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Victor Hugo

Victor Hugo nasceu em 26 de fevereiro de 1802, na França. Foi um dos nomes mais importantes do romantismo francês. Ele dedicou sua vida a divulgar os ideais românticos, além de atuar politicamente. Teve grande sucesso como escritor, mas também foi deputado e grande defensor do fim da pena de morte em seu país.

Morreu em 22 de maio de 1885 e deixou uma vasta obra romântica, caracterizada pelo seu teor nacionalista e seus personagens heroicos, além do culto à liberdade, da defesa de valores humanitários e da crítica à injustiça social. Assim, escreveu obras que influenciaram toda uma geração, como O corcunda de Notre-Dame, Os miseráveis e O último dia de um condenado.

Leia também: Jane Austen – escritora do período de transição entre romantismo e realismo

Biografia de Victor Hugo

Victor Hugo, em 1853.
Victor Hugo, em 1853.

Victor Hugo nasceu em 26 de fevereiro de 1802, em Besançon, França. Era filho de um militar, que chegou a ser general do exército de Napoleão Bonaparte (1769-1821). Devido à profissão do pai, sua família viajava muito, mas foi a incompatibilidade de gênios que fez o casamento de seus pais — Léopold e Sophie — chegar ao fim.

O jovem escritor, em 1818, iniciou a faculdade de Direito em Paris. A mãe incentivava o filho a investir na carreira literária. Assim, em 1819, ele foi um dos fundadores da revista Le Conservateur Littéraire. Nesse mesmo ano, recebeu o prêmio Lys d’or e, no ano seguinte, o título de Maître ès Jeux, ambos da Academia dos Jeux Floraux, em Toulouse.

Apaixonado por Adèle Foucher (1803-1868), uma amiga de infância, o escritor precisou lidar com o descontentamento da mãe em relação a esse namoro. No entanto, Sophie morreu em 1821, e, no ano seguinte, Victor Hugo casou-se com Adèle. Por causa desse casamento, Eugène, irmão do escritor, que também gostava de Adèle, teve uma crise nervosa e foi internado em um hospício.

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Hugo, em 1830, já era um autor consagrado e principal porta-voz do romantismo. Era conhecido, principalmente, em função de suas peças de teatro, como Cromwell. Entretanto, em 1832, o dramaturgo viu sua peça O rei se diverte ser censurada logo após a estreia. No ano seguinte, conheceu a atriz Juliette Drouet (1806-1883), com quem teve um relacionamento amoroso que durou décadas.

“Retrato de Juliette Drouet”, obra de Charles-Émile-Callande de Champmartin (1797-1883).
“Retrato de Juliette Drouet”, obra de Charles-Émile-Callande de Champmartin (1797-1883).

Em 1835, as relações com o padrinho de sua filha, Charles Sainte-Beuve (1804-1869), amante da esposa de Hugo desde 1830, ficaram mais tensas, quase levando a um duelo. Além disso, o escritor tinha que lidar com a frustração de não conseguir ser eleito para a Academia Francesa. Não obstante, em 1841, o poeta, dramaturgo e romancista, finalmente, tornou-se um acadêmico.

Quatro anos depois, foi nomeado par da França e iniciou sua carreira política. No entanto, envolveu-se em um escândalo, pois foi surpreendido com sua outra amante, a escritora Léonie d’Aunet (1820-1879), a qual, uma mulher casada, foi mandada para a prisão de Saint-Lazare, onde permaneceu por dois meses, para, depois, ser enclausurada, por seis meses, em um convento.

Apesar disso, em 1848, o romancista foi eleito deputado por Paris. Assim, buscou ajudar presos políticos que corriam o risco de ser deportados ou executados. Em 1949, foi eleito presidente do Congresso Internacional da Paz, contudo, no ano seguinte, tornou-se um opositor da monarquia e passou a defender a república.

