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Acidente com Césio-137 em Goiânia

Acidente com Césio-137 foi um acidente radiológico e radiativo que aconteceu em Goiânia, em setembro de 1987, resultando na morte de quatro pessoas.
O acidente com Césio-137 que aconteceu em Goiânia, em 1987, é até hoje o maior acidente radiológico da história.
O acidente com Césio-137 que aconteceu em Goiânia, em 1987, é até hoje o maior acidente radiológico da história.

Acidente com Césio-137 aconteceu em Goiânia, capital de Goiás, em 13 de setembro de 1987. Aconteceu quando catadores de materiais recicláveis descobriram uma máquina de radiologia abandonada e retiraram uma peça dessa máquina. O desmonte dela fez com que 19 gramas de Césio-137 fossem expostos. Centenas de pessoas foram contaminadas e quatro morreram.

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Resumo sobre acidade com Césio-137 em Goiânia

  • O acidente foi resultado de uma peça de uma máquina de radiologia retirada por dois catadores de materiais recicláveis em uma clínica abandona no Centro de Goiânia.
  • A peça foi retirada em 13 de setembro de 1987, e seu desmonte parcial se deu a partir daí.
  • Dias depois, a peça foi revendida para Devair Ferreira, que a abriu por completo, contando com o cilindro que guardava o Césio-137.
  • A descoberta do acidente foi feita pelo físico Walter Mendes, e o trabalho de contenção retirou seis mil toneladas de lixo nuclear de Goiânia.
  • Mais de 110 mil pessoas foram examinadas, e quatro morreram pelo contato com a radiação.

Videoaula sobre Césio-137 – o maior acidente radiológico do mundo

O que foi o acidente com Césio-137 em Goiânia?

Vista aérea de Goiânia, Goiás.
Goiânia, capital de Goiás, foi a cidade que sofreu o acidente com Césio-137, em 1987.[1]

O acidente com o Césio-137 em Goiânia foi um acidente radiológico que aconteceu na capital de Goiás, em 13 de setembro de 1987. Deu-se por meio de contaminação com radioatividade que ocorreu nessa cidade, e até hoje é o maior acidente radiológico que já houve no planeta.

Além disso, o acidente com Césio-137 em Goiânia foi um dos piores episódios de contaminação com radioatividade da história, sendo o maior acidente do tipo acontecido fora de uma usina nuclear. Por conta dele, quatro pessoas morreram, vítimas do contato com elevados níveis de radiação, e, no total, 249 pessoas registraram alta contaminação.

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O acidente com material radioativo que aconteceu em Goiânia foi classificado como nível 5. Essa classificação faz parte da Escala Internacional de Acidentes Nucleares (que classifica acidentes nucleares) e vai do nível 0 ao 7. Assim, a exposição do Césio-137 em Goiânia foi classificada como acidente com consequências de longo alcance.

  • Videoaula sobre Chernobyl x Césio-137: diferença entre acidente radioativo e radiológico

Como aconteceu o acidente com Césio-137 em Goiânia?

O acidente aconteceu quando dois catadores de materiais recicláveis entraram no prédio de uma clínica de radioterapia que estava abandonada. Essa clínica era o Instituto Goiano de Radioterapia, que ficava localizado no Centro de Goiânia. No interior dela, havia uma máquina de radioterapia que, apesar de abandonada, ainda estava com a sua cápsula com material radioativo no seu interior.

Os catadores se chamam Wagner Pereira e Roberto Alves, e ambos decidiram desmontar a máquina para pegar as peças de chumbo a fim de revendê-las. A parte superior da máquina foi separada e levada para um ferro velho, para que eles pudessem trabalhar no desmonte dela e separar suas partes de chumbo e aço.

Depois de cinco dias de trabalho com a peça, Pereira e Alves levaram o restante dela para outro catador de materiais recicláveis: Devair Ferreira. Eles revenderam o que não lhes interessava para Ferreira, que abriu toda a cápsula e averiguou o seu interior.

Pereira e Alves já haviam tido contato com a radiação ao mexer na cápsula, mas foi Devair Pereira quem a abriu completamente e expôs por inteiro o material radioativo que tinha em seu interior: 19 gramas de Césio-137. Ferreira se impressionou com um efeito do pó no interior da cápsula: ele brilhava no escuro.

Após abrir o cilindro que continha o Césio-137. Ferreira levou o material para a sua casa e convidou diversos amigos, familiares e vizinhos para que eles pudessem ver como ele brilhava no escuro. Durante dias, dezenas de pessoas foram expostas à radiação, e muitas delas tiveram contato direto com o Césio, até mesmo passando-o em seu corpo.

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Identificação do acidente com Césio-137 em Goiânia

Dessa forma, dezenas as pessoas que tiveram contato com o material radioativo, incluindo Roberto Alves, Wagner Pereira e Devair Ferreira, começaram a passar mal. Os sintomas eram os mesmos, e todos sofriam de diarreias, vômitos, queda de cabelo, tonteira etc. A princípio, os médicos e os próprios catadores acreditavam que estavam sentindo os efeitos de uma intoxicação alimentar.

Os sintomas foram se agravando, e logo Maria Gabriela Ferreira, esposa de Devair Ferreira, suspeitou que a doença que os acometia poderia ter alguma relação com o material brilhoso com que todos haviam tido contato. Ela então pegou o cilindro e o levou, de ônibus, para a Vigilância Sanitária.

