Gonorreia
A gonorreia é uma infecção sexualmente transmissível (IST) provocada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada dia, cerca de um milhão de pessoas, em todo o mundo, adquirem uma IST.
Ainda de acordo com a OMS, “estima-se que a nível global surjam, anualmente, 357 milhões de novos casos das quatro principais IST curáveis no grupo etário dos 15 aos 49 anos de idade, ou seja: infecções por clamídia (131 milhões), gonorreia (78 milhões), sífilis (6 milhões) e tricomoníase (142 milhões)”.
Apesar de a gonorreia ser uma doença tratável, especialistas em todo mundo têm alertado para o surgimento de linhagens resistentes ao tratamento hoje disponível, o que tem feito dela um grave problema de saúde pública.
Leia mais: Superbactérias – apresentam forte resistência a antibióticos
O que é a gonorreia?
A gonorreia é uma doença infecciosa bacteriana transmitida, principalmente, por via sexual, sendo considerada, portanto, uma IST (infecção sexualmente transmissível). Ela é considerada a segunda IST bacteriana mais prevalente em todo o planeta. A gonorreia é uma das doenças mais antigas da humanidade, havendo relatos de sintomas compatíveis com essa infecção desde o Antigo Testamento da Bíblia.
Agente causador da gonorreia
O agente causador da gonorreia é uma bactéria gram-negativa chamada Neisseria gonorrhoeae. Essa bactéria é um diplococo, não flagelado, que apresenta diâmetro entre 0,6-1,06µ. A bactéria infecta tanto homens quanto mulheres, apresentando uma afinidade com as células da uretra e colunares da endocérvix, sendo os sintomas decorrentes, principalmente, da inflamação desses epitélios. Vale salientar, no entanto, que a enfermidade pode abranger também regiões não genitais.
Transmissão da gonorreia
A gonorreia é uma infecção sexualmente transmissível, o que significa que a bactéria causadora da doença pode ser transmitida de um indivíduo para outro durante a relação sexual sem o uso de preservativos. A transmissão, no entanto, não se resume ao modo sexual, podendo ocorrer também durante gravidez e parto.
Sintomas da gonorreia
A gonorreia é uma doença que pode ser assintomática ou desencadear sintomas. Nas mulheres, a infecção é, geralmente, assintomática, uma questão que pode dificultar a realização de um diagnóstico precoce. Nas mulheres pode surgir uma secreção purulenta endocervical, o que pode ser confundido com um corrimento vaginal sem muita importância.
Elas podem apresentar também sangramento intermenstrual, uretrite, e disúria — sensação de dor ou desconforto ao urinar. O não reconhecimento da doença e o tratamento tardio podem levar a complicações, como doença inflamatória pélvica, aborto, gravidez ectópica, infertilidade e oftalmia neonatal.
Nos homens, a gonorreia provoca, principalmente, uretrite aguda, desencadeando corrimento uretral e disúria. O corrimento uretral inicia-se mucoide, mas, após cerca de dois dias, torna-se purulento. Uma complicação da uretrite causada pela gonorreia é a epididimite (inflamação do epidídimo) aguda. Outras complicações são: o edema peniano, prostatite (inflamação da próstata), orquite (inflamação dos testículos), e balanopostite (inflamação da glande).
Vale salientar que a gonorreia pode atingir regiões não genitais, provocando, por exemplo, faringite gonocócica, peri-hepatite, infecção ocular e infecção gonocócica disseminada, a qual leva ao envolvimento articular e cutâneo. Há também a gonorreia anorretal, que pode provocar proctite (inflamação da mucosa do reto), dor, coceira, sangramento retal, e descarga purulenta.
Diagnóstico da gonorreia
O diagnóstico da gonorreia é feito por meio da análise dos sintomas do paciente e do resultado de exames laboratoriais. O diagnóstico é confirmado pela identificação da bactéria causadora da doença em secreções genitais e extragenitais.
Entre os métodos diagnósticos disponíveis, estão: microscopia, cultura e NAAT (NAAT, do inglês, nucleic acid amplification test, “teste de amplificação de ácido nucleico”). O único método que permite a realização do teste de susceptibilidade antimicrobiana é a cultura, portanto, trata-se de um teste que deve ser realizado a fim de identificar o melhor tratamento.
Tratamento da gonorreia e resistência aos antibióticos
A gonorreia é uma doença tratada com o uso de antibióticos, os quais devem ser prescritos exclusivamente por um médico. Um grande problema relacionado ao tratamento da gonorreia é o aumento crescente e veloz da resistência bacteriana aos antibióticos. Algumas das causas desse problema são a escolha inadequada de antibióticos e a falta de controle de acesso a eles.
Além disso, a Neisseria gonorrhoeae apresenta habilidade de alterar o seu genoma, que também pode ser alterado por mutações e adquirir plasmídeos por meio da conjugação, fatores que podem resultar na resistência a antimicrobianos.
Prevenção da gonorreia
A gonorreia, por ser uma infecção sexualmente transmissível, pode ser prevenida com medidas simples, como a utilização de preservativo em todas as relações sexuais. Além disso, é importante que as gestantes façam um acompanhamento pré-natal adequado para que as IST possam ser identificadas e os riscos de transmitir infecções, como a gonorreia, para o bebê diminuam.