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Lei marcial

Lei marcial é um estado de exceção adotado em cenários de crise, como guerras, e que estabelece a substituição temporária das leis e direitos civis por leis militares.
Grupo de policiais em Bangkok, na Tailândia, onde a lei marcial foi acionada no ano de 2014.
A lei marcial determina a adoção de leis e administração militares para contexto de grave crise, com a população tendo seus direitos restringidos. [1]

Lei marcial é entendida como um estado de exceção adotado em cenários de crise, determinando a substituição temporária dos direitos, das leis e da administração civis pelas leis e administração militares. Por meio desse mecanismo, vários direitos da população podem ser restringidos e medidas incomuns, como o toque de recolher, podem ser adotadas.

Leia também: Estado democrático de direito — o contexto em que o poder do Estado é limitado pelos direitos dos cidadãos

Resumo sobre lei marcial

  • Lei marcial é um estado de exceção adotado em contextos de crise.

  • Substitui as leis e administração civis por leis e administração militares.

  • Deve ser adotada em caráter temporário e pode restringir direitos da população.

  • No Brasil, não existe previsão legal para sua adoção.

  • A Constituição Federal estabelece a existência de três estados de exceção no Brasil: estado de defesa, estado de sítio e intervenção federal.

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O que é e como funciona a lei marcial?

A lei marcial é um mecanismo legal que pode ser estabelecido em algumas nações em situações emergenciais. É uma medida de urgência estabelecida em caráter provisório em momentos que se entende que as autoridades e as leis civis não são suficientes para garantir a ordem em determinado local.

A lei marcial estabelece a suspensão das leis e dos direitos civis e anuncia a imposição de medidas e leis baseadas na legislação militar. Com isso, a administração de um local sob lei marcial passa para o controle militar e muitas garantias e direitos individuais são suspensos.

Esse tipo de mecanismo é adotado para garantir a manutenção da ordem ou o seu restabelecimento. A imposição de leis militares é uma medida extrema adotada em contextos muitos específicos e que deve ser imposta em caráter temporário. A lei marcial pode ser adotada durante guerras, golpes militares, rebeliões ou até em desastres naturais de grande proporção.

Nem todos os países existentes têm previsão legal para adoção de lei marcial, mas os que têm esse dispositivo podem executá-lo do seu modo, havendo, assim, variação entre leis marciais adotadas em diferentes países.

Um país que adota lei marcial pode, por exemplo, restringir o direito de locomoção das pessoas, impedindo-as de circular livremente pelo país, de viajar para o exterior, ou estabelecendo toque de recolher por exemplo.

O direito de reunião das pessoas também pode ser limitado, com o objetivo de impedir aglomeração de pessoas e que manifestações políticas públicas aconteçam. Cidadãos podem ser presos, se assim estabelecer a justiça militar, não havendo necessidade de fundamentação legal para essas prisões. Além disso, os presos ficam sem direito a habeas corpus.

Cidadãos que não obedecerem às regras estabelecidas pela lei marcial podem ser levados a julgamento em corte marcial — um tribunal que julga militares e pode julgar civis em tempos de guerra, de acordo com o direito militar.

Veja também: Tribunal de Haia — uma corte internacional que julga quatro tipos específicos de crimes

Há possibilidade de existir lei marcial no Brasil?

A legislação brasileira não prevê a lei marcial em nosso país. De toda forma, a lei marcial é entendida como uma forma de estado de exceção, e, embora a legislação brasileira não fale sobre ela especificamente, fala sobre três tipos de estados de exceção previstos na Constituição de 1988. Esses estados de exceção são: estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal. Vejamos um pouco sobre cada um deles.

Estado de defesa

O estado de defesa pode ser adotado pelo presidente após consulta a dois conselhos importantes: o da República e o da Defesa Nacional. Esse estado de exceção pode ser acionado com o objetivo de preservar ou restabelecer a paz social e pode ser motivado por instabilidade institucional ou por calamidades causadas por desastres naturais.

Esse estado de exceção pode restringir alguns direitos da população, como o sigilo de correspondência e de comunicação. Depois de decretado o estado de defesa, o presidente deve encaminhar uma justificativa para o ato ao Congresso Nacional. Caso o Congresso não aprove a justificativa, o estado de defesa é encerrado imediatamente. Se aprovado, tem 30 dias de validade, podendo ser prorrogado por mais 30 dias.

Estado de sítio

O estado de sítio é uma medida mais drástica do que o estado de defesa, podendo ser decretada em três situações: comoção grave de repercussão nacional; fracasso das medidas tomadas pelo estado de defesa; declaração de guerra ou agressão armada estrangeira.

Esse estado de exceção só pode entrar em vigor após aprovação em maioria absoluta pelo Congresso Nacional, e seu anúncio deve ser feito só após consulta do presidente aos mesmos conselhos consultados para o decreto do estado de defesa. As restrições adotadas pelo estado de sítio são maiores do que as do estado de defesa.

No cenário de comoção grave de repercussão nacional, o estado de sítio tem validade por 30 dias e pode ser prorrogado por mais 30 dias. Nos cenários de fracasso das medidas tomadas pelo estado de defesa, declaração de guerra ou agressão armada estrangeira, o prazo também é de 30 dias, mas a prorrogação pode acontecer em caráter indeterminado.

Estado de intervenção

A intervenção federal é quando a autonomia dos estados, municípios e do Distrito Federal é suspensa para que a União possa intervir diretamente em alguns deles (ou em todos eles). Isso pode acontecer caso a União precise agir para garantir a integridade territorial ou repelir invasão estrangeira ou invasão de um estado por outro estado por exemplo. O decreto que estabelece a intervenção federal deve conter a amplitude, o prazo e o modo dessa intervenção.

Crédito de imagem

[1] Skynavin / Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva

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