A quantidade de pessoas doentes com os mesmos sintomas chamou a atenção dos médicos sobre uma possível contaminação com radiação. Foi então que os médicos acionaram o físico Walter Mendes Ferreira para que ele pudesse examinar o cilindro que estava guardado na Vigilância Sanitária.

Walter Mendes atendeu a chamada, e, quando chegou à Vigilância Sanitária, seus aparelhos já identificaram altos níveis de radiação. Após um momento de hesitação, Mendes concluiu que os níveis de radiação no local onde estava o cilindro estavam muito elevados e que seus aparelhos de medição estavam corretos. Ele, inclusive, impediu que um bombeiro descartasse o cilindro em um rio da capital goiana.

Contenção de danos do acidente com Césio-137 em Goiânia

Vista aérea do terreno onde o lixo nuclear do acidente com Césio-137 em Goiânia foi enterrado, Abadia de Goiás, Goiás.
O lixo nuclear retirado de Goiânia foi enterrado em uma sede da CNEN, em Abadia de Goiás.[2]

Walter Mendes acionou a Comissão Brasileira de Energia Nuclear (CNEN), e logo foi iniciado o processo de contenção de danos. Um grande trabalho foi realizado em Goiânia para identificar os locais contaminados, e foi percebido que vários locais da cidade, sobretudo no Centro, estavam com elevados índices de contaminação.

Isso aconteceu porque a exposição da radiação por mais de 15 dias fez com que ela se espalhasse por diferentes partes da cidade. Vários locais passaram por uma intensa descontaminação, e as casas onde residiam Wagner Pereira e Devair Ferreira, por exemplo, foram totalmente demolidas. Os operários que fizeram a limpeza desses locais escavaram-nos em uma profundidade de mais de 60 centímetros, e cada buraco foi preenchido com concreto.

Ao todo, estima-se que seis mil toneladas de material contaminado foram retiradas da capital, depositadas em tambores e enterradas em uma sede da CNEN em Abadia de Goiás, cidade que fica a cerca de 20 quilômetros de Goiânia. Na época, o pânico se espalhou no estado, e muitos temiam ir ao Centro de Goiânia. Muitos moradores de Abadia se revoltaram com o fato de que o lixo radioativo seria enterrado na cidade.

Além de cuidar do lixo nuclear e realizar o trabalho de descontaminação, a contenção de danos analisou milhares de pessoas para encontrar as que haviam sido contaminadas com a radiação. Na época, o governo de Goiás utilizou o espaço do Estádio Olímpico, no Centro e bem próximo dos locais onde houve a contaminação, para aglomerar todos os que estavam sob suspeita.

As pessoas contaminadas ficaram isoladas em acampamentos construídos no estádio, passaram por testagens regulares e tomaram remédios para se descontaminarem. Ao todo, mais de 110 mil pessoas foram analisadas, e, dessas, 249 foram identificadas como contaminadas com radiação.

Algumas dessas pessoas estavam tão contaminadas que se tornaram focos de contaminação, ou seja, o contato com elas se tornou perigoso. Os que tiveram sintomas e contaminação leves ficaram em quarentena nos acampamentos construídos no estádio, mas os casos mais graves foram enviados para hospitais de Goiânia e do Rio de Janeiro.

Entre os 249 contaminados, 129 tiveram rastros da substância interna e externamente em seus corpos, 49 foram internados em hospitais, e 20 precisaram de atendimento médico intensivo.

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Vítimas do acidente com Césio-137 em Goiânia

O acidente com Césio-137 resultou em quatro vítimas fatais diretas. A primeira e mais conhecida delas foi a menina Leide das Neves Ferreira, sobrinha de Devair Ferreira. Ela chegou a ingerir alimentos com as mãos sujas de Césio-137, e faleceu no Rio de Janeiro, onde esteve em tratamento, no dia 23 de outubro de 1987.

Ela foi enterrada em Goiânia e em um caixão de chumbo, e seu enterro foi cercado de polêmica, uma vez que dezenas de pessoas se reuniram no cemitério para impedir que ela fosse enterrada ali. As pessoas temiam que o enterro de Leide das Neves pudesse contaminar todo o cemitério. Pedras e paus foram lançados enquanto o caixão dela era enterrado.

As outras vítimas foram Maria Gabriela, esposa de Ferreira, e Israel Baptista e Admilson Alves, ambos funcionários do ferro-velho de Ferreira. Todos os quatro morreram em outubro de 1987. Houve ainda centenas de pessoas que acumularam sequelas por conta do contato com a radiação, muitas inclusive lutam na Justiça para ser indenizadas pelo Estado.

Devair e Ivo Ferreira (irmão daquele e pai de Leide das Neves) sobreviveram, mas se tornaram homens depressivos por conta da culpa que sentiram pelo acidente. O primeiro morreu em 1994, e depois do acidente tornou-se alcoólatra, sendo vítima de cirrose, embora tivesse câncer quando faleceu. Já o segundo adquiriu vício em cigarro e morreu, em 2003, vítima de enfisema pulmonar.

Créditos das imagens

[1] Erich Sacco e Shutterstock

[2] Arquivo Pessoal / Daniel Neves

Publicado por Daniel Neves Silva
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