Questão da Crimeia

A questão da Crimeia é uma situação geopolítica que teve início a partir da invasão e consequente anexação da Crimeia (antiga região autônoma da Ucrânia) pela Rússia.
A Crimeia é uma península localizada entre os mares Negro e Azov.

A questão da Crimeia é um revés geopolítico gerado pela invasão e anexação da Crimeia pela Rússia. Tal situação ocorreu no ano de 2014 e gera consequências político-militares até a atualidade, como a crise entre Ucrânia e Rússia em 2022.

A Crimeia, antes república autônoma, era uma região da Ucrânia, mas que sempre teve fortes vínculos com a Rússia. A sua ocupação pelos russos gerou grande tensão, que abrangeu toda a Europa. As motivações de invasão e anexação da Crimeia pela Rússia envolvem questões históricas, políticas, econômicas e culturais. Essa região apresenta importância geoestratégica em áreas comerciais e militares.

A crise da Crimeia perdura até hoje, com a Ucrânia defendendo a posição de que essa região é parte de seu território, enquanto a Rússia argumenta que a anexação da Crimeia foi feita legalmente, mediante a realização de um contestável plebiscito entre a população local.

Leia também: Conflitos entre Israel e Palestina — outra questão geopolítica da atualidade

Resumo sobre a questão da Crimeia

  • A Crimeia era uma república autônoma da Ucrânia, mas foi invadida e anexada pela Rússia no ano de 2014.

  • A invasão foi amplamente condenada pela comunidade internacional, especialmente pelos países europeus.

  • A Rússia argumenta que a Crimeia é uma região de fortes laços históricos e culturais com a população russa.

  • A realização de um plebiscito (não reconhecido internacionalmente) é usada como argumento pela Rússia para a anexação da Crimeia.

  • A questão da Crimeia envolve fatores históricos, políticos, econômicos e culturais.

  • A crise da Crimeia gerou desdobramentos sérios, como o aumento da tensão no extremo Leste da Europa.

  • Atualmente, a Crimeia está totalmente integrada ao território da Rússia, sendo integrante da Federação Russa.

  • A anexação da Crimeia pela Rússia gera temores de novas incursões russas pelo território ucraniano.

O que é a questão da Crimeia?

A questão da Crimeia envolve um momento de tensão vivenciado entre a Ucrânia e a Rússia no ano de 2014. A Crimeia era uma república autônoma da Ucrânia, que possuía grande emancipação política regional, mas permanecia como integrante do território ucraniano. Entretanto, a Crimeia sempre teve fortes laços com a Rússia em termos políticos, econômicos e culturais. Uma parte significativa da população da Crimeia tem origem russa e é falante do idioma russo.

Em 2014, mediante os distúrbios políticos na região da Crimeia, originados da oposição ao governo central da Ucrânia, a Rússia ocupou militarmente a região. As tropas russas invadiram pontos estratégicos, como portos e aeroportos, enfrentando pouca resistência dos militares ucranianos. Alegou-se, como justificativa para a invasão, que houve uma ação para proteger os cidadãos russos na Crimeia. Porém, o ocorrido foi duramente criticado pela comunidade internacional.

A invasão gerou um plebiscito, também condenado pelas potências ocidentais. Nele, segundo as fontes russas, a comunidade da Crimeia optou pela anexação do território à Rússia. Esse processo foi consolidado de forma rápida e autoritária, em meio ao intenso domínio russo na região. A Ucrânia, por sua vez, defende que a Crimeia é um território ocupado de forma indevida.

Antecedentes históricos da questão da Crimeia

Os antecedentes históricos da questão geopolítica da Crimeia envolvem os âmbitos político, econômico e cultural dessa porção do planeta. A Crimeia foi uma região pertencente ao Império Russo e, posteriormente, à União Soviética. Portanto, é um espaço que guarda muitos laços com a Rússia. Nessa região, há um grande número de descendentes de russos, que compartilham vários elementos culturais, como o idioma.

Após a independência da Ucrânia, cresceu na Crimeia o sentimento nacionalista de integração à Rússia. Esse cenário foi fomentado pelos russos, mediante o desejo de formação de uma grande república. Assim, a república autônoma da Crimeia apresentou oposição significativa às políticas empreendidas pelo governo central da Ucrânia. Tal situação facilitou a ocupação russa na região em 2014, realizada de modo quase pacífico, com pouca resistência da população local.

Motivos da questão da Crimeia

A Crimeia constituía parte da Ucrânia, gozando de relativa autonomia em relação ao governo central ucraniano. Porém, sua política tinha alinhamento com os russos, em oposição aos dirigentes ucranianos, cenário governamental que culminou na invasão dessa região pela Rússia.

Além disso, a Crimeia tem importância econômica significativa, especialmente por causa da sua localização. Em relação à geografia, a Crimeia é importante por ser uma península cercada pelos mares Negro e Azov, no extremo Leste da Europa. Portanto, se trata de uma região geoestratégica, que oferece fortes bases para o estabelecimento de rotas comerciais. O território também possui grande importância militar, especialmente para proteção da parte sul do território russo.

Ademais, a Crimeia sempre apresentou fortes ligações culturais com a Rússia. A população local é predominantemente formada por russos, além de tártaros, que também têm ligação com o antigo Império Russo. O nacionalismo na Crimeia fomentou, portanto, a aproximação dessa região com a Rússia e sua consequente anexação ao território dessa federação.

Leia também: História de Moscou — a trajetória da maior e mais importante cidade da Rússia

Crise na Crimeia

A crise geopolítica na Crimeia marcou um dos maiores distúrbios político-militares na Europa desde a Guerra Fria. Essa crise gerou a invasão do território da Crimeia pela Rússia e, consequentemente, a anexação dessa península pelos russos, por meio de um contestável referendo consultivo entre a população local. Logo, a contenda culminou em uma importante mudança territorial na região, com graves implicações para a estabilidade europeia.

