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Brexit

O Brexit foi a saída do Reino Unido da União Europeia que ocorreu formalmente em 31 de janeiro de 2020.
Ilustração traz homem saindo de grupo de estrelas, em referência ao Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.
No Brexit o Reino Unido deixou a União Europeia, entidade da qual fazia parte desde 1973.

O Brexit é a forma como ficou popularmente conhecida a saída do Reino Unido da União Europeia, fato ocorrido em 31 de janeiro de 2020, em plena pandemia de covid. Mas o processo de saída começou anos antes, quando um referendo no qual puderam votar todos os eleitores do Reino Unido aprovou a saída da EU.

Desde 1973 o Reino Unido era membro da União Europeia, mas nunca aderiu ao euro, mantendo a libra esterlina como sua moeda. E não era membro do Espaço Schengen, área de livre circulação de pessoas da União Europeia.

Na década de 2010, com forte crise econômica no país, o movimento pela saída da União Europeia se popularizou no Reino Unido, principalmente na Inglaterra. Em 2015 o Parlamento aprovou a realização de um referendo que, no ano seguinte, aprovou o Brexit. O processo de saída foi longo e envolveu negociações de três primeiros-ministros, com aprovação do Parlamento Europeu ocorrendo somente em janeiro de 2020.

Leia também: Otan — o maior acordo político-militar do mundo

Resumo sobre o Brexit

  • O Brexit, neologismo criado com as palavras “British e exit”, foi a saída do Reino Unido da União Europeia ocorrida em 31 de janeiro de 2020.
  • Em um referendo realizado em 2016 o Brexit foi aprovado por uma apertada vantagem de votos. Em Londres, Irlanda do Norte e na Escócia a maior parte da população rejeitou o Brexit.
  • As negociações entre a União Europeia e o Reino Unido pelo Brexit duraram mais de três anos.
  • Durante o processo que levou à saída da União Europeia, três primeiros-ministros do Partido Conservador ocuparam o cargo.
  • O Brexit trouxe consequências positivas e negativas para o Reino Unido.

O que é Brexit?

Brexit foi o nome pelo qual ficou conhecido o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, que foi finalizado oficialmente em 31 de janeiro de 2020. Em 2016, os britânicos haviam aprovado a saída da União Europeia em um referendo.

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Qual o significado de Brexit?

A palavra “Brexit” é um neologismo criado com a junção de duas palavras, British e exit, ou seja, “saída britânica”. O termo surgiu na década de 2010 no período em que a campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia ganhou força.

Não sabemos ao certo quem cunhou o termo, mas provavelmente foi uma analogia ao termo “Grexit”, criado na Grécia em 2012.

Contexto histórico do Brexit

Após a Segunda Guerra Mundial foi criada a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, formada por países que tinham por principal objetivo controlar a produção de aço e carvão, recursos fundamentais para a produção bélica. Os seis países fundadores dessa instituição foram a Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Bélgica e Luxemburgo. A comunidade é considerada o embrião da atual União Europeia.

Em 1957, os seis países assinaram os Tratados de Roma, que fundaram a Comunidade Econômica Europeia e Comunidade Europeia da Energia Atômica. Em 19 de março de 1958 ocorreu a primeira reunião da Assembleia Parlamentar Europeia, em Estrasburgo, na França. Em 1962 a assembleia foi renomeada para Parlamento Europeu, nome que mantém ainda hoje.

O Reino Unido entrou para a Comunidade Europeia em 1973, junto com a Dinamarca e a Irlanda. Nos anos seguintes diversos outros países se tornaram membros da comunidade, que passou a se chamar União Europeia em 1993.

Na década de 1990 também foi adotada a moeda única em toda a Europa, além da criação do Espaço Schengen, que permite a livre circulação de pessoas em todos os territórios dos países signatários. O Reino Unido não adotou o euro como moeda e não aderiu ao Espaço Schengen.

Mapa do Espaço Schengem
Mapa do Espaço Schengen. Em roxo, países que não possuem fronteiras terrestres livres. Em amarelo, Chipre, candidato a membro do espaço.[1]

Na década de 2010, ganhou força no Reino Unido o movimento pela saída do Reino Unido da União Europeia. O combate à imigração, a segurança interna, a soberania britânica e a geração de empregos foram os principais argumentos utilizados pelos defensores do Brexit. A campanha pela saída foi uma das primeiras em que, para muitos especialistas, as fake news influenciaram a opinião pública e o resultado final do pleito.

Quais os objetivos do Brexit?

O principal objetivo do Brexit foi a saída do Reino Unido da União Europeia, o que de fato ocorreu em 31 de janeiro de 2020.

