Insurreição Pernambucana
A Insurreição Pernambucana foi uma revolta mobilizada por colonos luso-brasileiros contra o domínio holandês em Pernambuco, resultando em um conflito que se estendeu de 1645 a 1654. Esse conflito foi parte das Guerras Brasílicas, travadas por holandeses e luso-brasileiros no período que aqueles estiveram no Nordeste.
A insurreição tinha como objetivo expulsar os holandeses do Nordeste, e ganhou força com a Restauração Portuguesa e com a demissão de Maurício de Nassau. As duas grandes batalhas foram travadas no Monte dos Guararapes, sendo marcadas por vitórias portuguesas. Os holandeses foram expulsos quando Recife foi conquistado, em 1654.
Resumo sobre a Insurreição Pernambucana
- A Insurreição Pernambucana foi uma revolta luso-brasileira contra os holandeses que resultou em conflitos entre 1645 e 1654.
- Aconteceu no contexto da Restauração Portuguesa.
- Seu principal objetivo era expulsar os holandeses do Nordeste, garantindo o retorno do domínio português à região.
- As duas principais batalhas aconteceram no Monte dos Guararapes, em 1648 e 1649, ambas se encerrando com vitória luso-brasileira.
- A conquista de Recife, em 1654, marcou o fim do conflito e a expulsão dos holandeses de Pernambuco.
O que foi a Insurreição Pernambucana?
A Insurreição Pernambucana foi uma revolta que aconteceu em Pernambuco entre 1645 e 1654, considerada uma reação dos colonos luso-brasileiros locais aos dominadores holandeses. Esse conflito ficou conhecido na época como a Guerra da Luz Divina, sendo também chamado de Guerra Brasílica por ter sido parte da resistência portuguesa contra os Países Baixos.
A Insurreição Pernambucana foi parte de uma série de conflitos travados entre Portugal e os Países Baixos no século XVII. Esses conflitos, por sua vez, eram parte da disputa entre as duas nações por domínios coloniais na América, Ásia e África. No Brasil, o desentendimento entre as duas nações se manifestou pela iniciativa dos colonos de expulsarem os holandeses.
Além disso, a Insurreição Pernambucana esteve relacionada com a Restauração Portuguesa e o enfraquecimento do domínio holandês na América do Sul. Ela se encerrou, em 1654, com a expulsão holandesa e o restabelecimento do domínio português sobre o Nordeste brasileiro.
Quais foram as causas da Insurreição Pernambucana?
A Restauração Portuguesa é entendida como uma causa imediata do início da Insurreição Pernambucana, uma vez que os colonos lusos passaram a defender a ideia de retomar o controle sobre os territórios que eram parte do Império Português antes da União Ibérica. O Nordeste era um desses locais, uma vez que fora invadido pelos holandeses em 1630.
Além de retomar o controle sobre as terras, havia o grande interesse econômico de expulsar os holandeses a fim de se ter o controle sobre o comércio de açúcar, que se concentrava em Pernambuco. Essa região era a grande produtora de açúcar do Brasil, sendo, portanto, um local estratégico economicamente.
Além disso, a gestão holandesa no Nordeste incomodava a muitos luso-brasileiros. A começar pela questão religiosa, pois os holandeses eram calvinistas, enquanto os luso-brasileiros eram católicos. Havia também um forte incômodo com a permissão holandesa para a presença de judeus em Pernambuco.
Do ponto de vista econômico, havia grande insatisfação dos portugueses com a rigidez fiscal dos holandeses. Os colonos que deviam impostos eram rapidamente cobrados e forçados a pagar as suas dívidas. Isso causava uma forte insatisfação, sobretudo porque os portugueses tinham uma posição mais leniente nesse aspecto.
O enfraquecimento da Companhia das Índias Ocidentais também contribuiu para o conflito. A situação da companhia em Pernambuco tornou-se delicada, principalmente depois que Maurício de Nassau foi demitido e retornou para a Europa. Nassau tinha um bom relacionamento com a população local.
Quais foram os objetivos da Insurreição Pernambucana?
A Insurreição Pernambucana teve como principais objetivos: expulsar os holandeses e acabar com seu domínio colonial no Nordeste brasileiro; fazer com que os colonos luso-brasileiros se livrassem das dívidas que tinham com a Companhia das Índias Ocidentais; e colocar o negócio do açúcar novamente nas mãos de Portugal.
Quem participou da Insurreição Pernambucana?
A Insurreição Pernambucana ficou marcada na memória coletiva porque uniu grupos diversos da sociedade brasileira. Essa suposta diversidade é encontrada nas lideranças do evento, uma vez que entre os quatro principais nomes estavam dois luso-brasileiros brancos, um negro e um indígena.
Foram eles:
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André Vidal de Negreiros: militar brasileiro que lutou ativamente na resistência contra os holandeses no Nordeste. Posteriormente, foi nomeado governador de diversos territórios coloniais portugueses, incluindo a capitania de Pernambuco.
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João Fernandes Vieira: português militar que enriqueceu como senhor de engenho durante a administração de Maurício de Nassau.
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Henrique Dias: brasileiro filho de africanos libertos que se voluntariou na luta contra os holandeses.
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Filipe Camarão: filho de índios potiguares, opôs-se aos holandeses desde o início atuando nos ataques de guerrilhas que fizeram parte da resistência no Nordeste.
Apesar dessa diversidade e mobilização de diversas camadas da sociedade, os historiadores apontam que houve também muito apoio de luso-brasileiros aos holandeses, incluindo as elites formadas por senhores de engenho.
