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Conflitos entre Israel e Palestina

Conflitos entre Israel e Palestina se estendem desde a década de 1940. Foram motivados pela disputa territorial travada pelo controle da Palestina.
Ilustração de punhos fechados com as cores da bandeira de Israel e Palestina.
Os conflitos entre Israel e Palestina se estendem desde a década de 1940 e têm como raiz o surgimento do movimento sionista.

Os conflitos entre Israel e Palestina são travados desde a década de 1940 e remontam ao surgimento do movimento sionista, que defendia a fundação de um Estado judeu na Palestina. Ao longo do século XX, uma série de conflitos, como a Guerra dos Seis Dias, foram travados. Atualmente os palestinos são obrigados a viver em condições bastante ruins.

Leia mais: Muro de Israel – evidencia a difícil paz entre judeus e muçulmanos na região da Palestina

Movimento sionista

Um dos conflitos que mais geram tensões e preocupações em todo o mundo é o que envolve judeus e muçulmanos no território de enclave entre Israel e Palestina. Ambos os lados reivindicam o seu próprio espaço de soberania, embora atualmente esse direito seja exercido plenamente apenas pelos israelenses. Com isso, guerras são travadas, grupos considerados terroristas erguem-se, vidas são perdidas, e uma paz duradoura encontra-se cada vez mais distante.

A área de disputa entre os dois lados em questão localiza-se no Oriente Médio, mais precisamente, na Palestina, tendo como foco a cidade de Jerusalém, um ponto de forte potencial turístico religioso e que é considerado um lugar sagrado para as três grandes religiões monoteístas do planeta: o cristianismo, o islamismo e o judaísmo.

Pode-se dizer que tudo começou com o surgimento do movimento sionista, no final do século XIX. Nesse período, uma grande quantidade de judeus começou a migrar, em massa, em direção aos territórios da Palestina, então habitados por cerca de 500 mil árabes. Essa região era reivindicada pelos judeus por ter sido deles até a sua expulsão pelo Império Romano, no século III d.C., dando início à diáspora judaica, a dispersão de judeus pelo mundo.

O movimento sionista se consolidou por meio do jornalista húngaro Theodor Herzl. Ele defendia o direito dos judeus de retornarem a Palestina e lá formarem um Estado nacional judeu. Esse movimento surgiu como resposta da comunidade judia na Europa ao crescente antissemitismo naquele continente.

Acesse também: Mossad, o serviço secreto israelense

Surgimento de Israel

Acontece que o crescente número de judeus na Palestina começou a criar um forte atrito com a comunidade árabe, estabelecida na Palestina havia séculos. Nesse momento, organizações sionistas já financiavam a migração de milhares de judeus para a Palestina, contribuindo para o desenvolvimento de movimentos nacionalistas palestinos.

Um desses movimentos foi liderado por Hajj Amin al-Husseini, que defendia o fim da presença britânica e era contrário à crescente presença judaica na região. Al-Husseini, inclusive, chegou a liderar uma revolta de palestinos em 1936, uma evidência de que o clima era tenso.

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O genocídio sofrido pelos judeus na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial, chocou o mundo e estabeleceu as condições políticas para que um Estado judeu pudesse ser criado na Palestina. Os ingleses, que eram a autoridade colonial da região, abriram mão de seu domínio e entregaram a disputa de palestinos e judeus para a Organização das Nações Unidas.

A decisão tomada pela ONU foi a de dividir a Palestina entre judeus e árabes. Dessa forma, aproximadamente metade do território seria ocupada por um desses povos, e Jerusalém, a capital, ficaria sob administração internacional. A ONU estabeleceu o seguinte|1|:

  • Israel seria formado por 53,5% das terras;

  • Palestina seria formada por 45,4% das terras;

  • O restante corresponderia a Jerusalém, sob controle internacional.

Havia nessa divisão uma grande contradição, pois os judeus, que correspondiam a 30% da população, ficariam com uma parcela maior do território. Os palestinos, por sua vez, correspondiam a 70% da população e ficariam com uma parcela menor. Além disso, as autoridades árabes alegaram que o seu território concentrava as terras menos férteis e que eles teriam acesso mais limitado à água potável.

A proposta foi aceita pelos judeus, mas foi rejeitada pelos árabes. Mesmo assim, foi aprovada em Assembleia Geral da ONU no dia 29 de novembro de 1947. No ano seguinte, os britânicos se retiraram da Palestina, e, em 14 de maio de 1948, foi proclamada a fundação do Estado de Israel.

Saiba mais: Nações sem território – entre os principais exemplos, está a Palestina

Guerras Árabe-Israelenses

A fundação de Israel deu início aos conflitos entre árabes e israelenses na região. Ao longo do século XX, foram travadas: a Primeira Guerra Árabe-Israelense, a Guerra de Suez, a Guerra dos Seis Dias, e a Guerra de Yom Kippur.

