Hanseníase
A hanseníase é uma doença causada por uma bactéria que afeta pele e nervos periféricos. Ela é conhecida desde a Antiguidade, e sua história é marcada pelo preconceito existente com aqueles que desenvolviam esse problema. A seguir, vamos conhecer mais sobre essa doença, sua causa, seus sintomas e seu tratamento.
Leia também: Nervos – um dos componentes do nosso sistema nervoso periférico
O que é hanseníase?
A hanseníase é uma doença crônica e transmissível causada por uma bactéria que afeta a pele e os nervos periféricos, levando a alterações na sensibilidade e força muscular. As lesões causadas pela doença podem ser altamente incapacitantes.
A hanseníase não escolhe idade, sexo ou etnia, podendo atingir qualquer pessoa exposta ao agente causador. Vale salientar que, apesar de a bactéria ser capaz de infectar grande número de pessoas, poucos dos infectados desenvolvem a doença, o que significa que ela apresenta baixa patogenicidade.
No passado a hanseníase era associada à impureza e ao pecado, e as pessoas que a contraíam eram excluídas da sociedade. Somente após a descoberta do agente causador, começou-se a entender que a doença não era um castigo. Entretanto, a exclusão dos doentes durou por muitos anos, sendo que, até meados do século XX, os infectados no Brasil eram isolados.
A doença, conhecida como “lepra” no passado, é, portanto, uma enfermidade que carrega uma grande carga de preconceito. Devido a isso, desde 1976, em nosso país, o termo lepra foi substituído por hanseníase.
Agente causador da hanseníase
A hanseníase é uma doença causada pela bactéria Micobacterium leprae, também conhecida como bacilo de Hansen, uma homenagem ao médico norueguês Gerhard Henrik Armauer Hansen, que identificou o patógeno. Essa bactéria apresenta-se como um bacilo, e seu tamanho é de cerca de 1 µm a 8 µm de comprimento e 0,3 µm de diâmetro. Ela pertence à ordem Actinomycetales e à família Mycobacteriaceae.
Transmissão da hanseníase
A transmissão da hanseníase ocorre de uma pessoa para outra. O paciente não tratado elimina o bacilo para o meio externo, principalmente pelas vias aéreas superiores, levando à infecção de outras pessoas. Entretanto, para que a transmissão realmente ocorra, a pessoa deve ter contato direto e prolongado com o doente. Vale destacar que o infectado, logo nas primeiras doses do tratamento, já não é mais capaz de transmitir a doença.
Saiba mais: Doenças causadas por bactérias - sintomas, tratamento e lista de doenças
Sintomas da hanseníase
Quando falamos em hanseníase, a manifestação mais marcante da doença são as lesões na pele com alteração na sensibilidade. Essas alterações ocorrem devido ao comprometimento dos nervos periféricos. Apesar dessa ser a manifestação mais marcante, outras podem surgir. Veja o quadro com os principais sinais e sintomas da hanseníase:
Principais sinais e sintomas da hanseníase |
|
É importante deixar claro que a hanseníase pode deixar sequelas quando não é tratada ou o início do tratamento não é imediato. Uma delas é o chamado nariz desabado, consequência da necrose e ulceração da cartilagem do nariz. Além disso, alterações nos nervos podem provocar a incapacidade de elevar o pé, de extensão dos dedos e do punho, e de fechar os olhos.
Diagnóstico da hanseníase
A hanseníase é diagnosticada, principalmente, por meio da análise dos sinais e sintomas clínicos do paciente. Um exame auxiliar no diagnóstico é a baciloscopia do raspado intradérmico, que visa identificar a presença de bacilos. O resultado negativo desse exame para pacientes com sintomas não descarta a possibilidade deles apresentarem a doença.
Tratamento da hanseníase
A hanseníase é tratada utilizando-se uma associação de antimicrobianos — Poliquimioterapia (PQT). O tratamento não exige internação, e, a partir das primeiras doses de medicação, o doente deixa de transmitir a doença. O esquema terapêutico varia de um paciente para outro.
Vale destacar que o medicamento para o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento correto garante a cura completa da doença.
Veja também: Procariontes – alguns deles podem causar doenças nos humanos, como hanseníase
Classificação da hanseníase
A Organização Mundial de Saúde classifica os pacientes com hanseníase em dois grupos: paucibacilares e multibacilares. Aqueles são doentes que apresentam poucos ou nenhum bacilos em seus exames, diferentemente destes, que apresentam muitos bacilos, sendo, portanto, os responsáveis por infectar outras pessoas.
Podemos classificar a hanseníase, de acordo com a classificação de Madri, em: hanseníase indeterminada (paucibacilar), tuberculoide (paucibacilar), dimorfa (multibacilar) e virchowiana (multibacilar). Vejamos a caracterização de cada uma delas, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia:
- Indeterminada: observa-se no paciente até cinco manchas de contornos imprecisos, e não há comprometimento neural. Todos os pacientes com hanseníase passam por essa fase no inicio da doença.
- Tuberculoide: observa-se até cinco lesões, bem definidas, e um nervo está comprometido.
- Dimorfa: observa-se mais de cinco lesões e comprometimento de dois ou mais nervos. Essa é a forma mais comum da hanseníase.
- Virchowiana: verifica-se uma forma mais disseminada da doença, sendo a pele do indivíduo amplamente danificada. Essa é a forma mais contagiosa da hanseníase.
Janeiro Roxo
Janeiro é o mês dedicado à conscientização da hanseníase. A campanha Janeiro Roxo visa dar mais visibilidade à doença e, desse modo, melhorar o conhecimento da população sobre ela, conhecendo suas causas, sintomas e formas de tratamento. No último domingo do mês de janeiro, é comemorado o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase e o Dia Mundial contra a Hanseníase.