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Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu foi um escritor gaúcho. Suas obras fazem parte da literatura contemporânea brasileira e são marcadas pela angústia existencial e pelo homoerotismo.
Caio Fernando Abreu, em foto de capa do livro “Cartas”, publicado pela editora e-galáxia. [1]
Caio Fernando Abreu, em foto de capa do livro “Cartas”, publicado pela editora e-galáxia. [1]

Caio Fernando Abreu foi um escritor brasileiro. Ele nasceu em 12 de setembro de 1948, em Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul. Mais tarde, iniciou faculdade de Letras, em Porto Alegre, mas não concluiu o curso. Passou então a trabalhar em revistas e jornais, como Veja e O Estado de S. Paulo.

O escritor, que faleceu em 25 de fevereiro de 1996, em Porto Alegre, foi um dos mais importantes autores da literatura contemporânea. Suas obras apresentam ficção intimista, angústia existencial e homoerotismo. Seu livro Cartas reúne vasta correspondência ocorrida entre os anos de 1965 e 1996.

Veja também: Milton Hatoum — outro autor da literatura contemporânea brasileira

Resumo sobre Caio Fernando de Abreu

  • O autor Caio Fernando Abreu nasceu em 1948 e faleceu em 1996.
  • Ele foi contista, cronista, poeta, romancista e dramaturgo.
  • Suas obras fazem parte da literatura contemporânea brasileira.
  • Seus textos apresentam caráter intimista e angústia existencial.
  • O homoerotismo é uma marca importante em suas narrativas.
  • O livro Cartas revela elementos autobiográficos do escritor.

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Biografia de Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu nasceu em 12 de setembro de 1948, em Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul. Em 1965, mudou-se para Porto Alegre, a fim estudar em um colégio interno. Dois anos depois, iniciou o curso de Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Trancou a matrícula, e, em 1969, foi morar na cidade de São Paulo, onde começou a trabalhar na revista Veja. Voltou a morar em Porto Alegre, em 1970, para estudar teatro. Ainda em 1970, publicou seu primeiro livro de contos Inventário do ir-remediável —, vencedor do prêmio Fernando Chinaglia.

No ano seguinte, no Rio de Janeiro, fez parte de uma comunidade hippie. Já em 1972, de volta a Porto Alegre, trabalhou no jornal Zero Hora. Em 1973, foi para a Europa. Em 1974, estava de volta ao Brasil e a Porto Alegre. Voltou a morar em São Paulo no ano de 1978.

Começou a ser conhecido como escritor a partir da publicação de Morangos mofados, em 1982. Dois anos depois, em 1984, ganhou o prêmio Jabuti pelo seu livro O triângulo das águas. Em 1989, foi a vez do livro Os dragões não conhecem o paraíso. E, no ano seguinte, seu romance Onde andará Dulce Veiga? ganhou o prêmio APCA.

Caio Fernando Abreu era homossexual, mas não gostava de rótulos. Em crônica de 1987, no jornal O Estado de São Paulo, escreveu:

Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade — voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor grau de moral ou integridade. (É curioso, e revelador, observar que quando Gore Vidal vem ao Brasil, toda a imprensa se refere a ele como “o escritor homossexual”, mas estou certo que se viesse, por exemplo, Norman Mailer, ninguém falaria do “escritor heterossexual”.)|1|

Em 1994, com problemas de saúde, voltou para Porto Alegre. Nesse ano, mantinha uma coluna semanal no jornal O Estado de S. Paulo, na qual tornou público o fato de ser portador do vírus HIV. Faleceu em 25 de fevereiro de 1996, em Porto Alegre, vítima de complicações do vírus HIV. Nesse mesmo ano, após seu falecimento, ficou em terceiro lugar no prêmio Jabuti, agora com o livro Ovelhas negras.

Características da obra de Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu foi um autor da literatura contemporânea brasileira, que apresenta características como:

  • intertextualidade;
  • liberdade de criação;
  • individualismo;
  • falta de utopia;
  • valorização de contos;
  • fragmentação.

Além disso, a obra do autor possui estes elementos particulares:

  • homoerotismo;
  • temática social;
  • solidão urbana;
  • caráter intimista;
  • angústia existencial;
  • perspectiva mística;
  • busca por identidade;
  • temática da morte.

