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Governo Médici

O governo Médici (1969-74) foi o terceiro governo do regime militar brasileiro. Ficou conhecido pelo avanço econômico e pela repressão política.
O presidente Emílio Médici
O presidente Emílio Médici

O governo de Emílio Médici (1969-74) foi o terceiro do regime militar e foi caracterizado pela economia, que experimentou o Milagre Econômico — crescimento econômico impulsionado por investimentos em infraestrutura e altas taxas de inflação; uma política autoritária, com a consolidação do AI-5; e a intensificação da censura à imprensa e da repressão à oposição política, com relatos de tortura e violações dos Direitos Humanos.

Os objetivos do governo Médici eram consolidar o regime militar e manter a estabilidade política, enquanto promovia o crescimento econômico. Eventos marcantes durante seu mandato incluíram o sequestro do diplomata americano Charles Elbrick, em 1969, que expôs a vulnerabilidade do regime militar a pressões externas. O governo de Médici terminou em 1974, com a posse de Ernesto Geisel.

Leia também: Golpe de 1964 — o acontecimento que deu início à Ditadura Militar

Resumo sobre o governo Médici

  • Emílio Médici governou o Brasil durante o regime militar, período de autoritarismo que começou após o Golpe de 1964.
  • O governo de Médici implementou o Milagre Econômico, período de crescimento econômico impulsionado pela exploração de recursos naturais e por investimentos em infraestrutura, embora com altas taxas de inflação e desigualdade persistente.
  • Reforçou o autoritarismo; consolidou o AI-5, que concedeu amplos poderes ao regime militar; e eliminou partidos políticos, controlando as eleições e nomeando presidentes por via militar.
  • Intensificou a censura à imprensa e perseguiu brutalmente a oposição política, com relatos de tortura e violações dos Direitos Humanos.
  • Seu principal objetivo era consolidar o poder do regime militar, controlando a sociedade e evitando mudanças significativas no cenário político.
  • Em 1969, guerrilheiros sequestraram o diplomata Charles Elbrick, pressionando o governo a libertar presos políticos em troca de sua libertação. Isso expôs a vulnerabilidade do regime militar a ações externas de pressão.
  • O governo Médici terminou em 1974, quando ele foi sucedido por Ernesto Geisel. Isso marcou o início da transição para a democracia no Brasil, embora a democratização plena tenha ocorrido mais tarde.

Videoaula sobre o governo Médici

Contexto histórico do governo Médici

O general Emílio Garrastazu Médici foi o 28º presidente da república do Brasil e o terceiro a governar durante o regime militar, com um mandato entre 1969 e 1974. Médici assumiu a presidência após o governo do general Costa e Silva, marcado por tensões políticas e sociais.

A ditadura militar havia instaurado um regime de exceção em 1964, justificando sua tomada de poder pela necessidade de conter a ameaça comunista e restaurar a ordem no país, conforme descrito no preâmbulo do Ato Institucional nº 1. Durante o governo Médici, o Brasil enfrentou os anos mais duros da repressão, sendo um período de grande turbulência política.

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Características do governo Médici

  • Economia do governo Médici

Durante o governo Médici, o Brasil experimentou um período de crescimento econômico nomeado Milagre Econômico. O fenômeno foi impulsionado principalmente pela exploração de recursos naturais, investimentos em infraestrutura e políticas de substituição de importações.

O governo promoveu grandes projetos de desenvolvimento, como a construção de hidrelétricas e rodovias, as chamadas “obras faraônicas”, estimulando o setor industrial. No entanto, essa expansão econômica não se traduziu em uma melhora significativa das condições de vida da população, que enfrentou altas taxas de inflação e desigualdade crescente.

A Usina de Itaipu, uma das obras faraônicas do Milagre Econômico.
A Usina de Itaipu, uma das obras faraônicas do Milagre Econômico.
  • Política do governo Médici

O governo Médici foi marcado pela ditadura política e pelo autoritarismo, com a aplicação do AI-5 (Ato Institucional nº 5), decretado em 1968 e que conferiu amplos poderes ao regime militar, incluindo a suspensão de garantias constitucionais e a censura à imprensa.

Nesse período, a oposição política foi duramente reprimida e qualquer divergência política era punida com prisão, tortura e perseguição. O governo também consolidou seu poder por meio de uma série de eleições indiretas e controladas, com a nomeação de presidentes por via militar.

  • Censura e repressão no governo Médici

Durante o governo Médici, a censura à imprensa foi intensificada, com o regime controlando estritamente o que poderia ser divulgado. A censura afetou jornais, revistas, livros, músicas e programas de televisão, restringindo a liberdade de expressão e o acesso à informação. A repressão política atingiu seu auge, com a atuação de órgãos de segurança e inteligência que perseguiram, torturaram e executaram opositores políticos. Esse período ficou marcado por relatos de violações dos Direitos Humanos.

