Tomé de Sousa
Tomé de Sousa ficou conhecido como o primeiro governador-geral do Brasil, sendo o responsável por coordenar a construção de Salvador, a primeira capital brasileira. Ascendeu socialmente em Portugal por meio de campanhas militares de que participou no norte da África, e essa ascensão permitiu sua indicação ao cargo de governador-geral, em 1548.
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Resumo sobre Tomé de Sousa
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Tomé de Sousa nasceu em 1503, em um povoado no norte de Portugal.
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Era um filho bastardo e ascendeu socialmente devido a sua participação em campanhas militares feitas por Portugal.
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Tornou-se fidalgo na década de 1530, e a influência conquistada por ele permitiu-lhe ser indicado como primeiro governador-geral do Brasil.
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Chegou ao Brasil em 29 de março de 1549, com cerca de 1000 pessoas.
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Coordenou a construção de Salvador, a primeira capital brasileira.
Origens de Tomé de Sousa
Tomé de Sousa nasceu em Rates, povoado localizado no norte de Portugal, em 1503. Os historiadores não sabem o mês nem o dia do seu nascimento. Tomé de Sousa era considerado um filho ilegítimo, pois seu pai era um padre chamado João de Sousa. Já sua mãe se chamava Mécia Rodrigues de Faria.
Apesar disso, Tomé de Sousa tinha parentesco com pessoas importantes em Portugal, como o fidalgo Pedro de Sousa de Seabra. Ele também era primo de pessoas que foram influentes no país ibérico, como Martin Afonso de Sousa e Pero Lopes de Sousa. Ainda assim, o fato de ser um filho bastardo pesava contra as suas pretensões de ascender socialmente.
Em 1518, ele se mudou para Lisboa e conseguiu obter algum prestígio devido às campanhas militares de que ele participou. Entre 1527 e 1528, Tomé de Sousa serviu no Marrocos e liderou alguns ataques a locais dominados pelos mouros. Em 1534 e em 1539, esteve novamente no Marrocos.
Além disso, entre 1535 e 1536, viajou à Índia, em uma expedição liderada por Fernando Peres de Andrade. O envolvimento de Tomé de Sousa nessas campanhas militares e expedições fez com que ele alcançasse certo prestígio, sendo nomeado fidalgo, em 1537. Esse título era concedido pelo próprio rei e basicamente reconhecia Tomé de Sousa como nobre.
Ele também foi nomeado comendador ao receber as comendas de São Pedro de Rates e, depois, a de Arruda. Essa ascensão lhe permitiu frequentar os círculos mais influentes da sociedade portuguesa. Além disso, a reputação que ele construiu fez com que fosse diretamente recomendado ao rei de Portugal, d. João III. Essas recomendações fizeram com que o rei escolhesse Tomé de Sousa como o primeiro governador-geral do Brasil.
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Tomé de Souza como governador-geral
O governo-geral foi uma forma de governo estabelecida no Brasil em 1548 por ordem do rei português d. João III. Isso foi uma estratégia de Portugal com o intuito de centralizar a administração do Brasil e resolver os problemas que afetavam a colônia portuguesa na América.
Lembrando que, antes do governo-geral, a administração do Brasil era função dos capitães donatários, cada qual em sua capitania. No entanto, o sistema de capitanias hereditárias se mostrou um grande fracasso, pois os donatários não tinham recursos e, muitas vezes, experiência para administrar sua capitania.
Assim, a maioria das capitanias ficou basicamente abandonada, havendo uma série de problemas nelas. A falta de recursos impedia o desenvolvimento da colônia, havia muitos problemas com os índios, o território era frequentemente invadido por franceses, e piratas assolavam o litoral brasileiro.
Assim, Tomé de Sousa foi escolhido para ser o primeiro governador-geral do Brasil. Ele foi enviado para a capitania da Baía de Todos os Santos, que tinha sido governada por Francisco Pereira Coutinho, donatário que havia entrado em conflito com os tupinambás e sido capturado e devorado por eles, em 1547.
