Verbo “ver”
O verbo “ver” é um dos verbos mais utilizados da língua portuguesa. Ele é conjugado no presente, pretérito e futuro e concorda com o sujeito simples ou composto. Além disso, ele é usado como sinônimo de “perceber”, “reparar em”, “examinar”, entre outros usos. No futuro do subjuntivo, o termo “vir” é a forma referente à primeira e à terceira pessoa do singular do verbo “ver”.
Leia também: Verbo “ser” — como conjugar e concordar?
Resumo sobre o verbo “ver”
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O verbo “ver” é um verbo muito utilizado na língua portuguesa.
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Ele concorda com o sujeito simples ou composto.
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Após sujeito composto, com ideia de gradação, “ver” também pode concordar com o substantivo mais próximo.
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Isso também pode acontecer quando o sujeito composto aparece posposto ao verbo.
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O verbo “ver” é usado com o sentido de “perceber”, “olhar para”, “assistir a”, “reparar em”, “tomar cuidado com”, “atender a”, “compreender”, “deduzir”, “prever”, “imaginar”, “examinar”, “ter o sentido da visão”, “manter contato” e “encontrar-se”.
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A primeira e a terceira pessoa do singular do verbo “ver”, no futuro do subjuntivo, é “vir”, o que muitas vezes pode causar confusão com a forma no infinitivo do verbo “vir”.
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Enquanto “ver” é a forma verbal desse verbo no infinitivo, “vê” é a conjugação desse verbo na terceira pessoa do singular do presente do indicativo.
Como é a conjugação do verbo “ver”?
Conjugação do verbo “ver” no modo indicativo |
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Presente |
Pretérito imperfeito |
Pretérito perfeito |
Eu vejo |
Eu via |
Eu vi |
Pretérito mais-que-perfeito |
Futuro do pretérito |
Futuro do presente |
Eu vira |
Eu veria |
Eu verei |
Conjugação do verbo “ver” no modo subjuntivo |
||
Presente |
Pretérito imperfeito |
Futuro |
[que] eu veja |
[se] eu visse |
[quando] eu vir |
Conjugação do verbo “ver” no modo imperativo |
Conjugação do verbo “ver” no infinitivo |
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Afirmativo |
Negativo |
Pessoal |
Vê tu |
Não vejas tu |
[para] eu ver |
Concordância do verbo “ver”
→ Concordância do verbo “ver” com o sujeito
Orlando viu os quadros da pintora renascentista Sofonisba Anguissola.
[Sujeito simples no singular, o verbo fica no singular.]
As filhas de Orlando viram os quadros da pintora renascentista Sofonisba Anguissola.
[Sujeito simples no plural, o verbo fica no plural.]
Orlando e sua filha viram os quadros da pintora renascentista Sofonisba Anguissola.
[Sujeito composto, o verbo vai para o plural.]
→ Concordância do verbo “ver” com sujeito composto, mas com ideia de gradação
Um cão, um menino, um homem vê o carro passar.
[Concorda com o substantivo mais próximo.]
ou
Um cão, um menino, um homem veem o carro passar.
[Vai para o plural, por concordar com o sujeito composto.]
→ Concordância do verbo “ver” + se + sujeito paciente
Viam-se muitas onças na estrada.
[Concorda com o sujeito paciente.]
Viu-se uma onça na estrada.
[Concorda com o sujeito paciente.]
→ Concordância do verbo “ver” com sujeito composto, posposto ao verbo
Viram-se em todo lugar desenhadas nos muros a flor e a faca.
[Vai para o plural, pois concorda com o sujeito composto.]
Viu-se em todo lugar desenhada nos muros a flor e a faca.
[Concorda com o substantivo mais próximo.]
Usos do verbo “ver”
Veja a seguir os usos do verbo “ver”.
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Verbo “ver” com sentido de “perceber”:
Logo viram que elas tinham segundas intenções.
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Verbo “ver” com sentido de “olhar para”:
Então Djanira viu a escola.
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Verbo “ver” com sentido de “assistir a”:
Amanhã, Roberto verá o filme do Andy Warhol.
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Verbo “ver” com sentido de “reparar em”:
Vimos que faltava um doce na caixa.
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Verbo “ver” com sentido de “tomar cuidado com”:
Rapazes, vejam bem com quem andam.
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Verbo “ver” com sentido de “atender a”:
Estão chamando, Lucas. Vê a porta, por favor.
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Verbo “ver” com sentido de “compreender”:
Agora vejo tudo claramente.
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Verbo “ver” com sentido de “deduzir”:
Vejo que você não estudou nada.
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Verbo “ver” com sentido de “prever”:
O avô via muita infelicidade no caminho da neta.
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Verbo “ver” com sentido de “imaginar”:
Enquanto ela lia o livro, vimos os personagens em nossa mente.
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Verbo “ver” com sentido de “examinar”:
A médica disse que verá o menino amanhã.