As questões político-militares da Crimeia levaram ao avanço da crise geopolítica para todo o Leste Europeu. A tensão entre alguns ex-países do bloco soviético, assim como o temor de novas invasões russas na região, perdura até hoje. A Ucrânia, com o apoio das potências ocidentais, ainda defende de forma incontestável que a Crimeia é parte do seu território e que foi invadida e tomada por meio de uma ação arbitrária.

Por que a Crimeia é tão importante?

A invasão e anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 sinalizaram a importância dessa região em diversos âmbitos. A Rússia considera a Crimeia uma região simbólica, em razão de aspectos históricos e culturais que representam fortes laços entre russos e crimeanos. O grande número de descendentes e nativos russos na Crimeia é visto como um argumento disso.

Porém, a Crimeia também tem importantes vínculos com a Ucrânia, como nas práticas culturais e econômicas, além da expressiva parcela de ucranianos na população local. A Ucrânia defende que a Crimeia é integrante do seu território, o que evidencia a sua importância para os ucranianos.

Não são somente questões histórico-culturais que estão vinculadas à identidade e à influência dos povos ucranianos e russos na Crimeia, mas também questões econômicas. A Crimeia é uma região geoestratégica importante, portanto com localização privilegiada, em uma zona de passagem entre rotas comerciais diversas. Essa localização tem relação, ainda, com sua relevância militar, fundamental para a proteção dos territórios russos e também ucranianos.

Leia também: Oriente Médio — outra zona estratégica na geopolítica mundial

Consequências da questão da Crimeia

A questão da Crimeia gerou graves consequências em termos geopolíticos, englobando fatores econômicos, políticos e culturais. Tal situação culminou na formação de um novo foco de tensão entre a Rússia e o Ocidente, além de promover mudanças significativas entre a população local. Um efeito desse cenário foi, portanto, o aumento da tensão entre a Rússia e um grupo importante de países europeus, com destaque para ex-repúblicas soviéticas, que temem novas invasões russas.

Em termos mais locais, a invasão da Crimeia fomentou ainda mais os sentimentos nacionalistas de parte da população crimeana que tem fortes vínculos com a Rússia. Os conflitos político-militares nas províncias do leste ucraniano, por exemplo, são uma consequência da ação russa na região. Tal situação perdura, marcada pelo estabelecimento de um governo paralelo nas províncias ucranianas de Donetsk e Lugansk, uma das zonas mais militarizadas do planeta.

Crimeia atualmente

Atualmente, a Crimeia é uma república autônoma totalmente integrada à Rússia, sendo assim uma das divisões político-administrativas da Federação Russa. Houve a integração das instituições da Crimeia, como de escolas e hospitais, aos serviços federais estabelecidos pela Rússia. Destaca-se ainda a adoção da moeda e do código de telefone russos.

A Crimeia apresenta hoje relativa tranquilidade, apesar da frequente tensão entre Ucrânia e Rússia e mesmo abrigando umas das principais bases militares russas. Entretanto, a região enfrentou grandes perdas, especialmente econômicas, além da deterioração de equipamentos públicos diversos.

O turismo, uma das principais atividades econômicas da Crimeia, diminuiu significativamente. Além disso, uma parcela significativa da população local emigrou para outros países da Europa.

A Ponte da Crimeia, construída pela Rússia, é um dos símbolos da anexação russa do território crimeano. [1]

Exercícios resolvidos sobre a questão da Crimeia

Questão 1

(Enem 2021)

Entenda a crise na Ucrânia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e dois líderes da Crimeia assinaram, em março de 2014, um acordo para tornar a República Autônoma parte da Rússia. O tratado foi assinado dois dias após o povo da Crimeia aprovar em um referendo a separação da Ucrânia e a reunificação com a Rússia. A votação foi condenada por Kiev e pela comunidade internacional, que a considera ilegítima.

Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 28 out. 2014 (adaptado).

A justificativa para o acordo descrito fundamentava-se na ideia de

a) espaço vital.

b) limite fronteiriço.

c) estrutura bipolar.

d) identificação cultural.

e) autonomia econômica.

Resolução:

Alternativa D

A identificação cultural foi um dos principais argumentos utilizados pela Rússia durante o processo de invasão e anexação da Crimeia. Essa região possui fortes laços culturais com a Rússia, com destaque para o grande número de descendentes e falantes da língua russa que habitam o território crimeano.

Questão 2

(PUC-RS 2014) O geógrafo brasileiro José William Vesentini, referindo-se à dissolução da União Soviética, escreveu “Novos países, problemas antigos” (2010). Esse título serve para explicar o início dos confrontos entre a Rússia e a Ucrânia, tendo como foco a disputa pela península

a) de Kola.

b) de Yamal.

c) da Crimeia.

d) da Geórgia.

e) de Kamtchatka.

Resolução:

Alternativa C

A Crimeia já pertenceu ao Império Russo e à União Soviética. Porém, a partir da independência da Ucrânia, essa península se tornou uma república autônoma ucraniana, mas com fortes vínculos com os russos. Em 2014, a Crimeia foi invadida e anexada pela Rússia.

Créditos da imagem:

[1] Budilnikov Yuriy / Shutterstock

Publicado por Mateus Campos
História
Grécia Antiga: Pólis
Assista à nossa videoaula para conhecer as principais características de uma pólis grega. Confira também, no nosso canal, outras informações sobre a Grécia Antiga.
Outras matérias
Biologia
Matemática
Geografia
Física
Vídeos