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Supremacia branca

A supremacia branca é um ideal racista que acredita na ideia da superioridade do homem branco. Essa teoria procura utilizar evidências científicas para comprovar sua veracidade e, ao longo da história, manifestou-se de diferentes formas. Os neonazistas e a Ku Klux Klan são dois grupos que acreditam nessa concepção.

Acesse também: Segregação racial nos Estados Unidos

Conceito de supremacia branca

A supremacia é um ideal racista que defende que o homem branco é naturalmente superior aos não brancos. Os supremacistas defendem sua visão deturpada alegando a existência de teorias científicas que a comprovariam, mas esse argumento não é sustentado pela ciência.

“White power” é um lema muito tradicional entre os grupos supremacistas e significa “poder branco”.
“White power” é um lema muito tradicional entre os grupos supremacistas e significa “poder branco”.

A supremacia branca pode se manifestar de duas formas, sendo uma delas radicalizada, e a outra, mais “sutil”. Ao longo da história, a exploração, por meio da colonização e escravização, de pessoas não brancas se baseou nessa falsa ideia da superioridade do branco.

Além disso, leis e sistemas de governo que existiram ao longo do século XX baseavam-se nessas ideias e criaram uma série de restrições que segregavam não brancos e garantiam os privilégios da parcela branca da população. Um dos casos mais expressivos foi o da África do Sul, que sustentou, na segunda metade do século XX, um regime segregacionista conhecido como apartheid.

Essa manifestação da supremacia branca em regimes que garantem seus privilégios é entendida como mais “sutil”. O termo fica entre aspas, uma vez que toda forma de segregação é uma violência em si, independentemente de sua forma de emprego, não devendo, portanto, ser legitimada.

A forma radicalizada da supremacia branca se manifesta por meio de organizações extremistas que defendem lemas como “poder branco” e que usam da violência para perseguir aqueles que não são brancos. Esses grupos se reúnem em células, que se encontram secretamente para difundir suas teorias racistas e organizar atentados terroristas.

A existência de leis e governos que promovem certo segregacionismo, assim como de grupos extremistas que perseguem não brancos de maneiras violentas, é entendida como manifestação da branquitude — um conceito das ciências sociais usado para definir um lugar estrutural que sustenta privilégios das pessoas brancas, enxergando-as como o modelo padrão de ser humano.

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Os grupos extremistas se reúnem em pequenas organizações, que atuam secretamente e difundem discurso de ódio explorando locais como a internet. Especialistas que acompanham a atuação de grupos extremistas de supremacistas percebem a forte atuação deles em fóruns e espaços de jogos on-line.

O discurso de ódio dos supremacistas se volta contra qualquer um que não seja branco. Assim, africanos, descendentes de africanos, latinos, indígenas, judeus, asiáticos, muçulmanos, entre outros, são grupos vítimas do discurso de ódio e da violência racista.

Um ponto importante é que muitos grupos supremacistas não enxergam a si próprios como racistas, pois, na ideologia deles, a superioridade do homem branco é um fato natural e, portanto, falar sobre isso não é ser racista, mas sim realista.

Muitos desses grupos têm relação direta com ideais neonazistas e forte atuação em locais como Europa e América do Norte. Os supremacistas são radicalmente contra políticas que promovem a inclusão social de grupos marginalizados e se posicionam contra a imigração, pois consideram a miscigenação um mal.

Isso porque muitos deles entendem a “pureza racial” como um fator relacionado com a identidade nacional. Assim, alemães supremacistas, por exemplo, entendem que a cidadania alemã é algo que pertence exclusivamente aos brancos.

Existem supremacistas que utilizam a miscigenação como argumento para propagar a teoria conspiratória do “genocídio” do homem branco, sob a alegação que a miscigenação promoveria sua extinção. Por fim, como mencionado, o lema de muito desses grupos é a expressão white power, que significa “poder branco”.

Acesse também: Antifascismo – o movimento que combate neonazistas e supremacistas

Desenvolvimento da ideia de supremacia branca

Grupo de supremacistas brancos fazendo uma manifestação se utilizando de símbolos da Ku Klux Klan.[1]
Grupo de supremacistas brancos fazendo uma manifestação se utilizando de símbolos da Ku Klux Klan.[1]

Segundo os historiadores, a hierarquização do ser humano em raças foi um fato que se estabeleceu entre os séculos XV e XVI por conta da colonização. A exploração da terra e de seres humanos por meio de trabalhos compulsórios e pela escravidão precisava de uma base teórica que pudesse justificar essas ações.

Assim se consolidaram os ideais de hierarquização do humano em raças, e, logicamente, os europeus estabeleceram o branco como superior. Essa suposta superioridade, então, justificava toda a violência cometida contra diferentes povos e também serviu de base para o neocolonialismo, a partir do século XIX.

Durante o neocolonialismo, argumentava-se que o branco era superior por seu padrão de vida “civilizadoe pelo seu conhecimento científico. Sendo assim, era “dever” do branco levar esse padrão de vida para povos entendidos como “atrasados”. Muitos procuravam utilizar estudos científicos para comprovar essa hierarquia.

Além da colonização, houve outras manifestações de ideais de supremacia branca. Nos Estados Unidos, por exemplo, a região sul controlou milhões de escravizados que trabalhavam em fazendas de algodão, por exemplo. Depois da Guerra de Secessão e da abolição da escravidão, o racismo tomou novas formas nessa região.

Nesse sentido, destacam-se as leis segregacionistas, entre as quais estão as Leis Jim Crow. Esses dispositivos impediam os casamentos inter-raciais, criavam limitações para impedir que afro-americanos votassem, e estabeleciam espaços públicos separados para brancos e negros no país. Essas leis existiram até meados da década de 1960.

Ações semelhantes aconteceram na África do Sul, na segunda metade do século XX, com um regime segregacionista conhecido como apartheid. Esse regime retirou a cidadania da população negra, assim como criou muitos espaços públicos separados para brancos e negros. Por fim, era rotineira a violência do Estado contra a população negra sul-africana.

Outros exemplos de grupos que adotavam ideais supremacistas brancos foram os nazistas e, recentemente, os neonazistas, que acreditam nos ideais nazistas, baseados na teoria da superioridade do ariano, o ideal de homem branco.

A Ku Klux Klan também manifestou ideais supremacistas. Essa organização terrorista surgiu nos Estados Unidos, em 1865, como resultado da derrota dos sulistas na Guerra de Secessão. Inconformados com o fim da escravidão, homens brancos se reuniram nessa organização terrorista para aterrorizar negros no sul do país por meio de atentados que incluíam destruição de suas residências, espancamentos e execuções sumárias.

Créditos da imagem:

[1] mark reinstein e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva

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