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Nelson Mandela

Nelson Mandela foi um dos grandes nomes da história sul-africana. Ficou conhecido por lutar contra o regime de segregação racial de seu país, o “apartheid”.
Nelson Mandela
Nelson Mandela foi um dos grandes nomes na luta contra a segregação racial na África do Sul.[1]

Nelson Mandela foi um ativista sul-africano que ficou mundialmente conhecido por encabeçar a luta dos negros contra o regime de segregação racial existente em seu país, o apartheid. Por seu engajamento político, passou 27 anos preso, mas, depois que foi liberto, guiou seu país no processo de reconstrução e reconciliação democráticas. Foi presidente da África do Sul entre 1994 e 1999 e recebeu o Nobel da Paz em 1993.

Acesse também: O que é uma democracia racial?

Nascimento e juventude

Rolihlahla Mandela, futuramente conhecido como Nelson Mandela, nasceu no dia 18 de julho de 1918, na vila de Mvezo, localizada no território da União Sul-Africana, colônia inglesa onde hoje fica a África do Sul. Mandela era filho de uma família da nobreza dos thembu, povo que pertencia à etnia xhosa. Seu pai, que estava destinado a ser chefe dos thembu, chamava-se Nkosi Mphakanyiswa Gadla Mandela e era mais conhecido como Henry Mandela.

O pai de Mandela era poligâmico, possuía quatro esposas, e ele nasceu da terceira delas, chamada Nonqaphi Nosekeni. O nome original de Nelson Mandela, como vimos, era Rolihlahla, que, em xhosa, significa algo como “aquele que puxa o galho da árvore”, uma expressão usada para referir-se a um “causador de problemas”.

Ainda na infância, Mandela foi batizado em uma igreja metodista porque sua mãe era cristã. Aos 12 anos de idade, seu pai faleceu, e ele passou a ser tutorado por Jongintaba Dalindyebo, sucessor de Henry Mandela na chefatura dos thembu. Na nova casa, Mandela foi criado como um filho legítimo de Dalindyebo.

Na sua infância, começou a frequentar uma escola primária local e lá recebeu o nome Nelson. Essa era uma prática comum dos ingleses porque eles tinham dificuldade de pronunciar os nomes nos idiomas nativos daquela região. Aos 16 anos, Mandela realizou o ritual de passagem dos xhosa para tornar-se um adulto e recebeu mais um nome: Dalibhunga, que significa “conciliador”.

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Militância política

Em 1939, Nelson Mandela ingressou na Universidade de Fort Hare, uma universidade de elite na África do Sul dedicada aos estudantes negros. Nessa instituição ele estava matriculado no curso de Direito. Posteriormente ele foi expulso dela por envolver-se em protestos estudantis.

Logo em seguida, ele se mudou para Joanesburgo porque seu tutor queria que ele aceitasse um casamento arranjado. Lá, Mandela viveu e presenciou a pobreza da população negra e procurou sobreviver trabalhando como segurança em uma mina. Em Joanesburgo, Mandela convenceu-se de que era preciso retomar os estudos porque a vida dos negros era duríssima.

Assim, ele retomou o curso de Direito, mas dessa vez estudando pela Universidade de Witwatersrand, e bacharelou-se em Artes, pela Universidade da África do Sul. Depois que voltou a estudar, ele e um amigo decidiram abrir um escritório de advocacia, o primeiro conduzido por negros na história da África do Sul. Esses acontecimentos deram-se entre 1939 e 1944.

Museu na África do Sul que conta os horrores do “apartheid”, regime de segregação racial que só acabou em 1990.[2]
Museu na África do Sul que conta os horrores do “apartheid”, regime de segregação racial que só acabou em 1990.[2]

Outro acontecimento marcante desse período foi o ingresso de Mandela na militância que lutava pela defesa do povo negro na África do Sul. A vida em Joanesburgo e a curta experiência como advogado fizeram com que ele percebesse as grandes injustiças promovidas pelo apartheid.

O apartheid (que significa “separação”, no africâner) foi um regime de segregação racial que existiu na África do Sul até 1990. Nele os negros não possuíam os mesmos direitos civis que os sul-africanos brancos. Os negros eram obrigados, por lei, a viver separados dos brancos, e existia uma série de leis que os obrigavam a ter sua etnia em sua identidade e os proibiam de casar-se com pessoas brancas, por exemplo.

Na década de 1940, Nelson Mandela começou a participar ativamente da política, e, em 1944, ele e outros amigos juntaram-se para fundar a Liga Jovem do Congresso Nacional Africano. Esse movimento político (sua sigla era o CNA) tinha surgido na década de 1910 e tinha como causa a defesa dos direitos dos negros sul-africanos e o fim da segregação racial.