Os defensores do Brexit tinham como um dos objetivos a redução da imigração para o Reino Unido. Eles afirmavam que a União Europeia enfraquecia as fronteiras britânicas, permitindo que muitos imigrantes entrassem no país, gerando desemprego e arrocho salarial.

Outro objetivo era político, uma vez que os defensores do Brexit argumentavam que a participação britânica na UE era um ataque à soberania nacional e que, com o Brexit, o Reino Unido se tornaria novamente um país politicamente autônomo e soberano.

Quais países fizeram parte do Brexit?

Mapa dos países que fizeram parte do Brexit.

O Reino Unido deixou a União Europeia em 2020, dessa forma fizeram parte do Brexit a Inglaterra, a Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.

Leia também: Reino Unido, Grã-Bretanha e Inglaterra: qual a diferença?

Negociações para o Brexit

O Brexit provocou um período de instabilidade política no Reino Unido. Em 2015, quando foi aprovado que um referendo sobre o Brexit seria realizado, David Cameron era o primeiro-ministro, cargo que ocupava desde 2010. Membro do Partido Conservador, Cameron era contrário ao Brexit e fez campanha para a permanência na EU, mas com a derrota no referendo de 2016 ele anunciou sua renúncia.

Theresa May, também membro do Partido Conservador, assumiu o cargo de primeira-ministra em 13 de julho de 2016. Ela tinha por principal objetivo colocar em prática o Brexit, iniciando oficialmente o processo de desligamento da EU em 29 de março de 2017, ao acionar o artigo 50 do Tratado da União Europeia, que dispõe sobre o desligamento de um Estado-membro.

As negociações entre o Reino Unido e o Brexit avançaram lentamente e, durante o governo de Theresa May, três propostas para o desligamento foram rejeitadas pelo Parlamento britânico, a última delas ocorreu em 29 de março de 2019, o que levou à renúncia da primeira-ministra.

Boris Johnson, terceiro primeiro-ministro desde o referendo de 2016, assumiu o cargo em 24 de julho de 2019, retomando as negociações para o Brexit com a União Europeia e mantendo a proposta de Teresa May com pequenas alterações. Sem apoio do Parlamento, Boris Johnson convocou novas eleições e seu partido, o Conservador, obteve 43,6% dos assentos do Parlamento, porcentagem não alcançada desde a década de 1980.

Com amplo apoio no Legislativo, o Brexit foi aprovado pelo Parlamento em 20 de dezembro de 2019. O acordo estabeleceu que o Reino Unido pagaria 30 bilhões de libras para a União Europeia e que os direitos dos cidadãos da EU seriam preservados no Reino Unido e vice-versa.

Em 29 de janeiro de 2020 foi a vez do Parlamento Europeu aprovar a saída do Reino Unido, que deixou oficialmente a UE dois dias depois.

Leia também: Quais países fazem parte da Europa?

Referendo sobre o Brexit

A campanha pelo Brexit ganhou força no início da década de 2010, em parte por causa dos impactos na economia britânica da Crise de 2008. Em 2015 os membros do Partido Conservador conseguiram aprovar no Parlamento a realização de um referendo sobre a permanência ou não do país no bloco europeu.

No dia 23 de junho de 2016 os eleitores da Inglaterra, da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte votaram no referendo. Ao todo mais de 33 milhões de eleitores compareceram às urnas, e a proposta de saída da União Europeia venceu com 51,89% dos votos válidos.

Três regiões do Reino Unido foram majoritariamente contrárias à saída: Londres, onde 59,9% votaram contra; na Escócia, onde 62% dos eleitores foram contrários; e na Irlanda do Norte, com 55,8% de eleitores contrários à saída.

Vantagens e desvantagens do Brexit

  • Vantagens do Brexit

  • Controle das fronteiras: para os defensores do Brexit ele fez com que o Reino Unido recuperasse o controle sobre suas fronteiras, principalmente controlando o acesso de imigrantes de fora da União Europeia ao reino.
  • Soberania política e econômica: com o Brexit o Reino Unido deixou de cumprir as leis e determinações da UE, tendo assim maior autonomia política. Essa autonomia se refere a diversas questões, como impostos alfandegários, comércio, política externa, entre outras.
  • Economia de recursos: o Reino Unido, uma das maiores economias da UE, realizava contribuições bilionárias todos os anos para o orçamento do bloco. Em 2020, ano no qual deixou a EU, o Reino Unido contribuiu com 17 bilhões de euros, segundo dados do Parlamento Europeu. Com o Brexit o Estado britânico pode passar a investir esses recursos no próprio país.
  • Desvantagens do Brexit

