Treze Colônias
As Treze Colônias inglesas na América foram criadas no contexto histórico da busca britânica por liberdade religiosa, recursos naturais e oportunidades econômicas. O processo de formação dessas colônias, iniciado com Jamestown em 1607 e Plymouth em 1620, foi impulsionado por migrantes europeus em busca de autogoverno e diversidade.
As Treze Colônias, subdivididas em regiões Norte, Centro e Sul, desenvolveram características únicas, influenciadas por fatores geográficos, econômicos e sociais. O Norte, com colônias como Massachusetts e Nova Iorque, destacou-se pela diversificação econômica, incluindo manufatura e comércio. As colônias do Centro, como Pensilvânia e Nova Jérsei, caracterizaram-se por uma mistura de atividades econômicas e diversidade étnica. Já as colônias do Sul, como Virgínia e Carolina do Sul, basearam-se em economias agrícolas, impulsionadas por plantações e dependência de mão de obra escrava.
Esse panorama regional tornou-se crucial na compreensão das diferentes trajetórias e identidades das colônias. A busca pela independência, culminando na Guerra da Independência, marcou o triunfo dos ideais republicanos e a formação dos Estados Unidos em 1783, inaugurando uma nação soberana.
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Resumo sobre as Treze Colônias
- As Treze Colônias americanas foram estabelecidas pelos britânicos na América do Norte, no início do século XVII.
- Eram subdivisões da América do Norte britânica, compreendendo três regiões distintas: Norte, Centro e Sul.
- A formação das Treze Colônias foi um processo gradual, iniciado com Jamestown em 1607, seguido por Plymouth em 1620, e impulsionado por migrantes europeus em busca de oportunidades econômicas, liberdade religiosa e autogoverno, desenvolvendo uma diversidade de sociedades e economias regionais.
- As colônias do Norte destacavam-se pela economia diversificada, incluindo manufatura e comércio.
- As colônias do Centro eram marcadas por uma mistura de atividades econômicas e diversidade étnica.
- As colônias do Sul eram agrícolas e muito dependentes de mão de obra escrava.
- A busca pela independência das Treze Colônias culminou na Guerra da Independência, um conflito armado que resultou na formação dos Estados Unidos em 1783.
Contexto histórico da formação das Treze Colônias
O século XVII foi marcado por uma intensa expansão colonial europeia, com diversas potências buscando estabelecer territórios ultramarinos. O caso das Treze Colônias, que viriam a formar os Estados Unidos, insere-se na expansão britânica. No início do século XVII, a Inglaterra estava no auge de seu poder e buscava aumentar sua influência global por meio da colonização.
Como foi a formação das Treze Colônias?
A formação das Treze Colônias foi um processo gradual que se estendeu ao longo de várias décadas. O estabelecimento das colônias começou no início do século XVII, com a chegada dos primeiros colonos ingleses à costa leste da América do Norte. As motivações eram diversas, incluindo razões econômicas, políticas e religiosas. A Companhia da Baía de Massachusetts, por exemplo, foi formada por puritanos que buscavam liberdade religiosa.
O sistema de colonização britânica na América do Norte era caracterizado pela concessão de cartas régias que conferiam a empresas e grupos de colonos o direito de estabelecer assentamentos. Essas cartas conferiam certa autonomia às colônias, permitindo que desenvolvessem sistemas políticos e econômicos próprios. As colônias cresceram e prosperaram, principalmente devido à agricultura, com destaque para o cultivo de tabaco nas colônias do Sul.
Veja também: Segregação racial nos Estados Unidos — uma herança da colonização
Quais são as Treze Colônias?
As Treze Colônias eram divididas em três regiões distintas: colônias do Norte, colônias do Centro e colônias do Sul. Essa divisão refletia diferenças geográficas, econômicas e culturais entre as regiões.
Colônia |
Ano de fundação |
Região |
Virgínia |
1607 |
Sul |
Massachusetts |
1620 |
Norte |
New Hampshire |
1623 |
Norte |
Nova Iorque |
1624 |
Norte |
Maryland |
1634 |
Sul |
Connecticut |
1636 |
Norte |
Rhode Island |
1636 |
Norte |
Delaware |
1638 |
Centro |
Carolina do Norte |
1653 |
Sul |
Nova Jérsei |
1664 |
Centro |
Carolina do Sul |
1663 |
Sul |
Pensilvânia |
1681 |
Centro |
Geórgia |
1733 |
Sul |
Principais características das Treze Colônias
- Características das colônias do Norte: as colônias do Norte, como Massachusetts, Nova Iorque e Pensilvânia, eram caracterizadas por um clima mais frio e uma economia baseada em atividades como a pesca, a manufatura e o comércio. A religião desempenhou um papel significativo nessas colônias, com a presença predominante de puritanos que buscavam liberdade religiosa.
- Características das colônias do Centro: as colônias do Centro, incluindo Nova Jersey e Delaware, eram mais diversas em termos de economia e população. Com uma mistura de agricultura e comércio, essas colônias se tornaram centros urbanos e comerciais importantes.
