Cnidários
Os cnidários, animais pertencentes ao Filo Cnidaria, são animais aquáticos, encontrados, principalmente, no ambiente marinho. Apresentam um corpo relativamente simples, com uma parede formada por duas camadas de células separadas por uma camada de consistência gelatinosa. Sua estrutura corpórea lembra uma sacola, com apenas uma entrada, por onde o alimento entra e os resíduos saem, e uma grande cavidade central chamada de cavidade gastrovascular. Os cnidários surgiram há aproximadamente 680 milhões de anos, e hoje é conhecida uma grande variedade de espécies deles. Água-viva, hidra e anêmona-do-mar são exemplos de cnidários.
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Características gerais dos cnidários
Os cnidários ou celenterados são animais aquáticos encontrados em água doce e salgada, sendo a maioria das espécies marinha. Diferentemente das esponjas, esses animais destacam-se por apresentarem tecidos verdadeiros. Tecidos contráteis e células nervosas são observados neles.
Os cnidários são animais diblásticos, sendo seu corpo formado por dois folhetos embrionários: a ectoderme e a endoderme. A ectoderme é responsável por formar a epiderme, a camada de células mais externa do animal, enquanto a endoderme é responsável por formar a camada de células mais interna, chamada de gastroderme. Esses animais exibem uma simetria radial, o que significa que partes semelhantes do seu corpo estão repetidas ao redor de um eixo central.
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Estrutura corporal de um cnidário
Os cnidários apresentam um corpo que lembra um saco, possuindo uma abertura que se conecta a uma grande cavidade. A cavidade central do corpo é denominada cavidade gastrovascular e é onde ocorre parte do processo de digestão, uma vez que esses animais possuem digestão extracelular e intracelular. A cavidade gastrovascular funciona ainda como um esqueleto hidrostático. A abertura que comunica o meio externo com essa cavidade é chamada de boca e é por onde o alimento entra no corpo do animal e seus resíduos saem.
A região onde a boca está localizada recebe o nome de superfície oral, enquanto a região oposta é chamada de aboral. Na superfície oral observamos, além da boca, vários tentáculos. Esses tentáculos estão dispostos de maneira circular ao redor da boca e são especializados na captura de alimento e na sua manipulação.
A parede do corpo dos cnidários é formada por duas camadas celulares: a epiderme e a gastroderme. A epiderme é a camada mais externa, enquanto a gastroderme está localizada mais internamente e reveste a cavidade gastrovascular. Entre a gastroderme e a epiderme, encontra-se uma camada gelatinosa que, geralmente, não apresenta células e recebe o nome de mesogleia.
Por todo o corpo do animal, observa-se células especializadas chamadas de cnidócitos, que atuam na proteção do organismo e na captura das presas. Essas células são arredondadas e apresentam uma organela em formato de cápsula chamada cnida. Os nematocistos são um tipo de cnida caracterizado por ser uma cápsula que contém um filamento enrolado.
Em algumas espécies, há uma espécie de gatilho denominado cnidocílio, que, quando ativado, libera o filamento. Esse filamento, quando disparado por substâncias químicas ou contato, perfura a presa e injeta a substância urticante produzida pelo cnidário. Essa substância pode ter diversas ações, causando, por exemplo, paralisia ou morte da presa.
Vale destacar que os acidentes com cnidários são relativamente comuns em todo o mundo. O contato humano com esses animais pode causar diferentes reações. Algumas espécies podem provocar queimaduras dolorosas e irritações. Outras podem ser mais agressivas, como a vespa-do-mar, que possui um veneno bastante letal, capaz de provocar parada cardíaca e a morte.
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Pólipo e medusa
O plano corporal dos cnidários apresenta duas variações: o pólipo e a medusa. Os pólipos são formas cilíndricas ou colunares que se mantêm fixas aos substratos por sua superfície aboral. A região oral fica voltada para cima, assim como seus tentáculos. Apesar de serem considerados formas sésseis, alguns pólipos podem mover-se de maneira lenta utilizando músculos na sua região aboral ou ainda contrair seu corpo de modo a realizar uma espécie de natação. Anêmonas-do-mar e corais são representantes dos pólipos.
As medusas, diferentemente dos pólipos, apresentam uma movimentação mais ativa. Elas são capazes de mover-se contraindo seu corpo ou ainda sendo levadas pelas correntezas. Aqui temos uma organização corporal que lembra um guarda-chuvas. A boca fica voltada para baixo, assim como seus tentáculos.
