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Bernardo Guimarães

Bernardo Guimarães é um escritor brasileiro do século XIX. Ele é um dos principais autores da prosa romântica regionalista. Sua obra mais famosa é A escrava Isaura.
Busto de Bernardo Guimarães, obra de Rodolfo Bernardelli (1852–1931).
Busto de Bernardo Guimarães, obra de Rodolfo Bernardelli (1852–1931).

  Bernardo Guimarães nasceu em 15 de agosto de 1825, em Ouro Preto, no estado de Minas Gerais. Mais tarde, fez faculdade de Direito em São Paulo, onde se tornou amigo de escritores como Álvares de Azevedo (1831–1852) e Aureliano Lessa (1828–1861). Além disso, trabalhou como juiz e, também, professor.

O autor, que faleceu em 10 de março de 1884, na cidade de Ouro Preto, é um dos principais representantes do romance regionalista do Romantismo brasileiro. Suas narrativas, portanto, além de valorizarem a cultura regional, enaltecem o amor e a pureza feminina, como é possível verificar em seu romance A escrava Isaura.

Leia também: Gonçalves de Magalhães — o introdutor do Romantismo no Brasil

Resumo sobre Bernardo Guimarães

  • O escritor Bernardo Guimarães nasceu em 1825 e faleceu em 1884.

  • Além de romancista, ele também foi juiz e professor.

  • Integrante do Romantismo brasileiro, é autor de romances regionalistas.

  • Suas narrativas valorizam a cultura regional e possuem caráter nacionalista.

  • Seu livro mais famoso é o romance A escrava Isaura.

Biografia de Bernardo Guimarães

Bernardo Guimarães nasceu em 15 de agosto de 1825, em Ouro Preto, Minas Gerais. Mas, com quatro anos de idade, sua família se mudou para Uberaba. Seu pai, João Joaquim da Silva Guimarães, também era escritor, filiado ao Arcadismo, e foi uma forte influência para o autor.

Mais tarde, o jovem Bernardo Guimarães participou, em 1842, da Revolução Liberal, ao lado dos legalistas. Ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1847, e se formou em 1852. Durante o período na universidade, fez parte da Sociedade Epicureia, de inspiração byroniana.

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Em seguida, foi juiz em Catalão, no estado de Goiás, de 1852 a 1854. Em 1859, se mudou para o Rio de Janeiro, onde trabalhou no jornal A Atualidade. Dois anos depois, em 1861, voltou a atuar como juiz em Catalão. Mas retornou ao Rio de Janeiro, onde viveu entre 1864 e 1866.

Em 1866, assumiu o cargo de professor de retórica no Liceu de Ouro Preto. Já tinha 42 anos quando se casou, em 1867, com Teresa Gomes de Lima, na cidade de Ouro Preto. Com Teresa, Bernardo Guimarães teve oito filhos. Mais tarde, em 1873, aceitou o cargo de professor de latim e francês na cidade de Queluz, em Minas Gerais.

No ano de 1875, o escritor publicou o seu mais famoso romance, A escrava Isaura. Bernardo Guimarães ficou tão conhecido que, em 1881, foi reverenciado por D. Pedro II (1825–1891), quando o monarca visitou Minas Gerais. Três anos depois, porém, faleceu, em 10 de março de 1884, em Ouro Preto.

Bernardo Guimarães na Academia Brasileira de Letras

Bernardo Guimarães é o patrono da cadeira número 5 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de um de seus fundadores, o poeta parnasiano Raimundo Correia (1859–1911).

Leia também: Maria Firmina dos Reis — primeira escritora negra de um romance abolicionista no Brasil

Características literárias de Bernardo Guimarães

As principais obras de Bernardo Guimarães apresentam elementos do romance regionalista do Romantismo brasileiro. Esse tipo de narrativa conta com um herói destemido e uma heroína idealizada. O amor é apresentado como sendo um sentimento superior, capaz de vencer todos os obstáculos.

O espaço da narrativa é o meio rural, onde se encontram paisagens e personagens típicos de alguma região do país. Nessa perspectiva, a obra valoriza os elementos regionais para despertar o sentimento de nacionalidade no(a) leitor(a). Assim, com sentimentalismo e uma visão teocêntrica da realidade, o narrador mostra os costumes da sociedade rural brasileira.

Obras de Bernardo Guimarães

  • Cantos da solidão (1852) — poesia.

  • Inspirações da tarde (1858) — poesia.

  • A voz do pajé (1860) — teatro.

  • Poesias diversas (1865).

  • O ermitão de Muquém (1869) — romance.

  • Lendas e romances (1871) — novelas.

  • O garimpeiro (1872) — romance.

  • Histórias e tradições da província de Minas Gerais (1872) — conto e novelas.

  • O seminarista (1872) — romance.

  • O índio Afonso (1872) — romance.

