Volvismo

O volvismo é um modelo de produção industrial criado na segunda metade do século XX que preza pela autonomia do trabalhador em diversas etapas produtivas da indústria.
O volvismo é um modelo de produção industrial que utiliza mão de obra extremamente qualificada.

O volvismo é um modelo de produção industrial ligado à indústria automobilística que foi desenvolvido na segunda metade do século XX na Suécia. A principal característica desse modelo é a maior autonomia do trabalhador frente aos processos industriais. O volvismo representou uma inovação em âmbito produtivo por promover a participação ativa do trabalhador em diferentes processos industriais. Logo, é um modelo baseado na elevada qualificação e na valorização financeira do operário.

Esse modelo se desenvolveu em um contexto econômico e político muito particular. Logo, a sua replicação em outras sociedades é bastante complexa. Ademais, ele apresenta algumas desvantagens, como o alto custo de implementação. Mesmo assim, foi um modelo importante por tentar superar lógicas industriais tradicionais que desvalorizavam o trabalhador e sua participação no processo fabril.

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Resumo sobre volvismo

  • A segunda metade do século XX marca a ascensão do volvismo como um modelo de produção baseado em inovações da lógica industrial.

  • O volvismo tem como ponto forte a participação ativa e autônoma do trabalhador em diversas áreas da produção fabril.

  • A formação do trabalhador, assim como a sua constante atualização por meio de treinamentos, é muito valorizada no volvismo.

  • O volvismo reúne características como a flexibilidade de produção, o controle de qualidade ao longo do processo produtivo e a adoção de equipamentos tecnológicos.

  • A ascensão do volvismo ocorreu em um contexto histórico marcado pela valorização da qualificação e pelo respeito aos direitos dos trabalhadores.

  • A principal desvantagem do volvismo está ligada ao elevado custo de implementação e operacionalização desse modelo.

  • O volvismo superou as lógicas tradicionais de produção, especialmente do taylorismo e do fordismo.

O que é volvismo?

O volvismo é um método de produção industrial desenvolvido na Suécia na segunda metade do século XX. Esse método tem como objetivo a implementação de inovações nas áreas produtivas industriais como forma de superar os modelos tradicionais de produção fabril, como o taylorista e o fordista.

Esse modelo tem como premissa a participação do trabalhador em todas as áreas produtivas, por meio da ação coletiva desenvolvida em pequenos grupos, visando aumentar a produtividade e a qualidade dos processos industriais.

O volvismo foi desenvolvido em unidades fabris suecas da Volvo. [1]

Características do volvismo

O volvismo tem como principal característica a participação ativa do operário no processo industrial, ou seja, considera-se que é a partir da ação dos profissionais de produção que as atividades de uma empresa são coordenadas. Portanto, o foco desse modelo produtivo está no trabalhador, principal ator na lógica de produção industrial. Nesse contexto, são necessários indivíduos extremamente qualificados e que recebem treinamentos constantes a fim de que estejam sempre preparados para as diversas demandas da dinâmica industrial.

Trata-se de um método de produção flexível, altamente adequado à demanda de consumo. Preza-se pela qualidade da produção e pelo controle ágil de todas as etapas dos processos industriais. Para isso, implementam-se ações coletivas pelos operários, que, por meio da atuação em pequenos grupos, trabalham de forma ativa na organização. Assim, o volvismo tem como característica marcante o reconhecimento do trabalhador, pois valoriza-se a qualificação e a abolição de relações hierárquicas laborais.

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Vantagens do volvismo

A principal vantagem do volvismo diz respeito à valorização do trabalhador, que, por meio de sua participação dinâmica, tem mais autonomia para a realização das suas tarefas. O modelo do volvismo está amparado em uma lógica de produção que valoriza o bem-estar dos profissionais, por meio da qualificação e da remuneração atrativa.

Ademais, esse modelo possui outras vantagens para os trabalhadores, como a criação de canais de comunicação entre a empresa e os sindicatos, a adoção de ferramentas de valorização do trabalhador e a promoção de tempo e espaços de convivência e descanso no contexto laboral.

Já em termos propriamente econômicos, o volvismo tem como vantagem a produção adequada à demanda de mercado, por meio da flexibilidade da produção. Desse modo, o desperdício de matérias-primas é diminuído e a formação de grandes estoques é evitada. Logo, maximizam-se os lucros pela indústria.

O modelo permite ainda o controle da qualidade da produção ao longo de todo o processo industrial. Consequentemente, os descartes de produtos acabados são diminuídos e os processos são acompanhados mais adequadamente, promovendo a melhoria da produção.

Desvantagens do volvismo

O volvismo foi desenvolvido em um contexto econômico e político muito singular, baseado no estado de bem-estar social dos países nórdicos, que prezam pela qualidade de vida da população. Assim, o volvismo visa a qualificação e a bonificação justa do trabalhador. Porém, é um modelo de difícil replicação em outros contextos, uma vez que é necessária mão de obra extremamente qualificada e promoção do bem-estar do trabalhador. Tais condições indicam que o volvismo é um modelo oneroso, em razão dos elevados investimentos em máquinas, salários e treinamentos.

