Coeficiente de Gini

O coeficiente de Gini é um indicador socioeconômico criado em 1912. Seu principal objetivo é mensurar o grau de desigualdade de distribuição de renda em um território.
O coeficiente de Gini serve para medir a desigualdade da distribuição de renda em um território.

O coeficiente de Gini é um indicador socioeconômico criado pelo demógrafo italiano Corrado Gini em 1912 e utilizado para mensurar a desigualdade de distribuição de renda em um território. Calculado com base na curva de Lorenz, esse índice tem valores que variam de 0 a 1, que representam, respectivamente, a igualdade total e a desigualdade total.

É fundamental para a análise socioeconômica em diversas escalas territoriais e para o desenvolvimento de políticas públicas. O índice de Gini brasileiro atingiu 0,489 recentemente, denotando queda da desigualdade de distribuição de renda nos últimos anos.

Leia também: Quais são os 10 países mais pobres do mundo?

Resumo sobre coeficiente de Gini

  • Coeficiente de Gini, ou índice de Gini, é um indicador socioeconômico criado pelo demógrafo e estatístico Corrado Gini em 1912.
  • Serve para medir a desigualdade de distribuição de renda em um território.
  • Seu cálculo é feito pela curva de Lorenz.
  • Os valores do coeficiente de Gini variam de 0 (igualdade total) a 1 (desigualdade total).
  • Esse indicador é importante para a governança dos territórios, auxiliando a elaborar políticas que visem a melhor distribuição de renda entre a população.
  • O coeficiente de Gini do Brasil diminuiu muito nas últimas décadas, especialmente após os programas de transferência de renda, implementados a partir dos anos 2000.
  • O índice brasileiro é atualmente de 0,489.
  • Em escala mundial, o país com maior desigualdade e, portanto, com maior índice de Gini é a África do Sul (0,630). Já o país com menor desigualdade é a Eslováquia (0,232).

O que é o coeficiente de Gini?

O coeficiente de Gini, também conhecido como índice de Gini, é um indicador socioeconômico desenvolvido pelo estatístico e demógrafo italiano Corrado Gini (1884-1965), no ano de 1912, a fim de analisar a distribuição de renda em determinado território.

  • Para que serve o coeficiente de Gini?

O coeficiente de Gini serve para medir o grau de distribuição de renda em um município, estado ou país. Pelo cálculo desse índice, é possível analisar se há maior ou menor concentração de renda no território selecionado, o que permite: estabelecer comparativos entre diferentes áreas que estejam no mesmo grau de hierarquia espacial (entre países, por exemplo); e avaliar o quão desigual é aquela localidade. Para tal, é preciso saber ler esse indicador levando em consideração os seguintes valores:

    • Zero: igualdade. Quanto mais próximo de 0 o coeficiente de Gini, menor é a desigualdade de distribuição de renda.
    • Um: total desigualdade. Quanto mais próximo de 1 o coeficiente de Gini, maior é a desigualdade de distribuição de renda.

  • Como é calculado o coeficiente de Gini?

O cálculo do coeficiente de Gini é feito pelo gráfico da curva de Lorenz, construída com base nas informações da renda acumulada (eixo y) e da população acumulada (eixo x) em dado território. A linha de igualdade perfeita é outro elemento fundamental do gráfico, uma vez que o divide em dois triângulos iguais. Assim, determina-se o índice de Gini pela razão entre o triângulo e a área de concentração, formada entre a linha de igualdade perfeita e a curva de Lorenz.

O cálculo do coeficiente de Gini é feito com base na curva de Lorenz.

Qual é a importância do coeficiente de Gini?

O coeficiente de Gini é um indicador socioeconômico que tem importância para a análise da desigualdade de distribuição de renda característica de um território. Com base nele, é possível traçar melhores estratégias de gestão e políticas de governança que procurem solucionar ou, ao menos, reduzir a dimensão do problema.

Por se tratar de um indicador simples e direto, o coeficiente de Gini permite o comparativo entre diferentes áreas, como entre países, estados e regiões, facilitando, assim, o estudo acadêmico e as análises socioeconômicas e territoriais.

Esse importante indicador reflete a distribuição de renda pela população em determinado período. Entretanto, cabe apontar que o coeficiente de Gini deve ser utilizado em análises econômicas e sociais em conjunto com outros indicadores (como o Produto Interno Bruto (PIB) e a renda per capita), uma vez que desconsidera particularidades da população em questão e aspectos atrelados à conjuntura econômica do local.

Veja também: Qual é o PIB do Brasil?

Coeficiente de Gini no mundo

O coeficiente de Gini do mundo é de 0,379, valor esse que expressa certa desigualdade de distribuição de renda pelos territórios e países. Entretanto, nota-se que esse dado não reflete o grau de discrepância que existe entre as nações desenvolvidas e as nações subdesenvolvidas.

O continente europeu é aquele que concentra o maior número de países com baixo coeficiente de Gini, aqueles em que a distribuição de renda é menos desigual. No topo da lista, está a Eslováquia, com Gini de 0,232. Muitos dos países europeus que apresentam baixo coeficiente de Gini estão situados no leste do continente.

Em contrapartida, ficam no continente África os países com maior coeficiente de Gini, com destaque para a África do Sul, que pode ser classificada como o país com a maior desigualdade de distribuição de renda do mundo.

