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José Bonifácio

José Bonifácio foi um pensador e político brasileiro que desempenhou um importante papel no processo de independência do Brasil.
José Bonifácio.
José Bonifácio é conhecido por sua atuação na independência do Brasil.

José Bonifácio de Andrada e Silva foi um importante intelectual e político brasileiro. Educado em Portugal na Universidade de Coimbra, seu retorno ao Brasil em 1819 marcou o início de uma influente carreira política, durante a qual desempenhou um papel crucial na independência do país, aconselhando Dom Pedro I.

Sua carreira abrangeu cargos importantes, como ministro do Reino e dos Estrangeiros do Brasil e tutor de Dom Pedro II. Além disso, suas contribuições para a ciência, especialmente em geologia e mineralogia, o tornaram um notável cientista. Após conflitos com D. Pedro I, foi exilado na França e morreu em 1838, em Niterói, Rio de Janeiro, devido à tuberculose.

Leia também: Como foi a vinda da Família Real para o Brasil

Resumo sobre José Bonifácio

  • José Bonifácio de Andrada e Silva foi um cientista notável que desempenhou um papel crucial na independência do Brasil.
  • Ele nasceu em 1763, na cidade de Santos (SP), foi casado com Narcisa Emília O'Leary e teve três filhas.
  • Após passar 30 anos na Europa, José Bonifácio retornou ao Brasil trazendo uma visão progressista e preocupações sociais, como a abolição da escravidão e a reforma agrária, marcando o início de sua influente atuação política.
  • José Bonifácio aconselhou Dom Pedro I a proclamar a independência em 1822, influenciando a decisão com o "Manifesto Paulista".
  • Desempenhou cargos políticos significativos, como ministro do Reino e dos Estrangeiros do Brasil e tutor de Dom Pedro II.
  • José Bonifácio faleceu em 1838, em Niterói, Rio de Janeiro, devido à tuberculose, após passar seus últimos anos no exílio na França devido a desentendimentos políticos com D. Pedro I e ministros.

Biografia de José Bonifácio

José Bonifácio de Andrada e Silva nasceu em 13 de junho de 1763, em Santos, São Paulo. Sua infância foi passada em Santos em companhia de seus pais, José Bonifácio de Andrada e Silva, médico cirurgião, e Maria Bárbara da Silva, ambos membros de famílias abastadas. Como preparação para a formação universitária, frequentou, em São Paulo, aulas de gramática, retórica, francês, lógica e filosofia nos cursos do bispo franciscano Dom Frei Manuel da Ressurreição.

Sua formação acadêmica ocorreu em Portugal, caminho comum trilhado pela elite brasileira da época, para onde foi com 20 anos de idade e estudou Direito, Filosofia, Matemática e História Natural. Entre cerca de 1783 e 1790, estudou esses currículos na Universidade de Coimbra, uma importante e tradicional instituição portuguesa.

Durante o reinado de D. Maria I (1777-1816) e a regência de D. João VI (1808-1820), iniciou sua vida de serviço público. Bonifácio começou sua carreira pública como oficial de gabinete e bibliotecário em Lisboa, onde desempenhou funções relacionadas à administração do reino. Posteriormente, ele ocupou cargos importantes, incluindo o de diretor da Real Academia das Ciências de Lisboa, através da qual foi convidado a percorrer a Europa realizando pesquisas na área de mineralogia.

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Sua influência estendeu-se ao ser nomeado conselheiro de Estado, aconselhando o governo português em questões científicas e políticas. Durante esse período, sua expertise e conexões internacionais também o levaram a ser eleito membro da prestigiosa Royal Society of London.

Em 1790, casou-se com a irlandesa Narcisa Emília O’Leary em Lisboa, com quem teve duas filhas: Carlota Emília e Gabriela Frederica. Também teve uma filha fora do casamento, de nome Narcisa Cândida, de quem poucas informações existem. A vida com a esposa é descrita por contemporâneos, a exemplo da pintora inglesa Maria Graham, como prazerosa e agradável, sendo a família considerada gentil.