- Características das colônias do Sul: as colônias do Sul, como Virgínia, Carolina do Norte e Carolina do Sul, eram caracterizadas por um clima mais quente e uma economia agrícola baseada na plantação. A produção de tabaco, arroz e índigo era predominante, e a mão de obra escrava desempenhou um papel crucial no desenvolvimento econômico dessas colônias.
→ Clima e economia das Treze Colônias
Região |
Colônias |
Características climáticas |
Características econômicas |
Norte |
Massachusetts, New Hampshire, Connecticut, Rhode Island, Nova Iorque. |
Clima temperado, com invernos frios e verões moderados. |
Pesca, manufatura, comércio, influência puritana. |
Centro |
Delaware, Nova Jérsei, Pensilvânia. |
Clima variado, com influências temperadas e subtropicais. |
Agricultura, comércio, centros urbanos, diversidade étnica. |
Sul |
Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia. |
Clima subtropical, com verões quentes e invernos amenos. |
Plantações (tabaco, arroz, índigo), uso extensivo de escravos. |
Independência das Treze Colônias
A independência das Treze Colônias foi um processo complexo e que culminou na formação dos Estados Unidos. Várias tensões entre as colônias e a metrópole britânica, como a imposição de impostos sem representação, levaram a crescente descontentamento.
O processo de independência das Treze Colônias foi um capítulo crucial na história dos Estados Unidos e uma virada significativa no relacionamento entre as colônias e a Grã-Bretanha. O caminho para a independência foi marcado por uma série de eventos que culminou na Guerra da Independência, também conhecida como Revolução Americana.
- Insatisfação com a metrópole: o descontentamento crescente entre as colônias e a metrópole britânica começou a se manifestar nas décadas que antecederam a guerra. Diversos fatores contribuíram para esse descontentamento, incluindo a imposição de impostos sem representação no Parlamento britânico, como o Ato do Selo de 1765 e o Ato Townshend de 1767. Os colonos consideravam essas medidas como violações de seus direitos naturais como súditos britânicos.
- Protestos e tensões crescentes: os colonos responderam aos impostos e às políticas opressivas com uma série de protestos e boicotes. Eventos notáveis incluem o Massacre de Boston de 1770 e o famoso Boston Tea Party de 1773, onde colonos lançaram caixas de chá britânico no porto de Boston em protesto contra os impostos sobre o chá.
- Primeiro Congresso Continental: diante da crescente tensão, representantes das colônias se reuniram no Primeiro Congresso Continental em 1774, na Filadélfia. Esse congresso foi uma tentativa de encontrar uma solução pacífica para as disputas com a Grã-Bretanha. No entanto, a resposta britânica, marcada pelo endurecimento das políticas, levou a um aprofundamento das divisões.
- Guerra da Independência: A situação atingiu seu ápice em 1775, com o início das hostilidades entre as forças coloniais e as tropas britânicas na Batalha de Lexington e Concord. Esse conflito marcou o início oficial da Guerra da Independência.
- Segundo Congresso Continental: convocado em 1775, assumiu a responsabilidade de dirigir a guerra. George Washington foi nomeado comandante-chefe do Exército Continental, e as colônias começaram a mobilizar suas forças para resistir às forças britânicas.
- Declaração de Independência: Em 1776, o Congresso Continental adotou a Declaração de Independência, redigida por Thomas Jefferson. Esse documento proclamou formalmente a separação das colônias da Grã-Bretanha e fundamentou os princípios que justificavam essa ação. A declaração enfatizou os direitos inalienáveis da vida, liberdade e busca da felicidade, e afirmou que o governo deveria derivar seu poder do consentimento dos governados.
→ Vitória das Treze Colônias na Guerra de Independência
A Guerra da Independência foi caracterizada por batalhas intensas e dificuldades para ambas as partes. Contudo, ao longo do conflito, as colônias conseguiram alianças internacionais, notadamente com a França, que forneceram apoio militar crucial.
A Batalha de Saratoga, em 1777, foi um ponto de virada, pois convenceu a França a se juntar formalmente à guerra ao lado dos colonos. A Batalha de Yorktown, em 1781, foi decisiva, levando à rendição do general britânico Cornwallis e marcando o fim das hostilidades principais.
O processo de independência foi formalmente concluído com a assinatura do Tratado de Paris em 1783. Esse tratado reconheceu a independência dos Estados Unidos e estabeleceu as fronteiras da nova nação, que agora se estendia do Atlântico até o Mississippi.
A Revolução Americana não apenas assegurou a independência das colônias, mas também lançou as bases para a formação dos Estados Unidos da América como uma república democrática e autônoma.
Formação dos Estados Unidos
A formação dos Estados Unidos da América foi um processo complexo que culminou na criação de uma república federal democrática. Um elemento central desse processo foi o debate entre federalistas e antifederalistas durante a Convenção Constitucional de 1787, quando a Constituição dos Estados Unidos foi elaborada e ratificada.