A partir daí, Mandela foi ganhando importância nos quadros do CNA. Ele coordenava uma campanha de desobediência civil contra as autoridades brancas da África do Sul. Logo Mandela tornou-se presidente da Liga Jovem e, posteriormente, foi escolhido para a presidência do CNA em Transvaal, uma província sul-africana. Isso fez dele o segundo homem do CNA, em 1952.

Na década de 1950, um governo de extrema-direita assumiu o comando da África do Sul, e o regime de segregação foi expandido, aumentando a repressão contra os que se posicionavam contra ele. O envolvimento de Mandela com as ações do CNA fez dele um homem perseguido pela polícia. A violência da repressão policial fez com que o CNA perdesse força porque muitos decidiram abandonar a posição de resistência pacífica.

O próprio Mandela começou a duvidar da eficácia dessa tática e cogitou formar uma guerrilha para sabotar o regime de segregação. Um dos exemplos da violência policial aconteceu em 1960, quando a polícia matou 69 pessoas que protestavam pacificamente em Sharpeville, um bairro de Joanesburgo.

Em 1963, Mandela realizava os preparativos para formar uma luta armada contra o apartheid, mas foi preso acusado de liderar uma greve e de ter deixado o país sem autorização (ele tinha viajado e visitado países como Inglaterra, Marrocos e Etiópia na busca por apoio ao CNA). Mandela foi levado a julgamento e condenado à prisão perpétua. Os 27 anos seguintes de sua vida passaram-se na prisão.

Acesse também: Malcolm X, um dos grandes nomes na luta contra o racismo

Saída da prisão e fim do apartheid

Detalhes de uma das prisões em que Nelson Mandela passou parte dos seus 27 anos condenado.[3]
Detalhes de uma das prisões em que Nelson Mandela passou parte dos seus 27 anos condenado.[3]

Nos 27 anos de prisão, Mandela foi privado de qualquer contato com o mundo exterior e até os funerais de sua mãe e de seu filho mais velho ele não pode acompanhar porque sua saída não foi permitida. Só na década de 1980 que o governo sul-africano decidiu iniciar negociações para libertá-lo.

Isso aconteceu porque o governo sofria enorme pressão internacional para que o apartheid tivesse fim. A oferta de liberdade para Mandela foi realizada em troca de que ele abdicasse da resistência contra o apartheid. Mandela rejeitou essa e mais outras duas ofertas de liberdade.

Em 1989, Frederik de Klerk assumiu a presidência da África do Sul, e, além da grande pressão internacional, ele percebeu que a continuidade do apartheid levaria o país a uma guerra civil. Assim, em 1990, Klerk decidiu libertar Mandela e colocar fim no regime de segregação racial. No dia 11 de fevereiro de 1990, Nelson Mandela cruzava os portões da prisão rumo a sua liberdade.

Presidência

Após sair da prisão, Mandela engajou-se rapidamente em remontar a África do Sul, construindo uma democracia sem a segregação racial. Em 1991, ele foi eleito presidente do CNA, organização que teve o seu banimento retirado também pelo presidente Klerk. Mandela atuou junto a representantes internacionais para que eles pressionassem a África do Sul por reformas constitucionais e negociou com o governo sul-africano, prometendo realizar concessões caso a Constituição do país fosse refeita.

Em 1993, Nelson Mandela e Frederik de Klerk receberam o Nobel da Paz pelo papel de ambos pelo fim do apartheid e por promoverem uma transição pacífica na África do Sul. Em 27 de abril de 1994, foram realizadas as primeiras eleições democráticas da história da África do Sul, e Nelson Mandela foi eleito presidente ao receber mais de 12 milhões de votos, que corresponderam a 62,65% do total.

Mandela foi presidente de abril de 1994 a junho de 1999, e durante o seu governo procurou garantir uma transição pacífica. Ele recebeu algumas críticas por ter realizado uma transição muito branda e que não puniu os responsáveis por crimes contra a humanidade durante o apartheid.

Seu governo assegurou uma nova Constituição para a África do Sul, baseada nos conceitos democráticos, garantindo os direitos das minorias no país. Mandela procurou garantir a saúde e a economia do país e criou alguns programas para reduzir a desigualdade social — um dos maiores problemas da África do Sul até hoje e um dos grandes legados do colonialismo britânico e do apartheid.

Acesse também: As limitações da lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil

Últimos anos

Em 1999, Mandela aposentou-se da política, e, em 2004, anunciou que se retirava da vida pública, mas ele nunca o fez integralmente. Ainda em 2004, ele manifestou seu apoio público à candidatura da África do Sul à sede da Copa do Mundo de 2010. A partir de 2011, sua saúde ficou debilitada por problemas respiratórios, e, em 5 de dezembro de 2013, ele faleceu em Joanesburgo, aos 95 anos de idade.

Créditos das imagens

[1] Alessia Pierdomenico e Shutterstock

[2] Tom Wurl e Shutterstock

[3] Anya Newrcha e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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