Por opor-se a Luís Napoleão Bonaparte (1808-1873), Victor Hugo precisou fugir para Bruxelas, em 1851, e depois para a Ilha de Jersey. Em 1855, foi expulso dessa ilha e mudou-se para a Ilha de Guernsey. O escritor só voltou para a França em 1870, após a proclamação da república, em 5 de setembro. Em 1871, foi eleito deputado, mas logo renunciou.

Em 1876, foi eleito senador, e, no ano seguinte, recebeu a visita do imperador brasileiro D. Pedro II (1825-1891), o qual admirava o escritor antimonarquista. Nessa época, Hugo começou a ter problemas de saúde. Apesar disso, foi reeleito senador em 1882. Morreu em 22 de maio de 1885.

Leia também: Edgar Allan Poe – escritor famoso por suas narrativas de terror e suspense

Vida literária de Victor Hugo

Com 10 anos de idade, Victor Hugo escreveu seus primeiros textos literários: L’enfer sur terre (“Inferno na terra”) e Le château du diable (“O castelo do diabo”). Mais tarde, iniciou sua carreira literária como poeta. Assim, apesar de ser mais conhecido pelos seus romances, escreveu também poesia e peças de teatro.

Seu livro Odes e poesias diversas, publicado quando o autor tinha apenas 20 anos, agradou ao rei Luís XVIII (1755-1824). A sua peça Cromwell, de 1827, ficou famosa pelo prefácio, considerado um manifesto romântico. Já o primeiro texto em prosa do escritor a causar sensação foi a novela O último dia de um condenado, em que Victor Hugo condena a pena de morte.

A sua crítica ao sistema judiciário fica também evidente em Os miseráveis, obra de 1862, um dos maiores sucessos do romancista. Outro romance mundialmente conhecido é O corcunda de Notre-Dame, de 1831. Portanto, as obras hugonianas de maior destaque trazem sempre uma perspectiva sociopolítica e um olhar humanitário.

Assim, a carreira literária de Victor Hugo foi marcada pelo sucesso no teatro e também como romancista. Suas obras apresentam um teor fortemente político, de forma a refletir os ideais do escritor. Como típico autor romântico, ele utilizou suas obras para defender a liberdade e condenar as injustiças sociais. Dessa maneira, sua vida pessoal, política e literária acabaram tornando-se uma coisa só.

Características literárias de Victor Hugo

Victor Hugo foi um dos principais autores do romantismo francês, e suas obras possuem estas características:

  • Sentimentalismo

  • Nacionalismo

  • Teocentrismo

  • Subjetividade

  • Amor idealizado

  • Defesa da liberdade

  • Temática sociopolítica

  • Crítica ao sistema judiciário

  • Personagens idealizados

  • Equilíbrio entre razão e emoção

Veja também: Romantismo no Brasil – peculiaridades do movimento literário no Brasil

Obras de Victor Hugo

Capa do livro “Os miseráveis”, de Victor Hugo, publicado com o selo Nova Fronteira. [1]
Capa do livro “Os miseráveis”, de Victor Hugo, publicado com o selo Nova Fronteira. [1]
  • Odes e poesias diversas (1822)

  • Hans da Islândia (1823)

  • Bug-Jargal (1826)

  • Odes e baladas (1826)

  • Cromwell (1827)

  • Os orientais (1829)

  • O último dia de um condenado (1829)

  • Hernani (1830)

  • O corcunda de Notre-Dame (1831)

  • Marion de Lorme (1831)

  • O rei se diverte (1832)

  • Lucrécia Bórgia (1833)

  • Maria Tudor (1833)

  • Claude Gueux (1834)

  • Anjo (1835)

  • As canções do crepúsculo (1835)

  • As vozes interiores (1837)

  • Ruy Blas (1838)

  • Raios e sombras (1840)

  • O Reno (1842)

  • Os Burgraves (1843)

  • Napoleão, o Pequeno (1852)

  • Os castigos (1853)

  • Cartas a Luís Bonaparte (1855)

  • As contemplações (1856)

  • Os miseráveis (1862)

  • William Shakespeare (1864)

  • Canções das ruas e da floresta (1865)