Quais foram as principais batalhas da Insurreição Pernambucana?
As duas principais batalhas da Insurreição Pernambucana foram as Batalhas dos Guararapes. Os quatro líderes do movimento tiveram participações fundamentais nelas. Aconteceram no Monte dos Guararapes, onde atualmente se localiza a cidade de Jaboatão dos Guararapes.
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Primeira Batalha dos Guararapes: foi vencida quando a retaguarda holandesa foi atacada, resultando em centenas de mortes nas tropas holandesas. Aconteceu no dia 19 de abril de 1648, abalando profundamente o moral do exército holandês.
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Segunda Batalha dos Guararapes: aconteceu em 16 de fevereiro de 1649, resultando em nova derrota holandesa. Essa derrota fez com que o exército holandês enfrentasse uma série de deserções, forçando os holandeses a se isolarem na cidade de Recife.
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Outras batalhas importantes: Batalha do Monte das Tabocas e Batalha da Campina do Taborda.
A derrota holandesa foi completa com o cerco e conquista de Recife, em janeiro de 1654.
Qual foi o desfecho da Insurreição Pernambucana?
O desfecho da Insurreição Pernambucana envolveu:
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o fim do domínio holandês no Nordeste;
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a consolidação do império colonial holandês no Caribe;
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o estabelecimento da produção de açúcar pelos holandeses no Caribe a fim de concorrer com o açúcar português;
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a recuperação do Nordeste e de Angola pelos portugueses por meio de um acordo de paz;
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o pagamento de indenização para os Países Baixos;
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a insatisfação pernambucana com a política fiscal portuguesa após a expulsão dos holandeses;
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a decadência da economia açucareira no Nordeste.
Antecedentes da Insurreição Pernambucana
A Insurreição Pernambucana está relacionada com uma série de acontecimentos que se passaram no período colonial. O primeiro deles foi a União Ibérica — a união das coroas espanhola e portuguesa que fez com que o trono português fosse ocupado pelo monarca espanhol em 1580.
Esse acontecimento foi resultado de uma crise de sucessão na dinastia portuguesa, fazendo com que o país e seu império colonial caíssem nas mãos dos espanhóis. A União Ibérica afetou a vida dos colonos no Brasil, sobretudo os do Nordeste, que passaram a ser alvos de ataques dos holandeses. Esses ataques eram motivados pela inimizade entre Espanha e Países Baixos e porque os holandeses tinham sido excluídos pelos espanhóis do comércio do açúcar brasileiro.
Os holandeses atacaram a cidade de Salvador, ocupando-a entre 1624 e 1625, mas, após serem expulsos, voltaram suas atenções para Pernambuco. Os holandeses conquistaram Olinda em 14 de fevereiro de 1630, passando a investir no desenvolvimento de Recife e colocando Maurício de Nassau para administrar a colônia holandesa em nome da Companhia das Índias Ocidentais.
Os holandeses promoveram uma série de reformas e melhorias em Recife, mas a situação tornou-se mais delicada com a Restauração Portuguesa, em 1640. Por meio dela, Portugal recuperou o trono via coroação de d. João IV. A restauração da dinastia fez com que Portugal desejasse recuperar os domínios coloniais que havia perdido no período da União Ibérica.
Países Baixos e Portugal travavam conflitos desde 1595, mas, por conta da Restauração Portuguesa, as duas nações haviam estabelecido um tratado de paz por 10 anos. O tratado não foi respeitado pelos holandeses, que atacaram domínios coloniais de Portugal na África. Isso retomou a tensão entre as duas nações.
Exercícios sobre a Insurreição Pernambucana
Questão 01
A história de Pernambuco é marcada por revoltas populares durante o período da colonização bem como durante o período monárquico. Qual dos eventos abaixo não aconteceu em Pernambuco:
A) Confederação do Equador
B) Revolução Pernambucana
C) Guerra dos Mascates
D) Revolução Praieira
E) Balaiada
Resposta: Letra E
A Balaiada, que aconteceu entre 1838 e 1841, foi uma revolta que se iniciou no Maranhão e se estendeu ao Piauí. Foi uma das revoltas que aconteceram durante o Período Regencial, motivada pela pobreza e desigualdade social do período.
Questão 02
A administração da colônia portuguesa foi realizada, entre 1637 e 1643, por que personalidade:
A) Domingo Fernandes Calabar
B) Maurício de Nassau
C) Crestofle Arciszewski
D) Filipe Camarão
E) Johann de Witt
Resposta: Letra B
Maurício de Nassau foi um militar alemão indicado pela Companhia das Índias Ocidentais para administrar a colônia holandesa no Nordeste em 1637. Promoveu uma série de iniciativas para recuperar a economia açucareira, modernizar Recife e incentivar o seu desenvolvimento artístico e científico. Foi demitido e retornou à Europa em 1643.
Créditos da imagem
[1]Commons
Fontes
DOMINGUES, Joelza Ester. Insurreição Pernambucana: nove anos de lutas para expulsar os holandeses. Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/insurreicao-pernambucana-nove-anos-de-lutas-para-expulsar-os-holandeses/
NASCIMENTO, Rômulo Luiz Xavier de. Fim de jogo em Guararapes. In.: FIGUEIREDO, Luciano (org.). História do Brasil para ocupados: os mais importantes historiadores apresentam de um jeito original os episódios decisivos e os personagens fascinantes que fizeram o nosso país. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. pp. 308-310.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.