Vanguardas europeias

Chamamos de vanguardas europeias os diversos movimentos artísticos que, no início do século XX, reformularam o que se entendia por arte no Ocidente.
“O grito”, de Edvard Munch, foi uma das obras precursoras das vanguardas europeias, trazendo a ruptura com as artes tradicionais.

São chamadas vanguardas europeias as diversas tendências artísticas que floresceram no continente europeu no início do século XX e que acabaram por influenciar todo o mundo ocidental. Em busca de uma ressignificação do que era considerado arte, os artistas das vanguardas romperam com todas as tradições anteriores, fazendo diversas experimentações com materiais e técnicas diversos, consolidando o caminho para o surgimento da chamada arte moderna. São elas:

“Vanguarda” é o nome dado às tropas militares que vão à frente em um exército, àqueles que são os primeiros – por isso a palavra metaforicamente também significa “pioneirismo”, justamente o que esses artistas representaram.

Resumo sobre vanguardas europeias

  • As vanguardas europeias foram tendências artísticas que tomaram a cena na Europa no início do século XX;

  • Foram movimentos de ruptura com a arte tradicional;

  • A proposta era libertar a arte e a cultura das amarras e parâmetros estabelecidos até então;

  • Resultaram dos avanços e mudanças promovidos pela massiva industrialização e urbanização da Europa: a aceleração, a eletricidade, a máquina, tudo modificava o modo de viver da humanidade e exigia, portanto, uma nova maneira de fazer arte;

  • Espalharam-se por todo o mundo ocidental, influenciando a consolidação da arte moderna em diversos países, incluindo o Brasil;

  • Cada um dos movimentos da arte de vanguarda tinha suas próprias características: foi a época dos “ismos”;

  • Expressionismo, cubismo, futurismo, dadaísmo e surrealismo foram os principais movimentos das vanguardas europeias.

Contexto histórico das vanguardas europeias

O início do século XX foi marcado por uma grande mudança de paradigma na Europa. A Segunda Revolução Industrial havia popularizado grandes invenções, como a luz elétrica e o carro movido a gasolina, além da produção em larga escala de bens de consumo, acelerando o ritmo da vida como um todo.

As cidades cresciam, graças à industrialização, tornando-se grandes metrópoles. As ciências avançavam: Einstein publicava sua teoria da relatividade, em 1905, e Freud propunha uma análise dos processos mentais, o que desembocou no surgimento de uma nova ciência, a psicanálise, entre outras descobertas.

Era o alvorecer de uma nova era, com uma nova mentalidade e maneira de viver e perceber o mundo. A arte, portanto, precisava também se modificar para ser capaz de apreender essa postura atual da modernidade. Além disso, a fotografia, invenção do século XIX, aprimorava-se cada vez mais, o que tornava dispensável uma arte meramente mimética, e o cinema também despontava como novo formato artístico.

Esse ambiente tecnologicamente efervescente, contudo, não proporcionou o fim da fome e da miséria, por exemplo, nem foi capaz de solucionar os problemas da humanidade. Ao contrário, foi palco de um conflito tenebroso, de proporções nunca antes vistas: a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), evento que sacudiu diretamente os últimos movimentos das vanguardas, dando aos artistas uma postura ainda mais questionadora da tradição e do entusiasmo com a modernização ascendente do período.

Veja também: Semana de Arte Moderna de 1922, a inauguração da arte moderna brasileira

Quais são as vanguardas europeias?

Cada uma das vanguardas tem especificidades e desenvolveu-se como um movimento próprio, cujo eixo em comum era a renovação estética, que repudiava o gosto e a cultura que dominavam a arte até então. Outra coisa que tinham em comum era o estreitamento entre as diversas formas de arte – escritores, escultores, pintores, músicos, arquitetos e poetas conviveram e produziram em conjunto nos movimentos de vanguarda, que têm, cada um, suas peculiaridades. Foi a época dos “ismos”, em que cada tendência estética buscou uma nova forma de expressão.

  • Expressionismo: entendida como a primeira vanguarda, valorizava a arte primitiva e a gravura. Foram os primeiros a postular que a arte não deveria seguir uma representação mimética da realidade, algo em comum com todas as outras vanguardas. Para os expressionistas, a arte deveria expressar a realidade subjetiva, que parte da percepção de cada um. Figuras deformadas, cores vibrantes e estética do grotesco são algumas de suas características.

