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Civilização Micênica

Os micênicos foram uma das grandes civilizações do Período Pré-Homérico, existindo entre 1600 a.C. e 1200 a.C. Os historiadores debatem sobre suas origens, mas não há muito esclarecimento sobre isso. Os micênicos foram responsáveis por absorver os cretenses, por volta de 1400 a.C., herdando muito da cultura desse povo.

Construíram grandes cidades na Grécia, que tinham o palácio como grande centro administrativo. Os palácios micênicos faziam registros, em uma forma de escrita conhecida como Linear B, e contabilizavam as transações comerciais. A decadência micênica, por volta de 1200 a.C., provavelmente foi causada por invasões estrangeiras.

Acesse também: Civilização Hitita – periodização, lutas, expansão, enfraquecimento

Origem

A civilização micênica existiu de 1600 a.C. a 1200 a.C.[1]
A civilização micênica existiu de 1600 a.C. a 1200 a.C.[1]

Os micênicos, também conhecidos como aqueus, formaram uma civilização na Grécia a partir de 1600 a.C., existindo até meados de 1200 a.C., quando a decadência micênica deu início ao Período Homérico. Existem debates acerca da origem dos micênicos, com alguns historiadores sustentando que eles eram um povo que migrou de outra região, instalando-se na Grécia, na passagem do terceiro para o segundo milênio a.C. Outros historiadores sugerem que eles eram autóctones da região da Grécia continental.

De toda forma, o desenvolvimento dos micênicos e sua hegemonia sobre a Grécia e todo o mar Egeu só foram possíveis devido à decadência dos cretenses, por volta de 1400 a.C. Os fatores especulados para essa situação são inúmeros, o que importa é que ela permitiu aos micênicos e sua principal cidade — Micenas — imporem-se como força hegemônica.

Cidades micênicas

A cidade de Micenas foi uma das maiores e mais ricas cidades dos micênicos.
A cidade de Micenas foi uma das maiores e mais ricas cidades dos micênicos.

A decadência cretense fez com que essa civilização fosse assimilada pelos micênicos, e disso decorreu a absorção de diversos elementos da cultura de Creta pela micênica. A partir de então, estabeleceram-se os micênicos, e sua civilização ficou marcada pelo grande desenvolvimento artístico e material, o que foi atestado pelas grandes construções e pela riqueza dos objetos encontrados por meio da arqueologia.

Os micênicos ficaram conhecidos na Grécia como aqueus, segundo registros de Homero. Foram responsáveis por estabelecer grandes cidades na região da Grécia, destacando-se Micenas, a principal. Todavia, outras cidades, como Tirinto e Argos, também tiveram grande importância para essa civilização.

As cidades micênicas, além de sua grandiosa arquitetura, eram muito fortificadas. Os muros das cidades micênicas eram muito altos e largos, o que demonstra que a guerra era uma noção importante para esse povo, que procurava proteger suas cidades fortificando-as.

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Apesar de Micenas ter sido a principal cidade e de ter dado seu nome ao povo aqueu, a organização política dos micênicos era baseada na autonomia de cada cidade. Assim, Micenas era a cidade mais poderosa, mas as outras eram independentes. As cidades micênicas, assim como as cretenses, tinham como ponto central o palácio.

O palácio centralizava as questões políticas, religiosas, militares, administrativas e econômicas dos micênicos, sendo o local de onde o rei controlava seus domínios e sua população. Foi onde grande parte dos registros escritos pelos micênicos foi encontrada. A escrita micênica, conhecida como Linear B, era usada para registrar as transações econômicas do reino e grafava um idioma similar ao grego.

A escrita micênica foi descoberta no começo do século XX e permaneceu um enigma até o ano de 1953, quando foi decifrada. Acredita-se que a Linear B foi utilizada de 1450 a.C. a 1100 a.C., e tábuas contendo essa escrita foram encontradas em Micenas, Tirinto, Tebas etc. A decadência micênica fez com que a Linear B fosse abandonada, e a escrita só retornou à Grécia no século IX a.C., quando os gregos criaram um alfabeto.