Coeficiente de Gini no Brasil

Nas duas últimas décadas, o Brasil passou por um processo de redução da desigualdade de distribuição de renda, o que se deve a projetos sociais de transferência de renda, que começaram a ser implementados no início dos anos 2000. No início do milênio, o coeficiente de Gini brasileiro era de 0,596, caindo para 0,536 algumas décadas mais tarde.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o indicador chegou a 0,518 até 2014, intervalo de tempo esse em que se viu a ampliação do número de pessoas beneficiadas por programas de transferência de renda, sendo o principal deles o Bolsa Família.

Apesar de a desigualdade de renda no país ter sido muito elevada no começo dos anos 2000, nada se compara ao período precedente. O ponto de maior acentuação desse problema aconteceu no final da década de 1980, quando o Brasil enfrentou uma de suas piores crises econômicas, que levou ao aumento exacerbado da inflação, e somente findou com o advento de uma nova moeda. Nesse período, o índice de Gini do país chegou a 0,636.

Informações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) mostram que o coeficiente de Gini do Brasil é de 0,489, um dos valores mais baixos já registrados pelo país. Em escala estadual, Santa Catarina é a UF com menor desigualdade de distribuição de renda do território nacional, com Gini de 0,424. A maior desigualdade é encontrada no estado do Rio Grande do Norte, que tem coeficiente de 0,596.

Saiba mais: Histórico da inflação no Brasil — qual foi o menor e o maior índice e qual a situação atual

Ranking do coeficiente de Gini

Países com menor desigualdade econômica segundo o coeficiente de Gini

País

Coeficiente de Gini

Eslováquia

0,232

Belarus

0,244

Eslovênia

0,244

Armênia

0,252

Tchéquia

0,253

Ucrânia

0,256

Moldávia

0,260

Emirados Árabes Unidos

0,260

Islândia

0,261

Azerbaijão

0,266

Países com maior desigualdade econômica segundo o coeficiente de Gini

País

Coeficiente de Gini

África do Sul

0,630

Namíbia

0,591

Zâmbia

0,571

Reino de Essuatíni

0,546

Colômbia

0,542

Moçambique

0,540

Botsuana

0,533

Angola

0,513

Santa Lúcia

0,512

Zimbábue

0,503

Exercícios sobre coeficiente de Gini no Brasil

Questão 1

(UFRGS) O Índice de Gini, instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo, aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos.

Observe o quadro com o valor desse índice para quatro países latino-americanos.

Quadro com o coeficiente de Gini dos países latino-americanos.

Os países A, B, C e D são, respectivamente,

a) Brasil, Argentina, Haiti e Uruguai.

b) Brasil, Cuba, Bolívia e Haiti.

c) Colômbia, Argentina, Brasil e Chile.

d) México, Haiti, Colômbia e Argentina.

e) Paraguai, México, Uruguai e Argentina.

Resolução: Alternativa A

O Haiti é o país mais desigual da América Latina, motivo pelo qual seu índice de Gini é o maior de todos. Sabe-se, também, que o Uruguai é o país com uma das menores desigualdades, tendo ele o índice D. Com base nesses dados, conclui-se que A e B correspondem, respectivamente, ao Brasil e à Argentina.

Questão 2

(UFMG) De acordo com a definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Gini corresponde à “medida do grau de concentração de uma distribuição, cujo valor varia de zero (perfeita igualdade) até um (a desigualdade máxima).” Geralmente esse índice é utilizado como um indicador para averiguar a desigualdade na distribuição da renda entre a população de um dado país.

Observe a tabela a seguir sobre a variação do Índice de Gini, no Brasil, entre 2000 e 2010.

Com base nos dados da tabela e em outros conhecimentos sobre renda e população no Brasil, assinale a alternativa CORRETA.

a) Observa-se uma redução da renda média da população brasileira devido à criação de programas assistenciais, como o Bolsa Família e o controle da inflação.

b) Nota-se uma redução das desigualdades, no período considerado, tanto em relação à média brasileira quanto em relação às médias por grandes regiões.

c) Verifica-se uma variação do índice de Gini principalmente devido ao aumento do trabalho informal, ou seja, número de trabalhadores sem carteira assinada.

d) Constata-se uma variação extremamente desigual entre a redução do índice de Gini no Sudeste e a redução desse indicador para a região Nordeste.

Resolução: Alternativa B

Tanto o coeficiente de Gini das regiões quanto o do país como um todo diminuíram entre 2000 e 2010, o que indica a redução da desigualdade socioeconômica nesse intervalo de tempo.

Fontes

IPEADATA. Disponível em: http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx.

NISHI, L. F. Coeficiente de Gini: uma medida de distribuição de renda. Florianópolis, SC: UDESC, 2010. Disponível em: http://www.esag.udesc.br/arquivos/id_submenu/63/apostila_gini.pdf.

UNDP (United Nations Development Programme). Human Development Report 2021-22: Uncertain Times, Unsettled Lives: Shaping our Future in a Transforming World. New York, 2022. Disponível em: https://hdr.undp.org/content/human-development-report-2021-22.

USP. Edisciplinas USP: Entendendo o índice de Gini. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/223382/mod_folder/content/0/Desigauldade_Gini.pdf

Publicado por Paloma Guitarrara

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