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Zeugma

Zeugma é um recurso estilístico pautado na omissão de uma palavra que consta anteriormente no mesmo texto. Tal estratégia linguística evita repetições vocabulares e normalmente é marcada pelo uso de pontuação. Apesar de a zeugma possuir características semelhantes à elipse, esta se distingue daquela no que se refere à possibilidade de sempre preencher as lacunas por meio da análise contextual e não necessariamente possuir um termo correspondente prévio.

Leia também: Pleonasmo – figura de linguagem que consiste na repetição enfática de ideias

O que é zeugma?

Zeugma é uma figura de linguagem que consiste no apagamento de um termo anteriormente utilizado. Esse recurso tem o objetivo de evitar repetições vocabulares, contribuindo, assim, para a concisão comunicativa. Ressalta-se que a ocorrência da zeugma é marcada não só pela omissão da palavra, mas também, normalmente, pela inserção de uma vírgula.

A zeugma é uma figura de linguagem utilizada para evitar repetição de termos em um texto.
A zeugma é uma figura de linguagem utilizada para evitar repetição de termos em um texto.

Exemplos de zeugma

“Nem ele entende a nós, nem nós (entendemos) a eles”. (Camões)

Perceba que o verbo entender não consta na segunda oração, apesar de o seu sentido estar ali entre o pronome nós e a preposição a.

  • “O galo come milho
    O urubu, esterco”
    (Millôr Fernandes)
     
  • Os livros estavam sobre a mesa, as canetas, no chão.

Nesses casos, a ausência dos termos come e estavam, respectivamente, foi evidenciada pela colocação da vírgula.

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Diferença entre zeugma e elipse

A zeugma e a elipse são figuras de linguagem cuja base é a omissão de termos, tanto que a primeira é considerada uma modalidade da segunda, entretanto, as duas possuem suas especificidades. A zeugma, conforme visto, é o apagamento, normalmente, de um verbo, o qual pode ser recuperado pela observação de uma oração anterior, enquanto a elipse acontece quando a ausência das palavras pode ser compreendida pelo receptor, ou seja, leitor ou quem escuta, por meio da análise do contexto, tendo em vista que elas se encontram subentendidas.

Veja exemplos desse procedimento:

“— Se chegar depois das três, a casa fechada. A mala na varanda. E o táxi na porta.”
(Dalton Trevisan)

Os termos que não se encontram nas frases são facilmente apreendidos por quem se depara com o todo, haja vista que os outros elementos completam os sentidos deles, por exemplo, “depois” expressa uma cronologia e, quando acompanhado do numeral três, dá a entender que o tempo decorrido será quantificado em horas. Verifique como as frases ficariam se preenchidas todas as informações:

— Se (você) chegar depois das três (horas), a casa (estará) fechada. A mala (estará) na varanda. E o táxi (estará) na porta.

Note a elipse em outro caso:

Nos corpos dos foliões, (havia) suor e glitter.

Veja também: Assíndeto – figura de linguagem caracterizada pela supressão de conectivos

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (Fuvest) Em qual destas frases a vírgula foi empregada para marcar a omissão do verbo?

A) Ter um apartamento no térreo é ter as vantagens de uma casa, além de poder desfrutar de um jardim.
B) Compre sem susto: a loja é virtual; os direitos, reais
C) Para quem não conhece o mercado financeiro, procuramos usar uma linguagem livre do economês.
D) A sensação é de estar perdido: você não vai encontrar ninguém no Jalapão, mas vai ver a natureza intocada.
E) Esta é a informação mais importante para a preservação da água: sabendo usar, não vai faltar.

Resolução

Alternativa B, pois a zeugma está marcada na vírgula colocada entre os termos “direitos” e “reais”, os quais poderiam ser intermediados pelo verbo conjugado “são”, já que esse consta anteriormente.

Questão 2 – (Unifesp) A questão baseia-se na “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias (1823-1864).

Canção do exílio

[...]
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar — sozinho — à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras;
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho — à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Entre as figuras de sintaxe, como recursos que um autor emprega para obter maior expressividade, existe a zeugma. Uma das formas de elipse, a zeugma consiste na supressão de um vocábulo, já enunciado em frase anterior, por estar subentendido. No poema de Gonçalves Dias, a zeugma ocorre apenas em:

A) Sem qu’linda aviste as palmeiras.
B) Em cismar, sozinho, à noite.
C) As aves, que aqui gorjeiam.
D) Nossa vida mais amores.
E) Nosso céu tem mais estrelas.

Resolução

Alternativa D, pois houve, apesar de não marcada por uma pontuação, a omissão da forma conjugada verbal “tem”, a qual consta nos versos anteriores.

Publicado por Diogo Berquó

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