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Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir é uma famosa romancista e filósofa francesa cujas obras literárias apresentam traços existencialistas. Seu livro de estreia é o romance A convidada.
Vista aproximada do rosto de Simone de Beauvoir.
Simone de Beauvoir é uma importante autora francesa. [1]

Simone de Beauvoir é uma escritora e filósofa do século XX. Ela nasceu na cidade francesa de Paris, no dia 9 de janeiro de 1908. Mais tarde, se tornou uma das principais filósofas de sua época. Junto de seu companheiro de vida, o filósofo Jean-Paul Sartre, foi uma das divulgadoras da corrente filosófica conhecida como existencialismo.

A autora faleceu no dia 14 de abril de 1986, na capital francesa. Ela deixou obras teóricas, como o famoso livro O segundo sexo, mas também romances e autobiografias. Sua primeira obra literária é o romance A convidada, em que Beauvoir reflete sobre o amor livre na Paris de finais dos anos 1930.

Leia também: Gustave Flaubert — o autor de uma das principais obras da literatura francesa

Resumo sobre Simone de Beauvoir

  • A romancista francesa Simone de Beauvoir nasceu em 1908 e morreu em 1986.

  • Além de ser escritora, ela também estudou e lecionou Filosofia.

  • Ela era uma mulher independente, feminista, ateia e defensora do amor livre.

  • As obras literárias da autora possuem caráter filosófico e existencialista.

  • O segundo sexo é a obra teórica mais famosa da filósofa.

  • O primeiro romance de Beauvoir, A convidada, foi publicado em 1943.

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Biografia de Simone de Beauvoir

A escritora e filósofa Simone de Beauvoir nasceu na cidade de Paris, na França, em 9 de janeiro de 1908. Era membro de uma rica família burguesa e teve uma formação católica. Seu pai, Georges Bertrand de Beauvoir, era advogado. Sua mãe, Françoise Brasseur, era dona de casa.

A autora tinha uma irmã, Hélène de Beauvoir (1910-2001), que mais tarde se tornaria pintora. Na adolescência, Simone de Beauvoir se converteu ao ateísmo, apesar de estudar no Instituto Adéline Désir, de orientação católica. Estudou ali até 1925 e decidiu obter licenciatura em Letras Clássicas e Matemática.

Em seguida, ingressou na Sorbonne, em 1927, para iniciar seus estudos em Filosofia. Nessa instituição, ela conheceu Jean-Paul Sartre (1905-1980), que seria seu companheiro a partir de então. Com 21 anos de idade, Beauvoir já era professora de Filosofia. Atuou nessa profissão em instituições de Rouen, Marselha e Paris.

A partir de 1943, ela abandonou a carreira de professora para se dedicar à escrita de seus livros. Existencialista, assim como Sartre, ajudou a fundar a revista Os tempos modernos, para a qual a autora escreveu até o fim de sua vida. Com o tempo, passou a ser conhecida na França e em outros países.

Simone de Beauvoir ao lado de Jean-Paul Sarte, outro importante autor existencialista.
Simone de Beauvoir ao lado de Jean-Paul Sarte, outro importante autor existencialista.

Era feminista, comunista, contrária ao casamento e defensora do amor livre. Desse modo, expressava abertamente suas opiniões políticas. Foi bastante criticada pelos conservadores de sua época, mas nunca abriu mão de sua independência intelectual. Fez diversas viagens internacionais, registradas e analisadas em suas memórias.

Ficou bastante famosa, quando, em 1949, publicou o livro O segundo sexo, leitura essencial até hoje para as feministas e para quem quer refletir sobre o papel da mulher na sociedade. Essa obra filosófica foi atacada por conservadores da época e até incluída no Index da Igreja católica como livro proibido.

A romancista também foi muito valorizada por suas obras literárias. Em 1954, foi vencedora do Prêmio Goncourt, o mais importante da França, pela publicação de seu romance Os mandarins. Decepcionada com o comunismo soviético, a filósofa passou a fazer críticas a essa forma de governo, em 1956.

No entanto, continuou sendo uma intelectual de esquerda bastante respeitada no mundo inteiro. Nos próximos anos, além de romances, escreveu autobiografias, em que buscou entender o mundo em que vivia. Essa mulher independente, intelectual e financeiramente, faleceu em 14 de abril de 1986, em Paris.

Características literárias de Simone de Beauvoir

As obras literárias de Simone de Beauvoir apresentam as seguintes características:

  • aspecto filosófico;

  • reflexão sobre a alteridade;

  • personagens ambíguos;

  • caráter existencialista;

  • valorização da ação individual;

  • foco no cotidiano;

  • destaque para a experiência pessoal;

  • realismo;

  • conflito existencial;

  • protagonismo feminino;

  • crítica sociopolítica.

Obras de Simone de Beauvoir

  • A convidada (1943) — romance.

