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Construção de Brasília

A construção de Brasília foi uma obra realizada durante o governo de Juscelino Kubitschek e estendeu-se de 1957 a 1960. A transferência da capital do Brasil para o planalto central era parte de um plano idealizado desde o começo da república brasileira. A edificação de Brasília foi o grande símbolo do desenvolvimentismo do governo JK.

Estima-se que bilhões de dólares tenham sido gastos para viabilizar a nova capital, e fala-se em grande custo humano, uma vez que os trabalhadores exerciam suas funções em condições muito ruins. A construção de Brasília foi parte do Plano de Metas, idealizado para promover o crescimento e o desenvolvimento do país.

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Contexto

Juscelino Kubitschek (de terno claro, acenando) não economizou gastos na construção de Brasília.[1]
Juscelino Kubitschek (de terno claro, acenando) não economizou gastos na construção de Brasília.[1]

A construção de Brasília foi realizada durante o governo de Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil entre 1956 e 1961. Juscelino Kubitschek era um dos quadros mais conhecidos do Partido Social Democrático, o PSD, e tinha sido governador de Minas Gerais. Foi eleito presidente ao vencer a eleição de 1955 por uma margem apertada.

A política brasileira na década de 1950 era agitada, e assim foi o ano de 1955, sobretudo porque grupos conservadores ligados à União Democrática Nacional (UDN) fomentavam um golpe contra uma possível posse de JK. A ideia de um golpe era tão presente que o ministro da guerra, Henrique Teixeira Lott, realizou um contragolpe em 11 de novembro de 1955 e garantiu a posse de JK.

Juscelino Kubitschek foi eleito com um discurso desenvolvimentista que ressaltava a necessidade do Brasil retomar o caminho do desenvolvimento econômico e com a promessa de que o país cresceria 50 anos em cinco. A sua vitória deu-se com ele obtendo 36% dos votos, e sua posse aconteceu no dia 31 de janeiro de 1956.

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Plano de Metas

Durante seu governo, Juscelino Kubitschek investiu de forma maciça para garantir o desenvolvimento e a industrialização do Brasil. A síntese da sua busca por esses objetivos deu-se pelo Plano de Metas, um programa de modernização iniciado em 1º de fevereiro de 1956.

O Plano de Metas estipulava 31 objetivos que deveriam ser alcançados pelo governo por meio de investimentos público e privado. Todos esses intentos estavam dentro de áreas enxergadas como fundamentais pelo governo: energia elétrica, transportes (infraestrutura), indústria de base, alimentos e educação.

Esse planejamento fomentou a construção de estradas e usinas hidrelétricas e contribuiu significativamente para o crescimento industrial do Brasil. Do ponto de vista econômico, o Plano foi um sucesso, mas isso aconteceu, principalmente, graças à construção da nova capital, a cidade de Brasília.

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Idealização da construção de Brasília

A construção de uma nova capital no interior do território brasileiro era uma ideia antiga. No período monárquico, por exemplo, existiam discussões tímidas acerca disso. Com a Proclamação da República, esse projeto deixou de ser apenas uma discussão política vaga e ganhou contornos mais palpáveis.

A Constituição de 1891, a primeira do período republicano, já determinava, no seu artigo 3º, que um território de 14.400 km² no planalto central seria de posse da União para o desenvolvimento de uma futura nova capital para o Brasil. Visando a isso, foi realizada, em 1892, a Missão Cruls, que realizou estudos e demarcação de terras no planalto central para a construção da nova capital.

Os trabalhos relacionados com a Missão Cruls foram finalizados em 1897. Em 7 de setembro de 1922, o presidente Epitácio Pessoa realizou o lançamento da pedra fundamental da nova capital em Planaltina. Por fim, Getúlio Vargas também ordenou a realização de estudos no território demarcado pela Missão.

Essas foram as iniciativas realizadas para a transferência da capital para o interior do território brasileiro. O projeto nunca caminhou para frente por conta do desafio que era executar essa construção. Financeiramente, ela era complexa, e politicamente, poderia ser um risco para a reputação daquele que se propusesse a realizá-la.

O historiador Jônatas Soares de Lima afirma que a construção de Brasília no governo de JK deu-se após um questionamento de um eleitor feito a JK durante sua campanha eleitoral, em 1955|1|. O autor da pergunta foi Antônio Soares Neto, que questionou se o candidato cumpriria a determinação da Constituição de transferir a capital brasileira.