    • Perda de influência política: o Reino Unido tinha grande influência nas decisões tomadas pelo Parlamento Europeu, tendo assim grande importância política global. Com o Brexit o país se distanciou das esferas de tomada de decisão da Europa.
    • Impactos econômicos negativos: com o Brexit, as importações da Europa continental passaram a ser taxadas, aumentando o preço de diversos produtos. Em 2022 houve a falta de diversos alimentos no Reino Unido, como tomate, pepino e verduras. No mesmo ano o país enfrentou o pico de inflação das últimas quatro décadas, chegando a 11,1%.|1| Vale lembrar que nos primeiros anos após o Brexit a economia britânica, assim como de todo o mundo, enfrentou a pandemia de covid-19.
    • Diminuição da oferta de mão de obra: um estudo realizado pelas consultorias Center for European Reform e UK in a Changing Europe apontou que houve uma redução de 2 milhões de trabalhadores no Reino Unido nos primeiros anos de Brexit. A falta de trabalhadores afeta em cheio setores importantes da economia inglesa, como hotelaria, setor de alimentação e de transporte.
    • Tensões na fronteira entre as Irlandas: antes do Brexit a fronteira entre as duas Irlandas era livre, mas com a saída da UE o controle e fiscalização da região se tornou uma fonte de atrito entre autoridades do Reino Unido e da Irlanda. As autoridades inglesas temem que a instalação de estruturas de fiscalização na fronteira retome antigas rivalidades entre a Irlanda e a Inglaterra/Irlanda do Norte.
    • Crescimento do movimento pela independência da Escócia: na Escócia o Brexit foi rejeitado pela maioria da população no referendo de 2016. Nesse país 62% dos eleitores foram contra a saída do Reino Unido da UE. Após o anúncio do resultado do referendo diversas manifestações passaram a ocorrer no território escocês, e a primeira-ministra do país, Nicola Sturgeon, solicitou à Suprema Corte do Reino Unido que um referendo sobre a emancipação da Escócia do Reino Unido fosse realizado, o que foi recusado pela Corte em novembro de 2022. Nicola Sturgeon renunciou em março de 2023 e foi sucedida por Humza Yousaf, também defensor da independência da Escócia. Em 8 de maio de 2024 John Swinney assumiu o cargo de primeiro-ministro escocês, afirmando que nos próximos cinco anos a Escócia se tornará independente do Reino Unido.

Quais as consequências do Brexit?

O Brexit trouxe consequências políticas e econômicas para o Reino Unido. Politicamente o país perdeu influência nas decisões tomadas pela Europa e parte da sua influência política global. Na Escócia o Brexit foi rejeitado pela maioria da população, e suas consequências econômicas para o país fortaleceram o movimento pela independência do Reino Unido.

Por outro lado, o país conquistou maior autonomia política e econômica, uma vez que não está mais sujeito à legislação da União Europeia.

  • Impacto econômico do Brexit

Faz pouco tempo que o Brexit ocorreu e, por esse motivo, só podemos analisar os impactos econômicos da saída a curto prazo. Ainda assim devemos levar em conta a pandemia de covid-19, que afetou a economia britânica nos primeiros anos após a saída.

Em janeiro de 2024 o prefeito de Londres, Sadiq Khan, divulgou um estudo feito pela Cambridge Econometrics, encomendado pela prefeitura. O estudo apontou que Londres havia perdido 30 bilhões de libras esterlinas desde que saiu da União Europeia e que a cidade perdeu 300 mil trabalhadores após o Brexit. Ainda segundo o estudo, o Reino Unido perdeu 140 bilhões de libras desde 31 de janeiro de 2020 e cerca de 2 milhões de trabalhadores.

O que aconteceu após o Brexit?

O impacto mais imediato do Brexit ocorreu nos primeiros dois anos da saída, momento no qual o mundo atravessava a pandemia de covid-19. Diversos produtos, antes importados da União Europeia sem qualquer barreira sanitária ou imposto, sumiram das prateleiras dos supermercados britânicos. Entre os principais alimentos ausentes estavam frutas, verduras, carnes e embutidos.

Outro impacto na economia britânica foi a queda do número de trabalhadores, com a redução de quase 2 milhões em quatro anos. Diversos setores da economia reduziram a atividade por falta de trabalhadores, e setores como o de entrega e hotelaria tiveram aumento considerável dos preços.

Notas

|1| TRADING ECONOMICS. Reino Unido - Taxa de Inflação. Disponível em https://pt.tradingeconomics.com/united-kingdom/inflation-cpi

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

Fontes

SCRUTON, Roger. Brexit: origens e desafios. Editora Record, Rio de Janeiro, 2021.

Publicado por Jair Messias Ferreira Junior
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