  • O sangue dos outros (1945) — romance.

  • As bocas inúteis (1945) — teatro.

  • Todos os homens são mortais (1946) — romance.

  • Por uma moral da ambiguidade (1947) — ensaio.

  • O segundo sexo (1949) — ensaio.

  • Os mandarins (1954) — romance.

  • Privilégios (1955) — ensaio.

  • Memórias de uma moça bem-comportada (1958) — autobiografia.

  • A força da idade (1960) — autobiografia.

  • A força das coisas (1963) — autobiografia.

  • Uma morte muito suave (1964) — autobiografia.

  • As belas imagens (1966) — romance.

  • A mulher desiludida (1967) — romance.

  • A velhice (1970) — ensaio.

  • Balanço final (1972) — autobiografia.

  • Quando o espiritual domina (1979) — romance.

  • A cerimônia do adeus (1981) — biografia.

Análise da obra A convidada, de Simone de Beauvoir

Capa do livro “A convidada”, de Simone de Beauvoir, publicado pela editora Nova Fronteira.
Capa do livro A convidada, de Simone de Beauvoir, publicado pela editora Nova Fronteira. [2]

A convidada é o primeiro romance publicado por Simone de Beauvoir. Os três protagonistas da história, que se passa na Paris da década de 1930, são Françoise Miquel, Pierre Labrousse e Xavière Pagès. Os intelectuais Françoise e Pierre possuem um relacionamento amoroso e estável, mas aberto.

Assim, quando uma jovem estudante chamada Xavière fica amiga de Françoise, Pierre se sente atraído por ela. O casal frequenta a vida noturna de Paris, o que seduz a jovem Xavière, proveniente de Rouen. Apesar de defender o amor livre, Françoise, que tem 30 anos de idade, experimenta o ciúme. Esse sentimento também toma conta de Pierre, quando Xavière tem uma relação sexual com Gerbert.

Gerbert também se relaciona sexualmente com Françoise, o que gera ciúme em Xavière. Desse modo, o livro mostra que a prática do amor livre não é isenta de sofrimento. Afinal, ela acaba se chocando com elementos culturais e emotivos. Assim, Xavière, a convidada a que se refere o título, é o centro dessa complexa relação entre eles.

O romance tem características autobiográficas, já que Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre e Olga Kosakievicz (1915-1983) também viveram um triângulo amoroso. Françoise, alter ego de Beauvoir, é uma escritora famosa. Já Pierre é um ator, diferentemente do filósofo Sartre.

Pensamentos de Simone de Beauvoir

A filósofa Simone de Beauvoir é uma das principais feministas do século XX. Aliás, a sua obra filosófica mais famosa é o livro O segundo sexo, em que a autora reflete sobre o lugar da mulher na história da humanidade. Nessa obra, Beauvoir mostra que a mulher sempre foi considerada o “segundo sexo”, no sentido de que foi colocada em segundo plano.

Uma das frases mais citadas desse livro é: “Não se nasce mulher, torna-se mulher.” Com isso, a autora pretende mostrar que os papéis sociais e de gênero são construídos historicamente. A autora também era adepta do existencialismo, corrente filosófica que defende que a existência vem antes da essência.

Desse modo, o ser humano é protagonista na construção dessa essência. Ele precisa agir, de forma que se torna, assim, responsável pela própria existência. Os existencialistas, portanto, mostram que somos nós que devemos transformar a realidade, sem nos prendermos a qualquer determinismo.

Além disso, a autora também era defensora do amor livre, pois considerava que a tradicional relação monogâmica gera sofrimento. Segundo ela, o relacionamento tradicional é uma obrigação imposta principalmente às mulheres, que são estimuladas à submissão e à condição de objeto.

Assim, a mulher é educada para se sacrificar em prol de um ideal romântico. Isso gera frustração e infelicidade, já que o homem não pode corresponder aos seus anseios. Para Beauvoir, ambos devem reconhecer a liberdade um do outro, de forma a haver igualdade na relação.

Veja também: O que é feminismo?

Frases de Simone de Beauvoir

A seguir, vamos ler algumas frases de Simone de Beauvoir, extraídas de suas obras Por uma moral da ambiguidade, A convidada e Memórias de uma moça bem-comportada:

  • “O presente é o momento da escolha e da ação.”

  • “Viver é envelhecer, nada mais.”

  • “Era-me mais fácil imaginar um mundo sem um criador do que um criador carregado com todas as contradições do mundo.”

  • “É porque há perigos reais, fracassos reais e condenação terrena real que palavras como ‘vitória’, ‘sabedoria’ ou ‘alegria’ têm significado.”

  • “Querer ser livre é também querer que os outros sejam livres.”

  • “A criança é um insurgente.”

Créditos de imagem

[1] Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Editora Nova Fronteira (reprodução)

Publicado por Warley Souza

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