Whatsapp icon Whatsapp

Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)

O Departamento de Imprensa e Propaganda ou simplesmente DIP era um órgão do Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas. Foi criado em 1939, por meio de um decreto-lei, e tinha como função realizar a propaganda oficial do governo e censurar as informações. Foi extinto em 1945, com o enfraquecimento da ditadura varguista.

Acesse também: Era Vargas: os 15 anos em que Getúlio Vargas esteve na presidência

O que era o DIP?

O Departamento de Imprensa e Propaganda, conhecido pela sigla DIP, era um órgão que fazia parte da ditadura de Getúlio Vargas, o Estado Novo. Foi criado em 27 de dezembro de 1939, a partir do Decreto-Lei nº 1.915, e substituiu o antigo órgão responsável pela propaganda do governo, o Departamento Nacional de Propaganda (DNP).

O Departamento de Imprensa e Propaganda foi o responsável por realizar a propaganda oficial do Estado Novo.[1]
O Departamento de Imprensa e Propaganda foi o responsável por realizar a propaganda oficial do Estado Novo.[1]

O papel do DIP era promover as ações e a ideologia da ditadura estadonovista entre as camadas populares. Para isso, atuava em diferentes esferas da comunicação e possuía setores dedicados a diversas áreas, como a radiodifusão, cinema, teatro, turismo, imprensa, etc. O DIP, além de responsável pela propaganda oficial do governo, realizava também a censura das informações.

Além de possuir diferentes seções, cada qual responsável por uma área de atuação, o DIP também possuía filiais em cada um dos estados brasileiros: os Departamentos Estaduais de Imprensa e Propaganda (DEIPs). A existência dessas filiais do DIP garantia amplo controle do governo sobre a informação no país.

Por meio dessa estrutura, Getúlio Vargas conseguiu desenvolver o seu projeto de controle da opinião, divulgando as informações que o governo desejava e censurando aquelas que eram indesejáveis. A rádio e a imprensa escrita foram as áreas que mais sofreram influência do DIP durante os anos de atuação desse departamento.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Muitos historiadores apontam que o DIP também era utilizado para incentivar o culto à personalidade de Getúlio Vargas, uma vez que repartições públicas eram obrigadas a ter um retrato oficial do presidente brasileiro. O historiador Thomas Skidmore aponta que Vargas tinha algumas ressalvas a respeito desse culto à personalidade, mas não interferia na forma de atuação do DIP|1|.

A respeito das funções do DIP, o decreto-lei que determinou a criação desse órgão serve de referência para entendermos as formas de atuação desse departamento. Nesse decreto constava entre as funções do DIP|2|, a saber:

  • centralizar, coordenar, orientar e superintender a propaganda nacional;
  • fiscalizar e organizar os serviços de turismo;
  • fazer a censura do teatro, cinema, radiodifusão, literatura, política e imprensa;
  • proibir a entrada de livros estrangeiros considerados nocivos;
  • promover manifestações cívicas com objetivos patrióticos e educativos;
  • organizar o programa de rádio do governo.

Essas são apenas algumas das muitas funções cumpridas pelo Departamento de Imprensa e Propaganda. A amplitude do leque de atuação do DIP era tão grande que alguns historiadores consideram esse órgão como uma espécie de superministério. Em geral, podemos dizer que o DIP cumpriu papel crucial para a sustentação do Estado Novo.

Acesse também: O que é o populismo?

Atuação do DIP

Como já vimos, o Departamento de Imprensa e Propaganda tinha como missão veicular a propaganda oficial e realizar a censura. Para garantir o trabalho desse órgão, o governo não economizava. Algumas pesquisas apontam estimativas das verbas destinadas para o DIP. Entre 1940 e 1945, mais de 60 mil contos de réis foram dedicados ao departamento (Essas estimativas são consideradas baixas.)|3|.

O DIP foi responsável pelo culto à personalidade de Getúlio Vargas.[1]
O DIP foi responsável pelo culto à personalidade de Getúlio Vargas.[1]

No período do Estado Novo, o rádio era o principal meio de comunicação do Brasil, e o DIP soube  explorá-lo para divulgar a ideologia do governo. O órgão incentivou o uso do rádio em todo o país e criou um programa conhecido como “Hora do Brasil”, no qual eram noticiados os feitos do governo.

O jornal, que era obrigatório e passava em todo o país, foi uma das grandes ações do DIP, pois, segundo Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, esse programa “popularizou a voz de Vargas, com discursos curtos e simples que pareciam eliminar intermediários e falar diretamente ao ouvinte”|4|. Além do noticiário, o DIP produziu programas com esquetes de humor e programas de auditório.