  • Os trabalhadores do mar (1866)

  • O homem que ri (1869)

  • O ano terrível (1872)

  • Noventa e três (1874)

  • Meus filhos (1874)

  • Vida ou morte (1875)

  • Atos e palavras (1875-1876)

  • História de um crime (1877-1878)

  • O papa (1878)

  • Religiões e religião (1880)

  • O burro (1880)

  • Os quatro ventos do espírito (1881)

  • Torquemada (1882)

  • Teatro em liberdade (1886)

  • O fim de Satanás (1886)

  • Alpes e pirineus (1890)

  • Deus (1891)

  • França e Bélgica (1892)

  • Correspondência (1896-1898)

  • Os anos sombrios (1898)

  • Último feixe (1902)

  • Recompensa em mil francos (1934)

  • Pedras (1951)

Os miseráveis

Os miseráveis, obra mais conhecida de Victor Hugo, conta a história de Jean Valjean. Assim, no final do século XVIII, depois de roubar um pão para matar a fome, Jean Valjean é preso e condenado a trabalhos forçados. É solto após cumprir uma pena de 19 anos, mas, por ser um ex-presidiário, não consegue emprego.

Até que conhece o bispo Charles Myriel, em 1815, que o ajuda. Contudo, hospedado na casa de Myriel, o herói não consegue resistir à tentação e rouba seis talheres de prata. Foge, mas logo é preso pela polícia. Jean Valjean fica surpreendido quando o bispo mente para o policial e diz que deu os talheres a ele. Desse modo, Charles Myriel é o responsável pela mudança de Jean, que só precisava de uma oportunidade.

No entanto, para conseguir mudar de vida, ele precisa mudar também de nome, já que o seu está marcado para sempre. Ele se torna, então, Madeleine. Após trabalhar bastante, ele enriquece. Dono de uma fábrica, Madeleine está, finalmente, integrado à sociedade. Além disso, é admirado e respeitado por todos.

Fantine trabalha na fábrica de Madeleine, e, todos os meses, envia dinheiro para o casal que cuida de sua filha, Cosette. No entanto, esse casal, os Thenadièrs, maltrata e explora a menina. Ao descobrir isso, Madeleine salva e adota a pequena Cosette. Assim, ela cresce e torna-se uma moça digna.

A história de amor da narrativa é reservada a Cosette e a Marius, que acabam se casando. Dessa maneira, apesar do passado difícil de Cosette e de Madeleine, pai e filha conseguem alcançar a felicidade. No entanto, o inspetor Javert descobre a verdadeira identidade de Madeleine e empenha-se em destruir a vida respeitável construída pelo herói.

A obra, portanto, condena a injustiça social e faz uma crítica ao sistema judiciário da época, o qual, além de desumano, é ineficaz, pois pune o indivíduo por toda a vida, sem lhe dar meios para regenerar-se. Assim, apesar de Os miseráveis ter sido escrito no século XIX, o romance ainda se mostra bastante atual.

Veja também: Dom Casmurro – obra-prima realista de Machado de Assis

Frases de Victor Hugo

A seguir, vamos ler algumas frases de Victor Hugo, retiradas do prefácio de Cromwell, traduzido por Celia Berretini:

  • “Quando se come o fruto de uma árvore, preocupa-se pouco com a raiz.”

  • “A poesia se sobrepõe sempre à sociedade.”

  • “O grotesco é a mais rica fonte que a natureza pode abrir à arte.”

  • “O drama é a poesia completa.”

  • “A verdadeira poesia está na harmonia dos contrários.”

  • “Tudo o que está na natureza está na arte.”

  • “O teatro é um ponto de ótica.”

  • “O espírito humano está sempre em marcha.”

  • “Toda época tem suas ideias próprias.”

  • “As línguas são como o mar, oscilam sem parada.”

  • “Cada século traz e leva alguma coisa.”

  • “Não há altas montanhas sem profundos precipícios.”

Crédito da imagem

[1] Ediouro (reprodução)

Publicado por Warley Souza

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