Destaca-se ainda que o volvismo é de implementação complexa, pois é caracterizado por uma grande ruptura no modelo tradicional de produção. Portanto, além de adaptações físicas nas plantas industriais, é preciso ainda uma mudança de pensamento dos trabalhadores e das equipes gerenciais no contexto laboral. A adoção de grandes aparatos tecnológicos pode resultar no chamado desemprego estrutural. No mesmo sentido, o volvismo exclui determinadas parcelas da população, uma vez que está voltado para a contratação de trabalhadores muito especializados.

História do volvismo

O volvismo surgiu na Suécia, na segunda metade do século XX, como um modelo inovador de produção industrial. Ele foi desenvolvido em fábricas automobilísticas como um meio de superar as práticas tradicionais de produção industrial.

A história do volvismo está diretamente relacionada ao cenário político-econômico da Suécia, sociedade amparada na promoção dos direitos fundamentais, com destaque para a qualificação e a valorização do trabalhador. Portanto, o volvismo foi desenvolvido em um país com um conjunto de trabalhadores altamente qualificados. Além disso, é marcado pelo amplo respeito aos direitos trabalhistas e à atuação dos sindicatos.

Sua história está ligada à inovação industrial e à atuação de grupos especializados na produção fabril. Esse modelo promoveu profundas mudanças na lógica industrial, especialmente na ação do trabalhador, que passou a ter um papel ativo na organização dos processos industriais. Porém, o alto custo do volvismo, além da sua contextualização espacial e da concorrência de outros mercados produtores, levou a declínio desse modelo de produção. A sua atuação é geograficamente pontual e está diretamente relacionada aos condicionantes presentes em uma sociedade desenvolvida — a nórdica.

A participação ativa do trabalhador nos processos industriais é uma característica do volvismo. [2]

Diferenças entre volvismo, taylorismo, fordismo e toyotismo

O volvismo tem como principal objetivo a promoção de uma produção flexível baseada na elevada autonomia e qualificação do trabalhador. Logo, é considerado um modelo inovador, uma vez que rompe com a lógica tradicional de produção industrial. O volvismo tem como premissa a participação ativa do trabalhador no processo industrial, por meio de pequenos grupos compostos por operários extremamente capacitados.

o taylorismo é um modo tradicional de produção industrial que tem como característica principal a especialização única do trabalhador, que exerce apenas uma atividade produtiva. No taylorismo, o operário não possui autonomia e é controlado por meio de diversos mecanismos, como a contagem do tempo e a ação de um gerente. Sendo assim, o taylorismo é considerado um modelo que resulta na alienação do indivíduo.

No fordismo, há a continuidade da especialização do trabalhador, por meio da adoção de uma prática tradicional de produção industrial. Essa produção se dá por meio de uma linha de montagem. Nesse modelo, o objetivo é a maximização dos lucros e a minimização dos custos. O trabalhador é controlado e vigiado por meio de diversas técnicas de coerção que prezam pela rapidez e qualidade da produção.

Por fim, o toyotismo apresenta algumas inovações interessantes em relação aos modelos taylorista e fordista, por meio da adoção de uma lógica de produção flexível. Há, no modelo toyotista, a diminuição dos estoques advinda de um método produtivo alinhado com a demanda do mercado consumidor. Nesse modelo, o trabalhador possui maior autonomia, pois sua atuação se dá em diferentes pontos da produção fabril.

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Exercícios resolvidos sobre volvismo

Questão 1

Leia o texto abaixo:

O século XX condensa importantes reestruturações produtivas nas empresas capitalistas, com fortes implicações sobre o trabalho, suas competências/qualificações, assim como a sua subjetividade. [...]

O volvoísmo/volvismo, também conhecido como o modelo sueco, é um modelo de organização flexível que ocorre após o auge do taylorismo-fordismo e que ficou mais conhecido a partir das experiências da empresa sueca Volvo, nos anos 1970.

APOLINÁRIO, Valdênia. O volvoísmo/volvismo e a organização do trabalho industrial na suécia: reflexões sobre a racionalização do trabalho. Revista de Economia Regional, Urbana e do Trabalho. Volume 4, nº 02, 2015.

Um elemento que diferencia o volvismo dos modelos taylorista e fordista é a

a) adoção de uma linha de montagem.

b) especialização do trabalhador fabril.

c) diminuição do desemprego estrutural.

d) retração dos salários dos empregados.

e) promoção da autonomia do trabalhador.

Resolução: Alternativa E

O volvismo tem como uma das suas características principais a promoção da autonomia do trabalhador, por meio da sua participação ativa em diferentes processos industriais, além do incentivo à sua qualificação e bonificação.

Questão 2

(EsFCEx-2010) Os estudos do Instituto Tavistock de Londres serviram como base para o modelo de produção volvista. Essa abordagem era também denominada:

a) contingencialista.

b) integracionista.

c) culturalista.

d) pragmática.

e) sociotécnica

Resolução: Alternativa E

O volvismo tem como base uma visão sociotécnica, ou seja, considera aspectos técnicos e sociais na sua formulação e implementação. A valorização do trabalhador é um exemplo dessa abordagem produtiva.

Créditos da imagem

[1] vieninsweden / Shutterstock

[2] Alexey Rezvykh / Shutterstock

Publicado por Mateus Campos
Matemática do Zero
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