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Verbo “ver” com sentido de “ter o sentido da visão”:
As toupeiras não veem muito bem.
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Verbo “ver” com sentido de “manter contato”:
A gente se vê, eu prometo.
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Verbo “ver” com sentido de “encontrar-se”:
Vamos nos ver semana que vem para tratar do negócio.
Veja também: Verbo “haver” — como conjugar e concordar?
Quais são as diferenças entre os verbos “ver” e “vir”?
O verbo “ver”, entre outros significados, é sinônimo de “enxergar”, “observar”, “examinar”, “concluir” etc. Já o verbo “vir” se refere ao deslocamento de algo ou alguém em direção ao enunciador de uma frase, como, por exemplo:
Adalto veio caminhando até a minha casa.
O que confunde alguns usuários da língua portuguesa é a forma “vir” com o sentido de “ver”. Mas esse uso só ocorre para indicar a primeira e a terceira pessoa do singular do verbo “ver”, no futuro do subjuntivo:
Quando eu vir um posto de gasolina na esquina, devo virar à direita.
Quando você vir um posto de gasolina na esquina, vire à direita.
Quais são as diferenças entre “ver” e “vê”?
O termo “ver” é o infinitivo desse verbo, seja ele impessoal ou pessoal:
Todos podem ver que digo a verdade.
Não o ajude, para ele ver que precisa se virar sozinho.
Por eu ver as coisas dessa forma, acabo ficando isolado.
Já a forma “vê” se refere à conjugação do verbo “ver” na terceira pessoa do singular do presente do indicativo:
Kelly vê tudo que os vizinhos fazem.
O termo “vê” também é a forma do imperativo afirmativo do verbo “ver”, referente a “tu”:
Vê o que o teu pai quer, por favor.
Exercícios resolvidos sobre o verbo “ver”
Questão 1
Leia o soneto “Eu”, da poetisa portuguesa Florbela Espanca:
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
ESPANCA, Florbela. Eu. In: ESPANCA, Florbela. Sonetos. Amadora: Bertrand, 1978.
O verbo “ver”, em destaque nas duas últimas estrofes, está conjugado, respectivamente, no:
A) presente do indicativo e infinitivo.
B) presente do subjuntivo e infinitivo.
C) pretérito imperfeito do indicativo e imperativo.
D) pretérito imperfeito do subjuntivo e imperativo.
E) infinitivo e imperativo.
Resolução:
Alternativa A.
O verbo “ver”, no presente do indicativo, apresenta a seguinte conjugação: eu vejo, tu vês, ele ou ela vê, nós vemos, vós vedes, eles ou elas veem. Já o termo “ver”, na segunda ocorrência, está no infinitivo.
Questão 2
Leia, a seguir, um fragmento da crônica “Das doçuras de deus”, de Clarice Lispector:
Vocês já se esqueceram de minha empregada Aninha, a mineira calada, a que queria ler um livro meu mesmo que fosse complicado porque não gostava de “água com açúcar”. E provavelmente já esqueceram que, sem saber por que, eu a chamava de Aparecida, e que ela explicou: “É porque eu apareci”. O que eu não disse talvez foi que, para ela existir como pessoa, dependia muito de se gostar dela.
Vocês a esqueceram. Eu nunca a esquecerei. Nem sua voz abafada, nem os dentes que lhe faltavam na frente e que por instância nossa botou, à toa: não se viam porque ela falava para dentro e seu sorriso também era mais para dentro. Esqueci de dizer que Aninha era muito feia.
Um dia de manhã aconteceu que demorou demais na rua para fazer compras. Afinal apareceu e tinha um sorriso tão brando como se só tivesse gengivas. O dinheiro que levara para compras estava amassado na mão direita, e do punho da esquerda dependurava-se o saco de compras.
Havia uma coisa nova nela. O quê, não se adivinhava. Talvez uma doçura maior. E estava um pouco mais “aparecida”, como se tivesse dado um passo para a frente. Essa alguma coisa nova fez com que perguntássemos em desconfiança: e as compras? Respondeu: eu não tinha dinheiro.
LISPECTOR, Clarice. Das doçuras de deus. In: LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Sobre a ocorrência do verbo “ver”, em destaque no segundo parágrafo, é possível afirmar:
A) O verbo “ver” está conjugado no pretérito perfeito.
B) O verbo “ver” está conjugado no pretérito-mais-que-perfeito.
C) O verbo “ver” está conjugado no pretérito imperfeito do subjuntivo.
D) O verbo “ver” é impessoal, ou seja, não possui sujeito.
E) O núcleo do sujeito do verbo “ver” é o substantivo “dentes”.
Resolução:
Alternativa E.
“Os dentes” é um sujeito paciente relacionado ao verbo “ver”. Assim, temos “não se viam os dentes” ou “os dentes não eram vistos”.