Durante a invasão de Napoleão Bonaparte à Península Ibérica (1808-1810), José Bonifácio foi líder militar de um grupo chamado “Batalhão Acadêmico”, com o qual conquistou a patente de tenente-coronel e lutou até a expulsão dos franceses. Nesse contexto, foi nomeado Secretário Perpétuo da Academia Real e publicou importantes artigos científicos em língua portuguesa, demonstrando grande conhecimento na ciência da época.

Viveu durante 30 anos na Europa. Seu retorno ao Brasil, em 1819, marcou o início de sua influente atuação política no cenário brasileiro e seu envolvimento na construção das bases políticas e institucionais do país durante os anos que antecederam a independência.

Após o retorno de D. João VI e da Corte Portuguesa para a Europa em 1821, Bonifácio se tornou um dos principais mentores de Dom Pedro I e desempenhou um papel importante na persuasão do príncipe a proclamar a independência do Brasil em 1822. Bonifácio também serviu como ministro do Reino e do Exterior e foi nomeado presidente do Conselho de Ministros, desempenhando um papel central na administração do governo imperial.

Sua influência na formação do Brasil como nação independente foi significativa, pois ele articulou princípios de unidade e governança que contribuíram para a estabilidade do país nos primeiros anos após a independência. Por ocasião de um conflito com D. Pedro I após a independência, no contexto da elaboração da primeira Constituição brasileira, foi preso e exilado, deixando o Rio de Janeiro com destino à França em 1823.

Durante esse período, viveu na cidade de Talence (França), onde retomou seus estudos. Apenas em 1829 foi autorizado a retornar ao Brasil e exerceu entre 1831 e 1833 a função de tutor do futuro D. Pedro II, até ser afastado do cargo por suspeitas de seu envolvimento com conspirações republicanas. Após esses eventos, José Bonifácio abandonou a vida pública e se manteve recluso em sua casa na ilha de Paquetá (Rio de Janeiro) até sua morte, em 1838, aos 75 anos.

Casa de José Bonfácio, em Paquetá, no Rio de Janeiro.
Casa de José Bonfácio, em Paquetá (RJ).[1]

Carreira de José Bonifácio

José Bonifácio de Andrada e Silva teve uma carreira notável: tornou-se um destacado cientista e intelectual; produziu pesquisas relevantes em diversas áreas, incluindo geologia, mineralogia e química. Sua carreira foi marcada por lutas políticas, conflitos e períodos de exílio, mas seu legado perdura, sendo ele tido como um dos fundadores e intelectuais mais importantes da nação brasileira.

Dentre as realizações de sua carreira, destacam-se:

  • Atuação na Academia Real das Ciências de Lisboa: José Bonifácio se tornou membro da Academia Real das Ciências de Lisboa, contribuindo para o avanço do conhecimento científico.
  • Retorno ao Brasil: em 1819, aos 56 anos, José Bonifácio retornou ao Brasil após passar 30 anos na Europa.
  • Atuação política e cargos-chave: no Brasil, ele desempenhou papéis políticos significativos, incluindo ministro do Reino e dos Estrangeiros do Brasil e secretário de Estado do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1821.
  • Independência do Brasil: José Bonifácio teve um papel crucial na independência do Brasil, aconselhando Dom Pedro I a proclamar a independência do país em 1822.
  • Membro da Assembleia Constituinte: em 1823, José Bonifácio foi eleito deputado e participou da Assembleia Constituinte brasileira.
  • Tutor de D. Pedro II: após a abdicação de D. Pedro I, ele foi nomeado tutor do jovem imperador D. Pedro II em 1831.

Veja também: Golpe da Maioridade — manobra política que transformou D. Pedro II no novo imperador do Brasil

Como foi o retorno de José Bonifácio ao Brasil?