Alguns cnidários passam todo seu ciclo de vida como pólipo ou como medusas, outros, no entanto, apresentam estágios polipoides e estágios medusoides. Nesses últimos, temos, no ciclo de vida, a chamada alternância de gerações ou metagênese.
Alimentação dos cnidários
Os cnidários são animais basicamente carnívoros. Eles não apresentam sistema digestório, sendo a digestão iniciada no interior da cavidade gastrovascular e completada nas células que revestem essa cavidade (células gastrodérmicas). Temos nesses animais, portanto, uma digestão extracelular e intracelular. Os resíduos do alimento que não foi aproveitado pelo cnidário são eliminados pela boca.
Respiração nos cnidários
Os cnidários não possuem sistema respiratório. Nesses animais, as trocas gasosas ocorrem na superfície corporal por meio do processo de difusão.
Excreção nos cnidários
A eliminação do produto do metabolismo celular dos cnidários não ocorre por meio de um sistema excretor. Assim como as trocas gasosas, a excreção ocorre por difusão via superfície corporal.
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Percepção de estímulos nos cnidários
Os cnidários apresentam um sistema nervoso difuso. Isso significa que células nervosas estão espalhadas pelo corpo do animal, não sendo observado, por exemplo, um encéfalo, como nos vertebrados. Esses animais detectam e respondem estímulos de diferentes direções. As medusas do grupo dos cubozoários apresentam olhos complexos, formados por uma lente e células sensoriais em um arranjo retiniforme. Estatocistos também estão presentes em medusas, sendo estruturas relacionadas com o equilíbrio do animal.
Classificação dos cnidários
Os cnidários são classificados em quatro classes: Hydrozoa, Scyphozoa, Cubozoa e Anthozoa. Veja o quadro com algumas das principais características dessas classes:
Classes dos Cnidários |
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Hydrozoa |
Scyphozoa |
Cubozoa |
Anthozoa |
Características gerais |
Nos hidrozoários o estágio de vida polipoide é mais facilmente notado do que nas medusas. Na maioria dos animais desse grupo, observa-se a alternância de gerações. |
Os cifozoários vivem a maior parte do seu ciclo de vida na forma de medusa. Em algumas espécies, observa-se a alternância de gerações, mas em muitas o estágio polipoide é ausente. |
Os cubozoários passam a maior parte do seus ciclos de vida como medusas. No estágio medusoide, eles apresentam um formato de cubo. |
Nos antozoários temos organismos ocorrendo apenas como pólipos. |
Representantes |
Hidra |
Aurelia sp |
Vespa-do-mar |
Anêmonas-do-mar e corais |
Reprodução dos cnidários
Os cnidários são animais que podem reproduzir-se de maneira sexuada e assexuada. Em algumas espécies, é possível observar a alternância de gerações ou metagênese, na qual, em uma fase do ciclo, um organismo comporta-se como pólipo assexuado, e, em outra, como medusa sexuada. Vejamos mais sobre a reprodução desses animais:
- Reprodução assexuada: o brotamento é o tipo mais comum de reprodução assexuada observada em cnidários. Nas hidras, por exemplo, verifica-se a formação de um broto que posteriormente se desprende do corpo da hidra-mãe e dá origem a um novo ser.
- Reprodução sexuada: é o tipo de reprodução que envolve a formação de gametas. Nas hidras isso também é observado, sendo o espermatozoide formado em um indivíduo, e o ovo, em outro. O espermatozoide é liberado na água, então pode encontrar uma hidra fêmea e fecundar o ovo formado no ovário desse animal. A partir da fecundação, forma-se o zigoto, revestido por uma espécie de cápsula. Esse embrião encapsulado permanece no ambiente até que a cápsula amolece e uma hidra jovem surge.
- Alternância de gerações: observa-se uma fase de pólipo assexuada e uma de medusa sexuada. Em alguns hidrozoários, por exemplo, pode-se observar pólipos dando origem a medusas por um processo assexuado. Essas medusas liberam gametas na água, que, ao fecundarem-se, dão origem a larvas plânulas que são natantes. Essas podem nadar e fixar-se no substrato, dando origem a um novo pólipo. Vale salientar que pode haver variação nesse ciclo, a depender da espécie estudada.