Lord Byron

Lord Byron (ou George Gordon Byron) nasceu em 22 de janeiro de 1788, em Londres, na Inglaterra. Foi criado pela mãe, uma mulher de difícil convívio. Em 1798, herdou o título de barão de seu tio-avô. Mais tarde, em 1809, ocupou um lugar na Câmara dos Lordes. E viveu uma vida cheia de paixões, extravagâncias, escândalos e, acima de tudo, liberdade.

O poeta, que morreu em 19 de abril de 1824, na Grécia,  é um dos principais autores do Romantismo inglês e inspirou poetas no mundo inteiro, com sua poesia heroica, narrativa, confessional, libertária, irônica e revolucionária. Assim, ele se transformou em um ícone romântico e um dos artistas mais reverenciados de todos os tempos.

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Biografia de Lord Byron

George Gordon Byron, obra de Richard Westall (1765-1836).

Lord Byron (ou George Gordon Byron) nasceu em 22 de janeiro de 1788, em Londres, Inglaterra. Seu pai, o capitão John Byron, gastou toda a herança da esposa, se exilou na França e morreu em 1791. Assim, o poeta foi criado pela mãe — Catherine Byron —, uma mulher temperamental e orgulhosa.

Em 1798, o menino se tornou barão, o sexto da dinastia, sendo o quinto o seu tio-avô, morto nesse ano. Dois anos depois, se apaixonou por sua prima Margaret Parker. E, em 1801, começou a estudar na Harrow School. Byron ainda estudava nessa escola, em 1803, quando se apaixonou por outra prima — Mary Chaworth de Annesley Hall.

Lord Byron tinha uma meia-irmã, filha de seu pai. Augusta Maria Leigh (1783-1851) era cinco anos mais velha do que ele. E, a partir de 1804, ele começou a ficar mais íntimo dela. No ano seguinte, passou a estudar no Trinity College, em Cambridge, finalizando o curso em 1808. Durante esse período, ele se apaixonou por John Edleston, um colega de escola dois anos mais novo do que ele.

O jovem Byron não desenvolvia só o intelecto, era também um amante dos esportes, mas passou a viver uma vida cheia de excessos, o que lhe gerou grandes dívidas. Além disso, publicou, por conta própria, seu primeiro livro de poesia — Fugitive pieces — em 1806. No ano seguinte, se tornou amigo de John Cam Hobhouse (1786-1869). E, em 1809, ocupou um lugar na Câmara dos Lordes.

Nesse mesmo ano, conheceu a Grécia, em companhia de seu amigo Hobhouse. Ali se apaixonou pelas filhas da Sra. Tarsia Macri. Theresa era sua preferida e tinha doze anos de idade. Ela ficou conhecida como a “donzela de Atenas”. No ano seguinte, os amigos viajaram até a Turquia. E, de volta a Atenas, Byron se hospedou em um mosteiro, onde estudou grego e italiano.

O poeta voltou à Inglaterra em 1811. Nesse ano, sua mãe faleceu. Ele ficou ainda mais abalado quando, dois meses depois, soube da morte do seu antigo amado John Edleston, vítima da tuberculose. No ano seguinte, de volta à Câmara dos Lordes, Byron se uniu aos liberais. Além disso, publicou seu livro A peregrinação de Childe Harold, que lhe trouxe a fama.

Nesse ano de 1812, teve um romance rápido com a escritora Caroline Lamb (1785-1828). Rejeitada pelo poeta, ela não aceitou bem a situação e acabou falando desse relacionamento no romance Glenarvon, publicado em 1816. Ainda em 1812, ele também teve um caso com Jane Elizabeth Scott (1774-1824). E, em 1813, Byron e sua meia-irmã, que era casada, iniciaram um relacionamento amoroso e, portanto, incestuoso.

A filha de Augusta, Elizabeth Medora Leigh, nasceu em 15 de abril de 1814. Como o poeta não reconheceu tal paternidade, não se sabe se ela era ou não filha dele. Assim, em 1815, Byron se casou com Annabella (1792-1860), a Lady Byron. O casamento não deu certo, devido aos problemas financeiros enfrentados pelo autor, seu estilo de vida boêmio e suas atitudes violentas para com a esposa.

Desse modo, em 1816, ela fugiu, para a casa dos pais, com sua filha recém-nascida, e Byron nunca mais teve contato com elas. Então, o poeta decidiu ir embora da Inglaterra. Foi nesse ano, na Suíça, que ocorreu o famoso encontro entre Byron e o casal Shelley, quando Mary Shelley (1797-1851) teve a ideia de escrever o clássico Frankenstein.