  • Primeira Guerra Árabe-israelense

A fundação do Estado de Israel não foi bem-aceita pelas nações árabes, que deram início a um ataque contra os israelenses. As tropas árabes foram formadas por soldados do Egito, Síria, Líbano, Iraque e Transjordânia (atual Jordânia). A guerra foi desastrosa para os palestinos, uma vez que Israel possuía forças armadas organizadas.

Esse conflito se estendeu de maio de 1948 a julho de 1949, quando o último acordo de paz foi assinado. A guerra fez com que Israel expandisse o seu território, e os 53% do território sob controle israelense passaram para 79%.

Os palestinos reconheceram esse conflito como nakba, palavra, em árabe, que significa “tragédia”. Isso porque, além de perderem território, cerca de 700 mil palestinos foram expulsos de suas casas. Israel nunca permitiu que essas pessoas e seus descendentes retornassem as suas casas, mesmo com uma resolução da ONU indicando que isso acontecesse. Para saber mais sobre esse evento trágico, leia: Primeira Guerra Árabe-Israelense.

  • Demais conflitos

Na década de 1950, os israelenses se aproveitaram de uma crise do Egito com França e Reino Unido para invadirem a Faixa de Gaza e a Península do Sinai. A relação entre israelenses e palestinos seguiu tensa, o que resultou em movimentos de resistência palestinos contra a ocupação por Israel.

Em 1964, foi criada a Organização para a Libertação Palestina, a OLP, que buscava lutar pelos direitos perdidos dos palestinos na região com os acontecimentos então recentes. Os membros da OLP usavam da luta armada como caminho para resistir a Israel, e um de seus nomes mais conhecidos foi Yasser Arafat, líder da organização a partir de 1969. O principal grupo político da OLP é o Fatah, um grupo moderado que ainda existe.

Em 1967, foi inciada a Guerra dos Seis Dias após ataques de Israel contra a Síria. Em apenas seis dias, os israelenses tomaram a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, as Colinas de Golã da Síria, Jerusalém Oriental e a Cisjordânia. Mesmo com a resolução posterior da ONU em que Israel deveria devolver tais territórios, eles continuaram sob seu domínio por um bom tempo.

Em 1973, teve início a Guerra do Yom Kippur, em que os países árabes derrotados na Guerra dos Seis Dias tentaram reaver os seus territórios. Todavia, Israel conseguiu uma nova vitória, pois contava com o apoio indireto dos Estados Unidos. Tais circunstâncias levaram os árabes a criarem a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um cartel entre os países petrolíferos da região que elevou o preço dessa importante matéria-prima. Por essa razão, o sistema capitalista entrou na maior crise depois de 1929, conhecida como Choque do Petróleo.

Em 1979, Israel decidiu pela devolução da Península de Sinai para o Egito, após a mediação dos Estados Unidos, no sentido de selar um acordo entre os dois países, os Acordos de Camp David. Com isso, os egípcios tornaram-se os primeiros árabes a reconhecerem oficialmente o Estado de Israel, gerando profunda revolta entre os demais países da região.

  • Primeira Intifada

No ano de 1987, chegou ao auge a Primeira Intifada, uma revolta espontânea da população árabe palestina contra o Estado de Israel, quando o povo atacou com paus e pedras os tanques e armamentos de guerra judeus. A reação de Israel foi dura e gerou um dos maiores massacres do conflito, o que desencadeou uma profunda revolta da comunidade internacional em virtude do peso desproporcional do uso da força nas áreas da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

No mesmo ano, foi criado o Hamas, que, mais radical, visava à destruição completa do Estado de Israel, ao contrário da OLP, que objetivava apenas a criação da Palestina. O Hamas surgiu no interior da Irmandade Muçulmana e tornou-se um dos grupos de resistência mais influentes da Palestina. Atualmente, Israel considera-o como uma organização terrorista.

  • Acordos de Oslo

Em meados da década de 1990, a situação aparentava caminhar para o seu fim, quando Yasser Arafat e o então primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, realizaram os Acordos de Oslo, mediados pelo presidente dos EUA, à época, Bill Clinton. Com isso, foi criada a Autoridade Nacional Palestina, responsável por todo o território da Palestina, envolvendo partes da Cisjordânia e a Faixa de Gaza.

No entanto, em 1995, Yitzhak Rabin foi assassinado por um extremista judeu, e a extrema-direita ganhou força dentro de Israel. Dessa forma, os judeus não cederam mais para a desocupação das áreas onde ainda resistia a população palestina. Por isso, os termos de paz dos Acordos de Oslo resultaram em fracasso.

  • Conflitos recentes

Muro separando Israel e Palestina.
Desde o começo do século XXI, Israel começou a construir muros para separar os locais habitados por israelenses e palestinos.