Leia também: Ditadura militar chilena — quando o Chile foi governo pelo ditador Augusto Pinochet

Objetivos do governo Médici

O principal objetivo do governo Médici era consolidar o aparato repressivo do regime militar e suprimir qualquer forma de oposição. Para isso, a administração buscava controlar todos os aspectos da sociedade, incluindo a economia, a política e a mídia, a fim de manter o status quo e evitar mudanças significativas no cenário político.

O governo também buscava promover o crescimento econômico como forma de legitimar sua permanência no poder, apresentando o Milagre Econômico como um sinal de sucesso do regime militar.

Fatos marcantes do governo Médici

  • Sequestro do diplomata americano Charles Elbrick: em 1969, o diplomata dos Estados Unidos Charles Elbrick foi sequestrado por guerrilheiros da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). O sequestro visava chamar a atenção para as ações repressivas do regime militar no Brasil e a perseguição política. O governo cedeu às demandas dos sequestradores e libertou diversos presos políticos em troca da libertação de Elbrick, o que teve repercussões internacionais e mostrou a fragilidade do regime em lidar com situações de pressão externa.
  • Ação Libertadora Nacional (ALN): durante o governo Médici, a ALN, uma organização de esquerda liderada por Carlos Marighella, realizou várias ações armadas, incluindo sequestros e atentados a prédios públicos. Marighella se tornou uma figura central na resistência armada à ditadura e foi morto em 1969.
  • Execução de João Lucas Alves: João Lucas Alves foi um militante comunista morto sob custódia das forças de segurança em 1972. Sua morte gerou controvérsia e alegações de que ele foi vítima de tortura e maus-tratos.
  • Guerrilha do Araguaia: durante o governo Médici, a Guerrilha do Araguaia estava em pleno curso. Essa guerrilha comunista atuou na região do Araguaia, no Pará, de 1972 a 1975. As forças de segurança lançaram uma violenta campanha de repressão contra o movimento, resultando em inúmeras mortes e desaparecimentos. Para saber mais, clique aqui.
  • Repressão a manifestações e movimentos sociais: o governo Médici promoveu uma repressão severa a manifestações e movimentos sociais que buscavam reformas e direitos trabalhistas. Isso incluiu ações duras contra greves e protestos, com prisões em massa e intervenção militar em fábricas e sindicatos.
  • Perseguição a partidos de esquerda: o governo Médici proibiu e perseguiu os partidos de esquerda, como o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Muitos de seus membros foram presos, torturados e exilados.

Leia também: Operação Condor — articulação internacional para debelar estruturas de organizações comunistas

Fim do governo Médici

O governo de Emílio Médici terminou em 1974, quando foi sucedido por Ernesto Geisel. Esse período viu a gradual abertura política, conhecida como uma “distensão lenta, gradual e segura”. A sucessão de Médici marcou um passo importante na transição para o fim do regime militar, embora a democratização plena só tenha ocorrido em meados da década de 1980.

Consequências do governo Médici

O governo de Emílio Médici deixou um legado de repressão e violação dos Direitos Humanos, ainda assuntos de debate e reflexão na sociedade brasileira. O Milagre Econômico, apesar do crescimento econômico, também deixou marcas de desigualdade e desequilíbrios sociais que persistem até hoje.

O período também teve impactos duradouros na política brasileira, contribuindo para a desconfiança em relação ao poder militar e estimulando movimentos de resistência e a busca por uma maior democracia no país.

Exercícios resolvidos sobre o governo Médici

1. Em que contexto histórico o general Emílio Médici assumiu a presidência do Brasil?

a) Durante o governo democrático de João Goulart.

b) Após a redemocratização do Brasil.

c) Após o Golpe de 1964 e a instauração do regime militar.

d) Durante o governo de Juscelino Kubitschek.

e) Durante a Guerra dos Farrapos.

Resposta: letra c)

Emílio Médici assumiu a presidência do Brasil durante o regime militar, que começou após o Golpe de 1964.

2. Qual evento, durante o governo de Emílio Médici, expôs a vulnerabilidade do regime militar brasileiro a pressões externas?

a) Milagre Econômico.

b) Sequestro de Carlos Marighela.

c) Repressão à Guerrilha do Araguaia.

d) AI-5.

e) Sequestro do diplomata americano Charles Elbrick.

Resposta: letra e)

O sequestro do diplomata americano Charles Elbrick, em 1969, por guerrilheiros brasileiros, expôs a vulnerabilidade do regime militar a pressões externas.

Fontes:

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2008.

NAPOLITANO, Marcos. História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2011

Publicado por Tiago Soares Campos
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