O rádio também foi transformado na opção principal de lazer da população mais pobre e, para isso, o governo investiu pesado no samba, ritmo musical surgido no Rio de Janeiro, que foi alçado à condição de grande símbolo cultural do Brasil. O DIP criou uma data comemorativa para celebrar a música nacional e passou a controlar o Carnaval brasileiro.

O DIP também organizava grandes eventos populares com o intuito de reforçar o civismo e o patriotismo da população. Em datas como o 1º de maio, o Dia do Trabalhador, havia grandes eventos cívicos nos quais Vargas discursava diretamente para o povo e tinha sua mensagem divulgada para todo o país.

Além do rádio, o DIP produzia conteúdos para o cinema brasileiro, incentivando a produção de filmes nacionais, e também pequenos documentários, conhecidos como cinejornais, que passavam obrigatoriamente antes das seções se iniciarem. Essas pequenas produções foram exportadas para os países vizinhos, como a Argentina.

  • Censura

Além de elaborar produções jornalísticas, culturais e artísticas, o DIP também realizava a censura das informações que corriam o país. Assim, todos os filmes e peças teatrais que eram produzidos no Brasil, por exemplo, passavam pelo crivo desse órgão. A música também sofria com a censura e dezenas de canções de samba foram barradas.

Lilia Schwarcz e Heloísa Starling exemplificam o nível da censura do DIP mostrando que, somente em 1942, 373 canções e 108 programas de rádio foram proibidos. A maioria das canções barradas eram sambas de Carnaval. A censura esteve em vigor até o final do Estado Novo, em 1945, mas, nesse último ano, a contestação ao regime de Vargas enfraqueceu bastante a atuação da censura estadonovista.

Acesse também: Segundo Governo Vargas e a crise política no Brasil

Fim do DIP

Os ventos da política brasileira mudaram consideravelmente a partir do envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial, e o autoritarismo de Vargas começou a ser fortemente questionado a partir de 1943. Isso fez com que Vargas alterasse sua estratégia política, aproximando-se mais dos trabalhadores: surgia o trabalhismo.

Em 1945, ele precisou fazer algumas concessões no poder como forma de se sustentar na presidência. O questionamento a Vargas fez com que a censura se enfraquecesse, assim como o Departamento de Imprensa e Propaganda. Isso levou à extinção do DIP, em 25 de maio de 1945, por meio do Decreto-Lei nº 7.582.

Ao longo dos quase seis anos de atuação do DIP, três foram os gestores que estiveram à frente desse departamento:

  • Lourival Fontes (1939-1942);
  • Coelho dos Reis (1942-1943);
  • Amílcar Dutra de Menezes (1943-1945).

Com a extinção do DIP, foi criado o Departamento Nacional de Informações (DNI), órgão que teve vida curta, sendo extinto em 1946.

Notas

|1| SKIDMORE, Thomas E. Brasil: De Getúlio a Castello (1930-1964). São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 70.

|2| Decreto-Lei nº 1.915, de 27 de dezembro de 1939. Para acessar, clique aqui.

|3| LUCA, Tânia Regina de. A produção do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) em acervos norte-americanos: estudo de caso. Para acessar, clique aqui.

|4| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 377.

Crédito das imagens

[1] FGV/CPDOC

Publicado por Daniel Neves Silva

Artigos Relacionados

Estado Novo
Acesse o site e veja como Getúlio Vargas iniciou a ditadura do Estado Novo. Conheça os objetivos desse período e por que os soldados brasileiros foram para a guerra.
Plano Cohen
Acesse o site e conheça mais sobre o Plano Cohen. Veja as origens do plano e sua ligação com o Golpe de 1937. Acompanhe como a farsa do Plano Cohen foi revelada.
Queremismo
O movimento político que defendeu a permanência de Getúlio Vargas na presidência.
Revolução de 1930
Entenda como ocorreu a Revolução de 1930 e saiba quem participou desse movimento. Veja o que aconteceu no Brasil durante a Revolução de 1930.
video icon
Professora ao lado do texto"“De encontro a” ou “ao encontro de”: qual a diferença?"
Português
“De encontro a” ou “ao encontro de”: qual a diferença?
“De encontro a” e “ao encontro de” são expressões que possuem sentidos opostos. Apesar disso, a confusão entre elas é bastante comum. Por isso, nesta videoaula, iremos distinguir as situações em que são empregadas e aprendê-las adequadamente.

Outras matérias

Biologia
Matemática
Geografia
Física
Vídeos
video icon
Pessoa com as pernas na água
Saúde e bem-estar
Leptospirose
Foco de enchentes pode causar a doença. Assista à videoaula e entenda!
video icon
fone de ouvido, bandeira do reino unido e caderno escrito "ingles"
Gramática
Inglês
Que tal conhecer os três verbos mais usados na língua inglesa?
video icon
três dedos levantados
Matemática
Regra de três
Com essa aula você revisará tudo sobre a regra de três simples.