Moacyr Scliar
“Precisamos acordar todas as manhãs com o olhar brilhante, mesmo que haja chuva, renascendo de todo o passado, pois o presente é o tempo de amar, é o tempo de viver, de perdoar e de ser perdoado.”
A frase que você acabou de ler é de autoria de um dos mais importantes escritores da literatura brasileira contemporânea: Moacyr Scliar. Conhecido do grande público, inclusive entre o público jovem graças à sua contribuição para a literatura infantojuvenil, Scliar deixou uma extensa obra, que conta com mais de 70 títulos, publicados ao longo de quase cinquenta anos de carreira literária.
A vida e a obra de Moacyr Scliar fundem-se. De origem judaica, o judaísmo foi tema recorrente em seus livros, o que fez do escritor um dos precursores do assunto na literatura brasileira. Filhos de imigrantes russos que chegaram ao Brasil em 1904, nasceu em Porto Alegre em 23 de março de 1937. O nome Moacyr (que em língua tupi significa “filho da dor”), escolhido pela mãe do escritor que terminara de ler Iracema, de José de Alencar, entrelaçou-se à sua vida, conforme a crença judaica de que “os nomes são recados dos pais para os filhos e são como ordens a serem cumpridas para o resto da vida”. O “filho da dor” formou-se médico especialista em Saúde Pública pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul no ano de 1962.
De suas experiências como estudante de Medicina nasceu seu primeiro livro, publicado em 1962, intitulado Histórias de Médico em Formação. Conciliou a carreira literária com o ofício de médico e, enquanto dava forma à sua obra, atuou no Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência de Porto Alegre. Posteriormente, também atuou como professor visitante na Brown University e na Universidade do Texas, ambas nos Estados Unidos. Em 1965, casou-se com Judith Vivien Olivien, e da união nasceu o filho Roberto. Em 1968, escreveu seu primeiro livro de contos, O Carnaval dos Animais, obra que Scliar considerava ser sua primeira incursão pela literatura brasileira.
Em quase cinquenta anos de carreira, Scliar escreveu 74 títulos, que foram traduzidos para diversos idiomas
Foi também colunista em dois importantes jornais, Folha de São Paulo e Zero Hora, publicação para a qual escreveu até poucos dias antes de falecer — suas crônicas falavam sobre o cotidiano, a literatura e a medicina, suas grandes paixões. Sua obra, composta por 74 títulos, foi traduzida para diversos idiomas. Entre romances, contos, ensaios e literatura infantojuvenil, passeiam temas como a realidade social da classe média urbana no Brasil, a medicina e o judaísmo, e por sua grande relevância, foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a Cadeira de n° 31, sucedendo o imortal Geraldo França de Lima. Moacyr faleceu em Porto Alegre no dia 27 de fevereiro de 2011 aos 73 anos, vítima de complicações decorrentes de um Acidente Vascular Cerebral, deixando para a literatura brasileira contemporânea uma inigualável contribuição.
Bibliografia de Moacyr Scliar:
Conto
Histórias de um Médico em Formação. 1962.
O Carnaval dos Animais. 2001.
A Balada do Falso Messias. 1976.
Histórias da Terra Trêmula. 1976.
O Anão no Televisor. 1979.
Os Melhores Contos de Moacyr Scliar. 1984.
Dez Contos Escolhidos. 1984.
O Olho Enigmático. 1986.
Contos Reunidos. 1995.
O Amante da Madonna. 1997.
Os Contistas. 1997.
Histórias para (quase) Todos os Gostos. 1998.
Pai e Filho, Filho e Pai. 2002.
Mistérios de Porto Alegre. 2004.
Romance
A Guerra no Bom Fim. 1972.
O Exército de um Homem Só. 1973.
Os Deuses de Raquel. 1975.
O Ciclo das Águas. 1996.
Mês de Cães Danados. 1977.
Doutor Miragem. 1979.
Os Voluntários. 1979.
O Centauro no Jardim. 1980.
Max e os Felinos. 1981.
A Estranha Nação de Rafael Mendes. 1983.
Cenas da Vida Minúscula. 1991.
Sonhos Tropicais. 1992.
A Majestade do Xingu. 1997.
A Mulher Que Escreveu a Bíblia. 1999.
Os Leopardos de Kafka. 2000.
Uma História Farroupilha. 2004.
Na Noite do Ventre, o Diamante. 2005.
Os vendilhões do tempo. 2006.
Manual da Paixão solitária. 2008.
Amor em Texto, Amor em Contexto. 2008.
Eu vos abraço,milhões. 2010.
Ficção infantojuvenil
Cavalos e Obeliscos. 2001.
A Festa no Castelo. 1982.
Memórias de um Aprendiz de Escritor. 1984.
No Caminho dos Sonhos. 1988.
O Tio Que Flutuava. 1988.
Introdução à Prática amorosa. 2003.
Os Cavalos da República. 1989.
Pra Você Eu Conto. 1991.
Uma História Só pra Mim. 1994.
Um Sonho no Caroço do Abacate. 1995.
O Rio Grande Farroupilha. 1995.
Câmera na Mão, o Guarani no Coração. 1998.
A Colina dos Suspiros. 1999.
Livro da Medicina. 2000.
O Mistério da Casa Verde. 2000.
O Ataque do Comando P.Q. 2001.
O Sertão Vai Virar Mar. 2002.
Aquele Estranho Colega, o Meu Pai. 2002.
Éden-Brasil. 2002.
O Irmão Que Veio de Longe. 2002.
Nem uma Coisa, nem Outra. 2003.
O Navio das Cores. 2003.
Histórias de Aprendiz. 2004.
Um Menino Chamado Moisés. 2004.
O Amigo de Castro Alves. 2005.
Respirando Liberdade. 2005.
Ciumento de carteirinha. 2006.
A palavra mágica. 2007.
O menino e o bruxo. 2007.
Crônica
A Massagista Japonesa. 1984.
Um País Chamado Infância. 1989.
Dicionário do Viajante Insólito. 1995.
Minha Mãe não Dorme Enquanto Eu não Chegar. 1996.
A Língua de Três Pontas: Crônicas e Citações sobre a Arte de Falar Mal. 2001.
O Imaginário Cotidiano. 2001.
As Melhores Crônicas de Moacyr Scliar. 2004.
Do jeito que a gente vive. 2007.
Histórias que os jornais não contam. 2009.
Ensaio
A Condição Judaica. 1987.
Do Mágico ao Social: a Trajetória da Saúde Pública. 2002.
Cenas Médicas. 2002.
Se Eu Fosse Rotschild. 1993.
Judaísmo: Dispersão e Unidade. 1994.
Oswaldo Cruz. 1996.
A Paixão Transformada: História da Medicina na Literatura. 1996.
Meu Filho, o Doutor: Medicina e Judaísmo na História, na Literatura e no Humor. 2000.
Porto de Histórias: Mistérios e Crepúsculos de Porto Alegre. 2004.
A Face Oculta: Inusitadas e Reveladoras Histórias da Medicina. 2000.
A Linguagem Médica. 2002.
Oswaldo Cruz & Carlos Chagas: o Nascimento da Ciência no Brasil. 2002.
Saturno nos Trópicos: a Melancolia Europeia Chega ao Brasil. 2003.
Judaísmo. 2003.
Um Olhar sobre a Saúde Pública. 2003.
O Olhar Médico. 2005.
O texto, ou: a vida. 2007.
Enigmas da culpa. 2007.
Oswaldo Cruz. 2009.