Obras de Caio Fernando Abreu

Capa do livro “Morangos mofados”, de Caio Fernando Abreu, publicado pela editora Companhia das Letras. [2]
Capa do livro “Morangos mofados”, de Caio Fernando Abreu, publicado pela editora Companhia das Letras. [2]

→ Contos e novelas de Caio Fernando de Abreu

  • Inventário do ir-remediável (1970)
  • O ovo apunhalado (1975)
  • Pedras de Calcutá (1977)
  • Morangos mofados (1982)
  • Triângulo das águas (1983)
  • Os dragões não conhecem o paraíso (1988)
  • Ovelhas negras (1995)
  • Estranhos estrangeiros (1996)

→ Romances de Caio Fernando de Abreu

  • Limite branco (1971)
  • Onde andará Dulce Veiga? (1990)

→ Obras infantis de Caio Fernando de Abreu

  • As frangas (1988)
  • Girassóis (1997)
  • A comunidade do arco-íris (2013)

→ Teatro de Caio Fernando de Abreu

  • Teatro completo (1997)

→ Crônicas de Caio Fernando de Abreu

  • Pequenas epifanias (1996)
  • A vida gritando nos cantos (2012)

→ Correspondência de Caio Fernando de Abreu

  • Cartas (2002)

→ Poesia de Caio Fernando de Abreu

  • Poesias nunca publicadas de Caio Fernando Abreu (2012)

Análise da obra Cartas, de Caio Fernando de Abreu

A obra Cartas foi publicada, pela primeira vez, em 2002. Ela contém uma seleção de cartas do escritor Caio Fernando Abreu feita por Italo Moriconi. Assim, reúne a correspondência do autor ocorrida entre os anos de 1965 e 1996. Durante todo esse tempo, ele se correspondeu com várias pessoas.

Algumas delas foram: os escritores Maria Adelaide Amaral, João Silvério Trevisan e Hilda Hilst, o ator Marcos Breda e a cantora Adriana Calcanhotto, para citar alguns nomes conhecidos. Também escrevia para seus pais: Zaél e Nair Abreu. Assim, em uma carta de 10 de março de 1965, o adolescente de 16 anos escrevia para os pais:

Estive muito doente, tive que passar uns dias na enfermaria. Quero que a senhora imagine o que senti ao me ver sozinho naquele quarto frio e enorme. Cada passo que ouvia no corredor pensava que era a senhora chegando; cada riso de criança que vinha lá de fora eu julgava ser da Márcia ou da Cláudia. Confesso que tive vontade (e tenho) de morrer.

[...]

Os guris daqui me tratam muito mal, vivo sozinho. À noite choro muito. Só penso em ir embora daqui; maldita a hora em que eu quis vir para cá!

Dessa forma, o jovem escritor mostra seu sofrimento ao ficar distante da família, enquanto estudava em um colégio interno. Além dessa, outras tantas cartas revelam detalhes da vida e do cotidiano do autor, além de seus pensamentos sobre vários assuntos e de sua visão acerca da existência.

Já em uma de suas últimas cartas, escrita em 1º de janeiro de 1996, agora para o tradutor Gerd Hilger, ele fala de sua luta contra a aids:

Andei mal: duas semanas no hospital para extirpar a vesícula. 3 cirurgias, oito transfusões de sangue, pressão a três. A cara da morte (parece com Ute Lemper!). Sobrevivi. Agora me recupero. Fraco fisicamente, fortíssimo no espírito. Hoje recomecei a combinação AZT-3TC. Vamos lá, tenho fé.|2|

Leia também: Ana Cristina Cesar — poetisa brasileira vinculada à poesia marginal dos anos 1970

Frases de Caio Fernando Abreu

A seguir, leremos algumas frases de Caio Fernando Abreu, retiradas de seu livro Pequenas epifanias:

  • “O amor, como a morte, também existe — e da mesma forma dissimulada.”
  • “O acontecer do amor e da morte desmascaram nossa patética fragilidade.”
  • “Apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.”
  • “Política é exercício de poder, poder é o exercício do desprezível.”
  • “Os escritores são seres muito cruéis, estão sempre matando a vida à procura de histórias.”
  • “Meu coração é um sapo rajado, viscoso e cansado, à espera do beijo prometido capaz de transformá-lo em príncipe.”

Créditos de imagem

[1] Editora e-galáxia (reprodução)

[2] Grupo Companhia das Letras (reprodução)

Notas

|1| ABREU, Caio Fernando. A mais justa das saias. O Estado de S. Paulo, 25 mar. 1987.

|2| ABREU, Caio Fernando. Cartas. Organização de Italo Moriconi. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002. 

Publicado por Warley Souza

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