No ano de 2000, teve início a Segunda Intifada, liderada pelo Hamas. Uma ofensiva palestina foi montada contra Israel, que novamente respondeu duramente, além de demolir casas de palestinos e iniciar a construção do Muro da Cisjordânia ou Muro de Israel, em 2002. Milhares de mortes aconteceram em ambos os lados da guerra, que se estendeu até 2004, com a morte do líder do Hamas.

Acordos de paz foram feitos, e, assim, teve início a desocupação por parte de Israel da Faixa de Gaza e de partes da Cisjordânia, ações que resultaram no recebimento do Prêmio Nobel pelo primeiro-ministro israelense Ariel Sharon.

Em 2006, a vitória do Hamas sobre o Fatah nas eleições da Autoridade Nacional Palestina elevou novamente a tensão na região, o que se intensificou com o não reconhecimento do pleito por parte dos EUA, União Europeia e outros países ocidentais. Os atentados terroristas, sobretudo com carros-bombas, prosseguiram sobre Israel, que buscava várias tentativas de eliminar o Hamas, incluindo a adoção de embargos econômicos sobre Gaza, o que afetava também a população civil.

Em 2008, um acordo de cessar-fogo foi realizado entre o Hamas e Israel por mediação do Egito. No entanto, seis meses depois, o acordo não foi renovado, pois os judeus recusaram-se a findar o bloqueio econômico então adotado. Assim, continuamente, a região é alvo de novos ataques e disputas.

Em 2014, novas ofensivas aconteceram quando três jovens judeus foram assassinados em um ato atribuído ao Hamas, que negou a autoria. Com isso, um jovem palestino foi assassinado por um extremista judeu, rompendo com a frágil paz da região. Houve ataques dos dois lados, mas Israel, por ter melhores defesas e armamentos, também teve vantagens sobre a Palestina.

Cerca de 65 soldados israelenses foram mortos, enquanto mais de dois mil palestinos, combatentes e civis, foram assassinados no conflito. Por essa razão, muitos países, incluindo o Brasil, passaram a questionar a atuação de Israel na região.

Leia mais: Guerra Civil Síria – ocorre desde 2011 e foi uma consequência da Primavera Árabe

Questão palestina

Destruição na Faixa de Gaza depois de um bombardeio israelense.[1]
Destruição na Faixa de Gaza depois de um bombardeio israelense.[1]

O conflito entre palestinos e israelenses, como percebemos, acontece por décadas e tem como questão central o domínio da Palestina. Entretanto, nos últimos anos, muitas críticas a Israel vêm ocorrendo pela forma como essa situação tem sido conduzida, sobretudo pela violência desproporcional utilizada contra as populações palestinas.

O Estado de Israel defende-se argumentando que sua ação se dá apenas como forma de garantir a segurança de sua própria população e combater ações terroristas, como as que são atribuídas ao Hamas, a organização que comanda a Palestina desde 2006 e que, como vimos, é vista como terrorista por Israel.

Entretanto, as ações desproporcionais que muitos criticam não são apenas militares, as quais, em sua maioria, resultam na morte de civis inocentes sem ligação alguma com grupos como Fatah e Hamas. Muitos, ainda, apontam que existe na região um regime segregacionista parecido com o apartheid, que existiu na África do Sul.

O jornalista Mohammed Omer aponta as dificuldades na vida da população palestina na Faixa de Gaza.|2| Ele afirma que os palestinos frequentemente têm seu suprimento de gás, água potável e energia elétrica cortado. Ele também menciona a dificuldade que os palestinos na região têm de obter alimentos, além dos frequentes bombardeios que vitimam inocentes e destroem escolas e hospitais.

Além disso, muitos criticam o fato de Israel, ainda hoje, não permitir o retorno dos descendentes dos refugiados que abandonaram a região depois da guerra travada em 1948. Por fim, os assentamentos israelenses na Cisjordânia e as expulsões de moradores palestinos de suas casas para a construção desses assentamentos têm sido alvo de críticas recentes.

O que se percebe nesse conflito é que a sua resolução está longe de chegar, pois, mesmo com acordos momentâneos de paz, basta uma pequena faísca para reacender novamente as batalhas, elevando novamente o número de mortos. Ao mesmo tempo, vem sendo difícil a criação do Estado palestino, pois as disputas territoriais ainda são intensas, embora tal Estado seja internacionalmente reconhecido por vários países.

|1| CAMARGO, Cláudio, Guerras Árabe-Israelenses. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das guerras. São Paulo: Contexto, 2013. p. 431.

|2| OMER, Mohammed. Shell-Shocked: on the ground under Israel’s Gaza assault. Chicago: Haymart Books, 2015.

Créditos da imagem

[1] federico neri e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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