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Revolução Laranja de 2004

Revolução Laranja de 2004 foi o conjunto de protestos populares que aconteceram na Ucrânia devido às denúncias da fraude na eleição para presidente do país.
População ucraniana em protesto durante a Revolução Laranja de 2004.
População ucraniana em protesto durante a Revolução Laranja de 2004.

A Revolução Laranja de 2004 foi o conjunto dos protestos populares que aconteceram na Ucrânia por conta da fraude na eleição presidencial naquele ano. Nessa fraude, o candidato governista, Viktor Yanukovich, foi beneficiado. Os protestos se concentraram na capital do país, a cidade de Kiev.

Houve demonstrações de desobediência civil em muitos locais da Ucrânia, e uma nova eleição foi convocada, com o resultado indicando a vitória do candidato da oposição, Viktor Yushchenko. A Revolução Laranja marcou uma forte aproximação da Ucrânia com o Ocidente e estabeleceu uma tensão com o governo russo.

Saiba mais: Questão da Crimeia — uma situação geopolítica entre Rússia e Ucrânia que teve início em 2014

Resumo sobre a Revolução Laranja de 2004

  • A Revolução Laranja aconteceu na Ucrânia, no final de 2004.

  • Foi motivada por denúncias de fraude na eleição presidencial do país.

  • Uma nova eleição foi organizada e o candidato da oposição, Viktor Yushchenko, venceu com 52% dos votos.

  • A revolução levou esse nome porque laranja era a cor do partido de Viktor Yushchenko.

  • A revolução contribuiu para aumentar a polarização na Ucrânia entre oeste e leste.

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Contexto da Revolução Laranja de 2004

É importante destacar que a Ucrânia surgiu enquanto nação independente no ano de 1991, quando a União Soviética se fragmentou. Sua consolidação enquanto nação independente se deu em um processo semelhante ao das outras ex-nações soviéticas: o país formou governos com tendências autoritárias e que orbitavam os governos russos.

No caso ucraniano, o país formou governo híbrido que assumiu posições conflitantes, pois o país desejava aproximar-se do Ocidente, mas ainda era muito dependente do governo russo. A aproximação com o Ocidente fez com que a Ucrânia assumisse posturas que defendiam a democracia liberal.

Paradoxalmente, o país foi governado de maneira semiautoritária, com os governos estabelecidos abusando dos seus poderes e cerceando a liberdade da população ucraniana. Entre 1991 e 2004, a Ucrânia teve dois presidentes: Leonid Kravchuk (1991-1994) e Leonid Kuchma (1994-2004).

Nesses dois governos, um grupo de empresários enriqueceu consideravelmente e passou a envolver-se diretamente com a política. Assim, a desigualdade social cresceu na Ucrânia. A corrupção também se transformou em um problema crônico da política ucraniana. Já a população esperava que seu país seguisse o caminho do desenvolvimento.

Oposição ao governo ucraniano

No começo dos anos 2000, o desânimo da população com o governo de Leonid Kuchma era perceptível por uma soma de fatores: corrupção, autoritarismo, descaso com a população, entre outros. Um escândalo acabou enterrando a vida política do então presidente ucraniano e deu surgimento a um movimento de oposição na Ucrânia.

O evento ficou conhecido como Escândalo Gongadze, quando um jornalista de oposição foi encontrado morto. Posteriormente, denúncias foram feitas e associavam o assassinato do jornalista com o próprio Leonid Kuchma, presidente do país. A popularidade do presidente foi destruída pelo escândalo, e um movimento de oposição surgiu: Nossa Ucrânia.

Esse movimento projetou Viktor Yushchenko como um dos grandes nomes da oposição na Ucrânia. Outros nomes que se tornaram populares nesse período foram Yulia Tymoshenko e Oleksandr Moroz. O movimento liderado por Yushchenko converteu-se em partido político em 2001 e se preparou para a eleição presidencial de 2004.