Leia mais: Assírios - civilização mesopotâmica conhecida por seus grandes guerreiros

Sociedade, comércio e religião

Os micênicos tinham uma sociedade militarizada, portanto, os guerreiros eram figuras influentes. A arte micênica demonstra isso, e as pesquisas sobre esse povo descobriram uma série de afrescos (pinturas em paredes) que retratam cenas de batalhas, guerreiros, brigas, barreiras de escudo, enfim, cenas e grupos bélicos.

Além dos guerreiros, os reis, os sacerdotes e outros nobres ligados ao palácio formavam a aristocracia micênica. O rei micênico representava nessa civilização uma liderança militar, jurídica e religiosa. Esses grupos que formavam a aristocracia detinham as terras produtivas, e os estudos na área de arqueologia demonstram que eles tinham uma enorme riqueza material.

Máscara funerária produzida pelos micênicos.[2]
Máscara funerária produzida pelos micênicos.[2]

Muitas pesquisas e buscas arqueológicas descobriram uma grande riqueza de itens funerários em Micenas, o que reforça duas coisas. Primeiro, existia uma aristocracia muito rica entre os micênicos e, segundo, grande parte dessa riqueza concentrava-se na cidade de Micenas.

Falando em riqueza, o comércio micênico foi muito próspero, e evidências mostram que eles comercializavam diversos itens, como ouro, vidro e bronze. Acredita-se ainda que itens perecíveis, como oliva e grãos, também eram comercializados, mas a falta de registros não permite que conclusões definitivas sejam feitas. Os micênicos comercializavam com diferentes localidades do mar Egeu e suas mercadorias alcançaram locais como Egito e Mesopotâmia.

No que se refere à religião, os historiadores não conhecem grandes templos construídos pelos micênicos, com exceção do que foi construído no palácio de Micenas, mas acredita-se que se trata de uma construção tardia, feita por volta do século XIII a.C. Existiam pequenos santuários espalhados ao redor do território micênico, e registros de Linear B os mencionam.

Como pontuado, existia uma classe de sacerdotes, que cumpria papéis relevantes nas festividades religiosas. A religião micênica já possuía uma série de deuses que se tornaram parte fundamental da religião da Grécia Antiga, como Poseidon.

Leia mais: Cosmologia – quando os pré-socráticos tentaram descobrir a origem de tudo sem recorrer a mitos

Decadência

A civilização micênica entrou em decadência por volta de 1200 a.C. Esse momento foi repentino, e os historiadores ainda não sabem o que o motivou, embora os estudos arqueológicos mostrem uma grande destruição material nesse período de passagem do século XIII a.C. para o XII a.C.

A explicação clássica a respeito dessa decadência sugere que os micênicos foram atacados por dórios e que os grandes centros foram destruídos e, posteriormente, abandonados. Essa explicação, no entanto, já não encontra tanto respaldo assim, porque grande parte dos pesquisadores acredita que os dórios já encontraram os micênicos enfraquecidos, portanto, não foram os responsáveis diretos por essa fase.

Acredita-se que outro povo tenha abalado o poder micênico — os “povos do mar” —, e não se sabe muito deles, apenas que, provavelmente, vieram da região dos Montes Cárpatos, na Europa, e avançaram por locais como o Egito e a Civilização Hitita|1|.

A decadência micênica fez com que a Grécia entrasse em um período de recuo civilizacional, uma vez que a riqueza material e a grandiosidade da arquitetura perderam-se. A escrita também desapareceu por alguns séculos e as grandes cidades foram esvaziadas, dando origem a uma estrutura agrária conhecida como genos, o embrião da pólis.

Nota

|1| GABRECHT, Ana Penha. O poder e o sagrado na Idade das Trevas: a configuração simbólica da realeza homérica. Dissertação de Mestrado. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Humanas e Naturais, 2006, p. 37.

Créditos das imagens

[1] Heracles Kritikos e Shutterstock

[2] Svineyard e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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