José Bonifácio de Andrada e Silva retornou ao Brasil em 1819, aos 56 anos, após passar 30 anos na Europa. Esse retorno se deu em um momento crucial da história, o Brasil era uma colônia que se tornara um reino unido com Portugal e a sede da monarquia. Bonifácio trouxe consigo uma visão progressista e preocupações sociais, como a abolição da escravidão e a reforma agrária, refletindo seu desejo de promover mudanças significativas na sociedade brasileira.

Ele observou que os velhos problemas persistiam. A questão da escravidão o preocupava profundamente, pois a economia da Colônia estava estruturada em benefício de uma classe privilegiada, enquanto o trabalho escravo era predominante. De acordo com sua visão, algumas áreas críticas precisavam de intervenção, como:

Apesar de sua visão e das mudanças necessárias, até aquele momento, nenhum brasileiro havia sido nomeado ministro sob o reinado de D. João VI. Em vez disso, o governo confiava em figuras, como Tomás Antônio de Vila Nova Portugal e o Conde dos Arcos.

José Bonifácio recusou convites para servir como ajudante e, em vez disso, partiu para Santos, onde seu irmão Martim Francisco estava envolvido na administração das minas e matas da Capitania de São Paulo. Esse período marcou o início das observações e reflexões de José Bonifácio sobre a situação do Brasil, preparando o terreno para seu papel fundamental na independência do país.

José Bonifácio e a Independência do Brasil

José Bonifácio de Andrada e Silva desempenhou um papel crucial no contexto da Independência do Brasil. Em 1821, o Brasil enfrentava incertezas devido à revolução liberal em Portugal, que inicialmente parecia prometer liberdade. Entretanto, ficou claro que a revolução portuguesa tinha a intenção de manter o domínio econômico e político de Portugal sobre o Brasil, recolonizando-o.

Nesse cenário, José Bonifácio atuou como uma figura importante na formação de governos provisórios nas províncias brasileiras. Por exemplo, Bonifácio presidiu a eleição dos membros da junta governativa de São Paulo em março de 1821. Enquanto a maioria das outras províncias ainda estava incerta sobre seu alinhamento, São Paulo foi a primeira a reconhecer a autoridade do príncipe regente D. Pedro.

No contexto das disputas entre Portugal e Brasil às vésperas da Independência, José Bonifácio escreveu o "Manifesto Paulista", datado de 24 de dezembro de 1821. O manifesto representava os anseios dos paulistas e solicitava a D. Pedro que não cumprisse as ordens das Cortes Portuguesas e permanecesse no Brasil.

Carta enviada por José Bonifácio a D. Pedro I.
Carta enviada por José Bonifácio a D. Pedro I.

O manifesto teve um impacto significativo, pois levou D. Pedro a optar por ficar no Brasil, evento conhecido como o "Dia do Fico". Foi uma decisão crucial que contribuiu para o processo de independência do Brasil, já que D. Pedro desempenharia um papel fundamental mais tarde ao proclamar a Independência em 1822.

O Manifesto de Independência, proclamado por D. Pedro em 7 de setembro de 1822, também teve a influência de José Bonifácio. Esse manifesto declarou a independência do Brasil em relação a Portugal.

Saiba mais: Proclamação da República — marco que estabeleceu o fim do império no Brasil

Morte de José Bonifácio

A morte de José Bonifácio ocorreu em circunstâncias controversas, uma vez que ele foi exilado e posteriormente preso devido a desentendimentos políticos com o imperador D. Pedro I e seus ministros. José Bonifácio passou seus últimos anos no exílio na França, onde viveu em relativo isolamento e pobreza, contexto que não pode ser ignorado ao se compreender as condições que contribuíram para a crise de sua saúde.

José Bonifácio faleceu em Niterói, Rio de Janeiro, em 6 de abril de 1838, devido à tuberculose. Ele foi sepultado no Cemitério de São João Batista, localizado no mesmo estado, onde descansam seus restos até hoje.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

Fontes

DOLNIKHOF, Miriam. José Bonifácio. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

SILVA, Eunicélia. José Bonifácio de Andrada e Silva: Memória sobre o pensamento político-jurídico (1783-1823). São Paulo: Arraes, 2020.

Publicado por Tiago Soares Campos

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