Tomé de Sousa chegou à Bahia em 29 de março de 1549, e com ele vieram cerca de 1000 pessoas. O objetivo de todas elas era o de construir uma nova cidade para centralizar a administração na colônia. A cidade fundada por Tomé de Sousa foi nomeada Salvador, sendo, portanto, a primeira capital do Brasil.
Tomé de Sousa chegou ao Brasil com um documento chamado Regimento, uma espécie de guia com as ações que o governador-geral deveria realizar aqui. Entre as ordens que constavam nesse documento, estavam a construção de uma cidade-fortaleza, a distribuição de sesmarias, a construção de engenhos de açúcar, entre outros.
Junto de Tomé de Sousa vieram Pero Borges, nomeado ouvidor-geral, e Antônio Cardoso de Barros, nomeado procurador-mor da Fazenda. Além disso, veio Manuel da Nóbrega, que liderava um pequeno grupo de jesuítas que vieram ao Brasil para promover a catequização dos índios.
Ao chegar aqui, Tomé de Sousa adotou uma abordagem pacífica com os índios, sobretudo porque os portugueses estimavam haver cerca de seis mil soldados tupinambás na Baía de Todos os Santos. As relações pacíficas com os índios foram mediadas por Diogo Álvares Correia, conhecido como Caramuru.
Ele era um português que morava com os indígenas, desde que havia naufragado durante uma viagem ao Brasil, e mediava o contato dos tupinambás com os europeus. A intervenção de Caramuru garantiu trabalhadores a Tomé de Sousa, já que os índios aderiram ao trabalho de construção de Salvador, sendo pagos com objetos diversos. Alguns deles, no entanto, eram forçados a trabalhar.
Um relato de Frei Vicente de Salvador aponta que o próprio Tomé de Sousa tomou parte dos trabalhos de construção da cidade:
[…] ouvi dizer a homens do seu tempo, que ainda alcancei alguns, que ele era o primeiro que lançava mão do pilão para os taipais, e ajudava a levar a seus ombros os caibros, e madeiras para as casas, mostrando-se a todos companheiro, e afável […].|1|
Tomé de Sousa trabalhou para melhorar o sistema de defesa do litoral brasileiro construindo fortes e fundando cidades em zonas litorâneas, criou o primeiro bispado do Brasil e procurou fortalecer o comércio brasileiro. O governador-geral também mandou trazer gado de Cabo Verde para o Brasil e, com isso, introduziu a pecuária aqui. Por fim, viajou pelas capitanias a trabalho.
Em carta escrita por ele em junho de 1553, Tomé de Sousa exortou o rei de Portugal a fazer com que os donatários viessem residir em suas capitanias, pois, somente assim, elas conseguiriam se sustentar. Na mesma carta, ele reforçou os feitos do seu trabalho ao escrever que:
Todas as vilas e povoações de engenhos desta costa, fiz cercar de taipa, com os seus baluartes, e as que estavam arredadas do mar, fiz chegar ao mar, e lhes dei toda a artilharia que me pareceu necessária, a qual está entregue aos vossos almoxarifes, […] mandei em todas as vilas fazer casas de audiência e de prisão, e endireitar algumas ruas, o que tudo se fez sem opressão do povo […].|2|
Em 1552, Tomé de Sousa já demonstrava o interesse de retornar. Em março de 1553, Duarte da Costa foi nomeado o novo governador-geral do Brasil e chegou a Salvador em julho do mesmo ano.
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Videoaula sobre os governos-gerais
Últimos anos de Tomé de Sousa
Em 1553, Tomé de Sousa retornou para Portugal, e lá passou os últimos anos de sua vida atuando como conselheiro real. Casou-se, entre 1538 e 1539, com Maria da Costa, e acredita-se que sua esposa tenha falecido antes do ano de 1559. Do seu casamento teve uma filha chamada Helena de Sousa. Tomé de Sousa faleceu no dia 28 de janeiro de 1579.
Notas
|1| SALVADOR, Frei Vicente. História do Brasil (1500-1627). Para acessar, clique aqui.
|2| CARTA DE TOMÉ DE SOUSA. Para acessar, clique aqui.
Créditos da imagem
[1] Commons