Em 1817, Claire Clairmont (1798-1879), irmã de Mary, teve uma filha de Byron. Nesse mesmo ano, o poeta foi para Roma, onde estava seu amigo Hobhouse, e permaneceu na Itália, onde experimentou excessos de todo tipo. Mas, em 1819, se apaixonou pela jovem condessa Teresa Guiccioli, uma mulher casada com um homem bem mais velho.

O caso entre os dois durou até 1823, quando o poeta partiu, novamente, para a Grécia, onde lutou na guerra de independência do país. Assim, quando Lord Byron, depois de adoecer, faleceu em 19 de abril de 1824 — dois anos depois de sua filha com Claire Clairmont nascer —, foi considerado herói nacional na Grécia.

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Características literárias de Lord Byron

Lord Byron, um dos maiores nomes do Romantismo inglês, é autor de obras que apresentam as seguintes características:

  • Sentimentalismo.
  • Heroísmo.
  • Melancolia.
  • Culto à liberdade.
  • Sátira sociopolítica.
  • Narrativa em verso.
  • Caráter revolucionário.
  • Poesia confessional.
  • Sentimento de culpa.
  • Defesa de valores nobres:

- honra;

- coragem;

- altruísmo.

  • Amor idealizado.
  • Mulher idealizada.
  • Temática da morte.
  • Pessimismo.

Obras de Lord Byron

Capa do livro Don Juan, de Lord Byron, publicado pela Penguin Editora.[1]
  • Fugitive pieces (1806).
  • Bardos ingleses e críticos escoceses (1809).
  • A peregrinação de Childe Harold (1812).
  • Valsa: um hino apostrófico (1813).
  • The Giaour (1813).
  • A noiva de Abydos (1813).
  • O corsário (1814).
  • Ode a Napoleão Bonaparte (1814).
  • Lara (1814).
  • A maldição de Minerva (1815).
  • O cerco de Corinto (1816).
  • Poemas (1816).
  • Monodia sobre a morte do honorável R. B. Sheridan (1816).
  • O prisioneiro de Chillon e outros poemas (1817).
  • Manfredo (1817).
  • O lamento de Tasso (1817).
  • Beppo (1818).
  • Mazeppa (1819).
  • Don Juan (1819).
  • Marino Faliero (1821).
  • Sardanapalus (1821).
  • A idade do bronze (1823).
  • A ilha (1823).
  • Werner (1823).

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Don Juan

Don Juan, obra inacabada, mas um dos livros mais conhecidos do autor, é um poema narrativo e satírico. Outros artistas, antes de Byron, recriaram o mito do amante sedutor, cruel e calculista, mas o Don Juan do poeta inglês, ao contrário dos outros, não apresenta tais características.

O narrador da obra, composta por dezessete cantos, acaba se configurando no personagem principal, já que seus comentários irônicos é que dão vida ao livro, de forma que a história do jovem Juan é apenas um pano de fundo. Para Lucas Zaparolli de Agustini, doutor em Estudos da Tradução, “Don Juan parece apenas um fantoche para essa voz narrativa”, um pretexto para o narrador criticar “sociedades, costumes e culturas”.

Assim, com dezesseis anos, o herói se torna amante de Donna Júlia, uma jovem mulher casada:

Júlia a voz perdeu, só o arfar sobrou,
Era tarde a qualquer conversação;
A lágrima em seu meigo olho rolou,
Nunca eu quis que lhe houvesse ocasião;
Mas, ai! quando foi sábio quem amou?
O remorso se opôs à tentação;
Pouco mais lutou, mais se arrependera,
Murmurando “eu não cederei” — cedera.

Byron como Don Juan, com Haidée, obra de Alexandre-Marie Colin (1798-1875).

Para fugir do marido traído, Juan embarca em um navio, sofre um naufrágio, ao qual sobrevive, e acaba se envolvendo com Haidée, filha do pirata Lambro, que vende Juan como escravo. Em Constantinopla, Juan se entrega à sultana Gulbeyaz:

A de Juan era boa e seria melhor,
Mas ele mantinha Haidée em sua mente.
Não podia a esquecer, quão estranho for,
Daí mal-comportar-se excessivamente.
Gulbeyaz olhou-o como a um devedor
Por ter deixado que em seu palácio entre,
Aí cora até o olho e como morta agora
Fica pálida e então de novo cora.|1|

Na sequência, o jovem vai lutar no exército russo, salva heroicamente a menina Leila e conhece Catarina, a Grande (1729-1796). Após adoecer, é levado de volta à Inglaterra, juntamente com Leila, protegida pelo herói. E, por fim, ele se envolve com Adeline, uma mulher casada, e Aurora, uma jovem donzela.

