O pronome “todo” deve ou não vir acompanhado de artigo?
A Gramática reconhece diversas classificações à palavra “TODO”, já que ela pode exercer diversas funções sintáticas e classificações morfológicas no interior das orações (adjetivo, advérbio, pronome indefinido e substantivo). Desse modo, como a palavra “TODO” exerce distintas funções, ela também apresenta diferenciação semântica e gera diferentes efeitos de sentido nos enunciados.
Vejamos como isso acontece se observarmos as distintas funções e efeitos causados pelas formas:
“TODO e TODO O”, “TODA e TODA A” |
Primeiro, observe que aquilo que diferencia essas formas é o uso ou omissão dos artigos definidos (“O” e “A”).
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TODO = qualquer
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TODO O = inteiro
Agora, leia as orações a seguir e reflita a respeito dos efeitos de sentido causados pelo pronome “TODO”:
Pensei em Clara durante todo o dia. Penso em Clara todo dia. |
Ao analisá-las, é possível perceber que:
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Na primeira oração, o artigo definido “O”, que sucede o pronome “todos”, sugere a ideia de que o sujeito pensou em Clara durante apenas aquele dia especificamente. Podemos dizer também que o sujeito pensou em Clara apenas no período diurno. Assim, atribui-se ao pronome “TODO” o significado de "qualquer".
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Já na segunda oração, o pronome “TODO” não aparece nem precedido e nem sucedido do artigo definido “O”, e essa ausência gera um efeito de sentido distinto da oração anterior. Observe que, nessa oração, o sujeito pensa em Clara todo dia, ou seja, constantemente. Caso o falante deseje pronunciar a oração no plural, gerando o mesmo efeito de sentido, deverá acrescentar o artigo definido também no plural “OS”: “Penso em Clara todos os dias”. Assim, atribui-se a “TODO O” o significado de "inteiro".
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Leia e observe esses mesmos efeitos de sentido causados pela palavra “TODO” em outras orações:
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Todo mundo contava com sua participação no evento.
Note que o contexto revela que se trata das pessoas em geral, constituintes de um grupo específico.
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A violência está espalhada por todo o mundo.
Note que aqui o contexto nos revela que se trata de um problema que assola o mundo inteiro.
Vejamos alguns casos particulares:
a) O pronome indefinido será usado sem o artigo quando houver um nome em função predicativa:
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Tinha dois empregos, todos temporários.
b) O pronome indefinido plural “TODOS” será sucedido de artigo definido plural se o numeral vier seguido de substantivo.
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Todos os nove deputados foram indiciados.
c) Quando cumpre a função de advérbio e sugerir o sentido de “completamente”, a palavra “TODO” será flexionada como se fosse adjetivo, ou seja, em gênero, grau e número:
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A cidade estava toda maravilhada.
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Os operários caminhavam todos felizes.