Paisagem chuvosa, de Wassily Kandinsky. Pioneiro do movimento abstracionista e também pertencente à estética expressionista.
  • Futurismo: contaminados pelo entusiasmo da modernização acelerada das cidades que se tornavam metrópoles, os futuristas cultuavam a velocidade, a máquina, as invenções, glorificando o mundo moderno industrializado e propondo experimentos estéticos que refletiam essa aceleração e dinamismo. Entusiastas também do patriotismo, muitos de seus seguidores acabaram por apoiar declaradamente o fascismo italiano, de Benito Mussolini.

  • Surrealismo: impulsionados pela teoria psicanalítica de Freud, os surrealistas propuseram uma arte que aborda o universo onírico e do inconsciente, abolindo as fronteiras entre o sonho e a realidade, entre a lucidez e o delírio. O surrealismo proporcionou novas técnicas de composição artística, valorizando os processos não racionais do cérebro em oposição à objetividade cientificista, mecanicista e hiperlógica.

  • Cubismo: em busca da ruptura com a tradição artística consolidada e em consonância com a nova realidade industrial, em que o tempo é mais acelerado, os cubistas tinham como principal característica o banimento da perspectiva plana e a geometrização das formas. Diferentes perspectivas sobrepõem-se, inovando as artes plásticas e a literatura, fazendo uso da técnica da colagem e da representação de diversas perspectivas ao mesmo tempo.

Retrato de Pablo Picasso, grande nome do cubismo, de autoria de Juan Gris, também cubista.
  • Dadaísmo: provocador, inovador e arrojado, os dadaístas foram bastante impactados pela catástrofe e matança generalizada da Primeira Guerra Mundial, que incutiu nos artistas um desprezo ainda maior pela cultura tradicional. Abolindo as leis da lógica e tendo como lema “a destruição também é criação”, o dadaísmo foi, das artes de vanguarda, a que mais valorizou a ruptura, negando todos os valores vigentes, todas as regras e todas as tradições, propondo uma “antiarte”.

Leia também: Modernismo: o período literário altamente influenciado pelas vanguardas

Exercícios resolvidos sobre vanguardas europeias

1) (ESPM)

Centrando-se, assim, no moderno, [...] faziam apologia da velocidade, da máquina, do automóvel (“um automóvel é mais belo que a Vitória de Samotrácia”, dizia Marinetti no seu primeiro manifesto), da agressividade, do esporte, da guerra, do patriotismo, do militarismo, das fábricas, das estações ferroviárias, das multidões, das locomotivas, dos aviões, enfim, de tudo quanto exprimisse o moderno nas suas formas avançadas e imprevistas.

(Massaud Moisés, Dicionário de Termos Literários, Cultrix, p.234)

O texto acima define um dos primeiros “ismos” das vanguardas artísticas europeias que sacudiram o século XX. Trata-se do:

a) Cubismo

b) Futurismo

c) Surrealismo

d) Dadaísmo

e) Impressionismo

Solução

Alternativa b:  O futurismo era o movimento de vanguarda que glorificava a máquina, a velocidade e o avanço industrial como horizonte de progresso humano.

2) (PUC-Campinas)

O termo vanguarda designava originalmente a posição dos guerreiros que iam à frente, nas batalhas. Mais tarde, já no campo da arte, passou a identificar a posição de criadores que, preocupados com uma completa inovação estética, buscavam adiantar-se ao seu tempo e propunham, quando não impunham, novos paradigmas para a linguagem artística. No Brasil do século XX há que se destacar o papel de vanguarda cultural e artística do movimento modernista de 22, por sua vez inspirado por vanguardas europeias, e a radical atuação vanguardista dos poetas concretos, cujos manifestos datam da década de 50 − década em que a economia e a política nacional também buscaram modernizar-se.

(Alcebíades Valongo, inédito)

A prosa de Guimarães Rosa, não obstante esteja profundamente marcada pelo universo rústico do sertão e de suas personagens, apresenta um forte componente de vanguarda quando

a) introduz no discurso prosaico versos e cantigas de extração popular.

b) remonta a mitos, lendas e sagas do universo clássico.

c) apoia-se em diálogos caracterizados pelo realismo das falas cotidianas.

d) se vale de uma linguagem que surpreende o leitor com inéditos e criativos recursos.

e) traduz para a norma culta a linguagem simples e espontânea do povo.

Solução

Alternativa d: A herança das experimentações das vanguardas reverberou-se por todo o nodernismo do século XX, como podemos perceber nessa criação de uma nova linguagem na prosa de Guimarães Rosa.

Publicado por Luiza Brandino
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