  • A escrava Isaura (1875) — romance.

  • Novas poesias (1876).

  • Maurício ou Os paulistas em São João del-Rei (1877) — romance.

  • A ilha maldita ou A filha das ondas (1879) — romance.

  • O pão de ouro (1879) — novela.

  • Folhas de outono (1883) — poesia.

  • Rosaura, a enjeitada (1883) — romance.

  • O bandido do Rio das Mortes (1904) — romance.

A escrava Isaura

Capa do livro A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, publicado pela editora L&PM.[1]
Capa do livro A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, publicado pela editora L&PM.[1]

O romance A escrava Isaura é o livro mais conhecido de Bernardo Guimarães e fez grande sucesso no século XIX. Nessa típica obra romântica, a personagem Isaura, uma heroína idealizada, se apaixona por Álvaro, um corajoso rapaz. Juntos, precisam vencer os obstáculos que impedem a realização de seu amor.

A protagonista é uma escrava branca. Ela é filha do feitor Miguel, um homem branco, e de Juliana, uma mulher preta e escravizada. Apesar disso, Isaura foi criada na casa grande e recebeu a educação destinada às mulheres bem-nascidas do século XIX, pois

[...], uma santa mulher, um anjo de bondade, curvou-se sobre o berço da pobre criança e veio ampará-la à sombra de suas asas caridosas. A mulher do comendador considerou aquela tenra e formosa cria como um mimo, que o céu lhe enviava para consolá-la das angústias e dissabores, que tragava em consequência dos torpes desmandos de seu devasso marido. Levantou ao céu os olhos banhados em lágrimas, e jurou pela alma da infeliz mulata encarregar-se do futuro de Isaura, criá-la e educá-la, como se fosse uma filha.

A esposa do comendador Almeida não conseguiu, no entanto, transferir bons valores ao filho Leôncio, tão ou mais cruel do que o pai, e não teve o cuidado de alforriar Isaura antes de falecer. Desse modo, após a morte dos pais, o perverso vilão se vê proprietário da bela escrava.

Apesar de seu compromisso com Malvina, Leôncio busca fazer com que Isaura se entregue a ele. No entanto, a virgem resiste bravamente. Para se ver livre do assédio, ela e o pai fogem para Recife. Nessa cidade, ela conhece Álvaro, um rapaz rico e abolicionista.

A paixão entre os dois é ameaçada quando Leôncio consegue, finalmente, capturar a fugitiva, e todos na cidade descobrem a origem de Isaura. Entretanto, o herói não se tranquiliza enquanto não liberta a sua amada, para com ela se casar e terem o tão esperado final feliz.

Apesar de A escrava Isaura ser considerado um romance abolicionista e ter o mérito de questionar a escravidão ao apresentar uma escrava branca e, assim, surpreender o(a) leitor(a), ele possui um ou outro traço racista, como podemos ver nestes trechos:

Cônscia de sua condição, Isaura procurava ser humilde como qualquer outra escrava, [...]. Não obstante porém toda essa modéstia e humildade transluzia-lhe, mesmo a despeito dela, no olhar, na linguagem e nas maneiras, certa dignidade e orgulho nativo, proveniente talvez da consciência de sua superioridade, e ela sem o querer sobressaía entre as outras, bela e donosa, pela correção e nobreza dos traços fisionômicos e por certa distinção nos gestos e ademanes [...].

Ah! meu Deus! — pensava ela; nem aqui posso achar um pouco de sossego!... em toda parte juraram martirizar-me!... [...]. Meu Deus! meu Deus!... já que tive a desgraça de nascer cativa, não era melhor que tivesse nascido bruta e disforme, como a mais vil das negras, do que ter recebido do céu estes dotes, que só servem para amargurar-me a existência?

Leia também: José de Alencar — um dos principais expoentes da prosa romântica brasileira

Curiosidades sobre Bernardo Guimarães

  • Bernardo Guimarães, Álvares de Azevedo e Aureliano Lessa planejavam publicar uma obra conjunta intitulada Três liras, o que não aconteceu.

  • Bernardo Guimarães era tio-avô do escritor Alphonsus de Guimaraens (1870–1921).

  • A obra A escrava Isaura foi adaptada para o cinema, em 1929, e para a televisão, em 1976 e 2004.

  • Em 1930, o governo de Minas Gerais construiu um mausoléu em homenagem ao autor, no cemitério próximo da Igreja de São José, em Ouro Preto.

  • Em 1959, Alphonsus de Guimaraens Filho (1918–2008) publicou as Poesias completas de Bernardo Guimarães.

  • Em 2006, o governo de Minas Gerais terminou a restauração da casa de Bernardo Guimarães, em Ouro Preto.

Créditos da imagem

[1] Editora L&PM (reprodução)   

Publicado por Warley Souza

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