Poemas de Lord Byron

No poema As trevas, traduzido pelo escritor romântico Castro Alves (1847-1871), o eu lírico diz que teve um sonho que não foi totalmente sonho. Nele, as trevas tomam conta do mundo, e a humanidade enlouquece. Assim, repleto de sentimentalismo, o poema traz uma visão sombria, pessimista e melancólica do fim da vida na Terra:

Tive um sonho que em tudo não foi sonho!
O sol brilhante se apagava: e os astros,
Do eterno espaço na penumbra escura,
Sem raios, e sem trilhos, vagueavam.
A terra fria balouçava cega
E tétrica no espaço ermo de lua.
A manhã ia, vinha... e regressava...
Mas não trazia o dia! Os homens pasmos
Esqueciam no horror dessas ruínas
[...]

Inquietos, no esgar do desvario,
Os olhos levantavam pra o céu torvo,
Vasto sudário do universo — espectro —,
E após em terra se atirando em raivas,
Rangendo os dentes, blasfemos, uivavam!

[...]

O estertor da fome apascentava-se
Nas entranhas... Ossada ou carne pútrida
Ressupino, insepulto era o cadáver.
Mordiam-se entre si os moribundos
Mesmo os cães se atiravam sobre os donos,
Todos exceto um só... que defendia
O cadáver do seu, contra os ataques

Dos pássaros, das feras e dos homens,
Até que a fome os extinguisse, ou fossem
Os dentes frouxos saciar algures!
Ele mesmo alimento não buscava...
Mas, gemendo num uivo longo e triste,
Morreu lambendo a mão, que inanimada
Já não podia lhe pagar o afeto.
[...]

Já no poema O oceano, também traduzido por Castro Alves, a força da natureza é o tema central. Outra vez, percebemos um ambiente sombrio e melancólico. No entanto, o eu lírico mostra afeto pelo oceano e indica o quanto a humanidade é insignificante diante da força da natureza:

Rola, Oceano profundo e azul sombrio, rola!
Caminham dez mil frotas sobre ti, em vão;
de ruínas o homem marca a terra, mas se evola
na praia o seu domínio. Na úmida extensão
só tu causas naufrágios; não, da destruição
feita pelo homem sombra alguma se mantém,
exceto se, gota de chuva, ele também
[...]

Tuas bordas são reinos, mas o tempo os traga:
Grécia, Roma, Cartago, Assíria, onde é que estão?
Quando outrora eram livres tu as devastavas,
e tiranos copiaram-te, a partir de então;
manda o estrangeiro em praias rudes ou escravas;
reinos secaram-se em desertos, nesse espaço,
mas tu não mudas, salvo no florear da vaga;
em tua fronte azul o tempo não põe traço;
como és agora, viu-te a aurora da criação.

[...]

Amei-te, Oceano! Em meus folguedos juvenis
ir levado em teu peito, como tua espuma,
era um prazer; desde meus tempos infantis
divertir-me com as ondas dava-me alegria;
quando, porém, ao refrescar-se o mar, alguma
de tuas vagas de causar pavor se erguia,
sendo eu teu filho esse pavor me seduzia
e era agradável: nessas ondas eu confiava
e, como agora, a tua juba eu alisava.

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Frases de Lord Byron

A seguir, vamos ler algumas frases de Lord Byron, retiradas de suas obras Marino Faliero, A peregrinação de Childe Harold e Don Juan:

  • “A memória da felicidade não é mais felicidade; a memória da dor é dor de novo.”
  • “Os espinhos que colhi vêm da árvore que plantei.”
  • “E se eu rir de tudo aqui na terra, é para não chorar.”
  • “O amor de um homem ocupa apenas uma parte de sua vida humana; o amor de uma mulher ocupa toda a sua vida.”
  • “Em sua primeira paixão, a mulher ama seu amante; em todas as outras, ela só gosta do amor.”
  • “A adversidade é o caminho mais seguro para a verdade.”

Nota

|1|Os dois trechos de Don Juan foram traduzidos por Lucas Zaparolli de Agustini, que realizou a primeira tradução integral, para o português, dessa obra de Byron.

Crédito da imagem

[1] Penguin (reprodução) 

Publicado por Warley Souza
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