Processo de salinização do solo

O processo de salinização do solo é um problema socioambiental grave, pois gera impactos na natureza e transforma espaços agricultáveis em terrenos inférteis.
Exemplo de localidade em estágio avançado de salinização do solo

Entende-se por salinização do solo o processo de excessivo acúmulo de sais minerais, estes geralmente provenientes das águas pluviais, oceânicas ou aquelas utilizadas pela irrigação na agricultura. Trata-se de um problema que vem se acentuando em várias partes do mundo, podendo agravar processos de infertilidade dos solos e até de desertificação.

O fenômeno da salinização pode ocorrer naturalmente em diferentes áreas da superfície terrestre – notadamente, nas de clima árido e semiárido –, mas são as ações humanas que ocasionam ou intensificam esse processo, principalmente pela adoção de métodos incorretos na agricultura. Para evitá-lo, é preciso realizar o correto manejo dos solos, empregando práticas de irrigação que não sejam prejudiciais ao meio de plantio.

Como ocorre a salinização dos solos?

Naturalmente, os recursos hídricos (exceto as águas das chuvas) possuem uma certa quantidade de sais minerais presentes na forma de diferentes íons, todos eles muito importantes tanto para os solos quanto para o consumo humano. O problema é que, quando o índice de evaporação é muito elevado, a água passa para o estado gasoso, enquanto os sais minerais não, o que provoca o seu acúmulo excessivo nos solos e causa o problema da salinização.

Em regiões de climas árido ou semiárido, essa ocorrência é muito comum, pois além da taxa de evaporação ser muito elevada, há pouca quantidade de chuvas que teriam a função de “lavar” os solos e diminuir a concentração de sais. Não por acaso, as taxas de desertificação são acentuadas em regiões com esse tipo climático.

As causas da salinização dos solos

Como já mencionamos, a adoção de métodos incorretos nas práticas agrícolas é a principal causa para a salinização dos solos. Geralmente, utiliza-se o método de irrigação, através do desvio ou adaptação de um curso d'água, para abastecer uma determinada lavoura. No entanto, quando a quantidade de água utilizada é muito alta e não há um controle da salinidade, o processo pode intensificar-se ao longo do tempo até que o solo se torne completamente improdutivo.

Nesse caso, é preciso adotar medidas para o controle da salinidade dos solos e também dos recursos hídricos empregados na irrigação, controlando, inclusive, a quantidade de água que abastece as lavouras, com diversos métodos, tais como o gotejamento ou a reutilização. Outra ação é optar por culturas que sejam mais tolerantes à salinidade dos solos, a exemplo da cevada e do algodão.

Outra causa para a salinização dos solos é a subida do nível freático em áreas não irrigadas também em regiões áridas. O acúmulo da água próximo à superfície pode intensificar a sua evaporação, provocando o acúmulo dos íons e, consequentemente, salinizando a superfície. Esse processo é natural e não costuma ocorrer em regiões muito amplas.

Um terceiro motivo que também pode estar relacionado com as práticas antrópicas é a intrusão da água salgada nos solos em substituição à água doce superexplorada ou pela contínua evaporação de mares ou lagos de água salgada.

Em áreas costeiras, pode eventualmente haver uma diminuição do nível freático da água doce em razão de seu uso excessivo, fazendo com que as águas salgadas – que apresentam uma maior concentração de íons – acumulem-se e expandam-se sobre os solos por intrusão. Consequentemente, a presença de sais minerais será muito mais acentuada nesses casos, o que pode acarretar a salinização. Além disso, em lagos salgados, como o Mar de Aral, na Ásia, o uso intensivo de seus recursos hídricos ou a sua rápida evaporação podem gerar a diminuição de seus níveis, fazendo com que os sais minerais permaneçam acumulados, salinizando os solos de toda a região.


Região onde antes era o Mar de Aral agora é um deserto com solos salinizados e improdutivos

O problema da salinização do solo, assim como casos de desertificação e erosão, é uma questão estrutural grave, pois agride a natureza e diminui a oferta de espaços agricultáveis. No entanto, a sua ocorrência vem aumentando em várias partes do mundo, merecendo a atenção de várias ONGs, além da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da UNESCO, que categorizam o problema como uma questão mundial. No Brasil, a região Nordeste e algumas localidades litorâneas são as mais propensas a sofrer com a salinização, o que demanda uma série de medidas públicas e individuais para conter ou evitar sua ocorrência.

Publicado por Rodolfo F. Alves Pena
Química
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