Isso porque o artigo 4º das disposições transitórias da Constituição de 1946 determinava que a capital seria transferida para o planalto central brasileiro. A resposta de Juscelino Kubitschek foi que ele obedeceria o que a Constituição determinava. Na base da improvisação, nascia o plano de construção de Brasília, e ele se tornou o carro-chefe do projeto modernizador de JK.

Construção de Brasília

Em 1956, foi submetido ao Congresso o projeto da construção de Brasília e da transferência da capital de nosso país. Apesar da resistência da UDN, partido de oposição ao presidente, o projeto foi aprovado por meio da lei nº 2.874, de 19 de setembro de 1956. Assim, os planos para a construção da nova capital foram iniciados. No mesmo mês, foi criada a Companhia Urbanizadora Nova Capital, a Novacap.

O comando da Novacap foi entregue a Israel Pinheiro, deputado do PSD e um engenheiro da confiança do presidente. Outros nomes significativos que fizeram parte da Novacap foram o de Bernardo Sayão, diretor técnico da empresa, e o de Oscar Niemeyer, diretor do Departamento de Arquitetura.

A ideia de Juscelino para dar corpo ao seu projeto foi cercar-se de técnicos e especialistas que já tinham trabalhado com ele no período que ele foi prefeito de Belo Horizonte e governador de Minas Gerais. O presidente fez uso sistemático da imprensa para garantir uma imagem positiva do projeto e obter apoio popular.

Uma vez formada a Novacap, ela ficou responsável por promover um concurso para determinar qual seria o desenho urbano da nova capital. Esse concurso recebeu o total de 26 candidaturas, e o resultado, emitido em 16 de março de 1957, determinou a vitória de Lúcio Costa. Segundo a pesquisadora Lara Moreira Alves, o projeto de Costa venceu por planejar uma cidade moderna e com visualidade monumental|2|.

Os quatro grandes nomes da construção de Brasília foram, portanto, o do presidente Juscelino Kubitschek; o do diretor da Novacap, Israel Pinheiro; o do arquiteto do projeto, Oscar Niemeyer; e o do urbanista Lúcio Costa. Por três anos, trabalhadores de todo o Brasil foram para Brasília para participar da sua construção.

Como o prazo para inauguração da cidade era 21 de abril de 1960, o trabalho para a sua construção foi frenético. Os trabalhadores que se mudaram para construí-la eram, em geral, nordestinos e ficaram conhecidos como candangos. Existe uma série de relatos que mostram a precariedade no ofício e nas condições disponibilizadas aos trabalhadores que construíram a capital.

Ao longo da construção, o presidente não economizou com os gastos do projeto, e isso foi muito criticado pela oposição udenista. As historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling afirmam que a UDN criticava “a monumentalidade do projeto, a suspeitíssima urgência, a impossibilidade de a capital ser terminada durante a administração JK”, entre outros fatores|3|.

Leia mais: Golpe preventivo - a posse de Juscelino Kubitschek foi garantida por uma ação militar

Inauguração

O projeto arquitetônico de Brasília ficou sob a responsabilidade de Oscar Niemeyer, um dos maiores arquitetos do Brasil.[1]
O projeto arquitetônico de Brasília ficou sob a responsabilidade de Oscar Niemeyer, um dos maiores arquitetos do Brasil.[1]

A cidade de Brasília foi oficialmente inaugurada em 21 de abril de 1960, marcando a transferência da capital do Rio de Janeiro para o centro do país. Não se sabe exatamente quanto foi gasto na sua construção, mas estudos sugerem que o valor chegou aos bilhões de dólares em valores atuais.

A construção de Brasília sintetizou o projeto de JK e a sua busca pela modernização do país. O historiador Thomas Skidmore sugere que a sua construção também foi utilizada como distração para os problemas do governo e tirou os olhos da nação de graves problemas que existiam no país, como a questão da inflação, a falta de vagas nas universidades e as reivindicações por reforma agrária|4|.

Notas

|1| LIMA, Jônatas Soares de. O progresso é para todos: o território do cerrado visto e revisto por meio dos filmes informativos nos anos JK (1956-1961). Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Goiás. Anápolis, 2016, p. 50.

|2| ALVES, Lara Moreira. A construção de Brasília: uma contradição entre utopia e realidade. Para acessar, clique aqui.

|3| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 427.

|4| SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getúlio a Castello (1930-1964). São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 206.

Créditos das imagens

[1] FGV/CPDOC

Publicado por Daniel Neves Silva

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