Antes da eleição presidencial, foi realizada a eleição parlamentar em 2002, marcada por muitos protestos populares quando denúncias de manipulação eleitoral foram divulgadas. Esses protestos não causaram transformações no país, mas são entendidos como um prelúdio da Revolução Laranja em 2004.

Revolução Laranja de 2004: o que foi?

Parte da população demonstrou estar insatisfeita com a situação do país e com o governo do então presidente Leonid Kuchma. Enfraquecido e impopular, Kuchma decidiu indicar o seu primeiro-ministro, Viktor Yanukovich, como candidato à presidência, decidindo que não concorreria a um terceiro mandato.

A oposição apresentava Viktor Yushchenko para candidato à presidência, com Yulia Tymoshenko como sua aliada (e possível primeira-ministra). A corrupção e o autoritarismo eram problemas que incomodavam uma parte da sociedade ucraniana, e Yushchenko aparecia como a pessoa ideal para solucionar ambos problemas.

A eleição aconteceu, e a apuração anunciou que Viktor Yanukovich havia sido o vencedor com quase 50% dos votos. Acontece que, junto do anúncio da vitória do candidato governista, de observadores ucranianos e internacionais, vieram denúncias de fraude na eleição presidencial do país.

Logo após as denúncias, a população ucraniana tomou as ruas de Kiev, capital do país, realizando protestos que mobilizaram mais de um milhão de pessoas nas ruas da cidade. As pessoas acamparam nas ruas de Kiev como demonstração de insatisfação, e ações de desobediência civil se espalharam pela capital e pelo interior da Ucrânia.

Além disso, os protestantes adotaram a cor laranja, representante do partido de Yushchenko. Foi daí que veio o nome desse acontecimento na Ucrânia. A insatisfação popular contra a corrupção e a manipulação da eleição criaram as condições políticas para que essa eleição fosse anulada pela Suprema Corte da Ucrânia, em dezembro de 2004.

O então presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, em ambiente político.
Depois da Revolução Laranja de 2004, Viktor Yushchenko foi eleito presidente da Ucrânia. [2]

Uma nova eleição foi realizada, e Viktor Yushchenko saiu como vencedor, obtendo 52% dos votos. O candidato do governo, Viktor Yanukovich, obteve apenas 44% dos votos. Com o resultado, Yushchenko assumiu a presidência da Ucrânia no ano seguinte. A revolução garantiu que a eleição ucraniana acontecesse de maneira transparente.

Veja também: Revolução Sadinista — responsável por derrubar os Somoza do poder na Nicarágua

Consequências da Revolução Laranja de 2004

A posse de Viktor Yushchenko aconteceu em 23 de janeiro de 2005, e o governo eleito foi marcado por expectativas que não foram atendidas. A desigualdade social no país não diminuiu, a influência dos oligarcas seguiu elevada, e a corrupção também continuou como um problema. Durante seu governo, Yushchenko e Tymoshenko romperam.

Além disso, a eleição de 2004 contribuiu para aumentar a polarização da Ucrânia, gerando a consolidação do leste do país como pró-Rússia e do oeste como pró-Ocidente. Isso porque Victor Yushchenko era um candidato que se aproximava politicamente mais das nações ocidentais, enquanto Viktor Yanukovich tinha uma retórica que o aproximava da Rússia.

Além disso, a vitória de Yushchenko contribuiu para a aproximação da Ucrânia com o Ocidente e aproximou esse país da União Europeia e da Otan. Isso afetou diretamente a relação da Ucrânia com a Rússia, nação que considerava essa aproximação uma ameaça à sua segurança e aos seus interesses.

A relação entre as duas nações só foi se desgastando cada vez mais com o passar dos anos. Por fim, a decepção com o governo de Yushchenko reforçou o desânimo da população ucraniana com a política tradicional.

Créditos de imagem

[1] Alexandr Zadiraka / Shutterstock

[2] Sodel Vladyslav / Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva

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