Pleonasmo

Pleonasmo é uma figura de estilo que consiste em usar uma expressão redundante para reforçar uma ideia. Por ser um recurso construído com base na estrutura da frase, geralmente é classificado como figura de sintaxe ou construção.

Veja também: Metonímia – figura de linguagem bastante usada na linguagem coloquial

Tipos de pleonasmo

Pleonasmo é uma figura de linguagem explorada na literatura e na música com a intenção de enfatizar a mensagem. Pode ser classificada em dois tipos: lexical ou gramatical.

O pleonasmo enriquece a música e a literatura por meio de expressões redundantes.
  • Pleonasmo lexical

O pleonasmo lexical ocorre quando há repetição de palavras que possuem o mesmo sentido. É o modo que os romancistas, poetas e compositores costumam explorar em suas obras. Observe, nos exemplos, como os termos grifados exprimem a mesma coisa, criando um efeito proposital:

  • “E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinícius de Morais)
  • “Me sorri um sorriso pontual” (Chico Buarque)
  • “E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou” (Chico Buarque)
  • Detalhes tão pequenos de nós dois” (Erasmo Carlos)
  • “Eu nasci dez mil anos atrás” (Raul Seixas)
  • “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal” (Fernando Pessoa)
  • Morrerás morte vil na mão de um forte” (Gonçalves Dias)
  • “Tenha pena de sua filha, perdoe-lhe pelo divino amor de Deus” (Camilo Castelo Branco)
  • “Quando com os olhos eu quis ver de perto” (Alberto de Oliveira)
  • “Foi o que vi com os meus próprios olhos” (Antônio Calado)
  • Vi, claramente visto, o lume vivo” (Camões)

Saiba mais: Catacrese – metáfora agregada à norma padrão da língua

  • Pleonasmo gramatical

O pleonasmo gramatical é menos empregado, porque a repetição é de partículas, como preposições e pronomes. Machado de Assis, além de valer-se muito de outra figura de linguagem, a ironia, tinha bastante apreço por esse tipo de pleonasmo. Veja, nos dois trechos do escritor, a redundância expressa pelos pronomes em duplicidade, que poderiam ser suprimidos justamente por terem a mesma função sintática:

“Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma.”

“E entrei a amar Virgília com muito mais ardor e a mesma coisa lhe aconteceu a ela.”

Diferença entre redundância e pleonasmo

O pleonasmo, quando não usado intencionalmente como figura de estilo, passa a ser um vício de linguagem. Para contrapor os dois, normalmente a figura de linguagem é designada pleonasmo literário, enquanto a redundância desnecessária é denominada pleonasmo vicioso.

A redundância é um recurso de expressividade comum na linguagem coloquial. É muito mais provável uma criança obedecer aos comandos “entra para dentro agora” e “não sobe aí em cima” em vez de “entra agora” e “não sobe aí”. Entretanto, essa oralidade não deve ser representada na língua escrita, em modalidade formal da língua portuguesa. Por isso, há várias expressões redundantes que são ainda mais condenáveis em um texto.

Exemplos comuns de pleonasmo vicioso

entrar para dentro

ganhar de graça

pisar com os pés

sair para fora

surdo do ouvido

bater palma com as mãos

subir para cima

cego dos olhos

países do mundo

descer para baixo

viúva do defunto

gritar alto


No entanto, a redundância pode acontecer porque o usuário da língua desconhece ou não percebe o significado embutido na palavra. Alguns significados, inclusive, só podemos depreender conhecendo radicais gregos e latinos. Em vista disso, é preciso conhecer estas construções para prevenir que sejam usadas, principalmente na modalidade escrita:

Exemplos de pleonasmo embutido no radical

erário público

fato real

hemorragia de sangue

habitat natural

multidão de pessoas

metades iguais

monopólio exclusivo

multidão de gente

outra alternativa

labareda de fogo

encarar de frente

detalhes minuciosos

preconceito intolerante

recuar para trás

escolha opcional

elo de ligação

avançar para frente

certeza absoluta

fato verídico

prosseguir adiante

protagonista principal

acabamento final

surpresa inesperada

consenso geral

breve alocução

panorama geral

adiar para depois

novidade inédita

comparecer pessoalmente

decapitar a cabeça

lançamento novo

planejar antecipadamente

prevenir antes

Publicado por Paula Piva
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