Doença da vaca louca
A doença da vaca louca ou encefalopatia espongiforme bovina é uma doença degenerativa que afeta o sistema nervoso de animais bovinos. A doença é provocada por príon, uma partícula proteica infecciosa, e pode ser transmitida, em sua forma clássica, por meio da ingestão de alimentos provenientes de carcaças infectadas, como farinhas feitas de carne ou ossos.
Na forma atípica, a doença ocorre devido a uma mutação espontânea de uma proteína normal. Os seres humanos, ao consumirem carne ou derivados de animal contaminado pela doença da vaca louca, podem desenvolver uma encefalopatia espongiforme transmissível conhecida como variante da doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ).
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Resumo sobre doença da vaca louca
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É uma doença degenerativa que afeta o sistema nervoso de animais bovinos.
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É causada por príon.
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Animais com a doença podem apresentar nervosismo, dificuldade de locomoção e reação exacerbada a estímulos externos.
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A variante da doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) pode ser adquirida por consumo de carne ou derivados de animais que apresentam a doença da vaca louca.
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Pessoas com a variante da doença de Creutzfeldt-Jakob desenvolvem alterações motoras e sintomas psiquiátricos.
O que é a doença da vaca louca?
A encefalopatia espongiforme bovina (EEB), mais conhecida como doença da vaca louca, é uma doença degenerativa que ataca o sistema nervoso central de animais bovinos. Trata-se de uma doença transmissível e destaca-se por apresentar um longo período de incubação, o qual dura, em média, cinco anos. Até o momento, não existe tratamento nem vacinas para essa doença.
A doença da vaca louca foi descrita pela primeira vez no ano de 1986, no Reino Unido. Na ocasião, a doença provocou um dos maiores surtos epidêmicos de uma doença que afeta animais naquele país, sendo responsável pela morte de 180.000 animais.
O que causa a doença da vaca louca?
A doença da vaca louca é provocada por príon. Os príons, diferentemente do que muitas pessoas pensam, não são seres vivos, podendo ser definidos como partículas proteicas infecciosas.
De acordo com a cartilha sobre encefalopatia espongiforme bovina divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a teoria mais aceita para explicar a doença da vaca louca é a de que tal príon é derivado de uma proteína normal da membrana celular sensível à protease (PrPc), que ocorre na maioria das células e predominantemente no sistema nervoso central.
Ainda de acordo com a cartilha, essa proteína normal sofre uma transformação, dando origem à forma anormal (PrP), a qual se replica e acumula nas células do sistema nervoso central, provocando a doença.
De acordo com o peso molecular, podemos dividir o príon que causa essa doença em três grupos:
a) príon de peso molecular padrão: responsável pela EEB clássica;
b) príon de peso molecular alto: responsável pela EEB atípica tipo H (high);
c) príon de peso molecular baixo: responsável pela EEB atípica tipo L (low).
A forma clássica da doença é a considerada mais preocupante e é a forma identificada em 1986, durante o surto no Reino Unido. A forma atípica é menos preocupante e já foi identificada em nosso país; é considerada esporádica e natural.
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Como a doença da vaca louca é transmitida?
A doença da vaca louca clássica é transmitida, principalmente, por meio da ingestão de alimentos provenientes de carcaças infectadas, como farinhas de carne e ossos usados como suplemento proteico para animais. A forma atípica da doença, por sua vez, ocorre de maneira espontânea, não estando relacionada, portanto, com a ingestão de alimentos contaminados. Essa forma é mais comum em bovinos mais velhos. Vale destacar que a doença não é contagiosa.
Qual os sintomas da doença da vaca louca?
A doença da vaca louca provoca as seguintes manifestações clínicas:
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nervosismo;
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dificuldade de locomoção;
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reação exacerbada a estímulos externos.
Como a doença da vaca louca é diagnosticada?
O diagnóstico definitivo da doença da vaca louca só é feito após a morte do animal, uma vez que se faz necessário análises detalhadas do sistema nervoso. Para a confirmação, é feito o exame histológico seguido da técnica imuno-histoquímica.
O ser humano pode ter a doença da vaca louca?
A doença da vaca louca faz parte das chamadas encefalopatias espongiformes transmissíveis (EET), que são doenças degenerativas fatais que podem acometer animais e humanos e se caracterizam pelo acúmulo de uma proteína anormal. São ETT que acometem os seres humanos: doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker (GSS), kuru e insônia fatal familiar (IFF).
Em 1995, observou-se casos de um tipo novo de ETT em seres humanos, o qual seria uma variante da DCJ. Estudos detalhados mostraram que havia uma grande semelhança entre a variante da DCJ e a doença da vaca louca, o que sugeriu que se tratava de doenças provocadas pela mesma cepa priônica. Concluiu-se então que o ser humano poderia ser acometido pela variante por meio do consumo de carne ou derivados de animais contaminados pela doença da vaca louca.
Pessoas com a variante da doença de Creutzfeldt-Jakob apresentam sintomas como agitação, irritabilidade, alucinações, perda de interesse, esquecimento, psicose, ansiedade, depressão, enfraquecimento ou perda de sentidos, e sensação de dormência ou formigamento.
Para evitar casos da variante da DCJ no nosso país, segundo o Ministério da Saúde, o governo brasileiro, desde 1998, “proibiu a importação de derivados de sangue humano doado por pessoas residentes no Reino Unido, além da importação e da comercialização de carne bovina e produtos de uso em saúde cuja matéria-prima seja originada de países que apresentaram casos de EEB autóctones”.