Rio pro Norte?
Juntos formamos este assombro de misérias e grandezas,
Brasil, nome de vegetal! [....]
ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 6. ed. São Paulo: Martins Editora, 1980.
O texto poético reproduzido trata das diferenças brasileiras no âmbito
A) étnico e religioso.
B) linguístico e econômico.
C) racial e folclórico.
D) histórico e geográfico.
E) literário e popular.
Resolução: letra B
O poema evidencia, em cada verso, algumas características da linguagem coloquial ou informal da língua portuguesa no Brasil. Além disso, ao final, ele ressalta a miséria de seu povo e a grandeza de sua língua. Assim, a alternativa correta é a B, pois trata das diferenças linguísticas e econômicas.
Questão 2
(UEG)
Leia o poema que segue.
Relicário
Oswald de Andrade
No baile da Corte
Foi o Conde d’Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí.
Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br. Acesso em: 16 ago. 2011.
Em termos estéticos e linguísticos, respectivamente, nota-se, no poema de Oswald de Andrade, a presença de
A) linguagem formal e referência à importante figura política da época da colonização.
B) linguagem informal, bem ao gosto dos ideais artísticos da literatura do século XX.
C) versos sem rimas, imitando o estilo clássico dos poetas do final do século XIX.
D) vocabulário erudito, que se distancia deliberadamente dos usos linguísticos cotidianos.
E) expressões populares (“Conde d’Eu”) misturadas a expressões cultas (“comê”).
Resolução: letra B
O poema faz uso de elementos coloquiais para formar rimas, fugindo das produções clássicas e sendo fruto das novas concepções vigentes nas produções literárias do século XX (o modernismo brasileiro, mais especificamente).