→ A Constituição na formação dos Estados Unidos
Após a independência das Treze Colônias da Grã-Bretanha, os Estados Unidos operavam inicialmente sob os Artigos da Confederação, um conjunto de leis que conferia poder limitado ao governo central. No entanto, os Artigos revelaram-se ineficazes na criação de um governo forte o suficiente para lidar com desafios como a cobrança de impostos, a regulação do comércio e a manutenção da ordem interna.
A necessidade de uma revisão constitucional tornou-se evidente, levando à convocação da Convenção Constitucional de 1787, realizada na Filadélfia. A Convenção Constitucional foi marcada por intensos debates entre federalistas e antifederalistas.
Os federalistas eram um grupo de líderes políticos e intelectuais que apoiavam a ratificação da Constituição proposta. Esse grupo incluía figuras notáveis, como Alexander Hamilton, James Madison e John Jay. Os federalistas argumentavam a favor de um governo central forte para garantir a ordem, a estabilidade e a eficácia na governança.
Por outro lado, os antifederalistas eram céticos em relação à Constituição proposta, temendo que um governo central forte pudesse ameaçar as liberdades individuais e os direitos dos estados. Figuras proeminentes entre os antifederalistas incluíam Patrick Henry, George Mason e Samuel Adams. Eles defendiam uma abordagem mais descentralizada e queriam garantias explícitas dos direitos dos cidadãos.
As divergências ocorreram em questões como a representação no Congresso, a divisão de poderes entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, e a proteção dos direitos individuais. Um dos principais compromissos foi a criação de um bicameralismo, com uma Câmara dos Representantes proporcional à população e um Senado com representação igual para todos os estados.
Outro ponto de disputa era a questão da escravidão e a contagem dos escravos na determinação da representação. O Compromisso dos Três Quintos foi alcançado, estipulando que cada escravo seria contado como três quintos de uma pessoa para fins de representação e impostos.
Os federalistas desempenharam um papel crucial na redação e promoção dos documentos fundamentais que delineavam os princípios do novo governo. A série de ensaios conhecida como "Os Federalistas" (escritos por Hamilton, Madison e Jay) foi publicada em jornais para persuadir os cidadãos a apoiarem a nova Constituição. Esses ensaios forneceram uma análise detalhada dos fundamentos filosóficos, políticos e práticos da Constituição.
Além disso, o Federalista nº 10, escrito por Madison, destacou a necessidade de um governo forte para controlar os efeitos nocivos das facções e das paixões partidárias. Madison argumentou que um governo representativo grande seria mais capaz de proteger contra os excessos de uma maioria tirânica.
A ratificação da Constituição não foi garantida, pois muitos estados hesitaram em aceitar um governo central tão poderoso. Para acalmar as preocupações dos antifederalistas, os federalistas concordaram em adicionar uma Carta dos Direitos à Constituição.
Essa emenda garantiria explicitamente certos direitos fundamentais dos cidadãos, como a liberdade de expressão, o direito de portar armas e proteções contra buscas e apreensões injustas. Com a promessa da adição da Carta dos Direitos, vários estados finalmente ratificaram a Constituição, e ela entrou em vigor em 1789.
Saiba mais: Marcha para o Oeste — processo de ocupação das demais regiões dos Estados Unidos
Exercícios resolvidos sobre as Treze Colônias
1. Durante o século XVII, as Treze Colônias americanas foram estabelecidas pelos britânicos em busca de liberdade religiosa, recursos naturais e oportunidades econômicas. Qual fator primordial motivou a presença britânica na América do Norte?
a) A expansão militar britânica.
b) O desejo de estabelecer uma monarquia nas colônias.
c) A busca por liberdade religiosa, recursos naturais e oportunidades econômicas.
d) A procura por terras para acomodar o excesso populacional na Inglaterra.
e) A competição com outras potências europeias na corrida colonial.
Resposta Correta: Letra C. O estabelecimento das Treze Colônias foi motivado principalmente pela busca britânica por liberdade religiosa, exploração de recursos naturais e oportunidades econômicas na América do Norte.
2. O federalismo nos Estados Unidos, refletido na Constituição, é caracterizado pela divisão de poderes entre o governo federal e os governos estaduais. Qual é o princípio fundamental que estabelece que a Constituição dos EUA é a lei suprema da terra?
a) Princípio da Igualdade.
b) Princípio da Liberdade.
c) Princípio da Supremacia Federal.
d) Princípio do Federalismo Cooperativo.
e) Princípio da Autonomia Estadual.
Resposta Correta: Letra C. A cláusula de Supremacia estabelece que a Constituição dos EUA é a lei suprema, conferindo precedência às leis federais sobre as estaduais em caso de conflito, sendo um princípio fundamental do federalismo nos Estados Unidos.
Créditos da imagem
Fontes
IZECKHSON, Vitor. Estados Unidos: uma história. São Paulo: Contexto, 2021.
GRANT, Susan-Mary. História Concisa dos Estados Unidos da América. São Paulo: Edipro, 2014.
KARNAL, Leandro; PURDY, Sean. História dos Estados Unidos. São Paulo: Contexto, 2007.